Help - Interativa escrita por Luigi Castellões


Capítulo 2
S01E02 - A murder


Notas iniciais do capítulo

Gostaria de me desculpar pela demora da postagem do capítulo, que foi causada por bloqueios criativos e épocas de provas, mas pelo menos essa demora serviu para que eu trouxesse esse capítulo enorme e fresquinho pra vocês. Espero que gostem!

Legenda:
(...) = mudança de cena.
—x— = divisória entre uma cena, a "abertura da série" e a outra cena.



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O sol batia contra o rosto de Maddison, enquanto a menina permanecia sentava no carona do carro, o qual sua amiga Hannah dirigia até a escola. Em seu colo, carregava jornais que espalharia por todo o colégio, tudo a mando de sua mãe, Morgana.

Ser uma Evans nunca foi tão fácil quanto os outros imaginavam. Não era simplesmente fazer compras, ir a eventos chiques e conhecer pessoas de importância, mas sim ter de viver assim durante o resto de sua vida, sem um mínimo de liberdade.

Uns jamais entenderiam, mas Maddie sempre sentiu-se presa ao fardo de ser irmã mais nova da falecida Janice Evans. Era como se ela não fosse ninguém, como se tudo em sua vida se baseasse em Janice e em ser uma Evans.

Porém, ela era muito mais que isso. Só precisava se descobrir.

Enquanto nada disso acontecia, Maddie acomodava-se em sua decepção. Os dias pareciam meses e os meses pareciam anos. Suas únicas companhias eram Hannah e Natasha, uma era melhor amiga de sua irmã e a outra entrou no colégio logo após a morte de Janice. Andavam juntas apenas por serem da mesma classe social e por serem bonitas, o que, para ela, nunca fez muito sentido.

— Vocês viram que gatinho o novo treinador de Natação? — Natasha perguntou no banco de trás, tentando animar suas amigas de alguma forma. Seu sotaque russo deixava a frase muito mais engraçada. — Estou quase trocando minha extraclasse.

— Ele é velho demais, Nat! — Hannah respondeu com desdém.

— Isso não é um grande problema pra você, né Hannah? — Dessa vez Maddie se pronunciou, brincando com o fato da amiga sair com homens mais velhos, fazendo com que todas ali dentro rissem.

— E você, senhorita Evans Smith? — Natasha provocou Maddie, juntando o sobrenome da loira junto ao de Bryce, como se fossem casados. — Ainda nesse romance proibido com o ex-namorado da sua irmã?

— Não é bem assim... — Ela respondeu séria, não gostava de brincar quando o assunto era sua irmã morta ou o que ela tinha com Bryce, então preferiu mudar de assunto. — E sobre você com o Peter?

— Ah, desse ano não passa! Ele vai ficar comigo por bem ou por mal. — Disse Natasha certeira.

— Como tem tanta certeza disso? — Questionou Maddie.

— Tenho lá meus planos. Vocês sabem que tudo que eu quero, eu consigo.

Após Hannah estacionar seu carro, as três amigas se retiraram do próprio como uma cena em câmera lenta. Todos paravam o que estavam fazendo para prestarem atenção nas garotas mais importantes da Webster High.

Não somente as garotas, mas a irmã mais nova da falecida Janice Evans, Maddison sentia-se estranhamente popular nessas horas, questionando se aquilo tudo traria algo de positivo em sua vida algum dia.

Sem hesitar, seguiu ligeiramente em direção ao colégio, levando o amontoado de jornais consigo. O sentimento estampado em seu rosto era o de confiança, pois, como Morgana Evans sempre dizia:

"Em momentos de insegurança, demonstrar o contrário é fundamental."

— Quer ajuda? — Perguntou Hannah ao notar que os braços magros de Maddie carregavam uma quantidade absurda de jornais.

— Não, obrigada. Tenho que fazer isso sozinha. — Ela respondeu.

Então, aproveitando que a maioria dos alunos estava no refeitório, começou a botar os jornais por todo o corredor principal. Pelas portas das salas, por armários no corredor, enfim, por tudo. 

Quando chegou no final do corredor, jogou o que sobrou em suas mãos para o alto, enquanto continuava sua caminhada de forma plena.

— Isso foi... — Assustada, Hannah ia dizer algo, mas foi interrompida.

— Demais! — Natasha completou a fala da amiga extremamente animada.

 

(...)

