TenTen estava mais sem jeito que tudo, voltara ao normal. Não estava mais com raiva, afinal ele salvou a sua vida... mas daquele jeito. Ela teria que improvisar a capa como uma blusa, mas não sabia como faria aquilo com Neji a encarando. Ele corou de repente, percebendo que ela estava sem jeito, lembrando-se do que fez... “Será que ela lembra? Não teve perda de memória.”.

— Vou te dar licença, TenTen.

— Obrigada.

TenTen estava com dores e dificuldade para ajustar a capa no corpo. Estava com frio, então fez um arranjo justo no corpo, mas com comprimento até os cotovelos. “Ficou até melhor que a anterior, estava muito cheia de detalhes”, pensou. Ao passar a mão pelo seu ventre, por seu busto, gelou ainda mais, de frio e nervoso, “Ele me viu... quase nua”.

Neji retornou. Ambos evitaram o assunto:

— TenTen, você está melhor mesmo? Não precisa ir além do seu limite. Sente-se perto da fogueira, seu cabelo precisa secar ou irá congelar. Sua recuperação é mais importante, lembre-se: Kiba e Akamaru e o cabeça dura do Lee darão conta do recado.

— Estou bem, - “Ele está mesmo preocupado, mas deve ter encarado isso como algo necessário na missão. Não tem o que falar. E ele está certo” – você não está com frio, Neji?

Neji lembrou que ela estava com sua capa, mas não fazia falta porque ele tem um longo cabelo, grosso como um cobertor. E estava usando mangas compridas.

— Não.

Ambos se sentaram perto do fogo. O estalar embalou o sono de TenTen, a luz esmaecendo e vibrando fazia sombras dos dois na cabana. Sem pensar, Neji aproximou-se dela, que estava com as mãos em conchas... frias. Ele segurou as mãos dela, com as suas maiores e mais aquecidas. Transmitiu seu calor a ela. Mas foi inundado por um incêndio no peito... mas era bom. “Será que eu gosto mesmo dela?”, “Claro que eu gosto... não sei se é daquele jeito. Mas aquele quase-beijo, me tirou de mim. E como ela pode ser tão linda... esses olhos”...

— TenTen?

— Neji, o que está fazendo? – Ela o encarava docemente, olhou para as mãos dele nas mãos dela, sua pergunta não era inquisidora, mas exigia uma explicação. – “O que ele tem para me ver sempre assim? Como quem precisa ser amparada por ele? Mas eu gosto... não de me sentir dependente, e sim de saber que ele me considera algo valioso, que ele queira proteger.”.

— Suas mãos... – os olhos castanhos dela estavam vermelhos de frente a fogueira, como uma deusa “Linda!”, dissipou o pensamento.

— Estou bem, podemos partir.

Neji soltou as mãos dela lentamente, tal como ela fez na despedida da comemoração, quando ele a levou em casa. Ele não se controlava mais quanto a isso. TenTen sorriu, e ambos levantaram.

Partiram atrás de Kiba e Lee. Quando os encontraram, ambos estavam prestes a desferir o ataque final no inimigo. Não interviram. Kiba usou o Santoro, inédito a todos ali presentes. Lee não precisou usar a lótus. Neji apenas desceu para dissipar a fumaça. Enquanto TenTen recolhia os pertences dos ninjas, um deles acordou e partiu para cima dela, mas foi impedido:

— Byakugan!

Neji encontrou o pergaminho de TenTen com sua assinatura de chacra e percebeu o que ela quis dizer. Usou a palma aérea e destruiu a cópia do pergaminho, invocando a arma secreta dela: uma bomba que, de bônus, jogou o ninja contra uma árvore, nocauteando ele por fim. Amarram-nos e começaram a retornar para Konoha. Quase duas horas depois, foram abordados pela equipe Anbu:

— A partir daqui esses dois seguem sob nossa custódia. – Avisou um deles.

— Ah... – Neji concordou. – Nossa missão já acabou. Recuperamos nossas informações e apreendemos os suspeitos. Só entregaremos nosso relatório à Hokage.

Ao amanhecer estavam chegando a Konoha. A volta foi exaustiva, TenTen estava ferida, Kiba e Lee esgotados. Apenas Neji parecia revigorado, como se nem tivesse saído em missão. Ele foi mais cérebro que músculos nessa. Mesmo assim, não teriam conseguido sem a sacada de TenTen.

Todos se despediram felizes de terem retornado a salvo, apenas com arranhões e lapsos de memória, no caso de Kiba e Lee. TenTen teria que ir ao hospital checar o ferimento. Neji disse que a acompanharia:

— Não precisa, Neji. Você fez mais do que o suficiente, arigatou!

— Não TenTen. Sem você não teríamos sucesso. Eu a acompanho, essa é a prioridade. Deixar todos que saíram comigo na melhor condição possível na volta, certo?

— Hai! – Ela concordou animada.

Ao chegarem na porta do hospital, Neji pousou a mão sobre o ombro de TenTen e disse:

— TenTen, mais uma vez, obrigada! Você foi realmente a chave dessa missão.

— Arigatōgozaimashita. – “Devo perguntar?...” – Neji?

— Ah...?

— Depois que entregar o relatório, poderia me explicar algumas conclusões da Godaime sobre os efeitos do Genjutsu?

— Ah... – “Por que o interesse, de repente? Claro... ela se lembra.” – Sim. – “Estou em apuros, ela saberá o que fiz!”.

— Jaa ne!

Neji saiu apressado.

— Tsunade-sama, aqui está o relatório. Os ninjas detidos já chegaram, certo?

— Sim. Omedetou, Neji-san! Vocês foram certeiros!

— Arigatōgozaimashita. Devo tudo aos meus companheiros de equipe.

— Realmente, foi um trabalho surpreendente. Assim que eu concluir a leitura eu o chamarei.

— Hai! Com licença, Godaime-sama.

— Ah...

Neji voltou para casa, refletindo sobre como conversaria com TenTen. Ele tinha indícios do que sentia, mas não sabia qual seria sua reação se ele confessasse. Também nunca planejara isso. Seus objetivos nunca passaram perto desse tipo de relação. Ainda mais com uma colega de time. Não que TenTen não fosse uma moça por quem ele poderia se encantar, e até “Me apaixonar?! Sério? Isso é mais difícil que lidar com missões rank S.”.

Depois do jantar Neji recebe uma visita inesperada:

— Neji, nii-san?!

— Hinata-sama, o que houve?

— Soube que retornou de sua missão, e que todos estavam bem, mas...

— Mas?

— TenTen-san foi internada.

— Nani?!

— Ah... Sakura-san me disse agora a pouco, quando retornava do meu treino.

— Ok! Obrigada, Hinata-sama! – Disse Neji pegando sua roupa comprida e saindo.