À Procura de Adeline Legrand escrita por Biax


Capítulo 44
Interrogatórios


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoinhas!

Hoje veremos a detetive Dumas em ação!

Boa leitura!



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Esperei dar o horário do jantar, e já com o estômago nas costas, apesar de tudo, tranquei o quarto e desci, indo direto ao salão de refeições, que já estava enchendo. Como Armand tinha dito no outro dia, havia um senhor tocando melodias alegres e tranquilas no piano, e já aproveitando a música, procurei pelo homem.

— Estou aqui, senhorita Dumas. — Me virei, encontrando Armand parando ao meu lado. — Quase chegamos no mesmo momento.

— Verdade. — Lhe de um sorriso. — Fique à vontade para escolher o lugar.

Pegamos nossas comidas, depois de enfrentar a curta fila de hóspedes.

Armand foi na frente e o segui para uma mesa retangular grande, da qual metade já estava sendo ocupada. Ele puxou a cadeira da ponta para mim, e eu me sentei, seguida dele a minha frente. Ficamos a umas cadeiras de distância das outras pessoas.

Um funcionário encheu nossas taças com água e foi repetindo o ato com outras pessoas.

— Então... Me conte um pouco sobre seu dia, senhorita Dumas. — Armand disse, começando a comer.

— Podemos começar parando com as formalidades? Pode me chamar de Heloise.

Ele pareceu surpreso, mas afirmou. — Se a senhorita não se incomodar, com prazer. Me chame de Armand, então.

— Tudo bem. Então, Armand... Meu dia... Foi cansativo. Trabalhei, meus pés ainda estão doendo mesmo depois de ter ficado de molho na água quente — comentei e ele riu. — Mas são coisas da vida.

— Com o quê trabalha?

— Sou vendedora em uma loja de roupas... — Ok, hora de começar os testes. — A loja dos Legrand, conhece?

— Não, não conheço. Onde fica?

Não conhece, é? Sei. — Do outro lado da rua, mais à frente.

— Ah... Como sabes, cheguei há pouco tempo. Ainda não conheço tudo da cidade.

— E nunca tinha vindo até aqui antes?

— Uma vez, quando era mais jovem. Vim com meus pais visitar uns amigos deles, mas não me recordo muito, e também ficamos poucos dias.

— Entendo... — Ele parece sincero falando sobre isso... — E o que está achando até agora? Está gostando?

— Sim, bastante. Na realidade, além de trabalho, também vim para saber se a cidade era boa para se morar. E, comparando a minha cidade, é maravilhosa.

— Sim, é mesmo. — Tomei um gole da água, e vi os olhos dele focarem em minha mão.

— A senhorita está noiva? — perguntou, apesar de parecer confuso sobre o dedo onde o anel estava.

— Não, eu comprei este anel ontem. Fiquei encantada por ele assim que o vi.

Suas sobrancelhas se ergueram. — Realmente, é uma peça esplêndida.

— Por que a surpresa?

— Ah... — Ficou desconcertado. — Me perdoe, eu... fiquei surpreso por não ter sido um pedido de casamento, já que... — Desviou o olhar.

Continuei o olhando, esperando.

— Bom, a senhorita é tão... encantadora. Pensei que tivesse um pretendente à altura.

Acho que é a primeira vez que me elogiam com essa palavra. — Ah... obrigada, mas não. — Dei risada, tentando quebrar o gelo. — Eu não costumo ter muita sorte no amor, então... Não sei se me casarei um dia.

— Por que diz isso?

— Hm... Os poucos pretendentes que tive não tiveram coragem de se apresentar além de cartas. — Joguei a palavra para ver se teria alguma reação. — Me mandavam lindos poemas, mas na hora de se apresentar devidamente, não apareciam.

Armand não esboçou nenhuma reação diferente, além de ficar perplexo. — Que crueldade.

— Sim. Felizmente eu já esqueci esses acontecimentos. Por isso, hoje em dia, não gosto de cartas... O senhor costuma mandar cartas para suas paixonites?

Ele ficou corado. — Hm, não, não costumo. Nunca tive uma paixonite, apenas uma vez me apaixonei por uma mulher, e eu falei diretamente com ela sobre meus sentimentos, mas ela havia acabado de ser pedida em casamento.

Nossa, que triste. — Sinto muito por isso.

— Tudo bem, já faz algum tempo. — Sorriu levemente.

— Então... o senhor gosta de poemas? Já que toquei no assunto.

— Não tenho o costume de ler, nunca tive, na realidade. E a senhorita?

— Gosto, mas sou péssima para compô-los. Parei de tentar ao perceber que só escrevia palavras sem sentido.

Ele deu risada. — Entendo. Deve ser complicado.

É, não parece ser ele o autor das cartas. Me parece muito sincero sobre as coisas que disse, e, como diria Nathaniel, a menos que ele seja um ótimo mentiroso, eu não saberia. O que não parece o caso.

Nessas horas que Nathaniel poderia estar aqui para ler Armand...

Aliás, seria ótimo jantar com ele aqui, com essa música de fundo... Ou se ele tocasse, também seria legal...

Bom, acho que terei que tirar Armand da lista de suspeitos. Ou melhor, vou deixá-lo na reserva, porque nunca se sabe. Por enquanto o deixarei livre de mais perguntas.

Continuamos nosso jantar falando sobre coisas da vida e terminamos de comer ao mesmo tempo. Após isso, Armand me deixou em meu quarto e nos separamos. Coloquei meu pijama e me deitei, pensativa.

Quando achei que poderia resolver uma parte da questão... Ela se torna nula.