 

Eva e Brooke caminhavam pelos corredores da escola animadas com o novo ano letivo que estava por vir. Eram amigas desde que Brooke entrou para o colégio, então não se desgrudaram mais.

O jeito otimista e radiante de Brooke aliviava as tensões que Eva sentia todos os dias dentro de casa, enquanto a personalidade comportada, mas divertida de Eva trazia em Brooke um sentimento de segurança que ninguém jamais desencadeou em si.

De repente, as duas ouviram gritos e pedidos de socorro vindos do banheiro feminino, então instintivamente correram na direção do próprio com intenção de ajudar quem estivesse pedindo por ajuda.

Chegando, as duas puderam notar Lexi sentada no chão, enquanto chorava em pânico e desespero.

— Lexi! — Eva exclamou aflita, enquanto aproximava-se da amiga. — O que aconteceu? Não sabia que tinha voltado pra Monwood.

— O espelho...

Brooke olhou para o espelho e viu aquela brincadeira de mau gosto feita por algum idiota da escola, pensando que Lexi mal havia voltado e já tinha de lidar com as terríveis consequências que a morte de Janice trouxe para todos do colégio. Então, irritada por tamanha crueldade, pegou o borrifador de água presente na pia do banheiro e limpou toda a pixação que ainda restava ali.

— Tem um calmante, Brooke? — Perguntou Eva preocupada.

— Tenho, pera. — Respondeu Brooke no mesmo sentimento da amiga, em seguida abrindo sua mochila, pegando um calmante e entregando em suas mãos. — Toma, dá pra ela.

Eva deu o comprimido para Lexi, fazendo-a tomar e dando um pouco da água que havia em sua garrafa para que o calmante pudesse descer com facilidade. Brooke, agachando próxima a ambas, limpava as lágrimas de Lexi com prudência, prezando em primeiro lugar pelo seu bem estar.

— Vai ficar tudo bem. — Ela disse com um sorriso.

— É, Lexi, foi só um idiota qualquer. — Concordou Eva.

Após alguns minutos esperando que a morena se acalmasse, as três se levantaram. Levaram Lexi até a pia, onde ela pôde lavar seu rosto e respirar um pouco.

— Me desculpem se assustei vocês, mas muita coisa aconteceu antes, durante e depois de Iowa. Ainda estou tentando assimilar tudo isso. — Disse Lexi triste ao lembrar-se de coisas ruins.

— Tudo bem, amiga, o importante é que estamos com você. — Brooke disse otimista. — Se quiser conversar, estaremos abertas a te ouvir, ok?

Eva ficava impressionada com a habilidade de Brooke com as palavras. A menina conseguia ser positiva até em meio a uma situação tão delicada quanto a de Lexi.

Por vezes, entretanto, ela desejava ser assim algum dia, afinal, era péssima em se expressar e se culpava diariamente por isso.

— Acho que já me sinto melhor, só prometam não comentar sobre isso com ninguém. — Pediu Lexi, sendo assentida por ambas com a cabeça.

Elas saíram do banheiro com a sensação de trabalho feito, esperando por algum tipo de relaxamento ou que pelo menos pudessem caminhar sem medo pelos corredores da Webster High School.

Entretanto, ao pisarem do lado de fora, tiveram como visão diversos adolescentes histéricos e pasmos devido a recente notícia espalhada pelo colégio.

Curiosa pelo que estava ocorrendo, Lexi apenas pegou um dos jornais jogados pelo chão, lendo a notícia em seguida em voz alta:

— "Após investigações, Janice Evans é dada como assassinada."

Em algum lugar na multidão, Maddison permanecia de pé, se perguntando:

— Será que eu fiz a coisa certa?

Ao seu lado, portanto, Morgana Evans levava um olhar de autoridade na face, enquanto lhe respondia com firmeza:

— Sim, filha. Você fez exatamente o que era pra ser feito.

 

—x—

 

As aulas se passaram, e mesmo assim, a notícia de que havia um possível assassino à solta na cidade de Monwood não deixou de ser uma das mais comentadas entre os alunos naquele dia. Já se criavam teorias, suspeitos e receios na mente de todos da escola e nada seria capaz de mudar isso.

No horário do almoço, Lexi sentava-se junto de seu grupo de amigos em algum lugar do refeitório, enquanto comia bife com fritas. Gavin parecia se divertir criando teorias sobre o tal assassino, enquanto a maioria dos que estavam presentes à mesa ria de suas suposições sem sentido.

