Amber - A Guardiã do Olimpo escrita por Wallas Ribeiro


Capítulo 3
Talibus, a entrada para Avalon




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          Ray, Cheech, Nipo e Amber já haviam derrotado muitos Entes, mas ainda restavam mais da metade. Estavam com dificuldades, mas prosseguiam. Nipo atacava com duas adagas, Ray usava suas enormes mandíbulas e Cheech usava suas asas, incrivelmente fortes e duras, e suas patas com garras afiadas no combate.

          Uma mulher com asas negras apareceu voando acima da zona da batalha. Todos pararam apenas com a presença dela. Pousou na frente de Amber.

          - Branwen solicita sua presença imediatamente – Disse sem expressar surpresa alguma, mas por dentro estava com o queixo caído por ver tantos Entes fora de combate, derrotados por uma mulher de dezenove anos.

          A espada de Amber estava coberta por uma espécie de fumaça roxa e preta. Essência de trevas. Rapidamente a espada voltou ao normal e Amber guardou-a na bainha em suas costas e montou em Ray, o lobo passou a caminhar lentamente em direção a planície.

          - Vocês dois – Bradou Morrighan para Cheech e Nipo. – Vão também!

          Cheech alçou voo, Nipo correu e subiu no colo de Amber.

          Quando chegaram ao templo, Morrighan já estava lá. Branwen os encarou sem expressão alguma.

          O silêncio predominou por alguns instantes até que Ray rompeu-o.

          - Perdoe-nos, ó deusa... – Fora interrompido.

          - Vocês são fortes – Disse Branwen com um sorriso no rosto. – Nós temos uma missão para vocês.

          Amber ficou excitada. A monotonia já estava lhe causando tédio.

          - Prossiga deusa... – Disse.

          - Os quatro vão descer a ilha de Talibus – Explicou a deusa. – Lá vocês terão de derrotar Cessair... Eu não entendi muito bem essa profecia de início, pois a feiticeira nunca nos causara problemas... Contudo, descobrimos recentemente que ela está formando uma aliança com algumas bruxas e planejam subir á Avalon para domina-la.

          Cheech e Nipo começaram a dançar.

          - Nós vamos derrotar a feiticeira, nós vamos derrotar a feiticeira – Cantarolavam enquanto dançavam de braços cruzados.

          - Em Talibus, Amber encontrará seu novo destino e continuará sua jornada longe de Avalon, mas saiba, minha criança, que você será sempre bem-vinda – Acrescentou a deusa.

          Cheech e Nipo pararam com sua dança imediatamente.

          - E quanto a nós? – Perguntaram em uníssono.

          - Vocês encontrarão seus próprios caminhos – Pronunciou Morrighan. Eles haviam praticamente esquecido de sua presença. – Eu não sei dizer se será ao lado de Amber, aqui em Avalon ou em qualquer outro lugar... Mas vocês têm o seu destino a cumprir.

          Ray esfregou sua cabeça carinhosamente nas costas de Amber.

          - Descansem por hoje – Disse Branwen. – Eu sei que o dia de vocês foi cheio... Amanhã vão até a cabana de Cernuno, ele os guiará. Boa sorte, minhas crianças.

          No dia seguinte, logo cedo os quatro já estavam a bater á porta de Cernuno. O deus, meio homem e meio cervo, saiu com seu galope desengonçado e passou a guia-los cada vez mais á dentro do bosque de Avalon. Chegaram a partes nunca vistas por Amber e seus amigos. Eles julgavam que isso era impossível, pois já haviam perambulado por toda Avalon. Estavam enganados.

          A garota usava uma armadura de prata e tinha uma bainha presa á suas costas onde carregava a espada que ganhara do deus Cernuno.

          A mata ia ficando cada vez mais densa e difícil de penetrar. Os quatro amigos seguiam o deus e olhavam tudo atentamente com seus olhos fascinados. Quando a mata chegou ao fim, dando lugar a uma cachoeira belíssima. Cernuno seguiu pela lateral por uma trilha de pedras que levavam a uma caverna escondida atrás da águia que caía.

          Dentro da caverna havia apenas uma lareira apagada, o deus entrou na lareira e gesticulou para que os quatro imitassem-no e foi o que fizeram sem pestanejar.

          - Estão preparados? – Perguntou Cernuno com um semblante feliz.

