Isaac Turner

Faz exatos trinta dias que voltei de Roma para a Inglaterra, nesses dias aconteceram tantas coisas que mesmo assim não consigo tirar a Júlia da minha mente, todas as vezes que termino um dia cansado e deito para dormi ela invade meus pensamentos, mas que coisa, mesmo depois de ser colocado para escanteio meu coração ainda insiste em ama-la

Fico em pé parado no meu novo apartamento, está do jeito que sempre quis. Decidir morar sozinho, já estava na hora de sair da casa da minha mãe, porém ainda irei passar por lá sempre para ver a Manu e a mamãe. Tudo simples como sempre quis, espaçoso, confortável e localizado e uma ótima área da Inglaterra

Meu trabalho feito em Roma foi de grande valia, fez sucesso e conseguir emprego em uma das agencias mais renomadas, me ofereceram um ótimo cargo e eu aceitei. O que mais deixa com vai raiva de mim mesmo é que por mais que eu tenha conquistado tudo isso ainda não consigo ficar feliz, ainda sinto um vazio que parece que não vai ser preenchido com tudo que tenho

Desde que a Júlia terminou comigo não assumir nenhum relacionamento sério, apenas uns jantares, mas nada demais. Talvez precise construir uma família, mamãe sempre falou que eu precisava disso. Engraçado, nunca pensei nessa questão, mas quando conheci a Júlia tudo mudou, tive muita vontade de ter isso para a minha vida

Contudo, isso ficou no passado, esse sonho ficou lá atrás quando ela negou meu pedido de casamento. Meu coração se partiu quando a vi naquele vestido de noiva indo de casar com outro. Só de pensar que ela não preferiu a nós e sim a um velho, faz com que esse sonho não faça mais morada

Com o tempo quem sabe eu me acostume a isso, ainda está recente. É só dá tempo ao tempo que tudo no meu coração volta a ser como era antes, que volto a ser o Isaac que cai de cabeça nos livros e tranca o coração para visitas

Pego as chaves do carro e dirijo para o trabalho, tenho uma reunião que vai ser o maior negócio que já fechei, uma campanha publicitaria para uma empresa de cosmético, é uma grande confiança sobre mim. Quero muito atingir as expectativas da empresa. Estaciono o carro na minha garagem, minha garagem, quem diria. Entro no prédio, cumprimento as pessoas e entro na minha sala

Uso o tempo que tenho de reler algumas declarações feitas pelos empresários sobre o foco da campanha dos cosméticos que eles oferecem. Ouço meu celular tocar e na tela vejo o rosto da minha mãe

—-Atrapalho? —Ela diz assim que eu atendo

—-Nunca—digo—O que houve?

—-Queria saber se meu filho vem almoçar em casa hoje

—-Acho que não, mamãe—seguro o celular com o ombro de tento achar um papel que queria ler—Vou ficar meio enrolado no trabalho e.

—-Isso de novo—ela suspira

—-O quê? —Pego o celular com a mão e desisto de achar o papel

—-Isso de você mergulhar nos livros e não ter tempo para viver. Viver um amor

—-Lá vem você com essa história de que preciso de alguém

—-Você não precisa de ninguém. Precisa viver um amor

—-Não deu certo

—-Não deu certo por que você não lutou

—-Mãe, eu fui lá no dia do casamento dela!

Eu não entendo a minha mãe em nenhum momento ela ficou contra a Júlia, não sei o que deu na cabeça dela que não tenta esquecer isso como eu estou tentando fazer

—-Eu te amo, filho. Você sabe disso, e eu só quero o seu bem

—-Desculpa—passo a mão pelo rosto—Eu também te amo. Só...esquece a Júlia, eu quero de verdade esquecer isso tudo

—-Como quiser—ela se dar por vencida—Te espero no almoço

—-Até lá

Desligo o telefone e respiro fundo

—-Foco no trabalho, Isaac—falo para mim mesmo

Depois de uma hora recebo os donos da empresa de cosmético, apresento a melhor proposta que conseguir pensar, mostro a simulação da campanha e para a minha sorte eles gostaram e fechamos negócio. Me sinto bem e feliz com isso

Assim que termino, pego as minhas coisas fecho a porta da minha sala e saio em direção ao elevador. Quando entro avisto uma mulher muito elegante, loira com olhos bem claros usando uma pasta de couro, recebo um sorriso e retribuo

Ela desce em um andar antes do meu. Sorrio mentalmente, mas logo tudo perde a graça quando lembro dela, ninguém vai fazer meu coração bater mais forte como ela fazia bater. Mas preciso dar uma chance para mim e para quem estar dispostas a segurar minha mão. Não posso ficar remoendo passado

Entro no carro e dirijo até em casa, assim que chego sinto meu celular vibrar no bolso, olho o número e vejo que é desconhecido, deslizo para atender

—-Alô?

—-Isaac, é você? —a voz parece muito familiar

—-Sim

—-Sabia que Deus ia me ajudar nessa—agora lembrei, a voz é da Fabiana—Sou a Fabiana, mãe da Júlia

Fico calado, não consigo ter reação com essa ligação

—-Me escuta—ela pede—Não odeie a minha filha, eu acho que...não, eu não acho, tenho certeza. A Júlia não casou com o Emiliano porque quis, sei que tem algo a mais nisso. Peço que você não destrua tudo que sente por ela ainda. Sei que a minha filha te ama

—-Fabiana eu...—tento falar, mas ela me interrompe

—-Não precisa falar nada. Eu te liguei porque sei que deve estar sofrendo, mas quero que saiba que a Júlia está sofrendo mais ainda, só pelo fato de estar com aquele velho. Enfim, Isaac, tenho fé que na hora certa vamos ficar sabendo

Suspiro, um homem e não consigo emitir uma palavra, minha mente fervilhe e o meu coração dá reviravoltas

—-Vai ficar aí parado feito poste? —Manu aparece ao meu lado com a farda da escola

—-Oi Manu—digo retomando a noção das coisas—Vamos entrar?

—-Você está pálido

—-É fome—digo abrindo a porta—Vamos