Escovei os dentes e depois fui dormir. Acordei para o último dia na loja, me troquei e tomei café. Fui para a loja, e aparentemente, Adeline não tinha recebido outra carta, pois estava tranquila.

Me aproximei dela.

— Então, descobriu alguma coisa?

— Não, meus pais não conhecem ninguém com nome iniciado em A. — Ela disse, desanimada. — E você? Conseguiu algo?

— Eu achava que sim, mas não. Eu conheci um rapaz chamado Armand na pensão, mas fiz umas perguntas a ele ontem à noite e não foi ele que escreveu as cartas. Ele é novo na cidade e nunca veio aqui na loja, então...

— Ah...

Começamos a atender os clientes, e no meio da manhã, notei um rapaz conhecido adentrar a loja, dessa vez, sem o irmão mais velho. Ele olhava ao redor enquanto andava.

Será que ele está procurando por Adeline...? Você é meu próximo alvo, garoto.

Andei até ele antes que pudesse achar Adeline e parei em sua frente. — Bom dia, senhor.

Ele travou no lugar e me encarou. — B-bom dia.

— Em que posso ajudá-lo? — Dei meu melhor sorriso de vendedora fofa e simpática.

— É... — Suas bochechas coraram. — Minha mãe precisa de fitas para o cabelo...

— Certo, venha comigo.

Fui seguida por ele até a seção de acessórios para cabelos e parei em frente a espécie de varal cheia de fitas de diversas cores.

— Quais cores ela gosta?

— Hm... Ela gosta de azul, verde... Esse roxo aqui também. — Apontou.

Fui pegando conforme ele mostrava. — Mais algum?

— Ela tinha me falado uma cor, mas eu esqueci o nome. Era um nome meio complicado...

— E o senhor não sabe que cor é? Ou uma cor aproximada.

— Não, nunca prestei muita atenção em cores. — Coçou o rosto, envergonhado.

— Hm... Amêndoa, âmbar, ametista, borgonha, bronze, carmesim, ciano, coral, esmeralda, escarlate, magenta, púrpura... — Fui falando conforme lembrava.

O rapaz fazia uma careta de quem não estava entendendo nada, como se eu estivesse falando outra língua. — Tudo isso realmente são cores?

— São. — Dei risada com a cara dele. — Nenhuma lembrou o nome?

— Não... — Fechou os olhos, colocando a mão na testa, fazendo força para se lembrar. — Eu acho... que começava com T.

— Turquesa?

— Isso! — Me encarou, sorrindo. — É essa mesmo!

Eu ri. — Então é essa cor aqui. — Puxei a fita. — É uma mistura de azul com verde. Agora já sabe.

— Sim... Obrigado. — Hesitou, me olhando. — Eu... queria agradecer pelo outro dia.

— Outro dia?

— Na vez que vim com meu irmão comprar meias para nossa mãe... A senhorita percebeu que estávamos perdidos... Veio nos ajudar mesmo não trabalhando aqui, como mesma disse. Se não fosse pela senhorita, provavelmente teríamos ido embora, teríamos levado uma bronca da nossa mãe e ela nunca mais pediria para nós comprarmos algo para ela e ficaria de cara virada durante muito tempo. — Deu um sorriso engraçado.

— Uau... — Ri. — Sua mãe deve ser um pouco difícil de lidar, pelo jeito.

— Ela é um pouco difícil, sim, mas é minha mãe, o que posso fazer, não é? Enfim, eu queria agradecer pela ajuda.

— Tudo bem, foi um prazer ajudar. — Eu preciso aproveitar esse clima. — E... o senhor gosta de poemas?

— Poemas? — Estranhou a pergunta repentina. — Não gosto, mas também não desgosto. Por quê?

— Ah... — Pensa agora, Heloise. — É que... uma colega recebeu poemas de um admirador secreto, e fiquei pensando se... todos os homens gostassem de escrever poemas em cartas...

— Falando por mim, não, não gosto, mas nunca escrevi um poema antes. E também detesto escrever cartas.

— Por quê?

— Porque demoram demais para chegar ao destino, e a resposta demora igualmente.

— E se mandar uma carta para alguém que mora perto?

— Hm... Isso não faz muito sentido.

— E se o senhor estivesse interessado em alguém, mas fosse muito tímido e mandar cartas fosse o único jeito de se aproximar?

— Não seria uma má ideia, mas não sei se eu faria algo assim. Mesmo sendo tímido, eu tentaria algum outro jeito de me aproximar pessoalmente.

— Ah... Está certo... Então, o senhor quer mais alguma coisa?

— Por agora, é só.

O acompanhei até o caixa e deixei as fitas lá. — Obrigada pela conversa, senhor. Volte sempre!

— Eu que agradeço, senhorita. — Ele sorriu e eu me afastei.

É, não é ele também. Eu devia perguntar seu nome, apenas para fechar o caso.

Parei de andar e olhei para trás, para o caixa, mas o rapaz não estava mais ali.

Tudo bem, provavelmente ele ainda voltará e aí eu pergunto. Agora, preciso ficar de olho para ver se acho algum outro homem observando Adeline.

Vamos lá, faltam horas até terminar o expediente, em algum momento eu verei alguém suspeito.

Mais uma cliente entrou, e eu fui direto até ela.


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Notas finais do capítulo

É, não foi dessa vez, Lolo kkk Quem sabe da próxima.

Será que ela conseguirá descobrir quem é o admirador secreto? Veremos nos próximos episódios -q

O que acharam das perguntas (super) diretas da Heloise? Mais a cara dela, impossível shaush

Espero que tenham gostado! Nos vemos no sábado o/



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