É, é verdade. Eu sou uma Crown. Não entendi o que Vincent queria quando percebi que ele estava examinando as vítimas de Cross, enquanto eu o combatia, mas não achei importante questionar. Mas o que era aquele poder de Cross, aquela magia tão… familiar? Como ele sobreviveu ao meu ataque? E o que era aquela sombra que invadiu o meu corpo!? O que eram aquelas palavras que sussurravam em minha mente? Quase não acreditei quando Vincent apareceu pra me salvar. Se eu não o conhecesse, diria que ele era um herói. Ele lutou como um gênio contra o mago mais poderoso que eu já vi em toda a minha vida, mesmo sendo um peão. É claro que eu não poderia me render ao que quer que fosse que Cross tenha jogado em mim. Eu jamais me renderia. Abigail Crown não é fraca assim!

— Eu preciso que você destrua todos os meus circuitos mágicos. Faça isso rápido, eu não tenho tempo. - ele sussurrou como se fosse a coisa mais natural do mundo, fazendo-me perder as forças novamente. Será que ele sabe o que isso significa? Quanto tempo de vida ele perderia? Mas ele falou tão… tão determinado. Levanto, com tudo o que posso. Repouso a minha mão, ensanguentada, sobre o ombro dele.

Com a permissão dele, com essa falta de rebeldia que contrastava com toda a nossa relação, foi fácil como roubar uma idosa. Senti cada circuito arrebentando dentro dele. A determinação de Vincent não permitia que ele expressasse dor nem por um instante. Oswald teria percebido. Ele apenas voltou para a luta, como se nada tivesse acontecido. Cross estava morrendo e sabia disso. Vincent Grinn o derrotou, não eu. Então, o que é esse sentimento? Por que parece que ele ainda está no controle? Manter a consciência está complicado.
— Ei, maga! Vá se encontrar com Lawrence! Tem algo que eu vou precisar que você faça por mim, tá bem? - o pedido me despertou como um balde d’água, mas a consciência não quer ficar. Vi o meu peão triunfar, mas aquela maldita sombra apareceu. A Sombra Risonha que sempre aparecia pra nos atormentar. Por que ela tá segurando o Vincent? Deixe… deixe o meu ladino em paz! Não… ele tá… indo embora. Grinn não contava com isso, ele parece tão triste agora...