Usagi Tsukino, uma rapariga de 18 anos, passeava numa floresta, perdida na calma brisa que lhe envolvia o rosto e fazia esvoaçar os seus longos cabelos loiros, escutando a triste cantiga outonal das árvores e o doce chilrear dos pássaros que se preparavam para migrar. Sentia-se apreensiva sem saber o motivo. Caminhou até chegar a uma pequena queda de água. E foi então que aconteceu:

— Usagi! Usagi! – gritou uma voz.

Usagi Tsukino olhou para a direcção da voz, e ficou surpreendida quando viu a figura que lhe falava. Era a sua mãe, a Queen Serenity.

— Que… Queen Serenity! – Usagi ainda ficava um pouco contraída na presença da sua mãe do Silver Millennium.

A rainha falou apressadamente, com um tom de medo na voz:

— Usagi tenho pouco tempo! Trago-te uma notícia que não te vai agradar… O universo está em perigo. É preciso reunir as Sailor Senshi para treinarem e voltarem a lutar. Avizinham-se tempos negros. Vocês terão de estar preparadas. Tenta chamar as Sailor Star Light e a Sailor Chibimoon. Quantas mais vocês forem melhor. E prepara-te Usagi. Novas navegantes se irão juntar a vocês. Recebam-nas bem e ajudem-nas sempre. Eu voltarei para falar contigo. Agora faz o que te peço. Reúne as Sailor Senshi. Salvem o universo, Usagi. Salvem o Universo – e dito isto a Queen Serenity desvaneceu-se, deixando Usagi confusa e cheia de dúvidas.

Começando a pensar nas palavras de sua mãe Usagi, ao fim de uns momentos só conseguiu dizer:

— O quê? – foi quando Usagi se apercebeu que este “o quê?” tinha sido uma resposta à sua mãe verdadeira, ou seja, a sua mãe biológica:

— O QUÊ? AINDA ESTAS A DORMIR USAGI TSUKINO? ESQUECES-TE QUE TENS DE IR PARA A FACULDADE? LEVANTA-TE JÁ! – e continuando a queixar-se da falta de pontualidade da filha, abandonou o quarto e deixou uma Usagi muito desperta na cama.

— Foi só um sonho. Mas… Mas parecia tão real. Será que ela tem razão? De qualquer forma é melhor não arriscar.

Contactando com as Inner Senshi e com as Outer Senshi, Usagi combinou um encontro no templo de Rei nessa tarde. E como não podia deixar de ser, combinou com o seu querido Mamoru para ele lá aparecer também. Olhando para o relógio e saindo de casa à velocidade da luz, Usagi chegou à faculdade mais do que atrasada! Depois de ter estado apenas 30 minutos na sua primeira aula, passou o intervalo a pensar no seu sonho, e tão absorta estava que chocou com uma rapariga.

— Olá Usagi! Distraída como sempre?

Usagi corou. Era Cathy, uma colega sua da faculdade. Era alta, com longos cabelos loiros, olhos acinzentados e muito bonita. As suas feições assemelhavam-se às de uma princesa dos contos de fadas. Usagi tinha sempre a sensação que a conhecia de algum lado. Só não sabia de onde.

— Oh! Desculpa Cathy! Estava a pensar numas coisas minhas e nem te vi! – Usagi continuava a corar. Continuando a sorrir, depressa se deu conta de quão solitária era Cathy. Andava sempre sozinha. E as outras raparigas usualmente desprezavam-na e desdenhavam-na. Talvez fosse por ser estrangeira (apesar de ninguém saber de onde), ou talvez por ser muito inteligente e bonita.

— Sim ultimamente todos nós temos algo em que pensar. É pena que muitas coisas permaneçam inalteradas. E que outras se alterem drasticamente. Mas a vida é assim.

Usagi permaneceu calada. Era usual estas conversas por parte de Cathy. Mas sentiu que hoje ela sabia de qualquer coisa e começou por perguntar:

— Tu…

Mas imediatamente foi interrompida por ela:

— Bem tenho de ir Usagi. Tenho de estudar a sério agora que estou no último ano do curso! Até breve! – e piscando-lhe o olho afastou-se.

