Beck e Jade - Como nos conhecemos escrita por Falling Apart Evans


Capítulo 4
Ela me odeia




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Ela procura pelo chão se há algum alçapão ou qualquer outra coisa. Beck olhava por cima para ver se não havia uma das saídas das pessoas que cuidavam a iluminação.

― Escuta, o que quis dizer com "Ninguém nunca se preocupa comigo"? - ele pergunta a olhando de soslaio.

― Eu quis dizer exatamente o que eu disse. Agora fecha a boca e continua procurando a droga da saída, estou ficando sufocada aqui dentro. - ela empurra algumas caixas.

― Escuta, por que cortou o meu cabelo? - ele continua falando.
Jade mostra sua irritação revirando os olhos e suspirando.

― Saída... Saída... - ela ignora Beck.

― Ei. - ele se aproxima de Jade, pegando em sua mão. 
Ela vira o rosto rapidamente, encarando Beck e puxa sua mão para si.

― O que pensa que está fazendo? - ela o encara, com uma expressão furiosa.

― Eu acho você bonita. - ele a olha nos olhos.
Jade fica mais furiosa e o empurra.

― Eu não vou ser mais uma na sua listinha, me ouviu?! - ela passa por ele, esbarrando de propósito, saindo da coxia e pegando sua mochila do chão, indo até a porta.

Beck passa a mão no cabelo, puxando para trás.

"Estraguei tudo." - pensa.

Jade está na porta mexendo na tranca. Beck se aproxima e fica observando.

― O que está fazendo? - ele indaga, a observando.

― A mesma coisa que estou fazendo desde que trancaram a gente aqui. Tentando sair, ao contrário de você. - ela usava dois grampos na fechadura da porta - Aposto que pediu ajuda dos seus amigos pra me trancar aqui junto com você.

― O quê? Não, eu não pedi isso! - ele agora tinha se ofendido - Nunca precisei me trancar em um lugar com uma garota só pra ficar com ela.

― Exatamente. - ela se levanta e o encara - Nunca precisou. Agora foi a primeira vez, por eu ser a primeira garota na escola inteira que não fica babando em cima de você.

Beck fica em silêncio por alguns segundos. Ela só o encara e logo volta a tentar destrancar a porta.

― Não é isso... - ele se explica - E não quero te colocar na minha "lista", nem isso eu tenho.

― Eu não tô nem aí. - ela continua.

― Será que você não consegue ouvir o que outra pessoa tem a dizer? Será que torna o que você acha em verdade absoluta?

― É isso aí. - um click é ouvido. - Ah! Consegui! Finalmente.

Ela se levanta, tirando os grampos e coloca a mão na maçaneta. Antes de abrir, Beck segura sua mão, já esperando que ela puxasse, ele solta.

― Você não é igual todas essas garotas. - ele continua, fazendo com que ela se vire e o encare - Você é autêntica, é sincera, não precisa mentir gostar de algo pra impressionar alguém e fala o que pensa, mesmo não sendo o que a pessoa gostaria de ouvir. Acho que é por isso que você chama tanto a minha atenção. - ela o encara surpresa, não esperava ouvir isso - Eu não quero te enganar nem nada e juro que não sabia que isso ia acontecer. - dizia se referindo a ficar preso com ela no auditório.

― Olha, eu vou falar com a Cat e...

― Espera... - ele suspira - Você não é o tipo de garota que mereça estar em uma lista. Em segundo, terceiro... Merece estar em primeiro.

― Você não vai me enganar falando assim. - ela se vira pegando a mochila e sai do auditório, batendo a porta.

― Bom, eu tentei. - ele diz já sozinho.

Jade anda apressada pelo corredor, por acaso, André estava saindo do banheiro.

― Jade? - ele fica surpreso, achando que sua morte estava chegando ao vê-la ali. Mas ela só põe a mão no rosto e passa reto, entrando no banheiro feminino. - Mas...

― E aí André. - Beck diz se aproximando do amigo.

― Como saíram? - ele ri olhando para Beck que não estava com uma cara boa.

― Jade. Abriu a porta com dois grampos. - ele riu.

― Nossa. Quem diria. - André ri - Mas, então... Como foi?

― Não foi. Foi péssimo... Não foi uma boa idéia, se ela me odiava antes, agora então me quer morto. - ele diz andando para a sala, acompanhado por André.

― Mas, o que aconteceu?

― Eu falei pra ela... - ele hesita por um instante - Eu falei pra ela que é o tipo de garota que merece estar, sabe, em primeiro lugar...

― Como assim, cara? - André ri - Você se declarou pra ela? E ela saiu chorando por que?

― Não, ela só brigou comigo e... Espera. - ele olha para André e franze o cenho - Chorando?

― É, ela passou por mim tampando o rosto e entrou no banheiro. Tá lá até agora. - ele olha para Beck um pouco confuso.

― Ela não devia estar chorando... Eu não disse nada demais. - Beck fica curioso - Bom, vamos para a sala.

