O Show de Merte escrita por Lavender Lightning


Capítulo 1
Como construir um universo: Parte I


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoa interessada em ler minha história com sinopse clichê porque acredita na minha promessa de que será interessante mesmo assim! A história é contada sempre a partir do ponto de vista (POV) de algum personagem. Nesse capítulo, são 4: Isabella, Jimmy, Chell e Nico. Aproveite!



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— ISABELLA –

A primeira coisa que percebo são os barulhos.

A luz do sol bate com força no meu rosto, o que me deixa cega por um momento. Depois, barulhos altos. Será que é mais uma das invenções do Phineas? Mas eu não lembro de como cheguei aqui... será que ele resolveu fazer uma surpresa para mim?

Olho para um lado e vejo o mar. Na minha frente, uma piscina enorme e azul. Eu estou em um resort! Tem prédios grandes com varandas, algumas barracas, cadeiras de praia. Do meu lado, um pouco distante, vejo o Ferb. Ele olha para mim. Penso em acenar para ele, mas outras coisas chamam mais a atenção – tem várias pessoas, espalhadas ao redor da piscina. Mas eu não consigo reconhecer nenhuma delas.

— BEM-VINDOS! – Escuto uma voz estrondosa que me assusta mais do que os barulhos de antes. Pelo rosto das outras pessoas, dá para perceber que não sou a única que não sabe bem o que está rolando – Vocês devem estar se perguntando o que estão fazendo aqui... bem, vou explicar: vocês todos estão sendo convidados para participar de mais uma temporada do maior reality show do universo, ou melhor, de todos os universos... O SHOW DE MERTE!

Uma música bem cafona de programa de TV começa a tocar bem alto de caixas de som espalhadas ao redor do local. Aplausos e gritos também surgem delas. Essa voz me assusta. Um reality show? O Phineas deve estar realmente tentando fazer diferente dessa vez... mas antes de eu conseguir pensar em outra coisa, um garoto perto de mim cai na gargalhada. Ele é baixinho e magro, tem cabelo escuro e ondulado e usa uma camisa laranja e uma calça branca. Ele tem cara de ser latino, que nem eu.

— Sério que o nome do negócio é “O Show de Merte”? Parece uma garota com a boca cheia de comida tentando dizer Marte. – Ele diz, ainda rindo. Os outros também olham para ele, sem saber como agir.

— Sim, o nome é “O Show de Merte”, e Merte é meu nome – diz a voz. Uma luz branca surge no meio do lugar, acima da piscina. Dela, um ser bem estranho surge e se vira na direção do garoto – E, se eu fosse você, não faria mais piada com isso. – O ser parece um daqueles marcianos de desenho animado. Tem uma cabeça enorme e pele verde e usa uma roupa roxa bem ridícula, com um microfone preso no rosto. Quando ele diz aquilo, sorriso do menino diminui, mas não desaparece.

— Já enfrentei coisa pior que você – diz o menino. – Isso aqui com certeza não vai ser nada para mim.

— Veremos. – Diz o tal do Merte. – Bem, sem mais interrupções, serei bem direto. Vocês são vinte pessoas, de dez mundos diferentes, ou seja, dois de cada mundo. Vocês serão inicialmente divididos em quatro equipes de cinco e passarão por várias provas, que são classificatórias. Depois, as equipes vão se desfazer e vocês vão passar por provas eliminatórias. No final, só um de vocês será o vivo... quer dizer, será o vencedor.

Eu estou assustada. Olho ao redor para ver se encontro o Phineas, mas de conhecido vejo só o Ferb do meu lado, calado e inexpressivo como sempre. Pelos olhares dos outros, alguns também se conhecem. Será que isso realmente não é obra dele?

— Aqui, no mundo de Merte, vocês ficarão no nosso alojamento, onde poderão disfrutar de nosso restaurante cinco estrelas, piscina, sala de jogos, spa e várias mordomias. Enquanto não estiverem nas provas, é claro. Aí é que o bicho pega, como alguns de vocês devem dizer.

Olho ao meu redor. Vejo alguns olhares desconfiados, alguns de raiva, alguns só prestam atenção no que o Merte fala. Uma garota com olhos puxados, vestida toda de rosa, olha para mim, mas quando ela percebe que estou olhando de volta, ela desvia o olhar.

— Agora, eu vou deixar vocês conhecerem um pouco o lugar. Tentem conversar, se conhecer um pouco, e permitir que os telespectadores lhes conheçam também! Amanhã, depois do almoço, acontecerá o sorteio das equipes e logo depois a primeira atividade. Boa sorte a todos, e BEM VINDOS AO SHOW DE MERTE!

Mais música cafona toca, e o marciano desaparece. O sorriso dele me deixa desconfortável. Mas eu sei que não sou a única. O garoto ao meu lado começa a rir de novo.

— JIMMY –

Não é a primeira vez que me colocam em um reality show alienígena.

