Aqua, o filhote de humano escrita por Mar la


Capítulo 10
Um dia no parque de Alae'y II




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— Oh, três pequenos ratinhos. Belos petiscos! Venham aqui. — O predador logo focou em Lai que parecia ser o mais devagar entre os três. Precisou de um salto para que alcançasse o coitado. Ele foi pego pelo rabo, e o pescoço foi quebrado. Kai ao ver que o irmão havia sido pego, teve a má ideia de voltar para tentar salvá-lo o que fez com que assim que finalizado o irmão, ele foi pego. Seu pescoço foi cortado em um único golpe com as garras afiadas. Nai, deixou os irmãos e desistiu de tentar entrar pelo buraco. Ele correu o mais rápido que pôde e tomou distância entrando na floresta. Achou que havia escapado. Mas o lobo não estava só. Assim que virou a direta de uma árvore ele foi pego pelo cabelo, e começou a ser arrastado até onde estavam os outros corpos e a dupla.

— Onde você pensa que vai? Hum... vaquinha? — O lobo que antes teria matado os outros três, mira em Momu que estava quase conseguindo fugir, mas seu casco foi puxado. Ela se agarrou com tudo o que tinha na borda quebrada da parede. Tentou dar um coice, conseguiu acertar o braço do lobo mas ela é apenas um filhote, não foi muito efetivo mesmo que seja forte.

— Hahaha, tola. — Ela chorou, sabia que não tinha mais o que fazer mas mesmo assim não soltava da parede. É forte e luta por sua vida. Sem paciência, o lobo então começou a arranha-la na coluna. Abrindo sua carne e pouco a pouco rasgando-a ao meio.

— AAAAARGH — Momu gritou, alto. Com ele, foi-se a sua última respiração. Ela morreu, dilacerada e tendo sua cintura a baixo retirado de seu corpo. Aqua olhava a situação assustado, só conseguia ouvir o que acontecia do outro lado, até que o corpo de Momo foi puxado e o rosto peludo, de dentes afiados o encarou pelo buraco dando-lhe um sorriso ao perceber que havia mais uma presa para ser morta.

— AYA! AYA! AYA! — Levantou-se e começou a gritar. Mas logo o silêncio retornou e foi quebrado pelo lobo e os gritos de Nai.

— Que barulheira— O lobo cinza levantou-se, pegando a parte de baixo do corpo de Momu. O resto de seu grupo chegou chegou até ele pegando os outros corpos, de Nai, Kai e Doug.

— MAMÃE! MAMÃE! MAMÃE! — Nai ainda estava vivo, sendo arrastado pelos cabelos por uma loba ruiva. Ele tentava se soltar, gritava, esperneava, era inútil.

— Peguei o fujão. — Era uma figura feminina que segurava Nai.

— Que merda Chélie. Mate-o logo não percebe que ele está gritando?

— Desculpe. Achei que você queria brincar um pouco mais com ele. — Imediatamente a loba levantou o corpo de Nai e começou a sufoca-lo. Nai pouco a pouco foi sendo asfixiado.

— Sim, eu quero porém, é melhor não chamar atenção. — O acinzentado olhou ao redor e viu que os corpos já estavam sendo carregados.  

— Vamos embora logo. Com certeza os merdinhas estão chegando. — Com pressa ele deu as costas e direcionou-se de volta para a floresta. O resto de seu grupo também o fez.

Restou apenas o silêncio, o buraco na parede com a parte de cima do corpo de Momu que por alguma razão não interessou ao lobo e o sangue no chão, junto com algumas partes dos miolos e um olho de Doug.

Tudo aconteceu tão rápido. Os adultos que ouviram os gritos foram o mais rápido possível para onde conseguiram decifrar de onde eles vinham. Mas chegaram tarde demais. Aya também. Ele na verdade não estava longe. Só teria ido buscar e preparar um lanche para ele e Aqua.

Quando os adultos chegaram no buraco, o medo e desespero tomou conta da situação.

— Como isto foi acontecer? Como eles fizeram este buraco?

— MINHA FILHOTE, MOMU! POR QUE? POR QUE?

— Doug? DOUG?! ONDE VOCÊ ESTÁ?

— Meus filhotes... meus três filhotes... onde eles estão? Onde eles estão? São... três ratinhos, eles tão trigêmeos... Precisamos procurá-los.

