Photograph escrita por Anny Taisho


Capítulo 1
Sabaku no Sakura e Sabaku no Sarada


Notas iniciais do capítulo

Olá gente, muita calma nessa hora, uma longa história será contada aqui. Sarada quer ver quem é o pai biológico, Sakura está superando a atual perda, passado e presente vão tecer essa história e contar uma história de amor que terminou, mas pode recomeçar.



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 Yesterday is history
          Tomorrow's a mystery
              I can see you looking back at me

Os olhos negros da jovem garota estavam arregalados em surpresa, ela de fato não imaginou que aquilo daria em alguma coisa, afinal, era só uma caloura Ciência da Computação na Universidade de Tóquio. Entretanto, o destino tinha parecido colaborar com seu desejo mais profundo. E aquele era o email avisando que ela tinha passado no processo seletivo para estagiaria na Uchiha Corp.

Respirou fundo e afundou o corpo na cadeira de couro branca de seu quarto ajeitando os óculos em uma mania constante. Correu os olhos pela mesa vendo algumas fotos com a família, aquele plano não deveria dar em nada, foi um impulso. Soprou o ar para fora numa técnica de relaxamento. Não precisava daquele emprego de meio período, era egoísta tomar o emprego de algum universitário que de fato precisasse dele.

Entrelaçou os dedos apoiando os cotovelos na mesa impecável, já estava olhando aquele email fazia horas sem saber o que fazer. Aquela era uma oportunidade única para conhecer Uchiha Sasuke, ele era o CEO da Uchiha Corp, mas provavelmente poderia ao menos ter um vislumbre de quem ele era. Não tinha nenhuma intenção de interagir ou algo assim, só queria ver de perto.

Engoliu a saliva grossa olhando para fotos de sua família. Estava sendo uma garota ingrata? Teve uma vida maravilhosa com todo amor e conforto que um ser humano poderia ter, tinha uma mãe maravilhosa e um pai que amava tanto. Suspirou fechando os olhos e tirando os óculos, não era errado querer saber de onde vinha, era? Quem era Uchiha Sasuke? As fotos a internet não diziam muito e ele não tinha redes sociais, só queria saber um pouquinho do homem que lhe deu metade do DNA.

Sem óculos tinha uma visão embaçada, mas mesmo assim pegou o retrato com a última foto que tinha tirado junto dos pais em Dubai quase dois anos atrás. Tantas coisas tinham mudado nesses meses, a Sarada de 16 anos estava perfeitamente feliz com sua família perfeita... aquele homem de olhos negros era só um fantasma no passado, o homem que em algum momento cruzou o caminho com Haruno Sakura e que terminou com seu nascimento.

Só que então tudo mudou depois do acidente. Gaara estava morto. Por isso não tinha mais um pai, a mãe estava viúva, e aquele vazio existencial que ele preenchia com sua existência estava ali cada vez maior.

Não sabia muito sobre o que aconteceu no passado, os pais foram sinceros, mas vagos. Em algum momento da faculdade de Medicina Haruno Sakura e Uchiha Sasuke tiveram um relacionamento, eles terminaram, a mãe se juntou ao grupo de médicos sem fronteiras para deixar Japão e por algum motivo desconhecido ele nunca sequer respondeu as tentativas dela de avisar sobre a criança que estava a caminho.

Muitas coisas ali não se encaixavam a mãe não parecia o tipo de mulher que se envolvia com qualquer tipo de traste e nem responder... Como um homem sabe que vai ter um filho e nem responde? Tipo... esperava que ao menos houvesse uma resposta negando... mas nada, nenhuma resposta. Bem, era isso o que ouviu da boca tanto da mãe, quanto do pai... E não tinha motivos para desconfiar deles. Nem conhecia o Uchiha, ele pode ser só um escroto sem escrúpulos.

Soltou o porta retrato, o grande problema era não saber de nada, ninguém lhe dizer nada. Desligou a tela do computador quando ouviu uma batida leve na porta e deixou que a mãe entrasse.

— Muito tarde para uma jovem universitária estar acordada, Sara-chan!

