À Procura de Adeline Legrand escrita por Biax


Capítulo 45
Ameaça


Notas iniciais do capítulo

Oi, povinho!

Já vou avisando que hoje... teremos uma quase treta.

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/760597/chapter/45

— Heloise? — Viviane me chamou, enquanto fechávamos a loja. — Seria pedir muito para que você continuasse vindo?

— Continuar trabalhando? — questionei surpresa. — A outra moça não voltará amanhã?

— Voltará, mas estou vendo que você leva jeito com o trabalho. Recebi muitos elogios sobre seu atendimento, e eu particularmente acho que seria uma grande burrada deixá-la partir.

— Ah... Eu... não sei. Acontece que não sei quando precisarei retornar para casa. Acho que seria irresponsabilidade minha informar em cima da hora quando precisar ir embora.

— Bom, desde que informasse um dia antes, não veria problema nisso.

— Mesmo? Então tudo bem. Continuarei vindo.

— Oh, que ótimo! — Ela deu um sorriso. — Então até amanhã.

— Até!

Saí da loja saltitante. Assim eu não perderia contato com Adeline e poderia continuar de olho nela. Com certeza o admirador não pararia de mandar as cartas, e na realidade, a previsão era que a quantidade aumentasse.

Que dia agitado. E pensar que domingo passado... Eu estava no presente, com Nathaniel em minha casa. Viajar no tempo era uma coisa de louco... Ou de deixar qualquer um louco.

Faz menos de duas semanas que cheguei aqui, mas me parece que faz um mês, ou até mais... E eu sinto como se... aqui fosse a minha casa, apesar de sentir saudade do meu apartamento. É uma sensação bem doida.

Voltei à pensão, encontrando Oliver na recepção, que me viu entrando e sorriu.

— Olá, Heloise... Tem alguém te esperando.

— Quem?

— O senhor Lange. Veio perguntar se você estava, e eu disse que normalmente chegava as quatro em ponto do trabalho... — Comecei a sentir meu estômago gelar. — Ele está lhe esperando no pátio.

Engoli seco, ficando nervosa. — Obrigada, Oliver.

Saí de lá apressadamente para o pátio, sentindo as mãos ficando geladas. Será que algo tinha acontecido com Nathaniel?

Assim que saí do corredor, indo para fora, vi Lysandre em uma das mesas redondas de ferro, anotando algo em um caderno pequeno. Me aproximei, ficando atrás da cadeira em sua frente.

— Senhor Lange...?

Ele ergueu o rosto para me olhar. — Senhorita Dumas... — disse cordialmente, porém, de forma séria. — Gostaria de se sentar? — Indicou a cadeira.

Meu coração já estava quase saindo na garganta, e eu acabei me sentando. — Aconteceu alguma coisa?

— Depende. — Deixou a caneta dentro de seu caderno e o fechou, me encarando.

— Como assim?

— Eu vi o desenho que Nathaniel fez da senhorita. Ele não costuma desenhar qualquer pessoa, apenas os mais íntimos. E ele me jura que vocês não têm um caso. — Cruzou os dedos debaixo do queixo, apoiando a cabeça. — E o que a senhorita me diz?

Pisquei algumas vezes, tentando raciocinar. — Mas o que o senhor tem a ver com a vida amorosa dele? Que eu saiba, ele pode se relacionar com quem quiser, já é adulto e sabe o que faz.

— Aparentemente, não sabe, já que está se envolvendo com alguém que nem o nome registrado em cartório tem. Por que está usando um nome falso?

— O quê?

— Isto está me parecendo uma tentativa de golpe. A senhorita chega na cidade, vê o primeiro senhor aparentemente bem-sucedido e faz com que ele se interesse, e a partir daí, começa a se aproximar.

— Por que está dizendo isso? Você não sabe de nada — falei, na defensiva.

— Realmente, não sei de nada, e muito menos Nathaniel, que nem sabe me dizer de onde a senhorita veio, que, aliás, nem isso disse a ele.

— Ele sabe de onde eu vim, mas isso não diz respeito ao senhor. Não é porque ele é seu amigo que precisa dizer tudo o que você quer saber.

— Não, eu sei quando ele está mentindo. Além de psicólogos, somos amigos há muitos anos, eu sei reconhecer suas expressões. Ele não sabe, e aliás, só me disse com firmeza de que a senhorita é da França, mas não de onde especificamente. O que apenas confirmou o que eu pesquisei.

Pesquisou...? Ele andou pesquisando sobre mim? — O que pesquisou sobre mim?

— Qualquer informação que fosse útil. Mas é como eu disse. O nome da senhorita não está registrado em cartório, consequentemente não esteve em nenhuma escola, não possui ficha criminal e nunca teve uma ficha em hospitais.

— E como pode ter certeza? Quantas escolas e hospitais existem?

— Eu possuo muitos contatos, tanto na França como fora daqui. Acredite, eu sei do que estou falando. — Eu não sabia o que dizer, e ele só me observava. — O que me leva a crer em algumas opções. A senhorita poderia ser uma fugitiva da polícia, uma golpista, uma espiã, uma assassina ou uma pessoa mentalmente instável que fugiu de algum hospital psiquiátrico de outro país.

Comecei a rir ao ouvir tantos absurdos. — Quanta criatividade. Tem mais alguma teoria? — Fiquei séria novamente.

Lysandre permaneceu me encarando, não afetado por minha ironia. — Pode rir o quanto quiser, não fará diferença quando a senhorita estiver presa.

Aquela palavra me desestabilizou, mas não deixei que transparecesse. — Por que cismou tanto comigo a ponto de me ameaçar? O que eu fiz de tão errado?

