Viraha escrita por PolarBear


Capítulo 3
Uma antiga amizade.




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(Praça principal da cidade — 13:23 — Segunda-Feira) 

— Então quer dizer que qualquer um pode entrar no exército da coroa? 

Perguntou uma mulher que passava curiosa ao guarda. 

— Espere, deixe que façamos a declaração da competição para todos. 

Assim que ele disse o próprio tenente Harold se prontificou diante de todos no meio da praça pedindo a atenção da multidão. 

— Senhores! Eu tenente Harold do exército real estou aqui para lhes informar que daqui uma semana irá ocorrer uma competição para qualquer um que queira entrar no exército, são poucas as vagas e portanto serão classificados em fases, quem ficar até as fases finais tem a possibilidade de entrar e se caso me derrotar após a competição tem a chance de concorrer a um posto bem próximo ao meu. 

Murmúrios passavam por toda a multidão que se reunira ali. 

— Mas senhor. — Uma voz saíra da multidão. — Isso não vai dar oportunidade a quem está contra o rei se aproximar? 

— É por isso que as fases não serão apenas batalhas. 

— E quais outras vão ter? 

— Bom isso ainda é uma surpresa, vamos divulgar essas informações no dia da competição. Para quem quiser se inscrever, basta vir aqui nesta praça a partir de amanha que vamos estar esperando. 

Assim que o tenente saiu à multidão se alastrou e a notícia passou a correr por todo o reino. 

 

(Um pouco antes no castelo — 10:11 — Segunda-Feira) 

— Senhorita! Vamos! Vamos! Levante-se. O príncipe Joseph e o rei estão esperando por você. 

A criada Mary dizia enquanto abria a cortina e deixava que o sol inundasse o quarto com sua claridade. 

— Me esperando? 

— Sim eles querem conversar com você sobre o que se passou ontem a noite. 

Claire respirou fundo e se levantou, não falara com o pai ainda e seu irmão andara muito ocupado depois que começou as aulas de reinado, mas isso não iria ser o suficiente para que ela ficasse no quarto. 

 

Ela entrou na sala interrompendo uma conversa entre Arturo, Joseph e Harold. 

— Claire! — Joseph exclamou. — Finalmente você chegou. Estávamos falando justamente de você. 

— E sobre o que era em relação a mim exatamente? 

— Bom. — Joseph começou e Claire pode ver os olhares de Harold e Arturo se cruzarem um pouco incomodados. — O que aconteceu ontem a noite, não era algo que esperávamos... — Ele respirou fundo. — Estávamos discutindo e chegamos à conclusão que. 

— Você não está segura. 

Arturo cortou Joseph fazendo com que todos na sala o encarassem. 

— Segura? — Claire pareceu confusa. — Eu estou bem. 

— Agora. Em outro caso você poderia estar morta ou em um lugar bem distante com pessoas nada agradáveis. — Essa foi a vez de Harold falar. — Eu não posso estar sempre a sua disposição princesa, mas um de meus guardas pode. 

— Espera, vocês não vão mandar um cara ficar no meu pé o tempo todo né? 

— É para seu próprio bem Claire. — Joseph chegou mais perto. — Não queremos que nada aconteça com você por imprudência nossa. 

— Eu não acredito, já bastava eu estar presa nesse castelo, agora um guarda para me vigiar também!? — Ela gritou. — Vocês não dão a mínima para o que eu sinto! 

— Claire não se atreva a utilizar esse tom grosseiro na minha frente. — O rei falou num tom severo. — Você não está presa aqui, nunca esteve, se quiser sair desse castelo as portas estão abertas. 

— Sair? Junto com metade do exército? Joseph pode sair livremente, por que eu não? 

— Ele não sai livremente, sai junto com Isaac, seu guarda pessoal, agora está na hora de você ter um também, quem sabe você não pode sair apenas com ele e mais alguém. 

— Claro, sempre “e mais alguém” 

— Claire pare de reclamar, queria ver a sua cara se você estivesse em apuros, ia se lembrar de nossas palavras e começaria a chorar! — Joseph gritou deixando Claire finalmente quieta. — Vamos arranjar alguém para ficar com você e se você colaborar talvez possa escolher. 

Ela revirou os olhos, mas concordou. 

— Então venha, sente-se. — Disse Harold e assim que todos se sentaram ele continuou. — Bom, eu e o rei decidimos fazer um evento para que qualquer um da cidade possa concorrer a algumas vagas no exército. 

— Qualquer um? 

Claire pensou no homem da noite passada, ela não havia descoberto o nome dele, nem mesmo algo sobre seu passado, na verdade ele era um mistério completo, a única coisa que sabia era a aparência de seus olhos. 

— Sim, haverá algumas fases, em que eles terão que provar que merecem estar no exército, alguns deles que passarem se tornarão apenas membros do exército, mas o que vencer todas as etapas vai se tornar o seu guarda pessoal. 

— E porque vocês falaram que eu vou poder escolher se já está predestinado? 

— Porque pode ter mais de um vencedor em primeiro, portanto um deles será escolhido para ser seu guarda pessoal, se caso haver somente um então você não terá uma escolha. 

Claire olhou feio para Joseph que deu um sorriso sarcástico. 

— Está bem para você, princesa? 

— Sim, mas que tipo de fases. 

— Bom... 

