Bem Vindo a Castelo Bruxo escrita por Leo Fi


Capítulo 2
Felipe




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Felipe estava ansioso e animado desde cedo quando foi para a escola de manha. Sabia que tinha passado em todas as matérias, bom, não tinha tanta certeza sobre suas notas em física e química, mas tinha estudado bastante para as provas de final de ano. Depois de confirmar o que já esperava finalmente pode relaxar e pensar nas férias. Retornaria do CIEP e poderia chegar em casa para contar à sua avó que finalmente havia passado em tudo, tá, raspando em Física e Química, mas tinha todas as notas bem azuis, obrigado e agora ganharia seu tênis novinho no Natal.

— Vó cheguei!

Disse ao entrar animado pela porta da cozinha, como costumava fazer. Encontrou sua avó na sala ouvindo como sempre seu radinho de pilha com as ultimas notícias aterradoras sobre o Rio de Janeiro. Ela era um pouco surda e o radinho estava praticamente no ultimo volume, estava sentada em sua cadeira de balanço perto da janela olhando a vista magnífica da frente da casa que era a cidade lá em baixo. Sorrateiramente Felipe chegou por trás e lhe deu um abraço apertado em volta do pescoço, balançando o boletim na frente do rosto da senhora.

— Passei em tudo!

— Ora essa!

Disse a avó, exasperada.

— Quer me matar do coração, menino?

Apesar da surpresa estava sorrindo.

— Deixa eu ver isso!

Disse pegando o papel. Ajustou o par de óculos no rosto, que estava pendurado por uma cordinha de contas no pescoço e tentou ler. Na verdade sua vista era bem ruinzinha e ela mal enxergava, mas Felipe sabia que ela confiava o suficiente nele pra saber que falava a verdade. Felipe nunca escondia nada da avó materna que praticamente o criou sozinho, enquanto a mãe, bom não ligava ou não tinha muito tempo para ele, pois, estava sempre ocupada em meio aos empregos no salão de cabeleireiro e limpando residências de famílias na Zona Sul e também não morava com eles desde que ele tinha sete anos. Apesar de isso o entristecer as vezes, Felipe não reclamava, pois tinha sua avó e isso bastava. Dona Odete tirou os olhos do papel e olhou para o neto com um sorriso no rosto. Felipe não tinha se empenhado na escola apenas pelo presente que ganharia no natal, mas para  deixar a velha senhora, que tanto amava, orgulhosa.

— Qual foi o prometido mesmo? Ah, Lembrei! Que se você passasse de ano com boas notas...

Felipe sentiu um tantinho de culpa, pois, tinha ficado na média em Física e Química.

— Você ganharia um tênis novo no Natal.

A senhora concluiu, olhando fixamente para ele como se tivesse tomando uma decisão.

— Como eu sei que você não me desapontaria eu já comprei quando fui no médico semana passada, está lá no meu guarda-vestido.

Felipe devia ter feito uma expressão engraçada pois a senhora riu.

— Sério vó?

Disse correndo para o quarto da avó pegar seu presente. Mal acreditando, trouxe até a sala onde abriu a caixa e já ia experimentar quando a avó interveio.

— Vá tomar um banho e almoçar antes de vestir o sapato, tem lasanha no forno.

Guardou novamente o tênis na caixa e levou para seu quarto, deixando em cima da cama. Depois de banho tomado e de ter almoçado, se vestiu com uma bermuda e camisetas limpas e calçou o tênis. Foi até cozinha onde abriu a porta. Naquele horário entrava um ventinho pela ruela estreita e sentou no parapeito onde ficou admirando o presente. Como tantos outras crianças de família pobre no Rio de Janeiro não podia ter os luxos que muitos lá em baixo no asfalto tinham, por isso sempre cuidou bem do que tinha com muito zelo, principalmente quando era sua avó que dava, com a aposentadoria de costureira. Tirou uma folhinha, que grudou na ponta do tênis, quando percebeu uma sombra em cima dele. Ao olhar viu uma mulher negra que não conhecia.

— Ahm? Responsável? Acho.. que minha avó.. Vó!

Disse chamando e entrando na casa.

— Tem uma moça querendo falar com a senhora!!


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