The Avengers Coletânea escrita por Nanahoshi, Heisenberg24


Capítulo 1
Quase um diário [Pantera Negra/T'Challa x Leitora]


Notas iniciais do capítulo

VOCÊS PEDIRAM E EIS QUE ESTÁ AQUI!
Depois de ver muitos pedidos de fanfic com nosso novo homão da porra da Marvel, decidi abrir a coletânea com uma ideia que tive para o lindão do T'Challa. Porém já aviso que tem uma bela dose de angst nessa oneshot então preparem pra sofrer. A Heinseberg me xingou horrores por eu ter feito o nosso príncipe sofrer ;3; E desculpem-me pelo tamanho. Como é oneshot, eu acabo escrevendo um horror.
Olha, como é no modelo X Leitora, vcs faz favor de usar o nome de vcs ou ir pesquisar um nome pra usar pq *insira o meme aqui - eu não aguento mais* gente reclamando que acha estranho "[Nome]" aparecer no lugar que iria o nome da personagem. Por isso q eu tirei e ficou só os colchetes.
E lembrando que os pedidos estão abertos para a coletânea *u* Já recebemos um também com o T'Challa (eeeeeeeeeeeeeebaaaa) então preparem pra muito fluffy com o nosso Pantera Negra vindo aí.
No mais, boa leitura!
P.S.: as partes em que aparecem as notas da personagem fica uma coisa mais informal mesmo então não me apedrejem.



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Quando Shuri alcançou a entrada de seu laboratório, não ficou surpresa de ver o vulto de seu irmão debruçado sobre o Leito de Manutenção Fisiológica mesmo passando da uma da manhã. Desconsertada e triste, a princesa se aproximou silenciosamente de T’Challa e, quando estava próxima o suficiente, sussurrou:

— Irmão, é melhor você ir se deitar. Eu assumo daqui.

O príncipe de Wakanda ergueu a cabeça bruscamente, parecendo se tomar conta naquele momento que caíra no sono. Ele piscou várias vezes, e antes que sua visão focalizasse, ele já buscava nervosamente o rosto que estava um pouco mais abaixo. [_____] permanecia deitada na mesma posição imutável. Seus olhos e lábios permaneciam fechados, mas não da forma como ficavam quando ela ressonava: leves e quase brincalhões. Seu rosto parecia petrificado, como sela usasse uma máscara de cera envelhecida. T’Challa levou a mão inconscientemente ao cabelo de [_____], acariciando os fios gentilmente e odiando o quanto eles pareciam sujos e cheios de poeira. Ele já havia discutido várias vezes com Shuri, que mesmo naquela situação – na verdade, principalmente naquela situação – o corpo de [_____] precisava de todos os tipos de cuidados.

— Shuri – chamou ele com a voz rouca. – Precisamos dar um banho em [Nome]. Depois uma sessão de massagens e aplicação das pastas medicinais das anci- – as ordens de T’Challa foram cortadas por um forte acesso de tosse. Shuri deu dois passos nervosos em sua direção e deu-lhe tapas nas costas.

— Irmão, vá descansar. Olha só, você tá até ficando doente. Onde já se viu o herdeiro do trono pegar uma infecção de garganta? Eu prometo que vou cuidar da [_____]. Mas já disse que isso não vai adiantar muita coisa. Fora que precisamos mantê-la aqui no leito.

T’Challa levantou-se devagar e tornou a tocar o rosto da mulher deitada. Havia virado um hábito, um tique. Quando [Nome] estava ao alcance de suas mãos, ele sempre lhe tocava o rosto, na esperança que seus dedos suscitassem alguma mínima reação. Mas era sempre a mesma coisa. Nenhum franzir de sua testa, de seu nariz, ou sequer um mínimo tremor dos músculos da face. Nada acontecia.

Tudo por um erro, uma pequena falha do próprio T’Challa.

Uma falha que condenara [_____] ao coma há oito meses.

