Deus Salve A Todos escrita por GeminianaSensata


Capítulo 13
A Decisão do Rei


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo o/
Nesse veremos o primeiro encontro de Catarina e Afonso ♥
Mas calma gente, que o desenvolvimento deles vai ser devagar e seguindo a trama original.
Espero que gostem.



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Afonso e Cássio entram no castelo.

— Alteza, é um prazer recebe-lo em Artena. Eu sou o Demétrio, conselheiro do rei Augusto, e estou a vossa disposição. – Diz ele sorridente.

— Obrigado. Esse é Cássio, chefe do exército de Montemor (Cássio e Demétrio se cumprimentam), onde está o rei Augusto? – Pergunta Afonso.

Demétrio estava prestes a responder, quando uma voz feminina, forte e ao mesmo tempo doce surge por detrás deles.

— Meu pai saiu para cassar, logo estará de volta ao castelo. – Diz Catarina ao olhar Afonso que estava de costas.

Ele escuta a voz e sente uma expectativa crescer dentro de si, estava prestes a ficar a cara a cara com a mulher que cresceu acreditando que um dia seria sua esposa. Ele se vira e a olha, pela primeira vez, depois de muito tempo.

—______

Desde que era um menino, Afonso escutava de sua avó e de seus instrutores que um dia se casaria com a princesa de Artena, apesar de ser só um garoto, ele já sabia o que esse compromisso representava, "A salvação de Montemor".

Certa vez, ele e seu irmão acompanharam a avó em uma visita ao rei Augusto, e lá estava ela, ao lado do pai, mais alta que eles dois, magra e de olhos negros, cabelo comprido feito uma trança. A menina parecia muito doce, como todas as outras princesas, porém bastava alguns segundos perto dela, para perceber sua inteligência aguçada. Rodolfo era o que mais implicava com Catarina, zombando de sua altura e peso, Afonso sempre ficava apreensivo perto dela, pois sentia que ela poderia o engolir facilmente com seus argumentos e observações.

—------------

Catarina estava em pé, de frente para Afonso. Ela o olhava minuciosamente, atenta a cada detalhe, finalmente iria conhecer o homem que ele se tornará. Todos na Cália falavam muito bem sobre o príncipe, e os comentários sobre sua força e beleza estavam sempre presentes nas conversas entre as princesas, o que de fato, não importava muito a ela, pois Catarina estava mesmo interessada em saber que tipo de rei Afonso seria.

Ela fechou as mãos com força, numa tentativa de disfarçar a tremedeira, e engana-se quem acha que ela estava tremendo de nervosismo, ela tremia sim, mas era de euforia, a adrenalina passava por seu corpo. Ela estava de frente para o Homem com qual ela ia se casar, um futuro rei, e juntos eles podiam se tornar os maiores monarcas de toda Cália.

Afonso olhava para ela, paralisado. A beleza da futura rainha de Artena, fazia jus a todos os comentários que ele já havia escutado. O olhar dela parecia o atravessar e enxergar a sua alma, de fato, ele não estava preparado para lidar com sua presença. Uma coisa era cancelar o casamento falando com o rei Augusto, outra era ver Catarina e ainda assim ter forças para o faze-lo.

— Alteza. – Diz ele ao reverencia-la e assim quebrar o silêncio. – Me perdoe por aparecer sem avisar, mas preciso falar com vosso pai.

— Vossa presença é sempre bem-vinda em Artena. Demétrio por favor, prepare tudo para que o príncipe e seus homens possam descansar e depois mande um dos guardas irem avisar meu pai. – Ela dá a ordem sem alterar sua expressão ou tom de voz.

— Obrigado, alteza!!! – Afonso e Cássio saem acompanhados de Demétrio.

Lucíola se aproxima com um sorriso no rosto.

— Vossa alteza, me parece contente com o que viu...

— Eu diria que estou satisfeita, em um primeiro momento, satisfeita!!! – Catarina dá um sorriso de canto de boca.

         _______

Afonso está no quarto, Cássio conversa com ele.

— O que vossa alteza, achou da princesa?

