Uma Garota Nova escrita por Camily


Capítulo 1
Perdida e confusa


Notas iniciais do capítulo

Sejam bem-vindos ao primeiro capítulo da fic *--*
Espero que gostem dela, estou me esforçando para escrever!!
Nesse capítulo conheceremos a Sue... ou melhor, a nova Sue!
Poucos personagens entrarão nesse capítulo, mas no próximo terá ainda mais aparições :D

Boa leitura!



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Fazia duas semanas que eu havia perdido a minha memória. Fui atingida na cabeça por um criminoso, ou pelo menos foi o que me contaram. Apesar de me dizerem sobre isso, eu não conseguia me lembrar do que tinha acontecido.

Tudo que eu sabia é que tinha dezesseis anos, era filha única e tinha pais que aparentavam ser bons e acolhedores. Além do meu nome, Sue Marshall.

Mas pelo que me diziam, eu não parecia ser a Sue Marshall. Eu era uma pessoa totalmente diferente!

Quando eu saí do hospital foi uma tremenda bagunça, minha cabeça estava doendo e não conseguia lembrar de coisa alguma. Foi difícil para os meus pais, minha mãe chorou por muitos dias. Mesmo não a reconhecendo muito bem, eu sentia... pena. Mas ''pena'' é o que a verdadeira Sue sentiria? Quem eu era de verdade?

No começo eu não ligava para quem eu era, mas aos poucos fui percebendo que o passado me cercava.

Ele não iria me deixar em paz até que eu me lembrasse.

                                               ●●●

Tudo ficou cada vez mais confuso desde o dia em que eu decidi voltar para a escola.

Eu estava na minha casa, no meu quarto. Era ''meu'', mas ao mesmo tempo parecia que não era. Essa sensação me cercava após eu não me recordar de nada. Ainda não tinha reparado muito no meu quarto, então tentei perceber os detalhes.

Me sentei em frente á uma escrivaninha, na verdade, ''minha'' escrivaninha. Era branca e nada organizada, cheio de livros espalhados, maquiagem, brincos... eu não era muito delicada, pelo visto. Mas aquela bagunça estava me incomodando á um ponto de que eu só queria arrumar aquilo.

— Huh, onde eu posso começar... — Murmurei, apenas falando sozinha.

Comecei a organizar os livros em uma estante, ás maquiagens na minha cômoda e os brincos em uma caixinha. Parecia bem melhor... eu não iria conseguir deixar algo tão desorganizado.

— Claire, tem certeza de que é uma boa ideia levá-la para escola? Estou muito preocupado com a minha filha, não acho que vai dar certo. — Dizia meu pai atrás da porta.

Alan Marshall e Claire Marshall, essas são as pessoas que diziam ser meus pais. Eles eram bem gentis, então senti que podia confiar neles.

— Escola... — Repeti, bem baixo para eles não ouvirem. — Isso poderia me ajudar muito.

— Alan. Não temos outra escolha... ela tem que estudar! — Minha mãe respondia — Não quero que ela se torne uma delinquente de novo.

A última frase da minha mãe me deixou intrigada. Eu era uma delinquente? Não acho que eu deveria ser tão ruim assim...

— Eles pensam que eu não estou ouvindo? — Sussurrei baixinho, me aproximando da porta para ouvir a conversa.

Abri a porta do quarto, eles estavam logo no corredor e pareciam surpresos ao me ver.

Não consegui dizer nada, afinal eu não lembrava totalmente deles.

Eu deveria relaxar... — Pensei.

— Uh, Sue... bom dia. Achei que iria acordar mais tarde. — Disse minha mãe, se aproximando.

— Eu acordei bem cedo, e aproveitei para arrumar meu quarto. — Eu sorri, meu pai parecia mais confuso do que eu.

— Ainda bem que você parece melhor. Huh... eu vou... tomar café. — Meu pai disse, indo em direção á cozinha. Ele não parecia muito á vontade conversando comigo.

Eu fiz alguma coisa errada? — Pensei.

— Mãe? — Chamei.

Ela rapidamente olhou para minha direção.

— Sim?

— Acabei escutando a conversa, e... eu quero te pedir para ir. Eu quero estudar. Quero ir para escola! Quero ver pessoas, quero fazer amigos. — Fui falando, queria realmente ter a oportunidade de ir.

— S-Sue? — Ela disse, parecia não acreditar no que estava ouvindo. — Huh, entendo... tudo bem. Eu também acho que seria melhor para você.

— Estou deixando vocês incomodados? Até agora vocês parecem... confusos. — Perguntei diretamente. Não queria fazer esse tipo de pergunta, mas se isso continuasse eu iria acabar me sentindo mais perdida ainda.

— Não, não é isso. É que você não nos dizia essas coisas antes, ainda mais dessa maneira gentil. Estou emocionada. — Ela abriu um sorriso.

