Aqua, o filhote de humano escrita por Mar la


Capítulo 16
A feira de Atl'an




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Aqua e Aya já estavam a dois dias na casa junto da companhia de Umi e Sydra. Aqua ainda evitava Sydra que relutante buscava formas de se aproximar do pequeno. Ao contrário de Sydra, Umi conseguiu fazer amizade rapidamente com o filhote. Ambos estavam sempre dispostos a brincar com coisas desafiadoras. Nas horas vagas Aqua ajudava Mari em suas tarefas. Comia bastante coisas novas, olhava seus programas favoritos na enorme televisão da mansão. Ia para a piscina já que Umi o ensinou a nadar. Mas, apesar de tantas opções ele já estava ficando um pouco cansado de estar ali. Queria explorar e conhecer coisas novas. Ele estava na fase de descobrir o mundo por si só, da independência, porque em sua mente ele já é crescido o suficiente.

— O que foi? — Aya o olhou. Aqua estava deitado ao seu lado colocando os pés para o alto com uma expressão de tédio enquanto olhava para o teto.

— É que... eu queria sair um pouco, ver aquelas feiras que a gente passou antes de ontem... Por que eu não posso ir sozinho? — Ele indagou, olhando diretamente para Aya que se mantinha deitado na cama.

— Porque você é um filhote.

— Mas eu conheci vários filhotes que andavam sozinhos. Eles brincavam o dia todo e depois voltavam para casa. — Aya suspirou ao ouvir tal resposta vindo de Aqua. Não era a primeira vez que ele teimava sobre andar sozinho. Infelizmente, argumentos ele tinha. Pois nesta idade, filhotes já começam a explorar o ambiente sozinhos. Sem tanta a presença dos responsáveis.

— Aqua... eu já conversei com você. Não só o fato de você ser um filhote, mas sim de que você... não tem características para se defender. E não estamos mais em terras neutras. — Aya manteve a calma para explicar ao filhote mais uma vez. A verdade é que até o momento o dragão não teria contado a verdade para Aqua. De que ele é um humano e que está apenas sendo levado de volta para casa.

— E como você sabe que eu não tenho características? Eu nunca precisei usar. E também, você não é minha mãe. Não deveria ficar tão grudado comigo. — Ultimamente talvez pelo fato de estar sempre sendo visita e recebendo mimos, Aqua anda fazendo birra assim que recebe um não. Atitude que Aya reprova e detesta. Em seus pensamentos ele reclama que não viveu 500 anos para ser respondido assim por um pirralho.

— Ah é? Hahaha. — Aya fez questão de se levantar de sua cama e se aproximar do filhote que logo já mudou sua atitude ficando mais recuado e tímido.

— O-o que? Ei... O que você tá faz... — Sem dizer nada. Aya pegou Aqua pela camisa e o arrastou até a porta do quarto. Logo lhe dando um pequeno chute jogando-o para fora do lugar. — Aya por que fez isso? O que você...  — E então Aya fechou a porta na cara do filhote antes mesmo que ele terminasse sua fala.

— Faça o que quiser. Se você for comido por alguém, problema é seu. — Disse Aya, pelo lado interno do quarto enquanto Aqua se levantava sem entender muita coisa, apenas de que ele tinha a chance de poder sair.

— E quando você vai me buscar? — Perguntou o filhote.

— Buscar? Eu não vou te buscar. Eu não sou sua mãe. Te vira. E cala a boca. Ouvir sua voz enjoada me irrita. Detesto pirralhos mimados.

— Aya... — Aqua bateu na porta. Mas não obteve respostas. Então sentou-se ao lado de fora. Afim de esperar que Aya abrisse. Não demorou muito, Aya realmente abriu a porta e olhou para o humano sentado que assim que percebeu que o maior teria olhado para si, abriu um sorriso. Aya não disse nada. Apenas revirou os olhos e saiu do quarto, pegando o filhote pela mão, deixando-o de pé.

— Você... tomará cuidado? — Aya perguntou, enquanto ajeitava as roupas de Aqua.

— Com certeza! Eu não vou demorar muito eu só quero ver como é. — Disse o filhote, com um sorriso que não saia do rosto de tão feliz que estava por sair sozinho. Aya parou por alguns longos segundos, pensando seriamente na decisão que iria tomar.

— Você quer sair sem mim não é?