O caos era eminente. As famílias exceto de Momu tinham ainda um pingo de esperança de encontra-los. Ainda não haviam olhada para lá do buraco. Os filhotes tiveram a ridícula má sorte de fazer um buraco no muro de separação que não é apenas um muro qualquer. A verdade é que, o buraco havia sido feito como uma armadilha justamente para que alguém saísse e virasse comida.

— O que... podemos fazer? Eu quero meus filhotes de volta!

— Sejamos realistas. Estão todos mortos!

 Aya chega a tempo justamente no momento em que ele pôde ouvir a frase dita por um estranho. Ele olhou a cena, abaixou-se vendo se conseguiria passar pelo buraco.

— O que você está fazendo?

— Eu tenho que achar... o Aqua. — Por seu tamanho, ele não passaria, então começou a destruir parte do muro expandindo o buraco feito. Assim que pôde passar ele o fez. Podendo ver a quantidade de sangue e de restos mortais. Os pais de Doug conseguiram reconhece-lo pelo olho verde, resquícios de seu cabelo dourado e o cheiro. Entraram em desespero, maior do que estavam. Aya ignorou tudo apenas tentou achar algum vestígio sobre Aqua. A situação de desespero dos outros pouco a pouco iam deixando-o nervoso. E se uma daquelas poças de sangue fosse Aqua?

Aya suspirou fundo e olhou para cima, fechando os olhos concentrando em si mesmo. Por alguns segundos ele teve de retomar seu foco. Mais ciente, ele deu meia volta e voltou para o espaço do parque, começando a olhar o lugar. Não havia nenhum sangue para esta parte de cá do muro. O parque estava intacto.

“ Se ele não foi pego, tem de estar aqui. Se não estiver... Vou dar um jeito de acha-lo na floresta...” — Aya começou a busca por Aqua. Olhando pelos arbustos, não achou nada, então foi até os brinquedos que não estavam longe de onde estava o buraco. No escorregador, em alguns tubos, e então chegou até a casinha que ficava entre os obstáculos lúdicos que ele antes brincava com seus amigos. O dragão teve de dar uma pequena escalada para chegar na altura da casa.

Quando Aya conseguiu espiar dentro dela, frustrou-se. Aqua não estava ali. Pensamentos negativos começaram a incomodá-lo novamente.

— Aya? — Uma voz baixa e acanhada pôde ser ouvida. Rapidamente Aya olhou para trás, um mais pra lá de onde ele está agora, estava Aqua de pé com uma das mãos enxugando as próprias lágrimas enquanto segurava o som do choro, mas não conseguia conter as lágrimas que caiam de seus olhos. Aya apenas desceu de onde estava num pulo e assim que ao chão Aqua correu com tudo o que tinha até Aya, que para recebe-lo ficou de joelhos e o abraçou com força.

— Está tudo bem? — Aya começou a passar as mãos pelo corpo do menor, verificando se ele havia algum machucado. Aqua não deu importância apenas continuou jogado no corpo do outro agora não segurando mais o choro.

— Okay... Okay... pode chorar. Eu estou aqui. Não vai te acontecer nenhum mal. — E Aqua chorou. Muito. Aya não fez nada mais além de dar a ele o conforto que ele precisava no momento. Ele também olhou de onde Aqua teria saído. Ele havia conseguido se esconder de trás de um enorme tronco de árvore com arbustos que Aya ainda não havia checado.

“ Ele ouviu o que eu disse e realmente se escondeu... Graças aos céus, ele me escutou. “ — Aya passou as mãos nos cabelos do menor. E o pegou no colo.

— Vamos embora... Você precisa tomar um banho, comer e dormir, amanhã é um novo dia okay? — Ele olhou bem nos olhos de Aqua, que não tinham aquele brilho que haviam antes. Enquanto o olhava, Aqua o encarou e devolveu o olhar.

— Aya... — Ele resmungou.

— Sim? — Aqua não o respondeu. Apenas abraçou Aya como se nunca mais fosse soltá-lo. Aya retribuiu o abraço e passou de leve a mão nas costas do filhote, tentando acalmá-lo enquanto ainda caminhava se distanciando do caos que estava o parque.

[...]

Já no quarto que Aya teria alugado para a noite. Aqua já estava de banho tomado e teria comido várias coisinhas boas, até mesmo bobagens apenas para agradá-lo e fazer superar o dia de hoje com um pouco mais de doçura.

