À Procura de Adeline Legrand escrita por Biax


Capítulo 28
Música Clássica


Notas iniciais do capítulo

Oláá, pessoinhas!

Temos uma surpresinha e músicas!

Boa leitura!



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— Caramba... foram tantas coisas, e você foi lá há poucos dias — comentou Íris.

— Pois é... Foi uma loucura! — falei animada.

— Bem que eu queria ter ido também...

— Do jeito que você é cabeça oca, não ia dar certo. — Castiel disse, recolhendo seus materiais.

Àquela altura, Íris, Nathaniel e eu estávamos sentados à mesa de jantar, tomando café.

— Tá, eu já sei disso. — Ela retrucou, revirando os olhos, e ele riu. — Enfim... Se importa se eu roubar Heloise um pouco, Nathaniel?

O olhar do loiro encontrou o meu rapidamente. — Claro que não. Imagino que as damas tenham assuntos pendentes a tratar.

Ela sorriu, pegando a minha e a sua xícara vazia, a levando para a pia e voltando. — Voltaremos logo, prometo.

— Sem pressa. — Nathaniel brincou.

Íris fez um movimento com a mão, me chamando, e a segui para o segundo andar, para seu escritório colorido. Assim que entramos, ela fechou a porta, e nos sentamos em seu sofá com estampado florido.

— Que cara é essa? — perguntei quando ela me encarou, mordendo o lábio ansiosamente.

— Eu... estou achando que estou grávida.

COMO ASSIM? — O quê?! Como assim achando?! — exclamei com os olhos arregalados.

— É, estou achando. Minha menstruação está atrasada.

Meu Deus... — Quanto tempo?

— Dois dias.

Pisquei algumas vezes., incredulamente. — Pelo amor de Deus, Íris, você quer me matar sem necessidade? Dois dias? Fala sério.

— O quê? Não é o suficiente para eu ficar preocupada? — indagou, indecisa.

— Claro que não. A minha já atrasou vinte dias e nem por isso eu fiquei preocupada.

— Mas você está citando a rainha da despreocupação. — Deu um sorrisinho.

— Ah, Íris... Ainda está muito cedo para você ficar arrancando os cabelos.

— Mas... não consigo não ligar, ainda mais com o namorado que tenho.

— Ele sabe?

— Não, provavelmente ele também tiraria sarro de mim se eu contasse.

— Eu não tirei sarro de você. — Segurei o riso e ela sorriu.

— Não, eu tirei... Heloise, você sabe o porquê eu fico preocupada... Você consegue imaginar o Castiel sendo pai?

— Claro que sim. Consigo imaginar perfeitamente ele colocando a criança dentro da máquina de lavar roupa.

Ela caiu na gargalhada, negando com a cabeça. — Não, é sério, para de brincar.

— Eu estou falando sério. — Dei risada. — Ok... Eu não imagino ele sendo pai, mas se você estiver mesmo com um fetinho aí, ele não terá outra opção senão ser um.

— Eu tenho medo de que ele...

— Olha, não vem ficar criando problema onde não tem. Ele não vai te largar, não vai abandonar um filho e não vai para lugar nenhum. Olha onde você está, mulher. Ele quis morar com você, ter uma casa com você. Esqueceu desse detalhe?

— Claro que não... — cochichou, encarando suas mãos em seu colo.

— Nós duas conhecemos ele muito bem, desde a escola... Não acha que suas inseguranças são inválidas?

Seus olhos sondaram o escritório, pensativos, então me olhou. — É, acho que sim.

Sorri. — Bom, de qualquer forma, talvez seja melhor você esperar um pouco, até ter certeza de que seu mar vermelho realmente atrasou, assim evita de fazê-lo ter um ataque desnecessário.

Ela riu. — Sim, tem razão.

— Vamos fazer assim... Se quando eu voltar de novo para cá, ainda não tiver vindo, vamos na farmácia e compramos um teste., pode ser?

Íris suspirou. — Sim, pode ser.

— Ótimo.

— Mudando de assunto, o Castiel falou para você sobre hoje?

— Não, o que vai rolar?

— Nós, quer dizer, eu, estava planejando ir no parque que abriu aqui perto. Provavelmente ele nem lembra que eu queria ir, mas eu quero. E se ele não quiser, será que podemos ir nós duas? Ou melhor, nós duas e o senhor Nathaniel — acrescentou rindo.

— Olha, acho uma ótima ideia. Estava querendo fazer algo diferente. Que horas vamos?

— Acho que podemos ir as cinco, tudo bem?

— Sim. Vamos lá avisá-lo.

Voltamos a cozinha, mas os dois homens da casa tinham sumido. Então, ouvimos um chiado típico de guitarra, e entramos no corredor da entrada. Íris abriu a porta do “quarto do barulho” do Castiel, e lá estavam eles.

Castiel com uma de suas guitarras favoritas, e Nathaniel com outra, enquanto o moreno tentava lhe explicar o que fazer.

— Resolveu virar professor, é? — Cruzei os braços, sorrindo.

— Você deixou o coitado para trás, eu precisei ocupar ele de alguma forma enquanto vocês fofocavam.

— Já podem montar uma banda. — Íris falou rindo.

— Não, não quero passar por esse nervoso de novo. Já basta aquela vez na escola. Só trabalho com quem sabe o que faz.

— Ah, desculpa aí, mas se não fosse pela Íris, vocês não teriam tido outra guitarrista.