A mulher entrou no quarto com o jaleco branco jogado em um ombro e os sapatos elegantes nas mãos. Sarada não se cansava de olhar a mãe e acha-la maravilhosa. Gostaria de ter traços tão bonitos e delicados com os dela, mas o máximo que a natureza lhe deu foi a mesma testa.

— Eu estou ansiosa, mama-chan.

— Hm... se saísse desse computador certamente já estaria no mundo dos sonhos e eu só entraria aqui para lhe cobrir e dar um beijo de boa noite. – disse beijando a testa da filha e se escorando na mesa dela – Aposta que estava programando  nesse computador algo que vai te fazer tão famosa como o Mark Zukenberg... Ou o Bill Gates...

A adolescente fez uma careta e riu, Sakura era uma coruja.

— Não exagera mãe... eu só sou uma garota que entende um pouco de computação, entrei na faculdade agora.

— Oh.... Mas eles nem terminaram a faculdade e entraram para história. Não que eu esteja te incentivando a sair da faculdade, a senhorita vai se formar sim!! – fez uma careta e pegou a foto que a filha segurava mais cedo – Você sente falta de Dubai, querida? Da nossa vida lá?

— Eu sinto falta do papai, mãe, a vida nós levamos muito bem lá ou aqui.

Depois que o marido morreu Sakura decidiu passar um tempo no Japão com os pais, Sarada sempre teve a melhor educação que o dinheiro pôde comprar e mesmo nunca tendo vindo ao japão antes falava japonês como qualquer criança alfabetizada ali. E como ela fez o último ano em Tóquio e passou na Universidade não parecia muito prático voltarem para Dubai, até porque Gaara não estava mais lá.

— Eu também sinto falta dele todos os dias. – sorriu complacente – Sabe, eu ainda estou com meu japônes enferrujado mesmo depois de quase dois anos aqui, tem horas que Shizune tem que me ajudar com os relatórios no Hospital.

Sarada sabia que a mudança de assunto era o modo da mãe dizer que não queria mais falar daquilo. Ela tinha perdido a companhia dos últimos 17 anos de vida e fazia o possível para seguir em frente.

— É normal, eu que fazia aulas toda semana ainda estranho um pouco... – bocejou –

— Tem razão. Hora de dormir, Sara-chan, são três da manhã e você terá muitos anos na faculdade lhe tirando o sono, durma enquanto pode.

— Você sempre tem dormido tarde.

— Eu sou médica, fazer plantões faz parte do meu trabalho, a senhorita é uma jovem privilegiada que deve aproveitar disso.

A jovem sabia que trabalhar tanto era o jeito que a mulher a sua frente encontrou de seguir em frente. Abraçou a mãe, não era de muitas palavras e não tinha lugar melhor para curar a ferida das duas do que uma nos braços da outra.

— Eu te amo Sarada, desde a primeira vez que eu soube de você...

— Eu também te amo, mama! Você é a melhor mãe do mundo...

A rosada olhou a filha e sorriu beijando o rosto dela. Sarada tinha alguns traços parecidos, mas era quase como olhar Sasuke. Hoje em dia pensar nele não a machucava mais, os anos e Gaara curaram todas as feridas de seu coração, mas lhe doía ele nunca ter querido nem saber se ela nasceu.

Saiu do quarto da filha e foi dormir dominada pelo cansaço . Sarada se olhou no espelho vendo no reflexo aquela imagem de quem ela sabia tão pouco, parte de quem ela era vinha do misterioso Uchiha e parecia que nunca conseguiria moldar de vez quem era sem conhece-lo. Caminhou até o computador e enviou o email confirmando que aceitou o emprego.

A mãe andava tão ocupada dirigindo o Hospital de Geral de Tóquio que nunca saberia. Não queria machucá-la com sua curiosidade, só precisava ver de perto quem de fato era seu pai biológico. Algumas semanas no emprego e depois seguiria a vida. Não pretendia chegar e fazer uma cena, não queria criar nenhuma situação estranha. Teve um pai maravilhoso que a amou cada dia de seus 16 anos, só precisava ver quem era o homem que lhe deu essa aparência.

Ninguém ia se machucar ou voltar a um passado distante.

Ninguém precisava saber.

Continua


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Notas finais do capítulo

Veremos se alguém vai gostar, se sim, me conta! Até logo.



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