Being Human escrita por Half Fallen


Capítulo 1
Please


Notas iniciais do capítulo

Este é o primeiro capítulo!! Estou competindo com meus amigos para vermos quem faz a melhor história, então, se você leu, por favor me dê uma nota de 0 a 10 e o porquê!!

Muito obrigada, espero que gostem ♥



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A primeira sentença que Oito aprendeu a dizer fora “por favor”, pois não era nenhum animal e começaria a sua vida sendo um menino educado. Primeiro começou com o “por”, p o r. Fácil né? E então o favor, que se mostrou mais difícil do que aparentava. O “fa” era um constante problema já que Oito não conseguia entender o som do f e imediatamente mudava para o h.

Havor, havor ele dizia.

Mas doutor Farhan era paciente, cauteloso, repetiria quantas vezes fosse preciso. Graças a isto, Oito finalmente aprendeu a dizer “por favor” e, como se fosse um pacote, o menino também aprendeu a pedir com isso; bastava apontar e dizer as palavrinhas mágicas.

Farhan não poderia estar mais orgulhoso, já que seu filho - poderia chamá-lo assim? - parecia entender muito bem o que era educação e como exercê-la para com os outros. Isso era bom sinal, isso era importante.

Oito tinha a aparência de um garoto com idade igual ao seu nome, cabelos louros e curtos, raspados levemente atrás. Sua pele era bronzeada e os olhos de um castanho acinzentado rico e sempre sem vida. Não se sabia o porquê do menino ser tão apático, mesmo com os mais avançados softwares instalados em seu cérebro. Farhan modificava, criava e até mesmo colocava seu próprio sangue em suas alterações e updates para Oito, mas nada parecia funcionar. Não é um grande problema, porém, já que Oito era educado, gentil e bondoso.

A vida na casa de Farhan era uma vida boa de se ter, cheias de dias divertidos e novos aprendizados. O doutor havia se esquecido de como era bom ter uma família, uma pessoa com quem viver.

Hoje, Oito iria colocar a roupa na corda enquanto Farhan fazia a comida. É claro que, como todo pai, o doutor não podia deixar de se preocupar; Oito era como uma criança de três anos, curioso até demais e sem noção de qualquer perigo. Mas, tinha que dar um voto de confiança ao pequenino, senão, nunca cresceria.

 

“Pai.” era a voz do menino, quase tão quieta que não poderia se ouvir “Terminei. O que mais tenho que fazer?”

“Bom, sente-se aí que a comida já vem.”

“Entendido.”

E então, como o bom menino que era, Oito sentou-se na bancada da cozinha, de frente ao seu pai que cortava a cenoura para jogar na panela de ensopado. Farhan não conseguia despreocupar-se com seu menino, que parecia apático, como um robô, seguindo à risca as palavras do doutor como se fossem ordens. Esta formalidade ainda era algo a se tratar, mas aos poucos, com cautela.

O cheiro do ensopado cobria a casa inteira, até porque ela era bem pequena - composta apenas de uma cozinha acoplada a uma sala-quarto, um pequeno banheiro e uma varandinha. O maior quarto sendo de seu laboratório, que se encontrava um andar abaixo -, mas grande o bastante para quem vivia no subsolo. Era tudo improvisado, até mesmo os tubos que condensava o ar de fora e enchiam a casa de oxigênio. Tudo pensado, tudo discreto. Farhan gostava de ser invisível.

“Então, Oito, diz pra mim: quais são os cheiros que você consegue sentir?”

Oito olhou para a panela de barro atrás de seu pai, que cozinhava. “Carne. Carne de boi. Tem batata, eu gosto de batata. Inhame, eu não gosto de inhame.”

“Inhame faz bem para você.”

“O senhor vai botar cenoura ainda, mas eu sinto cheiro de tomate também. E só. Ah, alho. Alho pra caramba.”

“Alho? Alho pra caramba?!”

Farhan largou a faca e a cenoura de qualquer jeito e correu para a panela, quase se queimando quando tirou a tampa, recolhendo um por um dos cinco alhos que colocou. Realmente, não era preciso tanto alho. Deixou apenas dois, mas sentia um medo enorme de ter feito um ensopado de alho. Sério? Cinco alhos? Já deveria ter aprendido como cozinhar depois de tanto tempo morando sozinho!

“Ai…” o doutor suspirou

“Tá tudo bem, pai? Se machucou?” apesar de estar preocupado, Oito não conseguia demonstrar nenhuma emoção. Correu até seu pai e tomou-lhe a mão, pesquisando qualquer sinal de queimadura.

“Está tudo bem, Oito e não, não me machuquei.” disse Farhan com um sorriso gentil “Eu apenas percebi que, talvez, eu tivesse colocado muito alho no ensopado.”

Oito deu um passo para trás, fechando os olhos em alívio e então disse “Sim, o senhor estava fazendo um ensopado de alho.”

“Aposto que você iria gostar.”

“Alho é melhor que inhame.”

“Inhame faz bem pra você!”

Farhan bagunçou os cabelos louros de Oito, que parecia indiferente com tudo aquilo, mas abaixou a cabeça mesmo assim. Era tão plácido que o doutor às vezes não sabia identificar suas emoções. Até mesmo quando fazia piada, ou quando era teimoso. Oito não era nada marcante, mas Farhan sabia que ele sentia, ao menos um pouco.

E, pelo visto, Oito estava bem chateado pelo inhame, pois continuava com a cabeça baixa mesmo depois que Farhan retirou a mão de seus cabelos. Seria aquilo pirraça? Era totalmente pirraça. Deveria ceder? Não… Ele iria repetir… Mas aquela carinha…

“Que tal fazermos assim: você come todo o inhame e eu te levo lá fora amanhã?”

Por mais sutil que fosse, o semblante de Oito mudou na hora. Suas sobrancelhas arquearam levemente para cima e o rostinho levantou para que seus olhos encontrassem os de seu pai.

“Sério?” falou monótono

“Seríssimo. Mas iremos apenas até o mercado do tio Louis, nada além disso.”

“Por que?”

“Porque sim.”

Oito olhou para um lado, depois para o outro e depois para seu pai. Parecia processar algo, mas Farhan não sabia dizer exatamente o que é. O silêncio durou exatos trinta segundos e quem o quebrou fora Oito, com um simples:

“Okay.”

Farhan piscou duas vezes antes de gargalhar tão alto que Oito deu um passo para trás. Claro que o pequenino estava confuso, afinal seu pai havia dado uma reação inesperada; mas a espontaneidade de Farhan era devido a como Oito era como uma criança comum, apesar de ser quieto. Sabia fazer pirraça e sabia estudar direitinho o seu campo de batalha.

"Vamos, já que estamos alimentados temos que ir escovar os dentes e dormir."

"Mas já?"

"Mas já."

E Oito obedeceu. 

A água na casa de Farhan era fracionada, porém, o cientista sempre encontrava meios de aproveitá-la da melhor maneira. Foram até o banheiro, escovaram os dentes e foram para a cama.

Hoje, especialmente, era dia de dormir cedo.

Farhan ajeitou-se no colchão no chão e Oito aninhou-se ao seu peito, abraçando o senhor Cenouras para perto de si. Não demorou muito para que dormisse. Farhan o observou mais um pouco, uma alegria quente tomando o seu peito, mas não deixou-se levar por muito tempo e fechou os olhos.

Pois hoje, obrigatoriamente, era dia de dormir cedo.

Afinal, amanhã era o solstício de Outono.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram??
Espero que sim!! Até o próximo.



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