Infravermelho escrita por supercritico


Capítulo 5
A Medida de Segurança (pt. 2)




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Eles chegaram em menos de cinco minutos. Tanto por ser perto quanto por que as ruas da Zona Vermelha quase sempre ficavam vazias, pois carros raramente transitavam. As portas se abriram e eles desceram em uma rua suja, que ficava colada ao rio. A cerca se estendia até ali, mas um portão maior indicava a entrada para o píer.
O Ultravioleta não precisou falar com os guardas do portão; quando se aproximou eles instantaneamente liberaram a passagem. Se estava usando seus poderes mentais, Myranda não sabia.
O grupo atravessou o portão e entraram em uma área coberta e com piso de madeira. O vento açoitava seus cabelos e ela agradeceu a si mesma por ter feito um rabo de cavalo. O Ultravioleta os levou para uma balsa grande de uns cinquenta assentos, vinda do outro lado do rio só para pegá-los. Quando todos entraram, o comandante deu partida e a balsa começou a se mover pelas águas.
— Estou tão animada - disse Liz, que dessa vez estava do lado da janela, inclinada sobre a borda, animada como uma criança.
— Você deveria se acalmar.
— Estamos indo para mais perto da cidade - ela abriu um sorriso e estendeu a mão para fora da janela, tentando tocar a água. Myranda olhou para os lados, torcendo para que ninguém tivesse escutado aquilo. Qualquer ato ou frase dita já era motivo para uma suspeita de fuga. Até mesmo quando crianças sumiam do orfanato a policia se envolvia, queriam saber quem era e para onde foi. Eles precisavam manter tudo sob sua vigilância.
Quando viu que ninguém as observava ela relaxou e olhou para o céu. O dia estava claro. As nuvens grandes eram como uma grande placa de vidro fosco e o sol apenas um circulo de luz disforme.
Myranda olhou para os lados. Os outros pareciam estar animados com a ida ao Centro de Pesquisa, estavam sorrindo ao movimento do barco e aproveitando a vista da cidade que se alongava a frente. Talvez não sabiam que seriam espetados em breve. Ela tentou reprimir ao máximo os pensamentos negativos sobre aquilo. Era importante, precisava deixar que fizessem aquilo. Só assim os deixariam em paz. Mas uma sensação estranha tomou conta de si, como se estivesse sendo observada. Havia algo de errado ali.
Se aproximaram cada vez mais da ilha. Da balsa, ela parecia um punho gigante surgindo da água, coberta com árvores e pedras do tamanho de um carro. Atracaram dois minutos depois, num píer muito mais moderno, de madeira clara e com barras de ferro em formatos estranhos. Enquanto desciam, o Ultravioleta começou a falar:
— Infravermelhos, - ele disse em voz alta - é estritamente proibido usar os seus poderes aqui dentro. Caso isso ocorra, serão punidos.
Ele não precisou falar o que iria acontecer com quem desobedecesse, pois todos entenderam bem o recado. O grupo desceu aos poucos pela rampa e se reuniu ali no píer.
— Vamos seguir direto para as alas de vacinação e em seguida passaremos pelo museu de evolução - disse Felícia, abrindo um sorriso no rosto e tentando ignorar o burburinho que surgiu após a menção ás vacinas. - Fiquem todos juntos agora, no intervalo poderão se espalhar.
E o grupo se arrastou para dentro da ilha.
Eles subiram escadas e entraram no Centro por uma porta de vidro que estava implantada em uma parede de vidro tão alta que parecia impossível ser real. Entraram em um salão enorme, com spots de luz amarela direcionados para a parede e com quadros com informações. No centro do salão uma escultura de vidro dominava o local, água escorria das placas transparentes e uma superfície metálica na base dispersava a água em um tanque. Myranda ficou encantada, nunca tinha visto algo tão legal e ao mesmo tempo incrível.
— Sabe como fizeram isso? - perguntou Myranda para Liz.
— Um Ultravioleta poderoso conseguiu manipular o vidro e o dobrou para ficar desse jeito, só usando os seus poderes.
Myranda concordou com a cabeça e mordeu o lábio. Odiava admitir que os Ultras conseguiam fazer aquilo.
— Vamos separar vocês em filas - a voz do Ultravioleta ecoou pelo salão. - Humanos intactos fiquem na direita e Infravermelhos na esquerda.
Rapidamente as filas foram formadas. A maioria se moveu para a direita e quase trinta crianças se alinhavam ali. Do lado esquerdo, apenas dez Infravermelhos se posicionaram. Myranda ficou atrás de um garoto de pele endurecida e ranhurada. Atrás de si, uma garota sem cabelo algum e de olhos totalmente verdes mexia na barra do vestido. Sua respiração ficou pesada. Ao olhar para o lado direito se sentiu vulnerável. Quando estava entre os humanos podia passar despercebida, mas ali estava exposta e claramente taxada de Infravermelha. Odiava isso.
— Muito bem - voltou a falar o Ultravioleta que permaneceu completamente virado para a fila de humanos. - Nossos guardas irão os levar para a vacinação. Será rápido e indolor, e algo necessário para o bem de todos. Quando voltarem continuaremos o nosso passeio.
Ele deu um sorriso forçado e os guardas aparecem atrás de si prontos para os levarem. Myranda olhou uma ultima vez para Liz, mas a garota estava muito ocupada observando a escultura de vidro do outro lado. Revirou os olhos e seguiu a fila para o corredor da esquerda.


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