          Os quatro engoliram em seco e fizeram que sim com a cabeça. O deus encarou-os e bradou:

          - tairseach oscailte!

          Amber sentiu-se como se tivesse recebido um soco absurdamente forte na cabeça e desmaiou.

Acordou meio atordoada e com a visão embaçada, levantou-se com dificuldade. Percebeu seus amigos também levantando e o deus observando-os. Ainda estavam dentro da lareira.

          - Mas o que?! – Exclamou Amber ao ver o lado de fora.

          Não estavam mais em Avalon. Estavam no topo de uma montanha que ficava no centro de uma pequena ilha. Era noite e uma bruma intensa, e assustadora, cobria toda a ilha.

          - Bem-vindo à ilha Talibus, portal para Avalon.

          Os quatro companheiros saíram da lareira com olhares excitados que enxergavam uma nova aventura. Cheech e Nipo acenderam um cigarro cada, como só faziam em ocasiões especiais.

          - Cessair, nós vamos lhe dar uma surra! – Berrou Nipo do alto da montanha.

          Seu grito ecoou e fez-se ouvir uivos e gritos desesperados em resposta. E, se parassem para ouvir atentamente, poderiam ouvir um gargalhar distante. Da feiticeira que sabia da investida dos deuses de Avalon, mas que não tinha medo algum de uma mortal e três animaizinhos. Um arrepio cruzou a espinha de Amber.

          O deus disse que Cessair vivia em uma caverna próxima ao pé da montanha. Então Amber, sem demonstrar o receio que estava sentindo, montou em Ray e passou a descer a montanha. Cernuno caminhou de volta a lareira.

          - Eu deveria voltar para Avalon... – Ficou alguns segundos dentro da lareira, mas não disse as palavras que faziam o portal se abrir. – Eu não posso deixa-la sozinha – Disse saindo da lareira e descendo a montanha seguindo os passos de Ray.

          Amber já estava com sua espada empunhada e com a essência de trevas á cobri-la. Poderia surgir um inimigo a qualquer momento. Não era possível enxergar por conta da bruma que cobria a ilha, mas ela sentia que olhos cheios de más intenções não despregavam dela.

          - Deixe que venham! – Exclamou Nipo quando Amber contou-lhes sobre sua suspeita. – Acabo com todos eles.

          Nipo girava suas duas adagas em suas patas com grande maestria enquanto saltava de galho em galho. Cheech continuava com o estranho cigarro na boca, calado, sentado em cima de Ray, logo atrás de Amber.

          Quando já estavam próximos ao pé da montanha, um homem apareceu. Vestia roupas rasgadas e sujas. Cabelo bagunçado e tinha muitas feridas pelo corpo. Tantas feridas que qualquer um que olhasse iria julgar que estava morto ou, no mínimo, prestes a morrer. Ele não dizia nada, apenas caminhava lentamente na direção dos quatro e gemia.

          Amber tentou falar com ele, mas o homem não respondia. Apenas continuava a gemer e a caminhar. Quando já estava muito próximo, Nipo saltou do galho da árvore e desferiu vários golpes com suas adagas no homem, este caiu ao chão com um baque surdo. Nipo saltou para o colo de Amber e Cheech lhe passou o cigarro.

          O silêncio predominou por alguns segundos, até que novamente o homem começou a gemer. Dessa vez foi Cheech quem o atacou. A coruja alçou voo e, com suas asas duras e fortes, desferiu vários golpes na cabeça e no peito do homem, mas novamente ele se levantou após cair.

          Amber, sem dizer nada, desceu das costas de Ray e com um único golpe decepou parte dos dois braços do zumbi e com mais um golpe, arrancou-lhe as pernas na altura do joelho.

          - Duvido que assim este aí volte a nos atrapalhar.

          Cheech e Nipo caíram na gargalhada e Ray continuou caminhando, sempre com as grandes orelhas atentas e aquele olhar ameaçador que não deixava nem um rato passar despercebido.

          Quando estavam já próximos ao pé da montanha, incontáveis zumbis apareceram, surgindo da Bruma. Os quatro formaram um círculo, um protegia as costas do outro, e logo foram cercados.

          Cernuno observava tudo atentamente, pronto para agir caso precisasse, mas o que o deus viu foi um massacre. Um após o outro os zumbis perdiam seus membros e caíam, inúteis, ao chão.

          - Tudo corre bem – Sussurrou o deus, invisível entre a bruma.


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