À Procura de Adeline Legrand escrita por Biax


Capítulo 88
Amizades de Longa Data


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoinhas!

Hoje vocês ficarão sabendo de muitas coisas legais! Estou muito animada!

Tenho algo a dizer para vocês lá embaixo.

Boa leitura!



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Andei calmamente pelas ruas, saindo do parque. Sabia que precisava encontrar Natanael no meio do caminho para irmos a algum lugar. Eu me sentia ansiosa e quente, de alguma forma. O sol batia na pele do meu rosto, braços e colo. Era agradável, mas estava começando a me deixar inquieta, e eu sabia que que aquela sensação só passaria quando eu o encontrasse. Acelerei o passo e acabei indo para o apartamento dele, que continuava vazio, com exceção das poucas coisas que haviam ali, e agora, um sofá novo pousava no chão no centro do ambiente.

Assim que me aproximei, senti algo deslizar por minha nuca. Meus cabelos estavam presos, o que dava total acesso àquela região. Lábios pousaram ali em um beijo demorado, sendo arrastado para a lateral do meu pescoço, parando atrás da orelha.

“Eu estava te esperando”, sussurrou ele, com o ar quente soprando minha pele. Era como se o sol estivesse sobre mim novamente, porém, sem luz alguma.

Fechei os olhos, querendo aprimorar aquelas sensações, esperando o seu próximo passo. O senti dar a volta e parar em minha frente. Seus lábios tocaram meu queixo uma, duas vezes, para seguirem para minha boca. Retribuí aquele beijo com toda paixão que pude, com toda a saudade que eu sentia, com toda a vontade que eu estava dele. Suas mãos seguraram minha cintura e deslizaram para as costas, me dando maior apoio. Grudei meu corpo no dele, desejando mais contato e ele o fez, me apertando.

Os beijos foram para meu rosto e desceram, para meu maxilar e pescoço. Ergui o queixo, dando mais espaço para ele e suspirei enquanto seus lábios deslizavam pelas clavículas. Sentia nitidamente o coração acelerado, a pele ardente, querendo mais. Abri os olhos enquanto ele subia novamente, tomando minha boca.

Estranhei ao ver que ele estava de óculos e automaticamente olhei para baixo, notando sua camisa social e colete. Travei no lugar, tentando raciocinar se o que eu estava fazendo era certo.

“O que está pensando?”, perguntou Nathaniel, tocando meu pescoço com uma mão. Seu olhar de psicólogo parecia enxergar qualquer mínimo detalhe que vagava em minha mente confusa.

Pulei da cama ao sentir uma leve mordida no dedão do pé e quase chutei Jerry para fora. Rapidamente recolhi as pernas e me sentei, passando as mãos no rosto, soltando todo o ar pela boca. Meu corpo todo pulsava. De desejo, de nervoso, de culpa.

Eu não me importaria de sonhar com isso se eu não ficasse me sentindo culpada! Por quê? Eles… Os dois são a mesma pessoa, não são? Por que eu estou me sentindo assim?

O interfone tocou. Joguei as cobertas para o lado e fui atender. Era o porteiro dizendo que o sofá de Natanael tinha chego, e eu liberei a subida. Nem troquei de roupa, apenas dei uma lavada na cara e fui esperar em frente ao elevador de carga.

Nate tinha me pedido para receber o estofado caso ele não estivesse aqui e deixou a chave comigo. Até que entregaram bem rápido.

Um minuto depois, os dois rapazes chegaram, empurrando o sofá pelo corredor. Abri a porta do apartamento e deixei eles colocarem o móvel no centro da sala. Assinei os papeis necessários e agradeci, e eles rapidamente foram embora.

Pelo menos o sofá era diferente do meu sonho.

Peguei o estilete que estava em cima da pia e abri o plástico com cuidado, para caso precisasse cobrir novamente na próxima demão de tinta. Deslizei as mãos no tecido aveludado e aproveitei para deitar, só para testar e saber se meu vizinho tinha feito uma boa compra. E realmente tinha. Era um belo estofado azul marinho de dois lugares enormes, muito confortável.

Eu não podia baixar minha guarda, ou ficaria lembrando daquele sonho, então levantei e comecei a cobrir o móvel.

— Ah, chegou. — Tomei um leve susto ao ouvir Natanael entrando no cômodo. — Estava testando?

— Claro, precisava saber se você fez uma boa compra.

Ele aproximou-se e tirou o plástico, se sentando em seguida. — É confortável mesmo… Hoje a Priya tem uma festa para ir, mas vai dar uma passada aqui. Eu falei que ficamos curiosos para saber algumas coisas da sua outra vida.

— E ela não liga de vir?

— Não, na realidade ela adora descobrir sobre as vidas passadas das pessoas.

— Ah… Então tudo bem. Eu vou… tomar café e me trocar. Volto depois.