E da última vez não foi nada legal. Quase destruíam a Terra, mas nós ganhamos e iam destruir os planetas dos outros participantes, e depois tivemos que voltar lá e acabar com tudo. Não vou me surpreender se dessa vez for a mesma coisa. Mas dessa vez, só a Libby está aqui comigo, e eu não faço ideia de como cheguei aqui... provavelmente esse Merte conseguiu driblar meu sistema de segurança e me sequestrou de alguma forma. Meu relógio não dá sinal para eu falar com o Goddard...

— Jimmy! – escuto a voz da Libby. Ela corre até mim e me dá um abraço. Depois, um chute na minha perna.

— Jimmy! – ela grita de novo, dessa vez com raiva. – Se eu não lhe conhecesse, diria que isso é obra sua. Mas até você tem bom senso suficiente pra não colocar a gente num segundo reality show alienígena.

— Se você sabe que não fui eu, por que o chute na perna?

— Não posso perder o costume. Mas diz aí, qual o plano pra gente sair daqui?

— O de sempre. Achar alguma coisa que eu possa usar pra me comunicar com o Goddard e chamar ajuda. Depois a gente vê qual o plano maligno por trás do reality show e acaba com ele.

— Vocês devem se sentir bem confiantes pra achar que já sabem tudo o que vai acontecer desde o começo – a voz veio de trás de mim e quase levei um susto. Era uma garota de cabelo curto com um coelho de pelúcia azul na mão.

— Oi – continua a menina – meu nome é Mônica, e...

— E eu sou o Cascão! – interrompe o garoto do lado dela, com um sorriso. – Desculpem pela minha amiga, geralmente ela não é tão séria assim. Não é você que fala sempre em manter a positividade, Mônica?

— Estou um pouco preocupada, só isso. Como são seus nomes?

Estranho um pouco esses dois agindo tão abertamente com a gente, mas prefiro tentar não me importar muito.

— Eu sou Jimmy. Jimmy Neutron!

— E eu sou a Libby. Se você acha que sabe tanto a mais que a gente pra já ir falando desse jeito, qual o seu plano, hein, ô dentuça?

— Libby, calma! Falando desse jeito você parece até a Cindy – eu digo. A outra garota já estava ficando vermelha.

— Gente, vamos acalmar os ânimos – disse o garoto de cabelo crespo – Mal chegamos aqui, não vamos criar já inimizade. Mônica, você não é mais aquela criança que perde a paciência com qualquer coisa. Que tal começarmos de novo?

— CHELL –

Limpar a mente, respirar fundo, se concentrar e procurar a melhor estratégia de chegar à saída. Isso nunca falha.

— Olhe só pra isso. Certamente é perturbador. Quase uma ironia do destino. Mais uma vez, estou sem meu corpo, e mais uma vez, você está envolvida nisso...

Ela olha para mim. Ela está em um corpo diferente, quase humano, mas ainda um ciborgue, e consigo reconhecê-la facilmente mesmo tendo antes a visto apenas como um robô sem aparência humana. A pele dela é cinza, o cabelo curto e branco e os olhos amarelos brilhantes, mas o rosto não é ameaçador. A roupa dela é igual à minha, um macacão e uma camisa de regata, mas as dela são pretas, e não laranja como as minhas. A voz dela continua grave e monótona, como a de uma cantora de ópera.

— Meus sensores não conseguem identificar onde estou nem como eu cheguei aqui. Apesar disto, eu tenho em meu banco de dados todas as informações sobre cada reality show que já aconteceu em toda a história da humanidade. É logicamente impossível que me coloquem em alguma situação que eu não seja capaz de encontrar e executar rapidamente a solução.

Ela continua a mesma de sempre. Mas eu não tinha medo quando ela controlava aquilo que era todo o meu mundo, e não terei agora que ela está reduzida a um corpo semi-humano.

— Escute. Nós já colocamos as nossas diferenças de lado, certo? E, sendo franca e lógica, eu já precisei de sua ajuda uma vez. Não nego a possibilidade de precisar novamente –sua incapacidade humana de ficar quieta e obedecer às regras pode ser útil neste ambiente. Entretanto, se chegarmos a um ponto em que apenas uma de nós duas pode seguir em frente, prezaremos pela lógica de escolher a que será mais útil. Vamos comparar: eu tenho uma instalação para cuidar e testes para gerenciar, além do futuro da humanidade para garantir. E você... bem, você tem que cuidar de um cubo pesado que pode ou não ter senciência. A escolha é óbvia, e espero que você siga a razão lógica da minha capacidade de processamento infinitamente superior à de qualquer cérebro humano e tenhamos um acordo.

Realmente, ela não para de falar nunca. Eu mantenho o meu voto de silêncio e apenas olho para seu rosto, me mantendo inexpressiva. Eu sei que ela se mata de ódio por dentro quando eu faço isso, e não posso mentir para mim mesma, eu gosto.

— NICO –

Então, é aqui que vai ser meu quarto.