— Acho que foi o mordomo, é sempre culpa do mordomo! — Ele brincava.

Entretanto, Lexi não conseguia rir de algo tão sério como a morte de alguém. Por mais que Janice não gostasse de ninguém ali, ao menos algum dia ela esperava que a menina mudasse suas atitudes.

Agora era tarde demais. Janice havia deixado o mundo, sendo lhe tirada a vida da forma mais injusta possível.

Um assassinato.

— Ele tá vindo, Lexi! — Stacy exclamou entre risos, tirando a morena de seus devaneios.

Quando virou seu corpo, Lexi teve o desprazer de dar de cara com o menino que tentou lhe drogar mais cedo, Miles Cooper. Ao lado esquerdo e direito do garoto, seus amigos Peter e Brandon se faziam uma espécie de guarda-costas, respectivamente.

Ela olhou para a latinha de refrigerante presente em sua mesa com uma feição sádica, pensando no plano que havia arquitetado recentemente para se vingar do garoto.

— E aí, senhorita Rooney, como vai? — Ele perguntou de forma irônica.

Como resposta, Lexi levantou de sua cadeira segurando o refri em mãos. Sua expressão era cínica, variando do maligno ao inocente, então disse:

— Eu vou excelentemente bem, e você Cooper?

— Melhor do que você imagina, bebê. — Respondeu Miles.

Até então, a conversa era apenas uma enxurrada de comentários de cunho malicioso, com o intuito de desestabilizarem um ao outro. Tudo parecia normal, até Lexi questionar:

— Sério?

— Seríssimo. — Miles respondia confiante.

— Eu não teria tanta certeza... — E após dito, todo o refrigerante que estava nas mãos da garota agora eram entornados sobre o menino que lhe sacaneou há algumas horas atrás.

Assustados, seus amigos se afastavam para não se molharem, enquanto todo o refeitório ria da situação, inclusive tais amigos. Brandon rapidamente ponderou, entregando a toalha que carregava em volta de sua nuca para o amigo molhado.

— Você me paga, Rooney! — Ela ouviu a ameaça em meio às risadas, lhe fazendo rir ainda mais.

O garoto deu uma secada superficial em seu rosto com a toalha de Brandon, devolvendo-a impacientemente.

O que Lexi não imaginou que fosse acontecer era que, após todo esse alvoroço, Miles teria coragem para abrir a boca e dizer:

— Você é perigosa, garota... e eu gosto disso. — Com a voz mais sacana possível, se retirando depois.

Por fora, ela queria apenas esmurrar a cara do infeliz que ficou de gracinhas consigo o dia todo para no final lhe fazer uma cantada fajuta, mas interiormente ela sabia que aquelas últimas palavras haviam a tocado de certa forma, e se recusava a aceitar isso.

— Como consegue ser amigo dele? — Brooke perguntou para Gavin com desgosto em sua fala, nunca foi muito com a cara do garoto.

— Ah, não é como se fôssemos próximos ou algo do tipo. — Gavin respondeu, levantando os ombros com indiferença. — Só andamos com as mesmas pessoas e, consequentemente, ficamos chapados juntos.

— Sua amizade com o Miles é baseada em baseados, então... — Eva fez uma piadinha ruim, então começou a rir, levando todos junto consigo.

— Pra mim ele é só um babaca querendo atenção. — Lexi falou irritada, enquanto sentava-se à mesa.

Naquele momento, Gavin a olhou nos olhos. Aquele olhar, maldito olhar, que trazia péssimas e ótimas lembranças simultaneamente em sua cabeça.

Seus sentimentos, sempre confusos em relação ao garoto, nessas horas pareciam querer dilacerar seu ser.

— Fica tranquila, Lexi. Não vou deixar ninguém te irritar mais. — Ele disse, confortando de imediato os sentimentos da garota.

Talvez não fosse tão difícil conviver com Gavin, afinal.

 

(...)

 

Riley caminhava em direção ao vestiário feminino para sua primeira aula de Natação. Como novata, não havia criado muitas expectativas sobre a escola, mas após a grande confusão dos jornais que falavam da tal "aluna falecida", pensou que poderia se divertir um pouco enquanto ainda estivesse lá.

Entrando no local, logo recebeu olhares julgadores de todas as meninas, assim como ela previa. Não era muito comum ver uma "gótica" – como alguns cismavam em lhe chamar – no vestiário feminino do colégio.