— Catarina de fato é uma mulher muito bonita. Thiago tinha toda razão... – Ele come algumas uvas que as criadas colocaram sobre a mesinha no centro do quarto.

— Me desculpe Alteza, mas quem é Thiago? – Pergunta Cássio sem entender.

Afonso ri, ao lembrar dos momentos com Amália e seu irmão, não muito longe dali.

— Não é nada Cássio, esqueça.

— Vossa alteza, não se arrependeu da ideia de cancelar o casamento?

— Catarina parece ser uma grande mulher, mas precisaria de muito mais para me fazer desistir...

Cássio tinha esperanças de que ao ver Catarina, Afonso pudesse mudar de ideia.

— Pretende falar com ela sobre o rompimento antes de conversar com o rei Augusto?

— Não, não acho necessário... O casamento foi um acordo feito pelo rei...

— Apesar do compromisso de vosso casamento ter sido feito pelo rei Augusto e pela rainha Crisélia, a princesa cresceu acreditando que um dia seria sua esposa. Nós homens não costumamos nos abalar por isso, mas as mulheres alimentam sentimentos, criam expectativas, e agora, do nada, ela perderá seu futuro marido.

— Você acha mesmo que a princesa seja esse tipo de mulher? Não acredito que ela possa ter nutrido algum tipo de sentimento por mim.

— Talvez alteza. Mas e se ela ao contrário de vós, estiver apaixonada? Imagina a dor que será para ela saber através do pai que não haverá casamento. Não acha que vossa alteza, deva alguma explicação para ela?

Afonso se deixa convencer por Cássio. No fundo ele queria falar com Catarina, porém, talvez, fosse mais fácil falar apenas com Augusto.

     _________

Fazia uma belíssima tarde em Artena. Catarina está no jardim, sentada em um dos bancos próximos a uma fonte de água, lendo um livro.

Afonso se aproxima lentamente, a observando, mas ela sente a presença dele.

— Me perdoe, não queria incomodá-la.

— Vossa alteza, não me incomoda. Precisa de algo? – Ela fecha o livro e se levanta.

— Não, a recepção de Artena continua impecável, do jeito que eu me lembrava...

Catarina sorri sem mostrar os dentes.

— Sim, havia me esquecido que essa não é a primeira vez de vossa alteza em Artena. Mas dá última vez que esteve aqui, era apenas um garoto, não deve se lembrar de muitas coisas.

Afonso se aproxima.

— Lembro de correr por esse jardim... – Ele olha para o jardim a sua volta.

Catarina sorri pela primeira vez, ao buscar na memória uma lembrança dessa época.

— Eu também me lembro, principalmente de Rodolfo, zombando de minha aparência. – Ela vira seus olhos para a esquerda ao lembrar do comportamento do príncipe.

Afonso não aguenta e sorri. Rodolfo realmente implicava muito com Catarina, provavelmente ele não acreditaria que aquela menina tinha se tornado uma mulher tão linda.

— Rodolfo era terrível. – Diz Afonso sem graça.

Catarina se sente um pouco constrangida com aquela situação, então, fica séria novamente e muda de assunto.

— E como ele está hoje? Imagino que tenha se tornado um grande homem.

Afonso balança a cabeça meio sem saber o que responder.

— Ele ainda possui alguns traços daquela época, mas tem um grande coração.

Catarina sorri sarcasticamente, essa era exatamente a resposta que ela estava esperando. Por toda Cália corria a fama do Monferrato mais novo, um homem mulherengo, apegado aos pequenos prazeres da vida.

— Suponho que sim Alteza.

— Por favor princesa. Me chame apenas de Afonso. – Ele sorri.

— Se assim desejar, alte—perdão, Afonso. – Ambos sorriem.

—________

Amália está em casa, cozinhando, quando Thiago chega da feira com sua mãe. Ele coloca alguns potes e panelas sobre a mesa, puxa uma cadeira e se senta. Constância lava as mãos.

— Que bom que vocês chegaram, a janta está quase pronta. – Diz ela ao experimentar o caldo da panela.

Thiago e Constância permanecem calados, Amália se vira

— Afonso está em Artena. – Thiago diz de uma vez.