— Sim... não... os dois. — Aqua atrapalhou-se. Desde que se lembra como uma forma de vida ele esteve na presença de Aya. Agora ele queria explorar um pouco, mas isto não significava que ele não gostasse de seu guardião. Aya permanecia sério, pensando no que seria certo. Em um ponto, ele entendia os motivos de Aqua, além de que hoje seria o último dia em que ficariam em Atl’an. Mas em outro, ele tinha este lado protetor mesmo que negasse. Durante o momento dos dois, passos de salto alto foram ouvidos se aproximando, o que fez com que ambos olhassem na direção do som.

— Me desculpem. Acabei ouvindo a conversa. — Era Sydra. Se aproximando cada vez mais dos dois. — Eu vim primeiramente para ver o que estava acontecendo, parecia uma briga. Acabei ouvindo e coincidentemente eu estou indo para a feira agora. Preciso comprar alguns pós mágicos... Se quiserem ir, posso acompanha-los e dar carona.

Com tal declaração, Aya olhou para Sydra e a encarou por alguns segundos. Depois olhou para Aqua que decidia não encará-la ainda evitando um contato maior com a mesma.

— Sydra, você se importa se Aqua fosse com você? — Aya perguntou. E assim que ouviu, Aqua o olhou como se dissesse “O que? Eu não acredito que você está dizendo isto?!”, Aya entendeu a expressão incrédula do pequeno e riu internamente por isso. Sydra por sua vez, mudou sua expressão sempre séria, e deu um sorriso, seus olhos verdes claro tiveram brilho com a pergunta.

— Claro que não. Seria um prazer. Eu sei que ele não gosta muito de mim pela minha primeira abordagem, esta seria uma chance oportuna para nos conhecermos. — Ela olhou para Aqua, e então se abaixou para ficar na altura do mesmo. — O que você acha Aqua? Podemos apagar aquela memória e começar do zero. Posso te comprar várias coisinhas na feira também...

Aqua a olhou, e pensou consigo mesmo. Estava um pouco confuso com o que decidir. Ele realmente não era muito com a cara dela. Mas, estava muito afim de ir na feira e Sydra estava prometendo lhe presentear.

“ Se eu for ganhar presentes... Eu acho que posso ir então...” — Pensou o humano consigo mesmo. Pensando apenas nos presentes e na oportunidade de conhecer a feira. Isto fez com que ele decidisse sua resposta. Olhando para Sydra e acenando positivamente com a cabeça.

Aya acompanhou os dois até a frente na espera pela canoa. Sydra teria se fantasiado. Para que não chamasse a atenção como a rainha. Teria trocado a cor de seus cabelos, olhos e com magia um pouco de seu rosto.

— Estaremos de volta antes de escurecer. Prometo. — Disse Sydra, terminando de entrar e sentar confortavelmente na canoa que os levaria para a feira da cidade.

— Okay. Aqua, obedeça a Sydra. Não teime com ela. E Sydra, se o Aqua se comportar mal, pode abandoná-lo por ai. — Aya brincou, vendo o filhote que estava sentado ao lado da mulher. Aqua não dizia, nada. Aquele sorrisão que havia em seu rosto antes de embarcar pouco a pouco perdeu-se quando ele foi percebendo que Aya não estaria o acompanhando. A canoa começou a se mover, para partir. E Aqua não deixava de olhar para Aya como se esperasse algo que não iria acontecer. Aya percebeu a insegurança no olhar do filhote, quis rir um pouco por tal cena, mas ele não podia mentir para si mesmo. A verdade é que ele também estava um pouso ansioso ao ver o filhote fora de sua visão, de sua asa protetora. Ele confiava em Sydra, mas, a preocupação já lhe incomodava um pouco. Só que, diferente de Aqua, ele conseguia disfarçar bem. Pouco a pouco a canoa foi distanciando, e Aqua chegou a dobrar o corpo para continuar a olhar para Aya que estava no aguardo do desaparecimento total da imagem de ambos. Em meio a tantas trocas de olhares, Aya pôde perceber, mesmo de longe as gotas de lágrimas que estavam no rosto de Aqua. Lágrimas que se formaram mas lutavam para não cair. Sem saber como reagir ou como acalmar o filhote que já estava ao longe. Aya apenas apontou para seu próprio rosto, e então deu um enorme sorriso. Tal qual igual Aqua sempre dá, quando fica feliz. Tal atitude fez com que Aqua enxugasse as lágrimas contidas e repetisse o ato, imitando Aya e dando um enorme sorriso, que mesmo de coração apertado, só de ver o encorajamento simples que sua referência lhe dá, ele sentiu-se mais seguro e aliviado.

[...]