Em um estado quase catatônico, o príncipe se inclinou e beijou a testa de sua amada, para depois virar-se para a irmã e dizer, enquanto batia duas vezes na borda do leito e apontava o indicador para ela:

— Quero as anciãs aqui amanhã. Não é pra passar mais um dia sem que a [Nome] receba os devidos cuidados básicos.

— Tudo bem, tudo bem T’Challa – respondeu Shuri ansiosa para se livrar do irmão. Ela fez um gesto com as duas mãos como se espantasse um gato arisco. – Agora, vai, xô. Eu tenho serviço aqui.

O príncipe ainda demorou-se fitando a silhueta de [_____] sobre o leito, as pálpebras parcialmente fechadas dando-lhe um ar extremamente cansado e quase débil. Por fim, girou nos calcanhares e arrastou os pés para fora do laboratório. T’Challa não prestou atenção no percurso: um pedacinho de sua consciência o manteve na rota para seu quarto enquanto ele mergulhava num estado letárgico que se tornara tão familiar nos últimos oito meses. Era como se sua mente se desligasse para que ele não sentisse a dor que a falta de [_____] lhe trazia.

Mas aquele dia era um daqueles dias. Um dia em que sua mente falhava em manter o estado catatônico pelo máximo de tempo possível, e todas as suas emoções voltavam à superfície, carregando consigo as lembranças. Nesses dias ele mal conseguia sair do laboratório de Shuri, pois a ausência de sua voz, de seu riso e de seu toque cavavam fundo em seu peito, abrindo novamente a ferida ainda não cicatrizada, cujas bordas ardiam numa dor infernal. A presença do corpo inerte de [_____] funcionavam como gotas de um analgésico muito fraco: funcionavam por alguns segundos, mas por tempo suficiente para que ele mantivesse a cabeça no lugar.

Nesse instante, percebeu que seus pés o haviam levado até seu quarto. Ele piscou e olhou em volta, e a sensação de estar num lugar grande demais fez seu peito parecer oco. A disposição perfeita dos móveis e o excesso de organização intensificaram a sensação de pequenez e de vazio. Ele se aproximou da cama arrastando os pés e tocou na colcha impecavelmente passada...

A colcha que ele e [_____] puxariam juntos para arrumar a cama para dormir.  

T’Challa apertou os olhos e cerrou os punhos. Girou a cabeça de um lado para o outro de forma afetada, nervosa, a tristeza subindo por sua garganta. A respiração ficou mais pesada, seus olhos, seu nariz e sua garganta começaram a pinicar. Ele estava sozinho no quarto, mas não queria estar. Não deveria estar. [Nome] deveria estar ali com ele, deitada na cama, fazendo ele rir de alguma coisa e depois mostrando a ele a parte que estivera lendo em um livro. Ela deveria...

Deveria...

Porque ele precisava.

Ele...

T’Challa sentiu os joelhos cederem, ele se desmontou sobre a cama, sentado de mal jeito. Inclinou-se para frente, apoiando os cotovelos nos joelhos e enterrando o rosto em suas mãos. E então chorou. Chorou muito, chorou em alto e bom som enquanto se balançava de forma afetada para frente e para trás. Entre as lágrimas, ele vez ou outra balbuciava o nome de [_____]. T’Challa mergulhou em seu inferno pessoal, no qual as lembranças da batalha de oito meses atrás ficavam nítidas demais para que ele conseguisse dormir. Uma tentativa quase suicida de invadir Wakanda por parte de um grupo de contrabandistas levara à pior guerra já vista pelos wakandianos nos últimos dois séculos. Portando armamento que rivalizava bem com a tecnologia bélica de Wakanda, os contrabandistas botaram abaixo as defesas da cidade com ajuda de infiltrados e invadiram as fronteiras. Como príncipe e atual detentor do poder do Pantera Negra, T’Challa liderara o ataque ao lado das Doras Milaj e, consequentemente ao lado de [_____]. Ao lado das guerreiras, ela se tornara um reforço à proteção do futuro rei: ela fora escolhida a dedo como sua guardiã pessoal há mais de 5 anos.