Amália sente suas pernas perderem a força, ele estava de volta, Afonso estava mais uma vez próximo dela.

— Você acha que ele falará sobre nós para o rei Augusto?

— Não sei... – Responde Thiago.

— Queira Deus que não.... Ele deve ter coisas mais importantes para tratar em Artena, como o casamento com a princesa. – Diz Constância.

Aquelas palavras fazem Amália se lembrar que Afonso em breve será um homem casado e rei de Montemor e um dia rei de Artena.

   __________

Catarina e Afonso caminham pelo jardim enquanto conversam.

— Imagino que esteja aqui para tratar de nosso casamento... – Era a primeira vez que eles falariam do compromisso.

— Sim, é exatamente por isso que estou em Artena. – Ele abaixa a cabeça sem graça.

— Meu pai já estava se preparando para viajar até Montemor pelo mesmo motivo.

— Acredito que não seja pelo mesmo motivo princesa.

Ela para de andar e o encara.

— Não entendo.

— Eu não sei qual a melhor forma de dizer isso, mas nosso casamento foi um acordo feito entre seu pai e minha avó quando nós ainda erámos crianças.

— Sim, um acordo entre monarcas, velhos monarcas. Eu conheço a história Afonso, vamos direto ao ponto. O que te traz até Artena?

— Eu... (Ele respira fundo antes de continuar... buscando forças para terminar o que havia começado). Eu desejo cancelar nosso casamento.

Catarina sente um calor subir por seu corpo, sente suas bochechas arderem de ódio. Quem Afonso pensava que era para ofende-la dessa forma? Quantos príncipes se matariam entre si por sua mão? E ele que a tinha sem nenhum esforço estava prestes a desdenhar dela. Porém Catarina respira fundo, abaixa a cabeça por alguns segundos, buscando discernimento para lidar com aquela situação, afinal ela era uma princesa, uma futura rainha não poderia perder o controle, então, ela o encara novamente.

— E por que essa mudança tão repentina de planos? – Ela mantém o contato visual.

— Minha decisão envolve muitas questões, todas elas de cunho político.

Ela caminha, se afastando dele. Passa os dedos folhando seu livro.

— E quais seriam essas questões?

— A união de Montemor e Artena traria instabilidade política, os outros reinos poderiam se sentir ameaçados com a criação de uma nova potência como essa.

— Me perdoe al-te-za (Ela volta a encara-lo), mas com todo respeito, não seria exatamente isso o que todos os reis procuram? Poder!!! É natural que toda a Cália se sinta ameaçada por a nossa ascensão... A rainha Crisélia não pensou nisso quando aceitou o acordo? – Catarina sabe como usar as palavras para provocar ou machucar alguém.

Afonso dá um passo em direção a ela, ficando bem próximo.

— Sim, acredito que quando minha avó fez esse acordo, ela estava pensando exclusivamente na questão da falta de água em Montemor, mas agora que estamos a poucos passos de resolver isso definitivamente, não vejo porque envolver meu reino em uma aliança como esta.

Catarina dá um passo para trás, acabando assim com aquela aproximação.

— Sábias palavras, mas vossa alteza, deveria guarda-las para meu pai.

— Sim, mas achei que seria indelicado de minha parte não conversar com a princesa, afinal me casaria com você e não com vosso pai.

— Eu agradeço. – Ela se aproxima e segura em sua mão. – Mas não se preocupe, sei perfeitamente que nosso casamento não passava de um acordo que envolvia questões políticas e nenhum sentimento. – Mesmo se ela estivesse apaixonada, jamais deixaria ele saber, Afonso a feriu onde ninguém havia o feito, em seu orgulho.

Afonso olha para ela intensamente, mas é obrigado a desviar o olhar quando escuta uma voz chamar de longe. Era Istvan que tinha acabado de chegar.

— Alteza!! (Faz a reverência). Que prazer o rever. – Ele se aproxima estendendo a mão para Afonso.

— Marquês, quanto tempo? Não sabia que estava em Artena... – Afonso o cumprimenta.

