Júlia Vero

Já se passaram um mês da tortura de estar casada com o Emiliano, infelizmente nesses dias não conseguir vasculhar nada para poder achar algo que me tire daqui ele não me deixa só um segundo, sempre manda um de seus capangas atrás de mim, mesmo que eu passe a maior parte do tempo trancada dentro de casa

Minha família não me faz muitas visitas, e não posso só ir jantar com eles, o Emiliano não me deixa fazer nada, sinto falta da minha liberdade. Suspiro. As vezes consigo me encontrar com o Alex, estamos mais próximos por causa de toda essa situação, ele está movendo montanhas para conseguir encontrar algo que incrimine o Emiliano

Ando até a varanda do meu quarto e encaro a vista que Roma oferece, sempre serei apaixonada por essa cidade, seus encantos me encantam. Olho para o horizonte e o Coliseu entra no meu campo de visão, me lembro automaticamente do Isaac, sinto tanto a sua falta, só queria correr para os seus braços e dizer que o amo, mas infelizmente não posso fazer isso

Levo a xícara de café a boca, assopro um pouco pois ainda estar quente. Me pego pensando se ele já encontrou um novo amor, quem sabe, a vida nos surpreende desde dos detalhes até as grandes coisas. O café está muito saboroso, a Veníllia sabe mesmo como preparar alguma coisa e ficar saborosa. Nesses poucos dias temos nos aproximado mais, ela me faz companhia contando sobre um pouco da sua vida, tento arrancar discretamente alguma informação dela sobre o Emiliano, mas até agora nada

Sinto falta também da simplicidade da minha casa, sinto falta de nós da família termos que fazer tudo dentro de casa. Mamãe era de família pobre e não teve ninguém para servi-la assim como o papai teve, e por isso ele nos criou para fazermos nossas próprias coisas sem precisar mandar algo para os outros fazerem, deve ser por isso que apesar de toda a riqueza que temos não sermos ricos metidos

Aqui na casa do Emiliano tem vários empregados, para fazer qualquer coisa, não consigo compreender o porquê da necessidade de uma casa tão grande apenas para uma pessoa, e a quantidade de empregados para desempenhar funções que dariam facilmente para o morador conseguir fazer sozinho. Nunca irie me acostumar com esse tipo de vida, não fui criada dessa maneira

Ouço batidas na porta do meu quarto, bebo o resto do café, saio da varanda e vou até a porta para abrir. Fico supressa com a visita, não esperava que o Alex conseguiria vir aqui me ver, nossos encontros eram sempre na cafeteria a duas ruas da casa do Emiliano

—-Que ótima surpresa—abraço meu irmão e ele sem jeito retribui. O Alex ainda está se acostumando com tanta demonstração de carinho

—-O Emiliano saio e temos um tempinho para conversar—ele diz entrando e fecho a porta do quarto—A Venília me ajudou a entrar aqui

—-Vem, vamos sentar aqui—puxo ele e sentamos na cama—Ela é tão boa comigo, está me dando uma grande força aqui

—-O Emiliano tentou algo com você? —Ele me pergunta sério

—-Não—se assusto—Isso seria demais. Durmo aqui nesse quarto e ele dorme em outro, somos casados apenas nas aparências

—-Ótimo—ele diz aliviado

—-Alex, eu não conseguir vasculhar as coisas do Emiliano, é muito difícil ir ao escritório dele e vasculhar tudo sem ser vista

—-Eu entendo, estou conversando com alguns advogados e empresários, mas até agora não conseguir nada

Ele suspira

—-Não vamos desistir—aperto a sua mão—Como está a mamãe?

—-Ela está estranha, mas estranha feliz. Fala coisas sobre fé e amor. Não estou entendo bem, tem algo de diferente nela, está mais feliz

—-Fico contente em saber disso

—-Mas ela sente sua falta lá em casa, todos sentimos—agora ele que aperta a minha mão

—- O Lúcio não quis me visitar?

—-Ele disse que viria, mas você sabe, odiamos o Emiliano. Esse casamento foi um baque para a família Vero

—-Não tive escolha, e nem venha me dar a opção de vocês irem para a cadeia

—-Tem a teimosia da mamãe

—-E você também

Ele me olha mas esconde o sorriso

—-Alex, por que?

—-O que?

—-Porque tenta suprimir o que sente dessa forma?

—-Não estou entendendo

—-Você é um homem jovem e bonito—ele dar risada do que digo—É sério, deveria tentar encontrar um amor

—-Essas coisas não dão certo, Júlia

—-Para com isso, claro que dão—ele me encara—Tá, talvez comigo não deu certo, mas é uma questão de tempo para que possa dar

—-Você está toda positiva e acreditando que vai dar certo, se a mamãe estivesse aqui iria sentir orgulho, essa é o novo estilo dela, paz, amor e fé

Dou risada

—-Sinto falta dela—suspiro—De todos vocês

—-Tenho que ir—ele fica de pé e fico também—Não quero que o Emiliano me veja aqui

Abraço meu irmão bem forte, ele me beija a testa e sai pela porta. Volto a ficar sozinha dentro do meu quarto. Queria ao menos poder trabalhar, ou sei lá, fazer algo da minha e não ser uma prisioneira desse velho

Ouça batidas na porta

—-Quem é? —Grito

—-Sou eu—Venília grita de volta

—-Entra

Ela abre a porta coma uma bandeja de comida, vejo que tem suco, pedaços de bolo e biscoitos

—-Desse jeito a senhora vai me engordar—digo a ela sorrindo

—-Você precisa se alimentar bem—ela põe a bandeja em cima da mesinha e vem me abraçar

—-Obrigada por esse apoio—sorrio—Está tornando tudo menos pior

—-Sabe que qualquer coisa que precisar estarei aqui

Para um minuto e percebo que a Venília tem algo de diferente, ela tem uma doçura e gentileza que não sei explicar ao certo. Sinto bem forte no meu coração que posso confiar nela, sinto que ela será minha aliada ali

—-Venília—seguro em suas mãos—Vou te contar tudo e precisarei da sua ajuda, mas você precisa me prometer que não vai contar a ninguém

—-Irei ter fidelidade, pode confiar em mim

—-Assim que eu sair dessa casa levarei você comido, vai trabalhar na minha casa. A rotina vai ser menos puxada, com horários flexíveis e posso te pagar o mesmo valor. Vai ter uma vida melhor. Eu prometo—digo e vejo seus olhinhos encherem de lagrimas, mamãe gosta de cozinhar, mas não sempre, só as vezes, ter a Venília lá seria ótimo para todos

—-Vamos conseguir juntas—ela me abraça

Começo contando tudo que aconteceu a ela, conto sobre a minha família, sobre o papai, sobre o Isaac, vou desabafando tudo, quero me que ela saiba para poder me ajudar. Ela me escuta calada com atenção tudo que eu conto

—-Sempre soube que esse homem era um bandido—ela diz quando termino

—-Entende que preciso encontrar alguma coisa que o incrimine para eu poder me livrar disso? E quando eu sair daqui você sai junto comigo. Vamos juntas nos livrar desse homem

—-É o que mais quero—ela sorri

—-Posso contar com você?

—-Sim, você pode!

Nos abraçamos