Aya estava deitado na cama de lado com Aqua deitado e abraçado de frente para ele e com ele. Dando pequenos toquinhos/tapinhas nas coxas de Aqua, além de murmurar uma pequena melodia de ninar igual a pessoa que cuidou dele fazia. Fazem muitos anos, mas ele ainda lembrava, não de tudo, a doce cantiga que antes possuía letra e era cantada para ele com palavras agora ele cantava apenas em ritmo e melodia. Para que Aqua conseguisse dormir de forma tranquila. Ficaram assim por um bom tempo. Aqua foi capaz de dormir, sem deixar de segurar-se em Aya.

“ Eu sou um péssimo guardião...” — Era o que Aya pensava, pouco antes de também pegar no sono.

[...]

No dia seguinte, o caos continuava. Alguns queriam vingança, outros apenas aceitavam que as crianças abriram o buraco e foram para fora dos muros. Muitos estavam em luto coletivo. Aya ignorou tudo, queria apenas sair dali o mais rápido possível. Ele retornou a loja de tecidos levando sempre Aqua no colo.

— Bom dia. — Disse a coelha.

— Dia... — Aya estava evidentemente nem um pouco de bater papo. Ela entendeu e então apenas entregou-lhe o pacote. Assim que recebido ele o guardou em sua mochila e direcionou-se ao portão de saída oeste de Alae’y, rumo ao porto.

Durante o caminho ao porto. Uma situação chamou a atenção, as famílias estavam reunidas fazendo um pequeno enterro no campo de flores. Eles choravam com a perda. Aya suspirou vendo a cena. Pensou em ignorar. Mas não pôde. Ele lembrou do quão aquelas crianças cuidaram bem de Aqua. Elas foram seus primeiros amigos.

— Aqua, pegue uma flor para cada um dos seus amigos e entregue pra eles. Okay? Isso é uma despedida. — Aya largou Aqua perto do campinho de flores, deixando-o escolher quais flores ele pegaria. Além de repetir o gesto colhendo-as para também prestar o respeito.

Eles se aproximaram das covas que haviam as fotos de cada um dos falecidos. Ambos colocaram suas flores para cada um. Aya então, abaixou-se e cochichou para Aqua.

— Se quiser dizer algo a eles, pode dizer, é um tchau tchau. — Aqua olhou para Aya e depois para onde simbologicamente seus amigos estavam.

— Xau... xau... igos... — Aqua acenou, em despedida. Logo aproximou-se uma figura familiar. O black power branco... Ochi estava chorando, mas se aproximou de Aqua com um sorriso, abraçando-o.

— Que bom que você está bem... — Disse ela, olhando para o pequeno e depois para Aya que estava atrás dele.

— Vocês estão indo embora? — Ela indagou.

— Sim. Aqua, se despeça dela e vamos indo. — Aqua a olhou, ela estava com um olhar tristíssimo. Então ele pegou uma flor, e colocou no cabelo dela, que com o ato não conseguiu não sorrir.

— Eu vou ficar um pouco sozinha, mas ficará tudo bem. Tchau Aqua, até mais. Se cuide na viagem! — Ochi sorriu, e então deu as costas voltando para sua família. Aya pegou Aqua no colo de novo e começou a andar pela trilha da densa floresta.

Demorou algumas horas até que concluísse seu objetivo de chegar até o porto oeste. Local onde se navegava para ir até a parte oeste. Mas, para isto era necessário uma boa quantia de dinheiro ou prestigio. Aya possuía tudo, então isto não foi problema. Porém, para quem quisesse uma outra vida, era basicamente impossível, era necessário um visto, quantia de renda, status.

Aqua ficou encantado enquanto estava na fila, olhando aqueles barcos enormes. Aya parecia calmo e em seu próprio mundo, mas tinha ciência de cada predador e olhar torto que recebia daqueles que também queriam migrar.

“ Esses caras encarando de propósito pra tentar me amedrontar. Chega a ser engraçado.“ — Ele riu consigo. A aura de superioridade que havia por ali era nojenta. Mas, ele tinha de pegar este barco e é o que fez.

Ambos foram capazes de embarcar e foram para seu quarto. Lá ao menos até o final da viagem estariam apenas os dois, em paz caso não acontecesse nada.

Passaram a noite em viagem. Logo de manhã o barco chegou em seu destino. Aya arrumou Aqua e pegou sua mochila.

Agora eles estavam no território oeste, governado pelos reis do Oeste, Rei Umi e Raínha Sydra. Não estão mais em países neutros, o cuidado tem de ser redobrado, além de toda a nova burocracia.

A viagem em Eol’la e milna’har não será fácil. Mas é preciso.


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