Infravermelho escrita por supercritico


Capítulo 2
O Primeiro Passo (pt. 2)


Notas iniciais do capítulo

Segunda parte do primeiro capítulo. Estou dividindo em partes pra não ficar muito grande e cansativo. Espero que gostem =)



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Um raio de adrenalina correu pelo seu corpo enquanto ela mergulhava para as escadas de incêndio, descendo para a rua.
O que está fazendo?, ela pensou enquanto corria pela malha de metal. Idiota, idiota, idiota. Eu deveria estar voltando para dentro. Mas seu corpo não obedecia. Alguém estava quase morrendo e ela precisava ajudar, mesmo não sabendo o porquê.
Myranda pousou no beco com um baque, assustando duas baratas que estavam escondidas. O cheiro que subia no local era repugnante, mas algo típico daquela zona. Ali, como alguns Ultravioletas diziam, era o lado nojento, onde moravam os deformados fisicamente. O show de horrores. Os Infravermelhos.
Tentou ignorar o cheiro e se apressou em sair do beco, indo em direção à rua. A pouca iluminação proporcionava esconderijo nas sombras e criava uma atmosfera hostil. Olhou ao redor, mas não havia ninguém por perto, nada com o que se preocupar. A confiança lhe puxou pelo braço e a pôs para correr para o outro lado.
Os gritos e gemidos ficaram mais altos a medida que andava pela calçada. Ela se aproximou dos corpos que agora pareciam estar lutando mais furiosamente. Estavam na margem do rio, cobertos de lama e água gelada. A aura vermelha que emanava dos seus corpos ainda era visível para Myranda, portanto, mesmo com a pouca luz, conseguiu identificar que eram dois homens jovens.
— Pare – disse um deles em meio a um soco – Me larga!
— Não vai voltar pra contar a história, não – outro soco e dessa vez teve certeza de que ouviu um osso se quebrar. – Pode dar tchauzinho.
Um deles, o que estava vencendo, levantou o punho acima da cabeça. A feição furiosa estava emoldurada pelo sangue e água que escorria pela sua têmpora. Ele iria matá-lo, Myranda não precisava de poderes pra saber disso. Ele tinha que parar.
— Ei! – ela gritou, um pouco alto demais. Seus dedos estavam entrelaçados na cerca e ela a balançou numa tentativa infantil de tentar chamar mais a atenção do homem. Felizmente ela conseguiu e ele olhou para cima, confuso, bem no momento em que um punho atingiu o seu rosto. Ele cambaleou para trás antes de cair de cabeça no rio. O garoto que estava abaixo dele se pôs de pé e correu em direção a cerca.
Myranda congelou, seus dedos se agarraram mais a grade ao invés de soltar. Ele está vindo pra cá, pensou. Corre. E finalmente seu corpo a obedeceu. Ela se voltou para o orfanato e disparou, mirando nas sombras que ocultavam o beco. O sangue pulsava em seus ouvidos e parecia isolar qualquer outro barulho externo. Ela tinha acabado de interferir em uma briga de estranhos, no meio da noite. Quem sabe o que aquilo significava, talvez uma retaliação de gangues ou algo pior. Alguém mais perigoso.
Apesar de nunca ter convivido com a mãe, a sua mente sempre teve um lado responsável, o lado que gritava quando ela ousava mais um pouco. Queria pedir desculpas, mas não havia ninguém para se desculpar, da mesma forma que não havia ninguém para julgá-la pelo que fez, exceto sua própria mente, lutando contra ela mesma.
Chutou esses pensamentos para o lado mais distante da sua cabeça e correu para o beco. Agarrou a escada de metal e então um estampido. Tão alto quanto um tiro. Ela recuou, assustada. Um homem se materializou na sua frente. O mesmo homem que salvou.


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Notas finais do capítulo

Parte final do capítulo sai em breve.



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