“Esta agora!”, pensou Usagi.

O dia correu normalmente, excepto na sua última aula em que recebeu uma frequência.

— 9,4 valores! Não me acredito! O professor bem me podia ter dado mais 0,1… Era o que eu precisava para a positiva! – Usagi estava triste e ao mesmo tempo fula da vida. Mas mesmo assim esqueceu rapidamente a frequência quando viu que eram horas da reunião.

No templo de Rei, todas as navegantes se encontravam lá à sua espera.

— Meninas desculpem a demora!

— Não tem mal Usagi. A Minako foi a última a chegar e chegou um pouco antes de ti. – disse Rei em tom sério.

“Não me acredito que ela não fez uma única gracinha a meu respeito” pensou Usagi.

— Rei estás bem? – perguntou-lhe a amiga.

— Sim Usagi estou. Mas sei perfeitamente que o assunto de hoje é muito sério e por isso não vale a pena estarmos com gracinhas. O que nos querias contar?

Usagi achou estranha a atitude da Rei mas ela tinha razão. Contou-lhes todo o seu sonho dessa noite e todas ficaram estupefactas excepto a Rei.

— Eu vi a destruição do universo. Por isso já estava a contar que a Usagi nos contasse algo assim. A Queen Serenity tem razão. Precisamos de lutar novamente.

— Mas pensei que todo o mal tinha sido erradicado quando derrotamos o Chaos! – disse Minako.

— É impossível o mal ser derrotado Minako. Haverá sempre mal por oposição ao bem, assim como haverá sempre bem por oposição ao mal. É algo que não podemos mudar. O Chaos poderá estar enfraquecido mas acabará por se reerguer – disse Setsuna.

— Mas então o que temos de fazer? Nem sabemos que missão nos foi dada! Se é que FOI de facto dada! – comentou Makoto, pondo ênfase na palavra “foi”.

— Sim é verdade. Estamos de mãos e pés atados. Não sabemos o que fazer – disse Michiru.

— Bem, julgo que o melhor a fazer é preparar-nos o melhor possível e esperar por algum tipo de instrução – sugeriu Hotaru, a mais nova das navegantes.

— Também podem morrer – fez-se ouvir uma voz esganiçada.

Olharam todas para a porta do templo. Um monstro azul encarava as raparigas.

Num movimento rápido, o monstro mandou uma bola de fogo azul da qual todas se desviaram a tempo e que bateu numa das paredes do templo.

— MAS SERÁ QUE O MEU TEMPLO É ALGUM CAMPO DE BATALHA? VOCÊS MONSTROS ESTÚPIDOS INSISTEM SEMPRE EM LUTAR AQUI E EM DESTRUIR TUDO! GRRR!!! NUNCA TE PERDOAREI! MARS CRYSTAL POWER, MAKE UP!

Imitando a navegante de Marte, todas as outras se transformaram:

— MERCURY CRYSTAL POWER, MAKE UP!

— JUPITER CRYSTAL POWER, MAKE UP!

— VENUS CRYSTAL POWER, MAKE UP!

— URANUS CRYSTAL POWER, MAKE UP!

— NEPTUNE CRYSTAL POWER, MAKE UP!

— PLUTO CRYSTAL POWER MAKE UP!

— SATURN CRYSTAL POWER, MAKE UP!

— SILVER MOON CRYSTAL POWER, MAKE UP!

Rapidamente, todas as guerreiras estavam transformadas e prontas para a acção:

— Nunca te perdoarei! MARS FLAME SNIPER!

A flecha de fogo de Marte atingiu o demónio no peito mas este sem sequer pestanejar prosseguiu os seus ataques. Desviando-se continuamente, as outras Sailor Senshi executaram também os seus ataques na esperança de conseguirem derrotar o monstro:

— MERCURY AQUA RAPSODY!

— JUPITER OAK EVOLUTION!

— VENUS LOVE AND BEAUTY SHOCK!

— SPACE SWORD BLASTER!

— SUBMARINE REFLECTION!

— DEATH SCREAM!

— SILENCE GLAIVE SURPRISE

Porém, nada o afectou. O monstro continuava a ser atingido e nunca vacilava sequer.

