Quando a Morte me Viu

Usando um vestido preto da época de escola, uma maquiagem impecável e pesada demais para seu gosto e saltos que deixarão seus pés doloridos por uma semana, Lily Evans estava encostada no bar vendo suas amigas dançarem com dois belos homens nas pista de dança. A ruiva ficava feliz por suas amigas estarem se divertido, mas o fato de ter sido abandonada poucos minutos após chegar no local irritava a garota.

Estava ali por insistência de suas duas melhores amigas, Dorcas Meadowes e Marlene Mckinnon, que diziam que lily passava muito tempo lendo ou estudando. Aquela noite, a garota havia sido arrastada por Dorcas e Lene para a boate três vassouras, um local badalado e barulhento que ficava na isolada cidade de hogsmeade.

Com um suspiro, Lily se dirigiu ao banheiro feminino, na esperança de fugir um pouco do som alto e das luzes piscantes. Quando entrou no local e, com o corte súbito da música e das luzes, se sentiu um pouco estranha: como se suas orelhas estivessem cheias de água e sua visão parecia ainda estar sobre o efeito das luzes coloridas.
Se acostumando aos poucos com o ambiente, a garota foi até o grande espelho que ocupava a parede acima de três grandes pias de mármore preto e se colocou entre duas mulheres que estavam retocando a maquiagem e conferindo seus pendiados. Olhando para seu reflexo, ela viu uma bela jovem de 23 anos, palida, com grandes olhos verdes que no momento estavam envoltos por uma sobra escura e bem aplicada, um batom vermelho vinho preenchia seus lábios carnudos. Para completar, seus longos cabelos ruivos e perfeitamente ondulados graças ao babyliss. Percebendo que estava a bastante tempo se encarando no espelho, Evans fingiu ajeitar o cabelo para disfarçar um pouco. Entrou em uma cabine e se sentou sobre a tampa do sanitário. Tinha que admitir que o local era impecavelmente limpo; já tinha frequentando algumas outras boates nas quais nem se arriscava a se aproximar dos banheiros.

Decidiu que ficaria ali por algum tempo antes se ir embora, só para não ser incomodada pelas duas amiga por ter ido muito cedo. Percebendo que teria que se distrair de alguma forma, a jovem puxou seu celular da pequena bolsa que carregava junto ao corpo e abriu a versão em eBook do livro que estava lendo no momento.

Uma hora e muitas paginas depois, ela decidiu que iria se despedir das amigas e voltar para seu pequeno apartamento. Começou a ouvir atentamente para ver se tinha alguma mulher no banheiro afinal seria constrangedor sair depois de todo esse tempo de dentro de uma das cabines. Após constatar que, milagrosamente, não havia ninguém no banheiro, guardou o celular e estava prestes a se levantar e sair quando o som de passos invadiu seus ouvidos. Sabia que poderia sair naquele momento, a pessoa tinha recem chegado, mas algo a segurou. Ouviu os passos se aproximar até pararem em frete a sua cabine. Olhou pela grande fresta entre o chão e a porta e se surpreendeu ao ver um belo par de sapatos sociais de couro masculino. Era um homem que estava no banheiro, não uma mulher. A moça pensou em sair e reclamar com o homem por ter entrando ali, mas aqueles passos leves e calmos haviam soado tão ameaçadores que a ruiva não se atreveu a mexer nem um músculo. Depois do que pareceu uma eternidade, o homem misterioso deu meia volta e saiu do local, fazendo a ruiva soltar a respiração que nem havia percebido que tinha prendido. Depois de um instante, saiu de dentro da cabine se achando uma idiota e arrependendo de ter assistido tantos filmes e séries de suspense naquela semana.

Foi atrás das amigas, que insistiram para a ruiva ficar. Mas ela inventou uma dor de cabeça e se despediu.
Na saída, enquanto esperava por um taxi, Lily se sentiu observada. Olhando em volta atrás, de uma resposta, ela viu Severo Snape a olhando fixamente do outro lado da rua.

Snape era um homem alto e magro, tinha cabelos negros e extremamente oleosos que costumavam cobrir parcialmente sua face pálida e de aparência doente. Seus olhos eram negros, lábios eram finos e tinha um grande nariz em formato de gancho.
Ele e Lily eram amigos na infância e início da adolescência, mas após sev, como ela o chamava na época, se juntar aos comensais da morte: um grupo racista e homofóbico, que liderados por Tom Riddle (ou Voldemort, como era conhecido), espancavam e até matavam todos que não se encaixavam em seus padrões. Lily se obrigou a acabar sua amizade com ele.

Achou estranho o encontar ali, ele nunca gostou de qualquer tipo de lugar agitado. Lembro-se do incidente do banheiro e começou a se perguntar se pertencia a Snape os pés que ela viu. Será que ele estava atrás dela? Na discussão final dos dois, ainda na época de escola, após Lily o denunciar aos professores por perceber que ele tinha levado um revolver para a escola. Ele tinha se metido em sérios problemas e até a polícia foi chamada na época. Antes de ir preso, o ex-amigo tinha jurando que um dia se vingaria da garota.

—- Vai entrar ou não? -- O taxista perguntou irritado, causando um sobressalto na ruiva.

Quando que o taxi tinha chegado? Olhando para o outro lado, onde Snape estava alguns instantes, a garota não viu ninguém. Começando a achar que estava ficando louca, Lily entrou no taxi e deu seu endereço ao taxista. Decidiu deixar essa noite estranha de lado: tudo que ela precisava era de um banho quente uma boa noite de sono para colocar a cabeça no lugar.

Enquanto o taxi virava a esquina, uma figura misteriosa saía de um canto escuro da rua mau iluminada. E, com um grande sorriso maldoso no rosto, disse:

—- Ruivinha, algo me diz que eu e você vamos nos divertir demais.