Treinada pela Tribo das Fronteiras e em terras estrangeiras, [_____] se tornara uma das guerreiras mais respeitadas em Wakanda, e não tardou a chamar a atenção da Guarda Real. Ela quase se tornou uma Dora, mas diante da constante ameaça de estrangeiros próximos ao país, T’Chaka a indicou como guardiã pessoal de T’Challa. Dos dois herdeiros ao trono, o mais velho era o que estava mais próximo da zona de risco por ter assumido os poderes do Pantera Negra, e para a assegurar a estabilidade da linhagem real, o rei achou apropriado a criação desse novo posto.

A fidelidade e a força de [____] foram essenciais para o desempenho impecável de sua função, mas isso trouxe um efeito colateral inesperado: um laço indefinido, mas forte, se estabeleceu entre os dois. De início, surgiu na forma de uma amizade implacável, mas que se desenrolou em contornos avermelhados e róseos. Mas é claro que, como fidelíssima guerreira ciente de seu dever, [_____] barrou o envolvimento, mas já era tarde. T’Challa já havia se perdido nela, e não muito depois, ela cedeu e se perdeu nele.

Como não havia distinção de classes em Wakanda, o relacionamento dos dois fora aceito tranquilamente por todos (entusiasticamente por Shuri).Mesmo com muita hesitação de [____] de início, que julgava ter traído a confiança do rei ao se envolver de forma íntima com seu filho, tudo se encaixou aos poucos, e os dois puderam viver juntos sem receios ou meias verdades. O amor florescera de uma forma tão pura e sutil que [____] nem T’Challa perceberam a proporção que ele tomou, proporção esta que fora colocada à prova pela primeira vez há oito meses.

Na batalha para proteger Wakanda, [____] levara seu dever e seu sentimento por T’Challa até a última das consequências. Após quase três dias de batalha ininterrupta, ambos os lados já demonstravam desgaste, o que conferia a oportunidade perfeita para emboscadas decisivas. Um deslize por parte do centro de forças de ambos os laços e tudo ruiria. E fora exatamente isso que T’Challa permitira acontecer. Desgastado pelas horas ininterruptas de combate, ele sentia a fadiga corroendo seus músculos. Já não contava com a integridade de sue traje de vibranium, e sua guarda baixava cada vez mais. E foi num desses pequenos deslizes que o inimigo encontrou a deixa perfeita. Com uma lança roubada de uma Dora caída, um dos mercenários que lutavam ao lado dos contrabandistas dedicara-se a vigiar o Pantera Negra de longe, esperando uma brecha. Quando o inimigo concentrou um ataque massivo no príncipe já machucado e fatigado, ele caiu sobre um dos joelhos por um instante um pouco mais longo que o normal. O ataque veio quase que imediatamente, sem dar chance de defesa ou contra-ataque. A lança voou certeira na direção do Pantera Negra... mas se interrompeu há menos de um metro de atingir o alvo, cravando-se em algo que se colocara no caminho...

T’Challa soltou um soluço alto quando essa lembrança se materializou em sua mente, e seu corpo todo estremeceu. A visão da lança cravada no ponto central do tórax de [____] era ainda um pesadelo nítido cravado a ferro e fogo em sua alma. Ela permanecera por alguns segundos de pé, e depois, tombou lentamente para o lado, tentando apoiar os pés para que não caísse para frente ou para trás. Enquanto caía, [____] franziu os lábios pronunciando uma única palavra para ele:

“Fuja”.

Para qualquer um, [____] era apenas mais um wakandiano caindo no campo de batalha, mas para T’Challa , era como se seu mundo inteiro estivesse caindo.

