La casa de papel escrita por Emms


Capítulo 2
Primeira Abordagem




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POV REGINA 

Você pode ser uma pessoa incrível no serviço, na roda de amigos e até sozinha, mas, se seu filho te olha e diz que você não é boa, todo o resto desaparece. Adotei Henry quando ele ainda era um neném, o deixaram na frente da delegacia, o olhei a primeira vez e senti meu coração se acalentar como nunca antes.

Sempre o deixei saber que é adotado, o que penso ter sido um erro, visto que ele confunde minha falta de tempo devido ao meu serviço com falta de amor. Henry é minha vida, se pudesse ver dentro de mim, saberia disso.

Mas cá estamos, sempre em um impasse.

— Então você P R O M E T E que vai estar aqui amanhã, no meu aniversário? E não vai ser Cora a responsável por organizar tudo? - Diz sentado a mesa, olhando no Tablet a decoração que escolheu.

— Eu vou estar aqui, Henry. E ela é sua avó, não a chame pelo nome. - Aperto seu ombro me levantando, amanhã vai ser um longo dia, só quero deitar na minha cama, terminar o livro que está na cabeceira e dormir.

— Se você não estiver, mãe, e vou ficar muito, muito chateado e não vou falar com você por uma semana. - Sai da cozinha deixando o Tablet sobre a mesa.

Sua escolha é contos de fadas, meu filho é realmente um príncipe.

Tomo uma taça de vinho, relaxo na banheira por cerca de meia hora, apago as luzes e deixo só o abajur ligado. Moro em um condomínio, aqui não tem barulho de carros ou cachorros latindo. Tudo é silêncio.

Fecho os olhos pensando em deitar e meu celular toca. Praguejo mentalmente.

— Boa noite.

— Boa noite, Regina. - É Rumple, meu chefe. - Sei que deve estar indo dormir agora, porém, assaltaram a Casa da Moeda, e quero você a frente das negociações com os assaltantes, aparentemente, eles iam sair mas o alarme disparou. Conto com você?

— Eu vou com meu carro. - Digo e desligo me jogando no colchão. É tudo que eu precisava agora.

Ligo para minha mãe e peço para ficar com Henry. Não me despeço dele ou vou me irritar com sua possível crise dizendo que não vou estar em seu aniversário. 

Minha mãe entra e eu saio.

No caminho começo meu serviço, como o alarme só disparou quando foram sair? Será que temos feridos? Quem diabos rouba a Casa da Moeda? Tem que ser muito burro. Não vai ser um trabalho difícil, afinal.

Dobro a esquina e encontro a frente cheia de carros de polícia, já tem uma tenda montada e, para minha alegria o carro de Robert é o primeiro diferente que reconheço. Robert é meu ex marido, tivemos muitos e muitos problemas por conta de Henry e álcool, uma situação deveras complicada, não foi um divórcio amigável.

— Por que Robert está aqui? - Pergunto assim que entro na tenda e o vejo sentado com o chefe das forças especiais.

— Por que você está aqui? Ouvi dizer que você me denunciou e estão arquivando a denúncia por ser falsa, está querendo me dar algum recado, Regina? - Ele levanta se colocando a minha frente me impedindo de passar.

— Tenho sim. - Toco seu rosto. - Tão irônico colocarem você para chefiar o serviço de I n t e l i g ê n c i a, não? Porque uma pessoa inteligente, que frequentou muito minha casa, saberia que tenho câmeras até no banheiro. Vamos ver se vão arquivar minha denúncia. - Arqueio a sobrancelha e o rodeio, em direção a Rumple.

— Quais informações temos?

— O alarme disparou e duas pessoas, com macacão vermelho e máscaras estavam na porta, jogaram uma mala de dinheiro, atiraram contra o chão e entraram. Se assustaram, provavelmente.

— E, temos reféns?

— 35 funcionários, uma turma de 15 alunos e 4 guardas da federal.

— Duas pessoas sozinhas não conseguem parar a federal. - Digo, minha teoria de ser algo fácil foi por algo abaixo. - Ainda não entendi porque Robert está aqui.

