— Ainda bem que foi só um susto. — Falei enquanto estava do lado delas. — Você está bem agora?

Hilary tinha abrido os olhos, não era nada grave. Estávamos na sala, sentadas no sofá. A Rebecca continuou insistindo que Hilary deveria tomar mais cuidado.

— Sim... não se preocupem. Só preciso dos meus remédios. —  Ela disse. Hilary parecia muito mais calma que o comum.

— Só dos remédios? Uma ova, você precisa ir no médico! Não me deixe preocupada com você. Quase piramos na batatinha agora pouco. — Disse Rebecca a abraçando.

— Talvez a Rebecca esteja certa. Deveria ir no médico, Hilary... e se esses problemas ficarem piores? — Argumentei, tentando a convencer.

Está certo que Hilary estava sendo grosseira comigo no começo. Mas durante esses acontecimentos, não pude deixar de criar mais empatia por ela.

Eu e Rebecca tínhamos limpado a bagunça da cozinha. Ela não pôde deixar de ficar triste sem o seu "cházinho".

— Eu vou ficar bem. — Ela disse, se levantando. — Temos que começar isso logo, ou nunca vamos acabar... — Hilary se referia ás matérias.

Rebecca suspirou, se levantando. Pelo visto Hilary não queria ir, então decidimos não insistir mais nisso.

— Já volto então. Esqueci um dos meus cadernos em casa, vou lá buscar. — Rebecca disse. — É aqui do lado, não vou demorar viu.

Hilary concordou. Nós nos sentamos em frente á mesa, e estava um grande silêncio. Eu não estava gostando desse clima, então tentei dizer alguma coisa.

— Você e a Rebecca se conhecem a muito tempo? — Perguntei, enquanto pegava meu material na bolsa.

— Sim. Acho que já faz uns... dois anos? Não lembro muito bem. Aconteceu que ela não desgruda mais de mim. — Ela disse, rindo — E desde que eu passei a ter alguns problemas como esse, ela fica se preocupando até demais.

— Mas por quê você não quer ir no médico? Tem algum motivo? — Perguntei, um pouco curiosa.

— Já fiz vários tratamentos. Mas nenhum deles adianta muito. Então prefiro apenas seguir em frente e não perder mais meu tempo. Não importa se isso é ruim. — Hilary disse, enquanto sorria de uma forma triste.

Me senti um pouco triste por ela enquanto ouvia isso. Ela não merecia passar por coisas assim. Imagino o que ela deve ter passado.

Será que eu já havia passado por problemas parecidos? Não tinha como eu saber, afinal minha memória ainda estava zero.

— Mas eu sei que a Rebecca não se preocupa tanto assim comigo. Ela está fingindo. Você não percebeu?

Assim que ela disse isso, rapidamente encarei ela. Como assim, "fingindo"?

— O que você quer dizer com isso? — Perguntei, um pouco surpresa.

— Você não conhece ela realmente. Rebecca não é assim. — Ela disse — Ela finge que se preocupa, mas no fundo, ela não se importa. Eu costumo fingir que acredito quando ela diz isso, mas... não desce, sabe?

Não consegui dizer nada naquele momento.

— Mas vamos mudar de assunto, é melhor. E de novo peço desculpas por ter agido friamente quando te conheci. Estava agindo feito uma criança.

Fiquei um pouco em choque. Eu iria dizer alguma coisa, mas Rebecca tinha voltado então preferi ficar quieta.

— Cheguei chegando. Ué, já começaram sem mim? — Ela disse, toda estabanada.

É difícil acreditar no que a Hilary disse, mas ela parecia estar tão séria. Ashley e Tifany tinham comentado que ela era falsa, mas nunca iria dar ouvidos para elas.

Mas a Hilary?

— Claro que não, vamos começar agora. — Hilary disse, mudando sua expressão séria para uma expressão feliz.

Iríamos finalmente começar. Mas por algum motivo, eu estava me sentindo desconfortável após ouvir tudo aquilo.

— Sue? Está tudo bem? Você parece preocupada. — Perguntou Rebecca, se sentando.

— Está tudo bem. Finalmente vamos começar, estou animada!

— Esse é o espírito! — Ela sorriu.

Apenas decidi ignorar o que a Hilary disse. Ou iria acabar arruinando o clima mais uma vez.

                                               ●●●

Finalmente estava voltando pra casa, depois de estudar tanto! Já era bem tarde. Eu sentia que estava compreendendo as matérias melhor, Hilary me ajudou muito.

Rebecca estava completamente perdida e acabou pedindo ajuda de Hilary também, em uma cena engraçada. Só é difícil saber quem realmente ela é. E isso estava me confundindo muito.

— Só preciso voltar pra casa e descansar... — Sussurrei para mim mesma. — Huh, é por aqui, não é?

Andei para um lado mas não reconheci a rua. Olhei para outra direção, e também não reconhecia. Respirei fundo, tentando não surtar.

 Até que caiu a ficha.

Eu estava totalmente perdida. Sabia voltar pra casa quando saía da escola, mas... Eu não estava perto da escola! Onde sequer eu estava?

Entrei em desespero. Vasculhei minha bolsa apressadamente, não era possível que a ex-Sue não tinha um celular ali. Eu não tirei nada dali, tinha que ter algo...

— O que eu vou fazer? — Me perguntei, vendo que não tinha nada em minha bolsa.

Olhei para todos os lados. Não tinha ninguém que eu podia pedir ajuda? Eu teria que voltar pra casa da Hilary e dizer que não sabia como voltar pra casa?

— Merda... por que isso está acontecendo?

Não via pessoas por perto e isso me deixava mais assustada ainda. Me encostei em um muro, ainda raciocinando o que eu iria fazer. Meus pais iriam ficar preocupados se eu não voltasse pra casa...

De repente, avistei a última pessoa que eu iria querer pedir ajuda. Christian, aquele que se dizia ser meu ex namorado. Ele estava sentado em uma calçada, totalmente distraído. Em meio ao desespero, eu só queria pedir ajuda.

Mas eu deveria? Por que não podia ser o Noah ali?

Seria melhor tentar voltar para a casa da Hilary e pedir ajuda? Mas e se eu me perdesse ainda mais?

Depois de pensar mil vezes no que fazer, decidi criar coragem e me aproximar. Ele rapidamente levantou a cabeça e me viu.

— Marshall! — Ele chamou.