Juntamente aos olhares, cochichos e risadas a faziam revirar os olhos, enquanto se sentava em um banco qualquer com sua mochila, tirando de lá um maiô e uma touca, ambos pretos, que trouxera para a aula.

Após todas se arrumarem, ouviram o som do apito do treinador Lee as indicando que a aula estava para começar, então seguiram até a piscina coberta em seus maiôs e toucas vermelhos, enquanto Riley, diferente disso, era a única de preto.

— Ei, mocinha! — Ela ouviu a voz do treinador lhe chamando a atenção, seguida de mais risadas por parte de suas colegas de classe. — Por que não está usando o uniforme correto?

— Acho que alguém não leu a regra dos uniformes no site do colégio! — Uma das meninas ironizou, fazendo todas as outras rirem ainda mais.

— Vou deixar passar dessa vez, mas a partir das próximas aulas quero apenas maiôs e toucas na cor vermelha, ok? — O treinador avisou e Riley assentiu com a cabeça. — Agora, pra dar início às nossas aulas, vamos fazer uma competição amistosa, começando por uma das melhores nadadoras da Webster, senhorita Trottier!

Surgindo entre as meninas, Eva Trottier caminhava confiante até a piscina, enquanto era recebida por palmas que ecoavam por todo o local. Riley na mesma hora a encarou com curiosidade, se questionando do porquê de tantas palmas.

— Alguém se voluntaria pra essa competição? — Perguntou o treinador, sendo ignorado por toda a sua classe.

Riley, ao notar tamanha covardia por parte das meninas, se viu obrigada a levantar seu braço e oferecer-se como voluntária, afinal, precisava mostrar para o que veio.

Após o treinador assentir seu pedido como voluntária, ela se virou para pegar uma embalagem de tamanho micro sem que ninguém visse e seguiu em direção à piscina.

Era hora de pôr seu plano em ação, uma sabotagem, sempre bem vinda na maioria das competições que participava.

— Boa sorte, Trottier. — Com um olhar falsamente doce, Riley foi até a menina para lhe dar um abraço.

— Boa sorte, aluna nova. — Eva respondeu, enquanto a menina colava a micro embalagem de corante azul escuro na parte de trás de seu maiô sem que ninguém percebesse.

Soltaram-se do abraço com olhares desafiadores, então subiram em seus devidos blocos de partida e entraram em posição.

— Preparar, nas suas marcas...

Quando o apito foi soado, as duas entraram em contato com a água determinadas a darem tudo de si naquela primeira disputa. Eram ambas muito competitivas, logo não iriam fazer feio, ainda mais no primeiro dia.

Em uma questão de segundos, o corante azul preso no maiô de Eva começou a vazar, dando a impressão de que ela havia feito xixi no meio da competição.

— Meu Deus, a Eva mijou! — Exclamou uma menina do lado de fora, fazendo todas as outras rirem.

Desconcentrada, Eva retirou-se da água para se situar do que estava acontecendo, tendo uma surpresa desagradável.

— O que? Eu não mijei não! — E enquanto ela respondia, Riley terminava seu trajeto pela piscina de forma plena, porém injusta.

Ao finalizar, ela foi aplaudida por todos, enquanto Eva encontrava-se extremamente puta. Jamais aceitaria uma derrota por algo tão fútil como um xixi que ela nem fez. Riley, por sua vez, esboçava um sorriso desafiador em seu rosto, enquanto provocava a Trottier apenas com o olhar.

— Eva, da próxima vez peça para usar o banheiro antes de começar a aula. — O treinador lhe chamou a atenção e ela apenas revirou os olhos, preferindo ignorar os acontecimentos recentes. — E você, menina, qual o seu nome? Gostei das suas habilidades na piscina.

— É Riley, Riley Benson. — Respondeu convicta.

— Agora vamos dar uma pausa, só não se esqueçam de se hidratarem e fazerem suas necessidades nesse meio tempo! — Ao falar de necessidades, novamente todas voltaram a rir de Eva, a mesma que estava por um triz de sair no soco com qualquer um que lhe perturbasse.

O local, então, esvaziou de forma gradativa e Riley decidiu se aproximar da garota. Esperando por algum tipo de consolo, Eva teve sua maior decepção do dia quando viu que a menina com quem disputou poderia ser muito pior do que imaginava. E ela estava certa.