— Porque nós vamos invadir.

Dou risada.

— Gênio! Se fosse para isso eu nem teria saído da minha casa.

— Acontece, Regina, que Alice a filha do presidente estava nessa excursão da escola e, se por um incidente miserável, isso se espalhar, toda a atenção será voltada a nós! Você quer mesmo desafiar o presidente?

— Porque me fez sair de casa? - Pergunto a Rumple, o encarando.

— Se essa abordagem não der certo, preciso que esteja aqui.

— Uau, em resumo vou ter que desfazer a cagada que estão pensando em fazer? - Saio da tenda e vou para um bar que fica próximo.

Tento ligar para minha mãe para avisar que vou demorar e, para ela acalmar Henry, mas, como tudo está fadado a dar errado, meu celular acaba a bateria.

— Vocês tem carregador? - Pergunto a atendente.

— Cerveja serve? - Me olha com olhar de pesar.

— Não posso beber em horário de serviço, um suco de laranja, por favor. 

— Você quer meu celular emprestado? Ele é meio antiguinho, mas faz ligação. - Ouço alguém falando e vejo uma moça loira, um pouco tímida me apontando o celular.

— Sério? - Pergunto, talvez seja uma brincadeira de mal gosto. Seu celular é antigo mesmo.

— Sim! Ficar sem poder se comunicar é horrível. - O deposita a minha frente.

Agradeço e ligo para minha mãe. Tento não alongar a conversa, até para ela não ter chances de reclamar sobre qualquer coisa, dou uma garantia de que vou aparecer em casa em algum momento amanhã.

— Muito obrigada, mesmo. - Lhe devolvo e volto a atenção para a televisão, onde tem uma foto minha estampada como sendo a responsável pelas negociações.

— É você? - Pergunta curiosa. - Você é Regina Mills?

— Você parece surpresa.

— É porque ouvi seu nome várias vezes, sabe? Sobre reféns e tinha uma imagem diferente de você. - Ri com a cabeça baixa. Essa mulher tem um ar misterioso. Nunca a vi antes. Não sei dizer, tem algo diferente.

Me perdo em pensamentos olhando a televisão e quando a volto em mim, lembrando que ela está bem a minha frente, na verdade, não tem mais ninguém aqui. Dar tchau é bom, as vezes.

Volto e descubro que vão entrar as 4:00 da manhã, assim, até as 6:00 já estará tudo resolvido. Se for assim, tudo bem. Entretanto, meus instintos me dizem que algo não está certo. Talvez devêssemos tentar contato antes de tentar invadir.

Faço meu trabalho antes de eles agirem, toda ligação deverá ser enviada a nós em um raio de 100 metros, sinal de Internet, wifi, celular qualquer meio de comunicação. Helicópteros sobrevoam e buscam com suas luzes encontrar pessoas ou algo assim. Mas nada aparece, tudo é um breo a primeira vista.

Os carros chegam e são apostos, policiais equipados se colocam em todas as entradas possíveis. Antes de qualquer coisa, um furo é feito na parede, onde vai passar uma microcamera para vermos o que tem a primeira vista.

Contudo, um sinal começa a aparecer. É uma ligação, de dentro da Casa sa Moeda, direcionada a uma rádio. Estranho demais. Todos se atentam. 

— Eu não quero pedir uma música, quero dar um recado. Por favor, não invadam. Aqui é Alice, a filha do presidente, eu estou aqui dentro, não tem ninguém ferido, mas, todo mundo está vestido igual! Não tem como saber quem é refém, quem é bandido. POR FAVOR NÃO ENTREM. - Diz com o tom mais alto e desliga.

— Isso é em rede nacional. - Robert nos alerta do óbvio. 

— CANCELA A OPERAÇÃO, AGORA! - Levanto o encarando, já que não se mexeu até então. - Você sabia que logo saberiam dela, é a filha do presidente!

— Precisamos resgatá-la! - Robert bate na mesa fazendo as canetas cairem.

— Vai ser do meu jeito, aqui você só pode dar sua opinião. - Olho para as canetas e me lembro dos seus momentos agressivos em casa. - Arruma essas canetas.

