Beck e Jade - Como nos conhecemos escrita por Falling Apart Evans
Ela procura pelo chão se há algum alçapão ou qualquer outra coisa. Beck olhava por cima para ver se não havia uma das saídas das pessoas que cuidavam a iluminação.
― Escuta, o que quis dizer com "Ninguém nunca se preocupa comigo"? - ele pergunta a olhando de soslaio.
― Eu quis dizer exatamente o que eu disse. Agora fecha a boca e continua procurando a droga da saída, estou ficando sufocada aqui dentro. - ela empurra algumas caixas.
― Escuta, por que cortou o meu cabelo? - ele continua falando.
Jade mostra sua irritação revirando os olhos e suspirando.
― Saída... Saída... - ela ignora Beck.
― Ei. - ele se aproxima de Jade, pegando em sua mão.
Ela vira o rosto rapidamente, encarando Beck e puxa sua mão para si.
― O que pensa que está fazendo? - ela o encara, com uma expressão furiosa.
― Eu acho você bonita. - ele a olha nos olhos.
Jade fica mais furiosa e o empurra.
― Eu não vou ser mais uma na sua listinha, me ouviu?! - ela passa por ele, esbarrando de propósito, saindo da coxia e pegando sua mochila do chão, indo até a porta.
Beck passa a mão no cabelo, puxando para trás.
"Estraguei tudo." - pensa.
Jade está na porta mexendo na tranca. Beck se aproxima e fica observando.
― O que está fazendo? - ele indaga, a observando.
― A mesma coisa que estou fazendo desde que trancaram a gente aqui. Tentando sair, ao contrário de você. - ela usava dois grampos na fechadura da porta - Aposto que pediu ajuda dos seus amigos pra me trancar aqui junto com você.
― O quê? Não, eu não pedi isso! - ele agora tinha se ofendido - Nunca precisei me trancar em um lugar com uma garota só pra ficar com ela.
― Exatamente. - ela se levanta e o encara - Nunca precisou. Agora foi a primeira vez, por eu ser a primeira garota na escola inteira que não fica babando em cima de você.
Beck fica em silêncio por alguns segundos. Ela só o encara e logo volta a tentar destrancar a porta.
― Não é isso... - ele se explica - E não quero te colocar na minha "lista", nem isso eu tenho.
― Eu não tô nem aí. - ela continua.
― Será que você não consegue ouvir o que outra pessoa tem a dizer? Será que torna o que você acha em verdade absoluta?
― É isso aí. - um click é ouvido. - Ah! Consegui! Finalmente.
Ela se levanta, tirando os grampos e coloca a mão na maçaneta. Antes de abrir, Beck segura sua mão, já esperando que ela puxasse, ele solta.
― Você não é igual todas essas garotas. - ele continua, fazendo com que ela se vire e o encare - Você é autêntica, é sincera, não precisa mentir gostar de algo pra impressionar alguém e fala o que pensa, mesmo não sendo o que a pessoa gostaria de ouvir. Acho que é por isso que você chama tanto a minha atenção. - ela o encara surpresa, não esperava ouvir isso - Eu não quero te enganar nem nada e juro que não sabia que isso ia acontecer. - dizia se referindo a ficar preso com ela no auditório.
― Olha, eu vou falar com a Cat e...
― Espera... - ele suspira - Você não é o tipo de garota que mereça estar em uma lista. Em segundo, terceiro... Merece estar em primeiro.
― Você não vai me enganar falando assim. - ela se vira pegando a mochila e sai do auditório, batendo a porta.
― Bom, eu tentei. - ele diz já sozinho.
—
Jade anda apressada pelo corredor, por acaso, André estava saindo do banheiro.
― Jade? - ele fica surpreso, achando que sua morte estava chegando ao vê-la ali. Mas ela só põe a mão no rosto e passa reto, entrando no banheiro feminino. - Mas...
― E aí André. - Beck diz se aproximando do amigo.
― Como saíram? - ele ri olhando para Beck que não estava com uma cara boa.
― Jade. Abriu a porta com dois grampos. - ele riu.
― Nossa. Quem diria. - André ri - Mas, então... Como foi?
― Não foi. Foi péssimo... Não foi uma boa idéia, se ela me odiava antes, agora então me quer morto. - ele diz andando para a sala, acompanhado por André.
― Mas, o que aconteceu?
― Eu falei pra ela... - ele hesita por um instante - Eu falei pra ela que é o tipo de garota que merece estar, sabe, em primeiro lugar...
― Como assim, cara? - André ri - Você se declarou pra ela? E ela saiu chorando por que?
― Não, ela só brigou comigo e... Espera. - ele olha para André e franze o cenho - Chorando?
― É, ela passou por mim tampando o rosto e entrou no banheiro. Tá lá até agora. - ele olha para Beck um pouco confuso.
― Ela não devia estar chorando... Eu não disse nada demais. - Beck fica curioso - Bom, vamos para a sala.