— Eu estou aqui a negócios, recentemente descobri uma pequena mina em minhas terras e o rei Augusto muito solidário tem me ajudado com isso.

— Mas é claro, muito solidário da parte do rei. – Afonso olha para Catarina com um sorriso de canto de boca.

Catarina se irrita.

— Com vossa licença. Irei me retirar, me sinto um pouco cansada.

Istvan e Afonso fazem a reverência, ela sai sem olhar na cara de ambos.

— Desculpe Alteza, mas eu atrapalhei algo? – Pergunta o marques ao perceber o clima no ambiente.

— Não, imagina..., mas agora me conte sobre essa história da mina... – Afonso fica olhando Catarina se afastar, não dando muita atenção para a resposta do marques que não para de falar.

—________

Catarina entra furiosa em seu quarto, acompanhada de Lucíola.

— Quem ele pensa que é? Que tipo de idiota faz isso?

— A quem vossa alteza está se referindo? Ao Marquês?

Catarina vai até a cômoda, apoia os braços e se olha no espelho.

— Primeiro ele morre, depois revive e agora que eu achava que estava tudo bem, ele decide romper o nosso casamento...

— O príncipe Afonso? Não entendo, alteza. Por que ele faria isso? – Lucíola está atrás dela sem entender nada.

— PORQUE ELE É UM IMBECIL. – Catarina derruba tudo o que está sobre a cômoda em um ataque de fúria.

—_______

Afonso encontra Cássio pelo corredor do castelo.

— Alteza, como foi com a princesa?

— Como o esperado, Catarina é uma mulher de poucas palavras, se comportou como uma verdadeira dama, se quer esboçou surpresa ao me ouvir falar que romperia o casamento.

Cássio não diz nada, mas em seu rosto é possível notar a decepção, talvez, se Catarina pedisse, Afonso pudesse mudar de ideia.

—--------

À noite.

Todos estavam sentados à mesa jantando. Catarina agia como se nada tivesse acontecido, Afonso a observava voluntariamente.

— Nos conte melhor como foi essa história de voltar a vida Afonso... – Pede o rei Augusto.

Afonso sorrir sem jeito.

— Eu não voltei a vida Majestade, apenas estava ferido, impossibilitado de voltar a Montemor.

— Mas vossa Majestade não podia mandar ao menos uma mensagem para tranquilizar a todos? – Questiona Demétrio que também está sentado à mesa.

— Não achei prudente contar a minha verdadeira identidade a estranhos. Então, não havia como enviar nenhuma mensagem. – Responde Afonso secamente.

Catarina passa a observa-lo.

— Então, as pessoas que o acolheram não sabiam que estavam cuidando de um rei? – Istvan fica surpreso.

— Não, eles não sabiam. – Afonso queria poder mudar logo de assunto, não gostava de falar sobre isso, pois tinha medo de cometer algum deslize e entregar Amália e sua família.

— Isso foi muito inteligente. Um rei nunca está completamente seguro fora de seu reino. – Diz Cássio

— Ás vezes nem mesmo em seu reino. Veja, nesse mesmo dia rebeldes roubaram um pagamento de Artena, nessa mesma região. E no dia seguinte invadiram o castelo e fizeram a Rainha de Abadom de refém. - Diz o rei ao beber mais um pouco de vinho. 

Afonso se interessa pelo assunto, finalmente iria saber o que havia acontecido naquela noite.

— Conseguiram pegar os responsáveis por isso? – Pergunta ele.

— Infelizmente não, eu cheguei a ferir o braço de um dos arqueiros, mas nenhum homem ferido foi encontrado pela cidade. – Responde Demétrio.

A voz de Catarina é escutava pela primeira vez aquela noite:

— Porque, talvez, não tenha sido um homem...

Afonso olha para ela.

— O que a princesa quer dizer com isso?

— A princesa acha que o arqueiro ferido aquela noite possa ser uma mulher. – Responde Demétrio sorrindo, ele sempre subestimava as ideias ou suposições de Catarina.

— E por que não? – Catarina dirige seu olhar para Afonso. - Vossa alteza também acha que uma mulher é incapaz de manipular uma arma?