O dia passa e nenhum sinal de Jade. Beck estava preocupado por achar que havia dito algo que não a fez bem.

― Não, lugar algum. - Robbie aparece ao lado dos garotos que estavam em pé perto da máquina de refrigerante.

― Ela é tipo uma ninja, uma ninja gata e assustadora. - Rex diz.

― Ela deve ter ido pra casa. - André diz pegando um refrigerante.

― Ela não está em nenhum banheiro. - Cat diz se aproximando.

― É. Eu sinto que vou morrer. - Beck diz se escorando na parede.

Os quatro ficam ali conversando, até que escutam uma gritaria.

― SAI DAQUI ANTES QUE EU ARRANQUE SEUS OLHOS E USE COMO ENFEITE! - alguém grita de dentro do depósito onde ficam as coisas do zelador.

A pessoa que havia entrado sai correndo desesperadamente.

― Era a Jade? - Cat diz com medo de se aproximar do lugar.

― Acho que alguém deveria ir até lá. - Beck diz.

Quando ele olha em volta, Robbie, Rex, Cat e André já estavam a 5 passos para trás dele.

― Acho que eu vou ver. - ele suspira se aproximando da porta, batendo de leve duas vezes.

― Vai embora, seja lá quem for. - a voz de dentro diz.

― Preciso falar com você. - ele diz abrindo a porta.

Jade coloca os pés na porta, impedindo Beck de abrir.

― Já disse pra ir embora! - ela repete.

― Se você não me deixar entrar, vou chamar as Cat pra cantar uma música para crianças junto comigo aqui na porta.

Um longo silêncio se estabelece até que a maçaneta abaixa e Jade surge atrás da porta.

― O que foi? - ela encara Beck.

Ele observa que ela não parecia ter chorado, não parecia triste. Só estava irritada, como sempre.

― O que aconteceu? - ele entra e fecha a porta.

Quando olha para baixo, vê que o chão estava cheio de caixas de papelão picotadas. Jade se senta ao chão, pega outra caixa e com a tesoura começa começa a picotar.

― Ah... O que esta fazendo? - ele se senta ao lado da garota que lhe devolve um olhar ameaçador, o obrigando a se afastar.

― Me acalmando. - ela responde secamente.

― Certo... - ele a observa.

― Escuta - ela para e suspira - Se for pra ficar me olhando com essa cara como se eu fosse maluca, você pode sair daqui.

― Não acho maluca. É que se eu perguntar o que está acontecendo você não vai querer me falar, por isso não estou dizendo nada. - ele sorri - Mas eu queria saber se foi por minha causa.

― Não é você. Sou eu. - ela para de picotar as caixas - Estou cansada de você.

― Então o problema sou eu. - ele parece confuso.

― Não. Eu estou cansada de você, mas de alguma forma parece que estou gosto de te fazer mal, normalmente eu faço só uma vez e as pessoas fogem. Você não, e me irrita perceber que gosto de te irritar e que se você sair eu vou ter que arranjar alguém pra amolar. - ela termina de dizer rasgando uma parte da caixa com as mãos, fazendo Beck recuar mais um pouco.

― Eu não sei se entendi... - ele ri - Gosta que eu fique no seu pé? 

― É, quem mais eu ia insultar? - ela continua picotado a caixa.

― Mas é só isso? - ele a encara.

― Não, eu quero que você me deixe em paz pra que não se engane. - ela joga a tesoura para o lado.

― Não foi minha intenção te fazer dizer aquelas coisas, ninguém nunca tinha me dito isso antes, ainda mais depois de tudo que eu disse e fiz... Você é masoquista.

― Eu acho que entendi. Eu estou te confundindo?

― Está. - ela suspira - Por que? Me diz, tantas garotas estão por aí doidas pra sair com você, pra ouvir o que você me disse. Por que dizer pra mim?

― Por que elas não são como você. - Beck a encara fixamente.

― Ah, para... - ela pega a tesoura e se levanta - Não venha com essa.

― Não estou mentindo. - ele se levanta também e fica na frente da porta.

― O que você sabe sobre mim? O que você... Não. Por que eu estou aqui falando tudo isso pra você? - ela passa a mão no cabelo.

― Por que você está gostando de mim, talvez? - ele sorri e tenta se aproximar de Jade.

― Não, eu não te conheço, você não me conhece. - ela o impede com as mãos em seus ombros - Você está confundindo tudo, mais do que eu.

― Então me dê a chance de te conhecer, me dê a chance de mostrar como eu sou. - ele segura as mãos dela.

― Não, eu não quero. Você não é pra mim. Eu sou uma bagunça e você precisa achar alguém que combina com o que você é. - ela o tira da frente da porta - Desculpa pelo seu cabelo, foi bom ter te irritado, mas agora chega.

Jade sai e deixa Beck ali sozinho. 

― Você me deixa muitas vezes sozinho em lugares assim... Como eu faço pra aprender a fazer a mesma coisa?


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