Os quatro passaram a discutir e planejar como aconteceria cada etapa da competição. Joseph quase podia jurar que Claire só não concordava com algumas coisas pois eram ideias de seu pai, os dois pareciam estar brigando no meio da conversa. 

 

(Naquela mesma taverna movimentada outra vez — 01:42 — Terça-Feira) 

— Ravi. — Leo chamou o garçom conhecido — Mais uma por favor? 

Ele riu. 

— É pra já. — Assim que trouxe a outra bebida ele estranhou. — O que aconteceu com você? 

— Comigo? Bom, o de sempre sabe. 

— Tem a ver com aquela mulher de ontem? 

— Bom, não exatamente. 

— Leo, não confie demais nessa gente, estão sempre prontos para passar a perna em você. 

— Não se preocupe, não é isso. 

— Então me conte, sou famoso por conselhos. 

Leo riu um pouco também. 

— É uma garota. 

— Uma garota? — Ravi levantou as sobrancelhas duas vezes. — Parece que você está amadurecendo garotão. 

— Não nesse sentido! — Leo protestou, mas Ravi não parava de fazer caretas. — Olha acontece que ela me pediu um favor. 

— Que tipo de favor? 

— Um favor que eu não podia cumprir e agora eu estou indo embora, mas algo me diz que eu deveria voltar e ajuda-la. 

— Olha Leo, nunca é bom deixar alguém na mão, se você sente que ela realmente precisa de você e fazer isso por ela vai valer mais a pena do que seguir com sua própria vida, então você deveria voltar. 

— Mas não posso fazer o que ela pediu. 

— Me diga o porquê. 

— Bom. — Leo olhou para os lados, aquela hora a taverna não estava tão cheia, o que era um pouco esquisito, como normalmente ela era bem movimentada. — Essa menina queria que eu a ajudasse fugir de sua casa e a levasse para um lugar bem longe. 

— E qual o problema nisso? 

— Que ela não é uma garota qualquer. 

— E eu posso saber quem ela é? 

— Claire Eliott. 

Ravi deixou o copo que esfregava cair de suas mãos e quebrar no chão, o que atraiu alguns olhares. 

— Você está louco? O que fazia com ela? Como a conhece? 

— Olha Ravi isso é uma longa história, acontece que eu preciso ajuda-la.. 

— Você perdeu a cabeça? Se fugir com ela, a coisa mais bondosa que pode te acontecer é que te arranquem as tripas. Sem falar dos outros que irão procurar por vocês para ganhar alguma recompensa. 

— Não sou tão burro assim! — Disse Leo aumentando o tom de voz e logo se preocupando com os olhares. —  Olha, não vou fugir com ela. — Ele acalmou Ravi um pouco. — Ela não gosta de viver no castelo, sonha com uma vida normal, mas se eu pudesse mostrar pra ela que a vida no castelo pode não ser tão ruim talvez isso ajudasse ela a se sentir melhor. O que me preocupa mesmo é como eu iria me aproximar dela. 

— Entre para o exército. 

— Não seria tão fácil assim. 

— Leo, você é forte, sabe lutar, tem habilidades que eu nunca vi alguém ter em toda minha vida, é claro que você foi treinado ou algo assim, entrar para o exército será fácil. 

— Então você acha que se eu chegar no castelo e pedir para o rei ele vai deixar? Me tornar um mero guarda não vai me aproximar dela tanto assim sabe? 

— Seu burro, tem uma competição. 

— Competição? 

— Sim eles anunciaram hoje, as inscrições abrem amanha de manhã, quem conseguir se classificar bem pode conseguir um posto alto, talvez um próximo a própria princesa. 

Uma luz se acendeu na cabeça de Leo, tudo parecia favorece-lo. 

— Você quer virar guarda ou o namoradinho da princesa? 

Uma voz feminina familiar soou atrás de Leo. 

— Diana? — Leo se levantou surpreso. — O que faz aqui? 

— Estava de passagem. — Ela o abraçou. — Então eu vi alguém sentado num balcão, alguém que eu nunca poderia esquecer. 

Ele sorriu, sentia a falta dela, mas sempre temia acontecerem coisas ruins quando estava perto dele, ela sempre atraia problemas.

— E como andam as coisas com você? 

— Já estiveram melhores. Mas parece que com você está maravilhoso. 

Ela riu. 

— Maravilhoso entre aspas. 

— Por que? 

— Bom, eu estava de saída da cidade, mas achei melhor entrar para o exército. 

— E por que você quer entrar para o exército? 

— Bom é uma longa história, mas é para ajudar uma pessoa. 

— E você vai deixar de seguir seu plano por uma pessoa qualquer? 

— Bom, acho que ela vale a pena. 

“Ela” Essa palavra soou nos ouvidos de Diana. 

— Então quer dizer que você finalmente se apaixonou? 

Ela não parecia muito animada com a pergunta sarcástica. 

— Por que todos pensam isso? 

— Porque ninguém deixa de seguir a própria vida por uma pessoa qualquer. 

— Mas ela é apenas uma amiga. 

— Assim como eu? 

— Não. — Diana o encarou confusa. — Quer dizer, é diferente, eu não a conheço a tanto tempo assim. 

— Mas o tempo não quer dizer nada. 

— Diana você sabe muito bem que a nossa amizade não é como outra qualquer, já passamos por muita coisa, nada se compara a isso. 

Ela abriu um sorriso.

— Então o que estamos esperando? Vamos beber! 

Ele riu e Ravi trouxe mais bebidas aos dois. 


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