Para ser honesto, ainda acho que isso tudo seja um esquema de algum manipulador de sonhos. Ou algum plano da ordem dos comedores de Lotus, mais uma vez tentando prender as pessoas em seu domínio. Mas a única opção que tenho agora é seguir em frente.

Meu quarto é todo pintado de preto. Eu gostei um pouco, tudo bem que poderia ter uma decoração melhor, mas... enfim. Tenho uma cama parecida com a do chalé de Hades e uma estante com algumas roupas minhas e dois porta-retratos: Um com uma foto de Jason e Piper, com Leo por trás fingindo que está segurando uma vela com fogo nos dedos em que sem querer eu apareci bem no fundo, e um com um desenho de mim e meu namorado, Will, que um filho de Atena amigo nosso fez para a gente. Eu vou tentar me comunicar com eles de alguma forma depois. O quarto tem um banheiro grande e uma varanda com vista para a área central.

Me colocaram aqui com o tal do Haku e o William. Mas por enquanto, prefiro andar junto com o Leo, mesmo que ele me faça passar vergonha. Ele é o único em quem posso ter qualquer confiança. O Haku não deixa ninguém chegar nem perto dele. O William é até parecido comigo, mas só na aparência. Eu conversei um pouco com ele, mas ele parece estar mais ligado na namorada, ou seja lá o que aquela Yumi é dele.

Nesse momento, estou andando para conhecer o local com o Leo.

— Que sol forte – ele diz. – Nico, pede aí para Apolo maneirar um pouco.

— Acho que não vai fazer muita diferença. Até porque, se você não percebeu, o céu é uma tela.

— É... é mesmo, é uma tela. Bem grande, por sinal. Então qualquer hora eu vejo se modifico ela para ver se passa um programa melhor. Quem sabe o canal de esportes.

Eu tento sorrir, mas sai meio forçado.

O alojamento tem um bloco com quartos para os meninos e outro com os quartos das meninas. Entre os dois, uma piscina enorme com várias mesas e cadeiras de praia ao redor. Mais à frente, está o prédio com o salão principal, o restaurante e várias outras salas de lazer. Parece um grande hotel de luxo, mas eu não estou nem um pouco animado com isso.

No salão principal, o Leo tenta conversar com os outros participantes.

— Eu sou a Zoran, e esse aqui é meu irmão mais velho, Astro. – Zoran é uma garota muito fofa, que não parecia ter mais que doze anos. O irmão parece ser da minha idade, mas tem praticamente o mesmo rosto e penteado que ela, um cabelo que parecem dois chifres. E ele está sem camisa, só com uma bermuda verde e preta e botas vermelhas. A menina usa um vestido rosa. – E vocês, como se chamam?

— Como eu me chamo? – fala Leo – Poxa, eu estava esperando alguém fazer essa pergunta!

Eu respiro fundo para me preparar, pois já sei o que está por vir.

— Eu sou Leo Valdez. Dezesseis anos. Filho de Hefesto, conselheiro do Chalé 9, herói do Olimpo, também conhecido como um cara super quente que vai sair daqui vivo, como sempre saí, e se brincar levar todo mundo junto. Eu sou engraçado, cheio de energia, muito inteligente, animado, de boas com tudo, só coisa boa, sabe? Quem tiver comigo, é HASHTAG TEAM LEO! Ah, e garotas, sinto muito, mas a única parte minha que decepciona é que já tenho dona. Vão ter que ficar para a próxima. Bem, se eu for continuar falando de todas as minhas qualidades, o show vai acabar e eu não vou terminar. Mas se vocês quiserem, eu posso!

— Leo – eu digo, com meu rosto ardendo da vergonha que ele me fez passar – Acho que todo mundo entendeu. – Mais ou menos metade do grupo está na sala, e todos estão olhando para a gente.

— Err... e você, como se chama? – Zoran pergunta para mim, depois de alguns segundos, quase com medo que minha resposta seja como a do Leo.

— Nico. Prazer.

— Nico di Angelo! – diz Leo, quase gritando. – Ele não fala muito, mas eu posso falar por ele. Olha, ele tem essa cara de fofo, mas a roupa preta é um aviso! Vocês não vão querer deixar ele bravo, já que-

— Leo. – Eu digo, interrompendo. – Não. Por favor – Eu puxo o Leo para um canto mais afastado e tento conversar com ele.

— Leo, você não pode sair falando tudo sobre você desse jeito! Poxa, nós não sabemos nem onde estamos nem como viemos parar aqui, muito menos se podemos confiar nessas pessoas. A vergonha que você me fez passar é o de menos.

— Nico, eu acho que se queremos sair daqui, precisamos nos unir – diz Leo. – Não adianta ficar preso num lugar com um monte de gente que você não conhece e esperar uma mágica nos fazer sair. Eles vão nos colocar uns contra os outros, lembra? Melhor aproveitar o tempo que temos antes disso acontecer.


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