O príncipe esfregou o rosto com força tentando espantar as lembranças que teimavam em piscar sob suas pálpebras fechadas. As lágrimas se espalharam, grudando em sua pele e umedecendo sua barba. Suas mãos baixaram e esfregaram vagarosamente o tecido de sua calça. Ele tornou a se curvar para frente e fechou os olhos, mentalizando o corpo prostrado de [____] no LMF do laboratório de sua irmã. Mesmo com toda as técnicas biotecnológicas de cultivo celular dominadas por Shuri e seus colegas, alguma coisa faltara para que [_____] se recuperasse totalmente. Sua irmã alegava que seu corpo ainda estava se regenerando, o que justificaria o estado vegetativo no qual [____] se encontrava, já que o processo demandava muita energia. Mas já havia se passado oito meses... E não havia sinal de que sua consciência estivesse voltando. 

T’Challa abriu os olhos, que tornaram a ficar embaçados com suas lágrimas. Tirou seus sapatos e jogou-os de qualquer jeito no chão, puxou desajeitadamente a colcha da cama e meteu-se sob os cobertores. Só se mexeu alguns minutos depois, para tirar seu sobretudo e sua camisa, que jogou a esmo para os lados. O príncipe puxou um travesseiro para si e abraçou-o com força, desejando-o de todo o coração que fosse [_____] a receber aquele abraço. Ficou com raiva ao roçar o nariz na fronha e perceber que estava com cheiro de amaciante e não com a mistura maravilhosa de seu cheiro com o dela. Ele enterrou com mais força o rosto no travesseiro e tornou a fungar, sentindo o vazio da ausência de [_____] se intensificando. Era como despencar num buraco mergulhado na escuridão, cujo fundo jamais chegaria. T’Challa tornou a arfar, sentindo o peito pesado, até que a sensação de sufocamento se tornou insuportável e ele se sentou na cama. Precisava de alguma coisa dela. Precisava sentir o mínimo da presença de [_____] naquele quarto gigantesco e frio.

T’Challa colocou-se de pé e deu a volta na cama, sentando-se ao lado do criado-mudo de [_____]. Abriu as gavetas com o mesmo cuidado com que costumava tocar sua amada e começou a vasculhar delicadamente, mas com uma pitada de ansiedade, o seu conteúdo. T’Challa tirou dali o livro que ela estivera lendo antes do ataque, que ainda estava com o marca-páginas, significando que ela não o terminara. Ele o abriu ansioso, e leu alguns trechos para saber sobre o que [____] estivera lendo. O dor aliviou um pouquinho. Depois, ele passou aos outros objetos. Haviam alguns cremes, vários papéis aleatórios, mais alguns livros, seus dispositivos pessoais de comunicação e, embaixo de tudo isso, um caderno.

Os olhos negros e cansados de T’Challa imediatamente grudaram no objeto que ele nunca tinha visto. Puxou-o com cuidado e passou a mão pela capa. Era óbvio que [____] a havia reforçado com tecido, já que havia fiapos saindo nos cantos e cola em alguns pontos. Além disso, ele tinha um aspecto puído e um pouco antigo. As sobrancelhas de T’Challa subiram gradativamente à medida que a surpresa tomava conta de seu rosto. Era muito incomum encontrar um caderno em qualquer casa de Wakanda, já que tudo se anotava em blocos de notas digitais contidos nas pulseiras.  Movido por uma curiosidade extrema intensificada pela sensação de haver ali muito da presença de [_____], T’Challa abriu o caderno na primeira página. Ali, em uma caligrafia bonita e trabalhada, com alguns floreios em volta, estava escrito:

“Quase um diário”

O príncipe ergueu uma sobrancelha e virou mais uma página. Correu os olhos pelas anotações e, aos poucos, tornou a arquear as sobrancelhas de surpresa, mas que logo cederam novamente a uma expressão de choro. Os olhos de T’Challa pinicaram novamente enquanto ele lia as anotações que [_____] fazia em alguns dias específicos, aparentemente que teriam tido algo especial. Ali, havia anotações de quase 7 anos atrás, antes mesmo de ela ter assumido o posto de sua guardiã pessoal. As lágrimas tornaram a escorrer pela pele escura das bochechas do príncipe enquanto ele mergulhava num pedaço de [_____] que ele ainda não conhecera. Ele engoliu as páginas como se fosse o melhor livro que lera na vida, mas com o cuidado de saborear cada palavra. Enquanto lia, acompanhava a frase com a ponta dos dedos, sentindo a textura do papel como se fosse uma parte de [_____]. Vez ou outra fechava os olhos e mentalizava-se acariciando-a, e mais lágrimas escorriam sob as pálpebras fechadas.