Emocionada?

Acabei ficando feliz também. Eu estava sendo uma boa pessoa! Significa que eu estava indo muito bem.

— Vou comer depois. Posso ir para o quarto agora? — Perguntei.

— Sinta-se á vontade, não precisa me perguntar. — Ela disse, rindo.

Entrei no meu quarto novamente, rindo também. Fiquei olhando meu guarda-roupa, estava tão animada para ir que comecei a me arrumar bem cedo. Minha mãe me disse o horário, eu entrava 13:00. E lá estava eu, 10:20, penteando meu cabelo e escolhendo roupas.

Meu guarda-roupa tinha peças bem variadas. Acabei pegando uma blusa branca, uma calça jeans e um casaco azul escuro, já que parecia estar um pouco frio. Escolhi coisas simples, afinal eu estava indo apenas para a escola.

— Estou ansiosa. Quem sabe eu já tenha alguns amigos? — Falei sozinha. — Isso seria maravilhoso.

Se passou alguns minutos.

O almoço estava ótimo, eram panquecas. Já se tinha se tornado meu prato favorito! Minha mãe cozinha muito bem.

Escovei os dentes e meus pais se ofereceram a me levar de carro para a escola, já que eu não lembrava o caminho.

— Vai dar tudo certo... não vai? — Sussurrei bem baixo, entrando no carro.

Meus pais não diziam nada enquanto dirigiam, então acabei ficando quieta também. Quando menos percebi, eles tinham estacionado.

— É aqui? — Perguntei, apontando para um lugar enorme.

— Sim, vou entrar com você para explicar a situação. — Minha mãe disse, saindo do carro. — Já volto, Alan.

Meu pai não disse nada, então apenas falei "tchau" antes de sair. Talvez ele estivesse achando estranho aquilo tudo, me pergunto se eu estava sendo muito diferente.

Andávamos até a sala da diretora, e ao passar nos corredores consegui escutar diversos sussurros.

— É a Sue? Aquela garota assustadora? — Sussurrava uma garota para um grupo de amigos. — Já ouvi dizer que ela matou alguém, credo.

Matar alguém? Mas o que estão falando?! Tenho certeza que não fiz isso, mas que doido. — Pensei enquanto ouvia tudo aquilo.

— Por que a delinquente selvagem estava faltando? — Sussurrou um garoto dessa vez.

Isso estava me incomodando. Aquela atmosfera me deixava desconfortável demais. Comecei a olhar pra baixo e minha mãe percebeu o que eu estava sentindo.

— Não se preocupe, você não matou ninguém. — Ela sussurrou pra mim. Apesar de que aquelas palavras não ajudavam muito.

Minha mãe e eu fomos até a sala da diretora e ela explicou que eu havia sofrido de perda de memória. A diretora pareceu entender e disse que iria me levar até a sala, enquanto isso minha mãe se despediu. Agora eu finalmente iria conhecer a minha sala.

— A sua sala fica no segundo andar, senhorita Marshall. — Disse a diretora, me guiando. — Sou a diretora Shelby e odeio alunos problemáticos, espero não ver você na minha sala todos os dias igual ano passado.

— Todos os dias no ano passado? E-eu era tão problemática assim? — Perguntei, me lembrando dos sussurros que ouvi há alguns minutos.

— Aham, e ainda ficava de palhaçada na minha sala. Se você se atrever a me responder igual antes, é detenção. — Ela dizia, parecia que estava se irritando mas manteve a calma. — Desculpe por isso, você perdeu suas memórias então é claro que não vai saber do que estou falando. Vamos, é aqui nesse corredor a sua sala.

— Uh, sim.  Respondi, um pouco confusa.

Eu estava triste por não lembrar no começo, mas... não parece ser tão ruim. Eu posso construir novas memórias. — Pensei enquanto caminhávamos até a sala.

A diretora abriu a porta da sala e entramos, os alunos já estavam sentados. Assim que eu entrei acompanhada, um silêncio tomou conta do ambiente.

Ela parou em frente á classe. Eu estava MUITO tensa. Parecia que eu podia ter um desmaio ali mesmo. Uh, talvez eu esteja exagerando.

— Atenção, não quero ninguém abrindo a boca. —Disse a diretora em um tom severo. — Como nem todos sabem, vou explicar agora. A senhorita Marshall foi vítima de uma provável tentativa de homicídio, e acabou sendo acertada na cabeça. Ela acordou no hospital há duas semanas e perdeu grande parte de sua memória.

Os sussurros começaram após essa fala, e eu estava ficando cada vez mais desconfortável ali.

— Perdeu a memória? A delinquente selvagem? —Sussurravam. — Ela perdeu toda a áurea assustadora mesmo...

— A Sue vai continuar estudando? Huh, ela não parece ser intimidadora como falaram. — Sussurrou um garoto para a garota ao seu lado.