— Ok, sem pressa.

Voltei ao meu apartamento e comi uma tigela grande de cereais, algumas torradas com manteiga e café. Depois me troquei e fui para a casa de Natanael, o encontrando já dando a segunda mão de tinta na parede do fundo. Peguei o segundo rolo e comecei a ajudar. Assim que eu terminei aquela parede, o interfone tocou e Natanael foi atender. Pouco depois Priya chegou, sorrindo ao me ver.

— Começaram a trabalhar cedo, hein? — Ela brincou. — Bonita essa cor. — Indicou a parede, se aproximando de mim e baixando o tom da voz. — E aí, teve algum progresso?

— Progresso? — indaguei, baixinho.

— É, com o Nate. Estou sentindo um ar diferente entre vocês. — Meu rosto esquentou e eu neguei, voltando a trabalhar assim que o dito cujo voltou. — Gostei do sofá.

— Fiz uma boa escolha, não? — Natanael foi se sentar nele, a convidando para se sentar ali também e assim ela o fez.

— Sim, sim. Bem bonito e confortável. — E ela esfregou as mãos. — Então... Eu não posso demorar muito. Tenho no máximo uma hora, sou uma mulher muito ocupada, sabe?

Natanael riu. — Ah, sei. Heloise, por favor. — Se levantou, indicando seu lugar.

Já um pouco ansiosa, larguei o rolo em cima dos jornais e fui me sentar. Priya virou, cruzando as pernas, ficando de frente para mim. Fiquei na mesma posição que a dela.

— Vamos ver... Me dê suas mãos. — Ela deixou as mãos abertas em cada joelho e eu deixei as minhas acima das dela, e assim ela fechou os olhos. Sua pele era muito macia e quente.

Um silêncio se instalou ali. Olhei rapidamente para Natanael, que tinha se sentado no chão de frente para nós, e ele sorriu, como se dissesse “é assim mesmo, fica tranquila”. Alguns minutos depois, Priya pigarreou.

— Eu consegui ver alguns grupos... Hippies. Você fez parte do movimento hippie nos Estados Unidos... — começou a contar, ainda de olhos fechados. — Você se juntou ao movimento na adolescência... sempre foi contra qualquer tipo de guerra e violência... Você participava de protestos contra a guerra do Vietnã — acrescentou, surpresa.

Encarei Natanael com os olhos arregalados, e ele estava tão surpreso quanto eu.

— Eu ainda fico surpresa com esse tipo de coisa... Enfim... Você participava frequentemente dos protestos, andava junto com os grupos... Seus pais ficaram muito decepcionados com sua atitude, te expulsaram de casa... Mas... alguns anos depois você contraiu HIV por um namorado... Você morreu com vinte e sete anos por causa da doença, mas morreu feliz...

Fiquei sem palavras para aquela última parte. Eu nunca imaginaria que teria sido hippie e ainda morrido com HIV...

— Você... teve uma amiga mais velha que também faz parte da sua vida agora... Uau, a amizade de vocês é de longa data, consigo sentir o amor que vocês compartilham desde... muitas vidas atrás.

Meu pensamento foi automaticamente na minha melhor amiga. — Íris?

— É, é ela sim. Vocês enfrentaram muitas coisas juntas... Mas em algum momento, uma terceira pessoa interferiu na amizade de vocês, como se... tivesse roubado seu lugar. Vocês não foram próximas, apesar de se conhecerem de vista. Isso foi em uma vida aqui, em Paris.

Mas como eu posso saber quem era? — Você não consegue descobrir o nome dela? Como a minha amiga se chamava?

— É difícil... Eu não consigo ver nomes muito bem, ou escritas... Eu consigo sentir que você teve amizade com o parceiro dela naquela vida, quando eles já estavam juntos e... ainda estão. Vocês são muito amigos aqui, os três.

— Castiel? Espera, então... — Se eu tive amizade com o Castiel e a parceira dele continua sendo a Íris nessa vida... Denise?! A Íris é a reencarnação da Denise?!

— Sim, é ele. Castiel e Íris, são amigos seus de longa data. Igual o nosso querido Natanael aqui. Vocês se conhecem há muito tempo, nem sempre estiveram no mesmo lugar, mas sinto que... sempre estiveram juntos quando era possível.

Natanael me observou com um sorriso leve. — Lembra que você comentou comigo uma vez sobre a Maria? Quando você viu aquele desenho que estava no sótão.

— Lembro. A Maria teve contato com você, Heloise, mas... é um pouco confuso. Tentando ver agora, não consigo ver muita coisa sobre a amizade de vocês. Para a Maria foi algo muito forte, que fez muita diferença em seu amadurecimento quando jovem...

— Quem era ela? — perguntei, já com um nome em mente.

— Filha de um casal com muito dinheiro, donos de uma loja de roupas famosa na cidade.