— Boa sorte da próxima vez, mijona. — Riley dizia em tom irônico, enquanto mostrava a micro embalagem em mãos, revelando a sabotagem.

— Você...

— Planejei isso tudo? Oh, não, jamais...

— Sua... — Rangendo os dentes, Eva queria matar a menina que estava em sua frente. Não acreditava como alguém podia ser tão cretina.

— Eu sei que é errado, Trottier, mas é necessário. — Riley disse em tom cínico. — Quem ri por último, ri melhor.

Antes que a loira pudesse reagir de alguma forma, Riley logo se afastou e, enquanto ia embora, era possível ouvir sua risada abafada de longe.

Isso não pode ficar assim. Não mesmo.

 

(...)

 

O som que os grandes saltos vermelhos de Natasha faziam ao caminhar em direção ao vestiário masculino ecoavam pelo corredor vazio como uma melodia para seus ouvidos, ela se sentia extremamente poderosa ao utilizá-los.

Além deles, todo o seu estilo era composto por roupas e adereços das grifes mais caras, sempre na melhor qualidade e aparência. Nat queria estar sempre incrivelmente bonita aos olhares de todos e obtinha sucesso unânime nesta habilidade.

Avistando um grupo de garotos sem camisa na porta do vestiário, logo trocou olhares com sua amiga Hannah, esta que caminhava consigo no momento. As duas deram risadinhas mal-intencionadas, pensando no quão sexy era o time masculino de Natação.

Porém, quando Natasha notou a presença de uma garota no meio do grupo de amigos, logo fechou a cara e a repreendeu:

— Quem é essa vagabunda se atirando em cima do meu Peter?

— Soon-Ae Allen, ela é irmã mais nova do detetive Allen e desde as férias não larga mais o grupo dos meninos. — Respondeu Hannah. — Até onde eu sei, ela sempre foi da nossa sala, só era mais retraída antes.

— Quem essa putinha pensa que é pra ficar rindo assim perto dos meninos? Fala sério, ela nem é bonita! — Natasha reclamou frustrada.

— Bom, isso você vai ter que descobrir sozinha. — Hannah disse, enquanto despedia da amiga. — Vou me encontrar com o Theo agora.

— Boa sorte nessa sua "aula particular". — Disse Natasha, fazendo aspas com as mãos e rindo em seguida. — Você vai precisar.

E, enquanto elas se afastavam, boa parte do grupo de meninos voltava para dentro do vestiário ao notar a presença de Natasha, com exceção apenas de Bryce e alguns outros que estavam por perto.

Aproximando-se, Natasha logo notou certa impaciência no olhar de Bryce, o que a fez criar dúvidas sobre si mesma e suas atitudes, entretanto, preferindo por ignorar, pensou que era alguém especial demais para manter tais inseguranças.

— O que foi dessa vez, Natasha? — Ele perguntou.

— Não se faça de sonso, cunhadinho, você sabe muito bem o que eu quero. — Ela respondeu, enquanto tirava uma lixa de sua bolsa e começava a fazer suas unhas. — Maddison só ficou com você porque eu disse que era bobagem pra ela se importar com gente morta.

Ao dizer tais palavras, Natasha conseguiu tirar a paciência de Bryce por completo, o fazendo puxar seu braço com força e ranger os dentes, dizendo:

— Garota, como você consegue ser tão fútil?!

Nessa hora, a russa não teve outra reação senão empurrar o garoto para longe, o fazendo bater as costas contra a parede com força.

— Nunca mais encoste em mim com essas suas patas imundas, Bryce, o último garoto que tentou isso comigo quase ficou estéril com o chute que dei nas bolas dele. — Natasha disse, então mudou instintivamente sua expressão para um sorriso delicado e inocente, as pessoas geralmente a consideravam louca nessas situações. — Vai me ajudar com o Peter ou não?

— E se eu não quiser? — Ofegante pelo recente empurrão, Bryce perguntou com impaciência. — Ele mesmo já disse que não quer nada com você.

— Se você não quiser? — Natasha repetiu as falas do menino, gargalhando ironicamente depois. — Apenas a cidade inteira vai ficar sabendo que o antigo namoradinho de Janice Evans está tendo encontros escondidos com a irmã mais nova da falecida.

— Você não faria isso com a sua melhor amiga... — Bryce duvidou, enquanto cerrava o cenho de forma confusa.