Não demorou muito até que Sydra e Aqua chegassem na feira. Ela era movimentada, mas diferente de Alae’y possuía uma organização muito mais superior. Era... requintada. Aqua curioso olhava para cada banquinha que expositava seus produtos, que 99% geral das bancas, eram marinhos ou relacionados a tal. No começo Sydra tinha a paciência de parar em cada banca que Aqua decidia querer olhar algo. Mas com o passar do tempo ela percebeu que se continuasse assim jamais chegaria onde ela queria ir.

— Aqua, precisamos ir um pouco mais rápido se não a banca dos pós mágicos irá fechar. Quando chegarmos lá, te compro algo para comer okay?

— Okay. — Aqua concordou e então começou a segui-la. Mas um pouco depois seus olhos se encantaram com uma enorme concha do mar, colorida. Ele se aproximou para olhá-la. Foram questões de segundos, quando ele percebeu que teria saído do caminho e olhou para frente, Sydra não estava mais lá. E então ele olhou ao redor. Não a encontrou. Pouco a pouco ele começou a ficar nervoso. No impulso ele decidiu seguir em frente, mas uma mão logo tocou em seu pulso o assustando e fazendo com que ele olhasse rapidamente.

— Ah, te achei! Que susto... sério. Não saia mais de perto Aqua. — Sydra estava ofegante. Provavelmente correu em busca do filhote assim que percebeu seu sumiço. Aqua, concordou com a cabeça.  — Como que o Aya faz com você para que você não se perca?

— Ele segura minha mão. — Um pouco tímido o humano olhou para ela, que também se pôs um pouco avergonhada.

— Okay então... — Sydra pegou na mão de Aqua, e ambos voltaram a andar. Desta vez, com o foco na tal banca que Sydra desejava ir.

[...]

Ao chegarem em seu objetivo, Sydra logo comprou para Aqua um espetinho de lula, feita a modo churrasco e com um molhinho em cima. Ela orientou ao pequeno para que ele ficasse sentado no banco em que ficava ao lado da banca que ela estava comprando seus pós. Aqua estava entretido com a comida, ainda não tinha experimentado algo do tipo mas, estava achando muito gostoso. Ele balançava os pés que não tocavam o chão, se divertindo enquanto comida e observava o movimento. Tudo parecia tão calmo. Até que, de repente, um barulho de estrondo foi ouvido. Não era um estrondo alto, eram mercadorias que haviam sido derrubadas. Aqua olhou para a direção do som e viu que um grupo de adultos encapuzados vinham em sua direção, com pressa. Empurrando cada um que estava em sua frente como se fossem uma manada de elefantes.

Aqua não teve reação, acreditava que não era com ele toda aquela cena. Mas enganou-se. Segundos. Apenas em segundos os encapuzados estavam em sua frente e logo lhe agarraram o braço, já iniciando em arrastá-lo.

— SY-SYDR- — E então ele teve a boca tapada. Mas toda a movimentação e a frase inacabada fizeram com que a rainha percebesse o ato e com num salto se direcionasse até ele. Pegando no corpo do menor, num abraço para que ele não fosse levado, além de com uma das mãos tentar soltá-lo ela também tentava bater naquele que segurava Aqua. Foi em vão. Ela foi empurrada. Decidida, Sydra decidiu usar de sua magia para libertar Aqua, mas tinha medo de machuca-lo então ela apenas estourou uma rajada de água sobre o grupo que caíram. Aqua aproveitou a crecha oportuna e mordeu a mão daquele que o segurava. Na pequena dor da mordida, Aqua conseguiu se libertar pelo espaço que o desconhecido lhe forneceu.

— CORRA AQUA! CORRA! — Gritou Sydra enquanto a atenção de parte do grupo estava voltada a contê-la. Aqua levantou-se e então correu em direção do bosque. Com toda a força que tinha nas pernas, sem entender nada do que acontecia. Sydra em seguida soltou mais uma rajada de água para atrapalhar os estranhos novamente. Aqua, só tinha a certeza de que estes estranhos estavam atrás dele. E ele deveria fugir. E Aya não estava por perto para protege-lo.

Aqua conseguiu escapar do primeiro ataque. Sydra havia conseguido conter os tais por uma fração de segundos. Só que, aquilo não foi o suficiente. Os encapuzados eram apenas uma distração. Enquanto ela se preocupava com os que via. Um adulto alto, também encapuzado saiu de trás de uma das barracas do lado. Indo em direção de Aqua. Pela sua estatura e rapidez de movimento. Com certeza ele logo alcançaria o filhote. Este ataque, com certeza não era do nada. Ele havia sido planejado. Mas por quem?


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Notas finais do capítulo

Atualização da idade dos personagens:
Umi: 279.
Sydra: 275.
Aqua: 6 anos.



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