Adeline! Eu não estou acreditando nisso! — Adeline Legrand! — Soltei, sem nem pensar.

— Legrand? — Natanael questionou. — Você não disse que essa é a família da sua amiga?

— Sim, a família da Íris — concordei, animada. — Adeline é tetravó da minha amiga.

— Caramba, que rolo é esse? — Ele deu risada. — E como você sabe que era ela?

— Porque Íris me contou que há muitos anos, a família teve uma loja muito famosa na cidade, mas que faliu por causa da guerra. A tetravó dela foi a última integrante da família a trabalhar lá, a Adeline.

— Isso é muito legal — comentou Priya, liberando minhas mãos e se espreguiçando. — Eu amo esse dom que eu tenho, descobrir tantas coisas... É maravilhoso.

— Concordo, bem que eu gostaria de ter também.

Ela sorriu e piscou. — Quem sabe em uma próxima vida. Bom, crianças, eu preciso ir. Foi muito divertido. — Se levantou, ajeitando as roupas.

— Obrigada pela ajuda, Priya. Eu gostei muito de saber de tudo isso. — Levantei também.

— Por nada. Podemos fazer de novo outro dia.

— Combinado!

— Vai, me leva até a porta. — Cutucou Natanael quando ele se pôs de pé. — Até mais, Helô!

— Até!

Eles se afastaram, e eu poderia jurar que ela começou a cochichar alguma coisa para ele, pena que eu não consegui ouvir.

É maravilhoso saber que Íris é a Denise. Deve ser por isso que nos demos tão bem desde o início, quando eu cheguei na pensão. Sem falar Maria, que se afeiçoou comigo tão rapidamente porque eu acabei fazendo uma baita diferença em sua vida passada... Como as coisas são loucas.

Mal percebi que Natanael tinha voltado e estava me observando. Eu devia estar sorrindo sozinha igual uma idiota, pois ele parecia se divertir.

— Desculpe, eu não queria te atrapalhar — disse ele, indo até o sofá e o cobrindo com o plástico. — Com certeza você está pensando em um milhão de coisas.

— É, estou mesmo. — Dei uma risadinha sem graça.

— Você não está com fome? Eu estou ficando. — Natanael parou em minha frente. — Podemos... comer fora — sugeriu, fazendo uma carinha inocente.

Não pude evitar do meu coração se acelerar com a aproximação dele. Tentei manter a voz uniforme, o que foi difícil.

— A Priya te falou para me chamar para ir comer?

— Não, na realidade ela me disse para te beijar logo.

Eita...

Minhas bochechas esquentaram, minhas mãos gelaram e eu paralisei. Baixei o olhar, envergonhada, mas sabia que nada daquilo poderia enganar a nós dois. Eu queria beijá-lo mais do que qualquer coisa.

Voltei a olhar em seus olhos, ao mesmo tempo que sentia sua mão segurar a minha. Natanael se aproximou e juntou seus lábios nos meus, delicadamente. Com a mão livre, toquei seu rosto, sentindo sua pele macia, e deslizei para nuca, ansiando tocar aqueles cabelos novamente, agora grandes.

Eu não sabia como, mas antes tinha certeza de que estava apaixonada por Nathaniel. Agora, eu tinha ainda muito mais certeza de que estava apaixonada por Natanael, como nunca achei ser possível. E, de alguma forma, eu conseguia sentir que eu não estava sozinha.

Natanael também estava apaixonado por mim. Conseguia sentir em cada toque dele, em cada respiração dele sobre o meu rosto, em cada segundo que ficamos ali, nos beijando. Talvez agora ele sentisse a mesma saudade que eu sentia.

E eu não poderia estar mais feliz.


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Notas finais do capítulo

Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah ~reação de todos vocês

Vocês também estão eufóricos? Querendo soltar fogos e cheios de brilhos e coração na cabeça? Porque eu estou shaushua O coração dança de tanta felicidade em ver esses dois juntos!

Então, passada a alegria, tenho uma notícia que provavelmente vocês imaginam qual seja. Sim, a história está acabando. Eu estou bem dividida entre ficar feliz (por finalmente acabar uma história que eu não planejava ficar tão longa) e triste, justamente porque me apeguei a esses bebês e será estranho não escrever mais com eles. Mas eu acho que chegou a hora de começarmos a nos despedir. E eu estou fazendo textão que deveria ser escrito no último capítulo kkkkk

Calma que eu planejei escrever até o cap. 90, sendo o último o epílogo. Vocês ainda têm mais um tempinho para dizer adeus ~nãoo aprendi a dizer adeussss (Obrigada, Ester)

Enfim, gostaram desse capítulo? Vocês devem ter morrido levemente no começo (muahaha), mas acho que dei uma compensada com o final :3

Espero muito que tenham gostado. Até mais o/



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