Sento na cadeira e pego o telefone. Toca três vezes.

— Boa noite. - Digo esperando uma resposta.

— Boa noite, Regina. - A voz do outro lado foi alterada, os funcionários trabalham para chegar a voz original. - Como você está?

— Bem e você? - A primeira coisa que sempre faço é tentar fazer o assaltante simpatizar comigo, não pensar que sou só a megera que quer levá-lo a prisão depois de liberar as pessoas.

— Estou bem. Posso te perguntar uma coisa? - Pede. Os funcionários conseguem chegar a uma voz fina, como se tivesse mais de um alternador de voz, não é possível que alguém tenha essa voz estranha. 

— Claro. - Respondo. 

— Como está vestida agora? Você tem voz de quem se veste formalmente.

— Isso realmente é necessário?

— Você quer que eu simpatize com você, não? É um bom começo assim. - Arrepio quando ouço suas palavras. Fico desconfortável com todos me olhando.

— Estou de terninho azul, salto e uma calça preta. Isso é suficiente. - Coloco um ponto final. - Agora minha vez de perguntar. Você é inteligente? Porque se for, você sabe que se entregando agora, como não temos feridos, sua pena pode cair pela metade. 16 por 8, grande vantagem?

— Vantagem é sair livre, 16 por 0. - Ri do outro lado. Esse cara está brincando com a nossa cara. Alguma coisa não bate e preciso descobrir o que, porque ele está ali. 

— O que você quer?

— Tempo. Quero que me dê mais um dia até o próximo contato. Além disso, quero alimento e água, remédio para dor de cabeça, pressão, depressão e calmantes, a pedidos dos reféns. Eles serão tratados da melhor forma possível.

— Vou mandar. Mas não posso ced... - A ligação cai antes de eu conseguir terminar.

— Grande avanço, não é? - Robert me olha com um sorriso cínico.

— Providencie o que pediram e, não ouse invadir esse lugar ou, sua foto estará estampada em todos os jornais.

— Estamos falando de serviço, mesmo? - Ele diz parando novamente a minha frente, detesto isso. 

— Entenda como quiser.

Volto ao bar, não peço nada. Sento em uma mesa do lado de fora e acendo um cigarro.

— Te mandaram esse suco de maracujá. - A garçonete entrega e sai antes de me deixar falar qualquer coisa. Olho ao redor do lugar e vejo a mesma moça de antes me olhando.

Rodeio a boca do copo com o dedo e espero que venha falar comigo, um estalo em minha mente se dá quando ela se senta. Tão óbvio. 

— Você está em todos os jornais. - Diz. - Quando tem reféns, vocês tem que fazer todas as vontades deles? 

Tenho certeza que estou certa, aquele ar misterioso que pensei é tonteira. Ela está me rodeando. 

— Escuta aqui, que emissora te mandou aqui? - Pergunto puxando a gola de sua camiseta cinza. - Você pensa que sou tonta? Com esse jeito tímido e simpática. Você é repórter de qual emissora? É mandada do presidente? - A questiono puxando sua blusa cada vez mais, sem notar.

— Emma você precisa de ajuda? - A garçonete nos assusta. Olho para a mulher a qual seguro a gola.

— Acho que a Srta. Mills está me confundindo com alguém. Diz para ela que venho aqui sempre. - Pede totalmente sem jeito. 

— Sim! Emma vem quase todos os dias, ela é escritora de Livros. Adoro suas histórias. - A mulher diz me olhando torto. 

— Oh meu Deus, me desculpa. - Fico extremamente envergonhada.

— Tudo bem, você deve estar com muita coisa na cabeça. Enfim, prazer, sou Emma Swan. - Estende a mão, sorrindo. - Vou lhe dizer algo, não leve a mal: Se puxar minha camisa assim de novo, ao menos me dê uma cantada antes. - Pisca e se levanta.

Isso foi o que? Fico a olhando ir embora, colocando uma jaqueta de couro vermelha e partindo de moto. Definitivamente não sei o que foi isso. 


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