— Isso é um desafio? — Ela perguntou.

E, após um silêncio profundo, o moreno se rendeu:

— Tudo bem, vou tentar falar com o menino O’Hara, mas saiba que estou fazendo isso pela Maddie, ok? — Ele avisou, sendo assentido com a cabeça como resposta.

— Foi um prazer negociar com você. — Foram as últimas palavras de Natasha, antes que ela se retirasse para ir embora.

Atravessando corredor afora, interrompeu sua caminhada quando avistou uma porta de número 202. A abriu de maneira ligeira, tendo como visão Hannah aos amassos com o senhor Andrews, professor de Biologia das duas, ou apenas Theodore.

— Vamos logo, sua otária, temos salão marcado em vinte minutos! — Natasha brigou com a amiga, ignorando a presença do professor ali.

— Que susto, Nat! — Exclamou Hannah surpresa. — Já vou!

E era assim que Natasha Makarov mantinha sua posição naquele colégio. Era uma pessoa autoritária, chantagista e manipuladora, intimidando todo o qualquer um que cruzasse seu caminho.

Se ela pretendia mudar isso algum dia? Jamais.

Mas, uma hora ou outra, a máscara de autoconfiança sempre irá cair.

 

(...)

 

Perdida em seus pensamentos, Lexi tentava se concentrar na leitura de um livro virtual qualquer, que se encontrava aberto numa das abas de seu laptop. Passava horas tentando mudar de página, mas era impedida por sua mente autodestrutiva, esta que lhe acompanhava nas piores horas do dia.

O tempo passava e seu imaginário somente se alimentava das piores lembranças da noite em que Janice foi assassinada, ela simplesmente detestava aquilo, mas não era como se pudesse controlar.

Quando ouviu o soar de notificação vindo de seu laptop, foi quando finalmente saiu de seus devaneios, clicando com rapidez para ver o que era.

"Miles Cooper: Agora que estamos quites, aceita sair comigo algum dia desses, senhorita Rooney?"

De primeira, Lexi apenas fitou aquilo desacreditada por tamanha cara de pau, decidindo por ignorar. Todavia, quando viu algumas fotos que Gavin e Stacy tiraram juntos passarem por sua linha do tempo, começou a reconsiderar.

— Filha, o jantar tá pronto! — Disse sua mãe ao abrir a porta de repente, a fazendo fechar o laptop nervosa. — Ah, desculpa, não quis te atrapalhar.

— Tudo bem, mãe... — Respondeu com um semblante triste e, vendo aquilo, Regina se aproximou, sentando-se ao lado da filha na cama.

— Olha, eu imagino como deve estar sendo difícil pra você ter que lidar com isso tudo, mas é hora de seguir em frente, Lexi. — Ela falava, tentando acalmar a menina. — Você é minha filha e dói demais te ver sofrendo por coisas do passado.

— Eu sei que ela se tornou uma pessoa horrível, mãe, mas o que vivemos quando éramos crianças ainda me marca demais. — Lexi começou a dizer, relembrando de sua infância e enchendo os olhos de lágrimas. — Janice era minha melhor amiga, mas seu sobrenome destruiu o mínimo de humanidade que ainda lhe restava, e eu fui incapaz de mudar isso.

— Não se martirize desse jeito, filha, as pessoas mudam e tem vezes não há nada que possamos fazer. — Dessa vez, Regina dizia enquanto acariciava as castanhas madeixas de Lexi, tentando algum tipo de conforto. — O conselho que eu te dou agora é viver um dia de cada vez, a melhor forma de esquecermos algo que está nos machucando é quando seguimos em frente. Tenta algum esporte novo, conhecer pessoas novas...

— Obrigada, mãe. — Agradeceu Lexi, abraçando sua mãe em seguida. — Vou pensar no que disse.

— É assim que se fala. — Disse Regina, depositando seguidamente um beijo na testa da menina.

Depois que a mulher atravessou até o lado de fora do quarto, Lexi abriu seu laptop, olhando novamente as fotos que Stacy e Gavin haviam postado, então, decidida a seguir em frente, chamou Miles no chat que o próprio havia iniciado.

"Alexia Rooney: Mesmo não merecendo, acho que posso te dar uma segunda chance. Eu aceito sair com você, Cooper."