— Não, eu não acho. Mas é um tanto improvável. – Afonso se lembra do machucado no braço de Amália.

— Em casos como esse todas as opções deveriam ser levadas em conta. – Pondera Catarina.

— As mãos de uma donzela não foram feitas para pegar em armas princesa. E sim para pegar em rosas. – Responde o marquês.

Catarina revira os olhos ao escutar Istvan falar, Afonso percebe a reação da princesa e ri disfarçadamente.

— Mas e aquele homem que quase perdeu o pescoço? Ele não era culpado? – Fala o marquês em meio a risadas, mas ao perceber que todos na mesa permanecem sérios, ele fica sem graça.

Afonso se lembra do que Thiago havia dito sobre o jardineiro.

— Ele era culpado. – Responde o rei. Ele olha para Afonso para explicar. – Um velho empregado do castelo, foi manipulado para ajudar os rebeldes, ele foi condenado a forca, mas eu o perdoei.

Afonso sorri concordando. Augusto era definitivamente mais astuto do que ele podia imaginar. Seus olhos pairam sobre Catarina que está o olhando.

—________

Após o jantar, Afonso e o rei Augusto foram até a sala de reuniões para conversar.

— Então, meu querido futuro genro. – Diz Augusto ao sentar em uma linda e confortante cadeira. – Estive pensando e acho que o casamento poderá ocorrer em breve, no máximo, daqui um mês.

Augusto continua a falar sobre o casamento não dando chances a Afonso de dizer algo, ele então decide interromper o rei.

— Não haverá casamento majestade. Eu estou aqui porque quero cancelar o acordo.

Augusto olha assustado para ele. De tudo o que ele podia imaginar escutar, aquilo estava fora de cogitação.

— Acho que não escutei direito. Não é possível que...

— Foi exatamente isso que vossa majestade escutou, não quero me casar com vossa filha.

Augusto se levanta e ri.

— Como não quer? Você não tem que querer, é sua obrigação. A rainha Crisélia deu a palavra dela, você não pode simplesmente desfaze-lo.

— Eu entendo o que vossa majestade está dizendo. Mas minha vó não assinou nada, esse acordo foi apenas um combinado entre vós.

— A palavra de um rei e de uma rainha, vale mais que um papel assinado. – Diz Augusto já alterado.

— Sim, e eu sinto muito em ter que passar por cima da palavra de minha querida avó. Mas hoje eu sou o futuro rei de Montemor, preciso pensar no que é melhor para meu reino.

— Graças a esse casamento, Artena e Montemor seriam um só reino. Nós nos tornaríamos uma das maiores potências de toda Cália, a questão da falta de água chegaria ao fim. Não entendo, o que poderia ser melhor do que isso?

— Entenda majestade, Montemor possui alianças com outros reis, e nem todos eles possuem alianças com Artena, unir nossos reinos poderia romper acordos importantes, gerar instabilidade política.

— O príncipe prefere condenar seu povo a seca, para evitar instabilidade política?

— Em breve a questão da água não será mais um problema para meu reino. – Augusto se surpreende com as palavras de Afonso que continua. - Construiremos um aqueduto no Monte de Óbidos que levará água até Montemor.

— Um aqueduto é uma obra cara e demorada, Montemor sozinho não seria capaz de uma obra dessa grandiosidade...

— Lastrilha. Eu tenho um acordo com o rei Otávio, ele nos ajudará em tudo o que for necessário.

Augusto se senta na cadeira novamente, perplexo.

— Entendo. Quem mais teria interesse em parar o crescimento de Artena se não o rei Otávio?

— Eu procurei o rei Otávio para propor uma nova aliança.

— E suponho que ele não tenha pensado duas vezes antes de aceitar. – Augusto se levanta e caminha devagar pela sala, se ele pudesse mataria Afonso ali mesmo, naquele momento. - E Lastrilha também fornecerá água para Montemor até que o aqueduto fique pronto?

— Não, vossa majestade sabe que o único reino capaz de fazer isso é Artena.

— E o que o leva a crer que eu manterei o acordo que temos depois de você romper parte dele, a parte mais importante dele.