— Simplesmente conseguiu fazer a cabeça do meu amigo, e sabe-se lá quais seus planos. Eu não posso deixá-la fazer o que bem quiser com ele.

— Eu não quero fazer nada a ele, não entendo o porquê tem tanta desconfiança de mim.

— É o que chamamos de instinto, e agora, somado a tudo, ou melhor, a nada que eu achei, acredito que tenho razão em desconfiar. Ou será que estou errado, Valentine Dupuis?

Hein?

— Não precisa fingir, eu já sei que seu nome não é Heloise Dumas... Encontrei sua irmã ontem no centro da cidade.

Franzi o cenho. — Minha irmã...?

Lysandre me olhou, pela primeira vez, parecendo irritado. — Eu achei que era a senhorita quando a vi, pois são muito semelhantes, mas ao começar uma conversa, ela me informou que se chamava Louise, e que sua irmã, Valentine, não havia ido com ela até a loja. Não precisa mais se dar ao trabalho de fingir ser quem não é, senhorita Dupuis, e se realmente deseja o melhor para Nathaniel e para si, será melhor que se afaste dele de uma vez, ou serei obrigado a informar a justiça sobre suas mentiras. — Levantou-se, pegando seu caderno.

Encarei a mesa, sem conseguir pensar em uma resposta. Não que faria diferença para ele.

— Aliás, sua irmã é uma jovem belíssima, educada e recatada. Provavelmente seria o par ideal para Nathaniel... Eu realmente espero não precisar tomar uma atitude contra a senhorita. Passar bem. — E saiu andando em direção ao prédio.

Eu não sei o que me choca mais. Lysandre me ameaçando ou ele ter encontrado alguém igual a mim aqui... Agora não sei se preciso me preocupar com ele. Se ele realmente fizer algo contra mim, serei obrigada a voltar para o presente e estragar a missão. O que está fora de questão, já que estou tão perto de conseguir.

Terei que tomar todo o cuidado possível, e... provavelmente me afastar de Nathaniel. Ou pelo menos fingir. Na realidade, queria muito falar com Nathaniel sobre isso. Eu não posso arriscar ir até a casa dele, as chances de Lysandre ir para lá são grandes.

Droga, o que eu faço?

Encarei o anel em meu dedo, pensativa sobre o que fazer. Eu precisava saber se ele estava ciente sobre esse chilique do amigo. Levantei e entrei na pensão, indo até a recepção.

— Oliver, será que posso usar o telefone? — Pedi assim que ele me viu.

— Claro que sim... Está tudo bem? — Me observou, preocupado com minha cara séria, empurrando o telefone em minha direção.

— Está sim. É... você tem o telefone de Nathaniel, por acaso?

— É só pedir para a atendente que ela repassa a ligação.

— Obrigada... — Olhei para o telefone, sem saber o que fazer com ele.

— Quer que eu ligue? — Ele riu da minha cara perdida.

— Por favor. — Dei um sorrisinho sem jeito.

Oliver levou a pequena peça pendurada até o ouvido, aproximando a base de seu rosto e discou um número, esperando uns segundos até falar. — Boa noite, Nathaniel Berger, por favor... Heloise Dumas... Obrigado. — E me passou o aparelho.

Coisa estranha.

Peguei, fazendo da mesma forma que ele havia feito e esperei.

Heloise? — Ouvi a voz de Nathaniel do outro lado, não tão nitidamente quanto esperava.

— Nathaniel, oi...

Aconteceu algo?

— Hm, sim. Lysandre esteve aqui há pouco...

Ah, não... O que ele fez?

— Eu acho que é muita coisa para falar aqui. Por acaso ele está aí com você?

Não, eu não o convidei hoje.

— Tem chances dele aparecer aí de surpresa?

Bom, pequenas chances, sim, apesar do horário. Quer que eu vá aí?

— Está ocupado?

Não.

— Se quiser, pode vir. Só não diga a sua governanta que... Você sabe.

Sim, já sei. Nada de dizer que vou te encontrar. Vou me trocar e logo estarei aí.

— Ok. Até mais.

Até.

Deixei a peça de volta no gancho. — Obrigada, Oliver.

— Por nada. — Puxou o telefone de volta ao lugar e me olhou. — Tem algo que eu possa fazer? — perguntou apreensivo.

Coloquei a mão no ombro dele e suspirei. — Me faça um favor. Se alguém perguntar, eu estarei dormindo, e quando Nathaniel chegar, diga para subir e não fale para ninguém que ele está aqui.

— Heloise... Por acaso o senhor Lange não aprova o relacionamento de vocês dois? — Corei ao ouvir aquilo. — Ah, me perdoe por falar assim... — disse, envergonhado.

— Não, tudo bem... Acho que já está óbvio, não está?

— Hm, sim, um pouco.

Eu sorri. — Não estamos em um relacionamento. As coisas só estão complicadas... Mas eu preciso desabafar com ele.

— Eu entendo. Pode deixar que farei o que pediu. Se precisar de mais alguma coisa, é só dizer.

— Obrigada, você é um amor. — Toquei o topo de sua cabeça e me virei para sair.

Subi para meu quarto e sentei no banco, esfregando o rosto, cansada.

Tudo bem, Heloise, vocês darão um jeito nisso.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Para quem estava pedindo por personagens odiáveis, aqui estamos kkkk

A que pontou chegamos, hein, Lysandre? Ameaçar nossa mocinha... Esperavam por essa? Acho que não xD

Espero que tenham gostado desse capítulo que causou vontades de socar aquele loiro.

Até mais o/



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "À Procura de Adeline Legrand" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.