— Na verdade nem precisava de outro, eu era mais do que o suficiente. — Lançou um sorriso provocativo à ruiva.

— Mereço, viu. — Ela negou com a cabeça. — Escuta, eu falei com a Heloise sobre o parque e...

— Quê? Por que falou com ela? Não íamos só nós dois? — questionou, a encarando com o cenho franzido.

Íris pareceu surpresa. — Achei que você tivesse esquecido ou não quisesse ir.

— Até parece. Você disse que queria ir.

Ele pode ser o cavalo que for, mas com certeza não deixaria Íris na mão. Jamais.

— Bom, nada impede de irmos todos juntos. — Deu de ombros.

Castiel fez um bico. — Tá.. — Tirou a guitarra e a colocou de volta na base. — Vamos agora?

— Daqui a pouco, sim.

— Então vou me trocar... Cuidado com os meus bebês — falou com Nathaniel, que afirmou, e logo saiu da sala.

— Vou me trocar também, já venho. — Íris avisou e também saiu, fechando a porta.

— Aprendeu alguma coisa aí? — perguntei ao loiro, me sentando no sofá vermelho no canto.

— Não, só fiz uns barulhos. — Deu um sorrisinho sem graça, e colocou o instrumento na base. — Acho que isso não é para mim.

— Não é tão difícil. — Levantei e coloquei a guitarra que ele acabara de guardar, aproveitando que ela ainda estava ligada no amplificador. — É assim, olha.

Pensei em alguma música para tocar. Cacei uma palheta e me posicionei.

Confortably Numb, do Pink Floyd.

Comecei direto pelo solo, a melhor parte. Meus dedos dedilharam as cordas rapidamente. Acabei deixando escapar alguns acordes, já que estava sem prática Era um solo curto, mas muito potente. Sempre deixava os pelos dos meus braços arrepiados.

Assim que terminei, deixei a nota vibrando, e feliz por ter lembrado de quase tudo, encarei Nathaniel, que me observava surpreso.

— Viu? Fácil — brinquei, desligando o amplificador e deixando a guitarra em seu lugar.

— O que você não consegue tocar...?

— Ah, muitas coisas. Eu só sei tocar guitarra, violão e piano. Aliás... eu não te vi tocando piano, na sua casa. Por que não me mostra? — Indiquei o piano ali ao lado.

Um pouco receoso, Nathaniel foi até o instrumento, o admirando. Deslizou os dedos sobre a madeira e se sentou, abrindo o compartimento das teclas. Me aproximei e sentei na ponta do banco, longe apenas o suficiente para não atrapalhar a movimentação de seu braço esquerdo.

— O que quer ouvir? — Ele me olhou, deixando as mãos já preparadas.

— O que você quiser tocar.

Nathaniel baixou o olhar, pensando. Segundos depois, começou a dedilhar notas suaves, que intercalavam entre mais agudas e mais graves.

Gymnopédie? — questionei sussurrando, fechando os olhos.

— Conhece Satie? — Ele também acabou cochichando, enquanto tocava.

— Um pouco, sim... Só não consigo me lembrar de qual das três composições é essa.

— Número três.

A música soava um tanto melancólica, e ao mesmo tempo, algumas notas mais agudas davam uma sensação de alegria, como se o som quisesse passar um sentimento de tristeza, e em certos momentos, pingos de felicidade.

As notas pareciam vibrar dentro de mim, vibravam em cada órgão, principalmente no coração, que era onde eu mais sentia. Ouvir uma música clássica assim, tão de perto, era indescritível. Uma das melhores sensações que existiam.

Sentia o ombro do loiro encostando no meu, vez ou outra, e quando percebi, a última nota vibrou, evaporando em poucos segundos. Sorri sem perceber e abri os olhos, encontrando o músico me observando.

— Não sabia que gostava tanto assim de música clássica. — Ele ainda sussurrava.

— Não sou grande conhecedora de clássicos, mas amo ouvir, sentir as vibrações que as notas causam... É tão mágico.

— É indescritível o que sentimos ao ouvir, mas sabe o que é ainda melhor?

— O quê? — Minha voz quase não saiu.

— Ver o que a música causa... É como se... as próprias notas fossem psicólogas, como se elas conseguissem fazer uma pessoa demonstrar tudo o que sente, só pelas expressões ou por gestos corporais.

— Você sabe o que eu senti só pela minha expressão?

— Sei. Você se entregou completamente ao momento, ao que ouvia... Esqueceu completamente o que estava ao seu redor... Normalmente você sempre percebe quando estou a te olhar, mas dessa vez, demorou a notar.

— Acho impossível não se entregar a uma música como essa.

— Mas você também costuma se entregar, não é? Digo, em outros sentidos.

— Sim... Eu sempre me entrego ao momento... Quase nunca paro para pensar no que estou prestes a fazer.

Nathaniel ergueu sua mão, e tirou uma mexa de cabelo meu que estava em meu rosto, a levando para trás. — Aí está uma pequena diferença entre nós... Eu sempre penso muito antes de fazer algo.

Ainda assim...


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Notas finais do capítulo

Solo tocado pela Lolo: https://www.youtube.com/watch?v=8xXeT2N-_YE

Música tocada pelo Nathaniel: https://www.youtube.com/watch?v=3h4vGRiNYLo

Ai, esse final, hein? Mexeu ou não mexeu com o coração? shuash

Íris com suspeitas de gravidez! Ai meu Deus! Será que ela está mesmo?

Enfim... iremos ao parque no próximo capítulo!

Nos vemos lá o/



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