— Artena tem recebido um valor justo pôr a água todos esses anos, em um acordo que beneficia ambos os reinos, não vejo motivos para não continuarmos...

— Não vê motivos? Toda Cália sabe de vosso casamento com a minha filha, recusar a mão de Catarina é uma ofensa que jamais pensei em ter na minha vida.

— Não precisa ser assim, vossa majestade pode dizer que foi Catarina que não quis se casar, que foi vossa vontade romper o acordo. Eu jamais o negaria. – Ele se aproxima do rei. - Majestade, não é minha intenção, ofender a vós ou a vossa filha. Muito pelo contrário, gostaria de manter a boa relação entre nossos reinos.

Augusto ri, incrédulo.

— Você ainda é muito novo, muito inexperiente, ainda não sabe o peso da coroa de um rei... – Ele respira fundo. - Eu preciso pensar, amanhã lhe darei uma resposta. Agora, por favor, peço para que se retire, preciso ficar sozinho.

Afonso consenti com a cabeça e sai do ambiente.

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Afonso entra no quarto seguido de Cássio.

— Pela vossa expressão, acredito que a conversa não tenha sido fácil.

— O rei Augusto se sentiu completamente ofendido com a minha recusa, não sei se manterá o acordo de água em troca de minério.

— Mas alteza, Montemor depende dessa água, pelo menos até que o aqueduto fique pronto. – Diz Cássio preocupado.

— Eu sei Cássio. Ele irá me dá uma resposta amanhã, agora só nos resta aguardar.

— Me perdoe alteza, pela franqueza de minhas palavras, mas tem certeza de que tomou a decisão correta? Cancelar esse casamento pode colocar Montemor em uma guerra.

Afonso respira fundo, ele queria, precisava, se agarrar a aquilo que acreditava ser o melhor.

— Eu preciso acreditar que sim Cássio, pois não voltarei atrás.

—------------

Lucíola entra no quarto da princesa que está à espera de notícias.

— Então, o que descobriu? – Pergunta Catarina ansiosa.

— O príncipe Afonso acaba de sair da sala de reuniões com uma cara nada agradável, vosso pai convocou todos os conselheiros do castelo e estão todos conversando agora.

Catarina, caminha de um lado para outro.

— O que será que meu pai irá fazer? O que será? – Ela fala baixo com ela mesma.

Lucíola intervém.

— Vossa alteza, não acha que deveria ter avisado seu pai dos planos do príncipe Afonso.

Catarina a olha irritada. Respira fundo.

— Se eu tivesse tido a chance, teria falado, mas meu pai passou o resto da tarde perambulando com Afonso e Istvan pelo castelo.

— Vossa alteza não deveria ficar não nervosa, isso não a fará bem...

Catariana vai até a janela, afasta a cortina, e olha para o céu.

— Eu estava lembrando das palavras da mandingueira, ela disse que a decisão de um homem traria consequências terríveis para todos. Talvez, esse homem seja Afonso, ou talvez, meu pai.

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Augusto está na sala de reuniões com diversos conselheiros.

— O príncipe Afonso perdeu completamente o bom senso. É inadmissível que um nobre tenha esse tipo de comportamento. Romper um compromisso dessa magnitude assim... – Diz um dos conselheiros.

— Exatamente. Essa é uma ofensa direta ao rei, a princesa, e a toda Artena. – Pondera outro.

— É preciso ter cautela. De fato, a atitude do príncipe, abala qualquer aliança existente entre os dois reinos. Mas o mais importante agora, é pensar se o acordo de água em troca de minério, será mantido, já que não podemos obriga-lo a se casar. – Diz Demétrio calmamente, era incrível a capacidade dele de manter a serenidade em qualquer situação.

Augusto que está pensativo e distante, diz com a voz embriagada de ódio.

— A partir desse momento, nenhuma gota de água saíra de Artena para Montemor. 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Treta treta TRETA!!! Augusto querendo tacar fogo no parquinhooooo
O próximo capitulo não deve demorar, então, até breve!!!
Obrigada por todos que estão lendo, acompanhando, comentando e espero que não desistam da história, pq eu vou tentar continuar firme daqui!!!



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