Logo, ele foi se aproximando do dia em que ela assumiria seu atual posto, e o coração de T’Challa acelerou involuntariamente. Estava morto de curiosidade para saber as primeiras impressões que [_____] tivera dele. Por fim, a data chegou.

05 de dezembro de 2010

“Hoje eu finalmente fui apresentada ao príncipe T’Challa como sua nova guarda-costas. Eles falam guardiã pessoal, mas pra mim é só um jeito chique de falar guarda-costas. Será que eles têm vergonha de admitir que o príncipe deles precisa de uma guarda-costas?”

Um sorriso brincou nos lábios de T’Challa. Ele podia ouvir claramente a voz de [_____] dizendo tudo aquilo.

“Felizmente não preciso ficar seguindo-o para todos os cantos. Eu sou solicitada quando ele sai ou vai a lugares de risco que é necessário manter a discrição. Gostei bastante de todos: a Oyoke é muito fantástica, assim como todas as Doras. Eu bem que podia ter virado uma. A princesa Shuri é tão divertida!! E o rei e a rainha são muito fofos e acolhedores. Não é a toa que Wakanda está do jeito que está. Agora eu confesso que me surpreendi com o príncipe T’Challa. Eu estava esperando um cara super imponente, com aquele ar de “eu sou o herdeiro do trono e o atual detentor dos poderes do Pantera Negra”, mas ele é tão tranquilo. Não fala muito, tem aquele ar meio tímido, mas é extremamente educado. Acho que “sereno” seria a melhor palavra para descrevê-lo. Ah, e tenho que concordar que ele é muito bonito, bem como os boatos diziam. Mas, concluindo, eu estou me sentindo confortável com tudo. Acho que vou gostar do serviço”.

T’Challa seguiu para as outras anotações com os olhos embaçados de lágrimas. O fluxo se intensificou quando ele encontrou os pequenos detalhes que tinham iniciado o relacionamento dos dois descritos ali.

16 de fevereiro de 2011

“Hoje aconteceu uma coisa tão legal! O serviço estava sendo ótimo, porque não há coisas muito complicadas fora as missões que o príncipe faz como Pantera Negra. E é muito confortável ficar na companhia dele e da corte, porque todos são muito simpáticos. E eu descobri que, com certeza, o príncipe T’Challa é um dos mais simpáticos de todos! Eu costumo ficar bem quieta quando estou no serviço para não invadir o espaço pessoal dele (deve ser meio irritante ter alguém te seguindo). Só que hoje ele me disse que se sente mal por ter alguém tão próximo cujo propósito é protege-lo com sua própria vida... mas ele sequer a conhece. Então ele me pediu para falar um pouco de mim, e enquanto eu contava, me levou pra tomar sorvete! Segundo ele, era a melhor sorveteria de Wakanda! E, realmente, foi o melhor sorvete que tomei na vida. Não esperava isso dele. Sério. Ele me pareceu super educado e tudo mais, mas não que chegaria a esse nível de simpatia. Acho que a partir de hoje vou defende-lo com mais gosto ainda!”.

06 de março de 2011

“Eu nem consigo acreditar que fiquei ouvindo música com o príncipe e a princesa no laboratório dela por quase uma hora. Uma reunião acabou sendo cancelada e os dois ficaram à toa. Eu gosto muito do relacionamento deles. Adoro quando a Shuri começa a zoar da cara do T’Challa. Ele fica tão sem graça!... Principalmente quando eu ou alguma Dora está por perto. Ele muito fofinho quando fica sem graça. Uh... Acho que eu não deveria estar reparando nessas coisas. Ah! As músicas que a Shuri me mostrou são bem legais. Até adicionei na minha playlist.”