— Não! – gritou a Júpiter – nada o afecta! Sailor Moon! Ataca!

— SILVER MOON CRYSTAL ETERNAL POWER!

O ataque mais poderoso de Sailor Moon atingiu o monstro e desta vez derrubou-o. Mas por pouco tempo, pois voltou a levantar-se.

— Nada do que possam fazer me afecta minhas queridas! Agora morre Sailor Moon! DARKWORLD THORNS!

Vinda do nada, uma coluna de espinhos envolveu Sailor Moon e começou a enrolar-se em volta dela, sufocando-a e perfurando-a simultaneamente.

— AH!!!!!!!!!!!!!!!! – gritou em agonia – PÁRA! – Sailor Moon sentia o sangue de todo o seu corpo a esvair-se. Os espinhos perfuravam-lhe a pele e os músculos com uma força enorme.

— SAILOR MOON! – gritou o Tuxedo Kamen que apareceu de repente, atraindo a atenção do monstro.

— O Carnaval já passou meu filho! Podes tirar a fatiota! E fica onde estás ou a tua amiga morre. – o seu olhar era de escárnio, de malícia.

— SHIELD OF SORROW! – gritou uma voz feminina.

De seguida, Sailor Moon foi libertada e envolvida numa espécie de escudo protector.

Todas as outras guerreiras ficaram boquiabertas com o novo ataque surpresa. E ainda mais ficaram quando viram quem o lançou.

Uma rapariga com um longo cabelo loiro apanhado numa trança olhava todo aquele cenário. Vestia uma saia cinzenta, que condizia com as suas botas e com o seu laço frontal, também cinzentos. As luvas brancas acabavam no cotovelo, rematados com três faixas de tecido em tons de cinza. Complementado os tons cinzentos e prateados, estavam o laço traseiro e a gargantilha negros como carvão. Tinha ainda um medalhão negro, preso ao seu laço frontal.

— Não sabes que flores com espinhos não são adequadas para uma rapariga? Vais pagar pelo teu erro. Sou a guerreira que defende Elysion e protejo os sonhos das pessoas. Sou a Sailor Dreams, e em nome dos sonhos das pessoas, vou castigar-te!

— Oh que giro, agora sim acho que vou ter pesadelos! – troçou o monstro.

A nova guerreira sorriu.

— Nem imaginas como será esse pesadelo! MIDNIGHT SHADOW! – gritou, enquanto uma enorme sombra avançava em direcção ao monstro.

Assim que o atingiu o monstro começou a gritar. Gritos de agonia.

— NÃO! NÃO! NAOOOOOOOOOOOOOO! – gritou pela última vez, enquanto se desfazia em pó, desaparecendo para sempre.

— Hum, isto deve chegar! – disse por fim a Sailor Dreams.

Todas as outras olhavam para ela com profunda admiração e com espanto.

— Tu… Uma nova navegante. Mas… - começou Michiru

— Agora não há tempo – disse Sailor Dreams. – levem a Usagi para o hospital ou ela não sobreviverá. Perdeu muito sangue. Depois entro em contacto convosco. – e dito isto virou costas e desapareceu no horizonte.

— Ela chamou-lhe Usagi? – questionou Tuxedo Kamen.

— Sim. Ela sabe quem ela é. E isso significa que também sabe quem nós somos. Mas ela ajudou-nos por isso não deverá estar contra nós. Mas mesmo assim é necessária cautela. É estranho que não tenhamos conseguido derrotar o inimigo. Nem a Sailor Moon conseguiu. – disse Setsuna.

— E ela falou em Elysion mas o Helios nunca mencionou sequer uma guerreira protectora de Elysion – concluiu Minako.

— Bem depois conversamos sobre isto. Agora temos de levar a Usagi para o hospital antes que algo de mal aconteça – rematou Tuxedo Kamen.

E foi isso que fizeram, enquanto pensavam nos acontecimentos dessa noite. Usagi, semi-inconsciente, murmurava incessantemente as mesmas palavras:

— Sailor Dreams…Sailor Dreams… Sailor Dreams...

∞