— Silêncio. — A diretora suspirou. — Tentem compreender e não façam nada estúpido. Sejam gentis, certo?

Enquanto ela tagarelava e dava vários discursos, um aluno abriu a porta e entrou apressadamente.

— Estou atrasado, licença... — Ele disse ao entrar. — D-diretora?

Ele é bem bonito... na verdade, olhando melhor, há vários garotos bonitos nessa sala. — Pensei assim que o vi.

— Noah Lopez, é o vigésimo atraso. — Cantarolou a diretora de forma irônica.

Esse Noah deu um pulo, enquanto repetia diversas vezes ''Desculpa''.

— Foi mal, foi mal, foi mal. Acabei pegando o ônibus errado... — Ele dizia. Noah parecia ser um garoto atrapalhado.

Enquanto isso, eu estava ali parada. Não sabia nem o que fazer. Eu me sentava em meu lugar? Mas qual era meu lugar?

— Como punição, hoje você fará dupla com a Sue. Ela perdeu a memória então você irá ajudá-la a acompanhar! — Dizia a diretora com um sorriso, irônico novamente.

Noah olhou pra mim e quase caiu pra trás.

— D-delinquente...

Mas que merda, eu estou cansada de ouvir isso! Não me lembro de nada e nem quero ser uma delinquente! — Pensei, eu estava me segurando muito para não soltar isso.

Apenas desviei o olhar e perguntei:

— Onde eu deveria me sentar, diretora?

 Vocês dois, sentem ali. — Ela disse, apontando o lugar.

Noah se sentou ao meu lado e não parecia nada confortável. Mas tínhamos que fazer trabalhos em dupla, não podia fazer nada!

Peguei meu caderno e o professor logo entrou. As matérias eram cada vez mais complicadas, estava sendo um pouco difícil acompanhar. Fiquei um pouco decepcionada.

Para a minha surpresa, Noah finalmente tinha decidido falar alguma coisa.

— Huh... você perdeu a memória então?

— Sim. Não dá pra ver? — Falei, acabei sendo um pouco grossa porque estava me estressando com tudo aquilo.

— Você não parece mais ser assustadora. Ainda bem. — Disse Noah, cruzando os braços. — Mas eu não estava com medo ou algo assim, só estava surpreso. Ouviu?

Tentei manter o orgulho mas acabei rindo, ele não parecia ser muito corajoso.

— Entendo. Ainda bem que alguém está falando comigo, estou surpresa que nenhum dos meus antigos amigos vieram conversar. — Dei um sorriso desanimado.

Noah abriu sua bolsa para pegar os materiais, e ficou um pouco pensativo.

— Amigos? Mas você não tinha.

Encarei ele após essa fala. Eu não fiz nenhum amigo? Mas como isso pode ser possível?

— Você não parece ter tantos amigos também. — Falei, disfarçando.

— Mas é claro que eu tenho amigos! Hunf, quem você pensa que eu sou? Daqui a alguns meses eu serei o garoto mais popular daqui. — Ele disse, mas estava óbvio que era mentira. Isso era até engraçado.

Comecei a olhar para o lado, e alguns sussurros continuavam. Outras pessoas nem estavam ligando para minha presença, mas esses poucos sussurros aumentavam meu estresse.

— O que aconteceu com ela? Nem dá pra reconhecer. — Sussurrava uma voz feminina. — Antes ela entrava atrasada e nem pedia licença, muito menos fazia lição.

— Por que todo mundo está assim? — Perguntei para o Noah, eu precisava de uma resposta.

— Huh, você parecia bem diferente antes, e ficava matando aula com aquele Christian e a prima dele, a Anna. Ela não parecia ser a sua amiga, mas aquele Christian sempre estava preocupado com você. Então não acho que ele era bem o seu amigo, mas vocês não namoravam. — Noah explicou. — Eles andam faltando, talvez tenham sido suspensos.

— Christian? Anna? O que? Quem são eles? — Eu perguntava — Mas... como você sabe disso?

— Não sei se é verdade, são apenas rumores. Mas você andava muito com ele, então acredito que seja sim.

Estava em choque. Após ouvir tudo isso, finalmente me dei conta.

Falas começaram a se repetir na minha mente.

"É que você não nos dizia essas coisas antes, ainda mais dessa maneira gentil."


                  "É a Sue? Aquela garota assustadora?"


     "Espero não ver você na minha sala todos os dias igual ano passado."

                        "É a delinquente selvagem?"


"Amigos? Mas você não tinha."

 

...

O quão horrível eu era? — Pensei, após calcular aquilo tudo.

Eu precisava construir uma nova Sue.


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Notas finais do capítulo

Pode começar um pouco parada mas pouco a pouco ela vai melhorandoo, espero que possam acompanhar e gostar dela *--*
Nos vemos no próximo!



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