Por mais vulnerável que ainda estivesse, ela pensava que talvez fosse hora de tentar algo novo, principalmente para tentar esquecer do sofrimento que Gavin lhe proporcionou antes de partir para Iowa.

E quando tudo parecia ir bem, ouviu o toque de seu celular, ele vibrava sobre a escrivaninha de maneira bruta.

— Alô, quem fala? — Disse ao atender.

Boa noite, Lexi... — Uma voz modificada de forma extremamente grave lhe respondeu, era macabra e continha um tom de sarcasmo. — ... isso não é hora de criança ficar acordada, não é mesmo?

— Que porra é essa?! — Lexi exclamou aflita. — Olha, se isso for algum tipo de trote, pode parando, eu não tenho medo!

Você se diz tão corajosa, Lexi, mas eu não vejo isso nos seus olhos... eu vejo muito, muito medo. — Novamente a voz disse, dessa vez soltando uma leve risada ao final da frase.

— Vai se foder, seu babaca! — Ela gritava cada vez com mais raiva.

Que desbocada, menininha... eu ficaria caladinha no seu lugar, posso fazer da sua vida um inferno.

— E o que você quer?! Como sabe meu nome?! Quem é vo...

Janice Evans, reconhece esse nome? — A voz lhe interrompeu a fala, retornando a soltar risadas em momentos aleatórios. — Eu a matei. E, por sua desobediência, o próximo é você quem decide: gostaria de salvar Gavin ou... Peter?

— Você só pode estar me sacaneando, né? Vai procurar o que fazer, porra!

3...

— Fala sério, Miles, é você?! Se for, nosso encontro tá oficialmente cancelado!

2...

— Me deixa em paz, por favor! Ninguém merece morrer depois do que aconteceu!

1...

— Gavin! Eu salvo o Gavin! — Num ato de total desespero, Lexi exclamou sem ao menos pensar nas consequências. Talvez tudo aquilo fosse um grande trote, ela pensava.

Boa escolha.

 

(...)

 

Isak sentia o vento gélido de sua primeira noite em Monwood balançar seus cabelos castanhos para trás, enquanto andava em direção ao lugar, onde encontraria um de seus paqueras que conheceu num aplicativo de relacionamento.

Desde sempre foi um adolescente complicado, radical em suas opiniões e atitudes e de bastante atividade sexual. Por ficar com meninos e meninas, era raro o encontrar sem opções ou "na seca", por isso, na cidade nova, decidiu que estaria sempre com seu aplicativo em mãos.

Perdido entre os diversos quarteirões de Monwood, tratou de pegar seu celular para enviar uma mensagem a Peter, o menino que estava para encontrar.

"Isak Loss: Me dá uma luz, ainda não encontrei esse tal galpão abandonado. Por que não podemos nos ver na sua casa?"

"Peter O’Hara: Segue a rua que mandei no endereço até o final e vira à direita, na minha casa não tem a menor condição de acontecer."

"Isak Loss: Por quê?"

Após alguns minutos de caminhada, Loss desistiu de descobrir o porquê de tanta discrição da parte de Peter. Seria mais um daqueles que fingia ser heterossexual somente para não perder o status? Talvez, porém ele não ligava.

Chegando ao local, entrou com cautela, visto que era um tanto quanto sujo e até mesmo assustador.

— Peter! — Ele chamou pelo garoto, fazendo eco com sua voz. — Ei, cadê você?!

Ficando estressado com a situação em que se metera, pegou seu celular e ligou a lanterna para averiguar, não queria acreditar que estava sendo feito de trouxa por algum fake ou algo do tipo.

— Que merda é essa? — Ele se perguntava, enquanto via manchas de sangue pelo chão.

Por fim, quando chegou no outro lado do galpão, teve como visão o menino, Peter O’Hara, estatelado no chão com a garganta cortada e o sangue espalhado por todos os cantos.

Sua única reação foi gritar. Gritar alto, esperando que alguém ouvisse para resolver o problema. Ele mal havia chegado na cidade, mas já tinha de lidar com os traumas que o fantasma de Janice causou em toda a Monwood.

Em algum lugar não muito distante dali, uma pessoa de vestes totalmente vermelhas segurava um walkie-talkie com um alterador de voz, e de maneira sádica e plena, ela disse:

Descanse em paz, Peter. Meu jogo está apenas começando.


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Notas finais do capítulo

Aprecio se deixarem comentários/críticas, estou respondendo todos! ♥