—
O dia passa e nenhum sinal de Jade. Beck estava preocupado por achar que havia dito algo que não a fez bem.
― Não, lugar algum. - Robbie aparece ao lado dos garotos que estavam em pé perto da máquina de refrigerante.
― Ela é tipo uma ninja, uma ninja gata e assustadora. - Rex diz.
― Ela deve ter ido pra casa. - André diz pegando um refrigerante.
― Ela não está em nenhum banheiro. - Cat diz se aproximando.
― É. Eu sinto que vou morrer. - Beck diz se escorando na parede.
Os quatro ficam ali conversando, até que escutam uma gritaria.
― SAI DAQUI ANTES QUE EU ARRANQUE SEUS OLHOS E USE COMO ENFEITE! - alguém grita de dentro do depósito onde ficam as coisas do zelador.
A pessoa que havia entrado sai correndo desesperadamente.
― Era a Jade? - Cat diz com medo de se aproximar do lugar.
― Acho que alguém deveria ir até lá. - Beck diz.
Quando ele olha em volta, Robbie, Rex, Cat e André já estavam a 5 passos para trás dele.
― Acho que eu vou ver. - ele suspira se aproximando da porta, batendo de leve duas vezes.
― Vai embora, seja lá quem for. - a voz de dentro diz.
― Preciso falar com você. - ele diz abrindo a porta.
Jade coloca os pés na porta, impedindo Beck de abrir.
― Já disse pra ir embora! - ela repete.
― Se você não me deixar entrar, vou chamar as Cat pra cantar uma música para crianças junto comigo aqui na porta.
Um longo silêncio se estabelece até que a maçaneta abaixa e Jade surge atrás da porta.
― O que foi? - ela encara Beck.
Ele observa que ela não parecia ter chorado, não parecia triste. Só estava irritada, como sempre.
― O que aconteceu? - ele entra e fecha a porta.
Quando olha para baixo, vê que o chão estava cheio de caixas de papelão picotadas. Jade se senta ao chão, pega outra caixa e com a tesoura começa começa a picotar.
― Ah... O que esta fazendo? - ele se senta ao lado da garota que lhe devolve um olhar ameaçador, o obrigando a se afastar.
― Me acalmando. - ela responde secamente.
― Certo... - ele a observa.
― Escuta - ela para e suspira - Se for pra ficar me olhando com essa cara como se eu fosse maluca, você pode sair daqui.
― Não acho maluca. É que se eu perguntar o que está acontecendo você não vai querer me falar, por isso não estou dizendo nada. - ele sorri - Mas eu queria saber se foi por minha causa.
― Não é você. Sou eu. - ela para de picotar as caixas - Estou cansada de você.
― Então o problema sou eu. - ele parece confuso.
― Não. Eu estou cansada de você, mas de alguma forma parece que estou gosto de te fazer mal, normalmente eu faço só uma vez e as pessoas fogem. Você não, e me irrita perceber que gosto de te irritar e que se você sair eu vou ter que arranjar alguém pra amolar. - ela termina de dizer rasgando uma parte da caixa com as mãos, fazendo Beck recuar mais um pouco.
― Eu não sei se entendi... - ele ri - Gosta que eu fique no seu pé?
― É, quem mais eu ia insultar? - ela continua picotado a caixa.
― Mas é só isso? - ele a encara.
― Não, eu quero que você me deixe em paz pra que não se engane. - ela joga a tesoura para o lado.
― Não foi minha intenção te fazer dizer aquelas coisas, ninguém nunca tinha me dito isso antes, ainda mais depois de tudo que eu disse e fiz... Você é masoquista.
― Eu acho que entendi. Eu estou te confundindo?
― Está. - ela suspira - Por que? Me diz, tantas garotas estão por aí doidas pra sair com você, pra ouvir o que você me disse. Por que dizer pra mim?
― Por que elas não são como você. - Beck a encara fixamente.
― Ah, para... - ela pega a tesoura e se levanta - Não venha com essa.
― Não estou mentindo. - ele se levanta também e fica na frente da porta.
― O que você sabe sobre mim? O que você... Não. Por que eu estou aqui falando tudo isso pra você? - ela passa a mão no cabelo.
― Por que você está gostando de mim, talvez? - ele sorri e tenta se aproximar de Jade.
― Não, eu não te conheço, você não me conhece. - ela o impede com as mãos em seus ombros - Você está confundindo tudo, mais do que eu.
― Então me dê a chance de te conhecer, me dê a chance de mostrar como eu sou. - ele segura as mãos dela.
― Não, eu não quero. Você não é pra mim. Eu sou uma bagunça e você precisa achar alguém que combina com o que você é. - ela o tira da frente da porta - Desculpa pelo seu cabelo, foi bom ter te irritado, mas agora chega.
Jade sai e deixa Beck ali sozinho.
― Você me deixa muitas vezes sozinho em lugares assim... Como eu faço pra aprender a fazer a mesma coisa?
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