28 de maio de 2011

“A missão que concluímos hoje foi bem difícil. Acabei me lesionando feio as duas pernas (tanto que estou aqui, dormindo na ala hospitalar no laboratório da princesa), mas graças a isso, o príncipe T’Challa saiu completamente ileso. Nossa, que alívio que eu senti quando vi que ele estava bem. Eu me mataria se tivesse acontecido alguma coisa, afinal, eu só tenho um trabalho!!

Mas o que me acabou pegando desprevenida foi a preocupação dele. Ele estava sinceramente preocupado comigo, se culpou muito pelo que aconteceu (imagina o meu estado se tivesse sido o contrário), pediu desculpas e ficou comigo até eu ser internada aqui no laboratório. Isso está me deixando confusa...”

23 de julho de 2011

“Hoje eu fiquei muito irritada comigo mesma. Digo, poxa eu tenho que me concentrar mais no meu trabalho. Acabei pegando a mim mesma olhando feito uma idiota para o príncipe T’Challa enquanto ele ria. Mas eu tenho que admitir que eu adoro sorriso dele. Parece que ele rejuvenesce uns 5 anos quando sorri, e os dentinhos dele dão um ar meio ‘sou um garotinho fofo’ pra ele. Ai céus, onde eu estou com a cabeça em estar escrevendo isso...”

T’Challa fechou o caderno e abraçou-o, voltando a chorar abertamente. Mesmo que estivesse o mais próximo possível da [_____] pelo qual ele se apaixonara naquele momento, todas aquelas anotações tornaram a jogar em cima o peso da ausência dela. Desesperado, o príncipe tornou a abrir o caderno e a se perder nas anotações de [_____]. Não podia parar mais, senão o silêncio do quarto e frieza da outra metade do colchão o fariam perder a cabeça.

Ele não soube por quantas horas ficou ali, com a caligrafia de [____] preenchendo toda sua visão e sua mente. Entretanto, em determinado momento, algo inesperado surgiu em meio às anotações. Ele estava quase no fim do caderno, faltando apenas um mês e meio para a data em que ela entrara em coma. Dentre as observações sobre seu dia-a-dia, [____] havia inserido um desejo, uma pequena ideia:

“Sabe, todo mundo fala que o certo é o homem pedir a mulher em casamento. Eu acho isso bem ridículo, tipo poxa! Quem foi o idiota que inventou essa regra? Qual é a diferença? Bom, o meu ponto é que estou pensando em pedir o T’Challa em casamento. Eu sei que ela anda nervoso com algumas questões políticas que envolvem Wakanda, então acho que uma coisa boa poderia alegrá-lo e aliviar um pouco a tensão. Não precisamos casar imediatamente. Só vamos ficar noivos.”

T’Challa colocou-se sentado na cama, as costas perfeitamente retas e os ombros tensos. Seus olhos correram para as anotações do dia seguinte:

“Estou pensando seriamente em seguir com o plano do pedido. Mas precisa ser uma coisa especial. Eu tive várias ideias, mas a que mais me agradou foi levá-lo para um piquenique noturno para ver as auroras, como ele fez quando me pediu em namoro.”

O príncipe virou as páginas, voltando às anotações do dia em que tinha pedido [____] em namoro e as releu:

02 de abril de 2012

“Acho que hoje foi um dos melhores dias da minha vida. O T’Challa armou todo esquema para me fazer acreditar que ele tinha uma missão de infiltração durante à noite, e me fez esperar num ponto da floresta sul. Daí do nada ele ligou e disse que tinha mudado o ponto de encontro alguns quilômetros para o leste. Achei tudo muito estranho. Comecei a achar que havia algo errado, mas quando cheguei lá, me deparei com T’Challa usando um sobretudo muito lindo, branco com detalhes em dourado e verde. Eu fiquei um tempo olhando pra ele de um jeito meio sonso, porque ele estava maravilhoso naquela roupa, e demorei a me tocar que havia um pano de piquenique ali com algumas cestas. Eu fiquei tipo “O que diabos é isso tudo?”, e ele com aquele maldito sorriso que me faz derreter inteira “Um encontro, talvez?” Me sentei toda desconfiada, mas quando ele sentou BEM PERTINHO DE MIM, entendi que o negócio era sério. Ah, só de lembrar minhas bochechas doem de vergonha. Comecei a enchê-lo de perguntas porque estava super nervosa, e ele respondia tudo segurando o riso. No começo foi até engraçado, mas a conversa foi ficando mais... complicada quando ele começou a explicar o porquê de tudo aquilo. Não sabia o que fazer. Parecia tão... errado. Eu devia protegê-lo, não seduzi-lo. Mas eu já não consigo mais negar que estou apaixonada por ele. E não neguei. Mas disse que também achava errado. O que os pais dele iam pensar? Daí ele me vem com aquele tom todo sereno e envolvente dizendo que estava tudo bem. Que ele não ligava e que faria todos entenderem o que realmente tinha acontecido. A única coisa que importava para ele era o que eu queria. Se eu o aceitaria.

COMO É QUE EU FALO ‘NÃO’ PRA UM CARA DESSE? Não tem como. Não teve como. Claro que eu cedi. Eu falei tudo. Falei o que eu estava sentindo, que eu também estava apaixonada por ele, mas que também estava com medo do que ia acontecer. Daí ele me abraçou. Me abraçou com aqueles braços. Ele colocou aquelas mãos nas minhas costas e começou a me fazer carinho. Claro que eu arrepiei inteira, e eu jurei que meu coração ia sair pela boca. Foi aí que eu também senti que o coração dele também estava disparado. Depois de um tempinho ele me empurrou de leve pra olhar nos meus olhos (eu quase morri, essas coisas não fazem bem pro coração). E aí ele finalmente soltou a fatídica pergunta:

‘Eu amo você, [____]. Quer ficar comigo?’

Juro que parecia um sonho. As auroras brilhavam no céu em tons roxos e azuis, iluminando a pele dele num tom quase místico. O reflexo do céu nos olhos negros dele foi uma das coisas mais lindas que eu já vi. Tanto que nem consegui responder. Só depois de um tempinho percebi que estava demorando demais para dizer alguma coisa... Mas as palavras pareciam ter entalado na minha garganta. No desespero, agi por impulso: beijei ele. Eu beijei o príncipe T’Challa. Pela pelagem de Bast, que ousadia. Mas foi maravilhoso. Foi doce, muito tenro. Ele colocou a mão no meu rosto bem de leve, fazendo carinho com o polegar, e moveu os lábios bem devagar. Minha mente saiu do sistema solar nessa hora. Poderia ter ficado o resto da noite daquele jeito. Felizmente, acho que ele captou o meu ‘sim’ no beijo. Minha Bast, que vergonha não ter conseguido responder! [...]”

Com as mãos um pouco trêmulas, T’Challa voltou ao ponto em que parara e continuou lendo as reflexões de [____].

“Decidi pela ideia do piquenique noturno. Já comecei a preparar as coisas. Quero levar as nossas comidas preferidas. Ah, e também umas coisas legais pra fazermos juntos. Talvez escutar música e dançar... Ia ser lindo dançar sob as auroras! Só que vai ser difícil arranjar uma desculpa pra disfarçar o piquenique. Acho que vou simplesmente dizer que é um encontro bem simples porque ele anda precisando desestressar”.

T’Challa interrompeu a leitura e respirou fundo, preparando-se para o que sabia que viria a seguir...

O erro fatal que cometera.

Com as mãos ainda mais trêmulas e o choro preso no fundo da garganta, ele virou a página. Já era a anotação no dia em que ela o convidara para o encontro.

“Infelizmente não é todo dia que conseguimos o que queremos, não é? O T’Challa recusou meu convite. Disse que estavam acontecendo coisas sérias demais para que ele se desse ao luxo de ‘perder tempo’ com um encontro. Ele disse ‘perder tempo’... Eu entendo que ela anda muito estressado, mas essa realmente doeu. O plano foi por água abaixo, e eu não sei se terei coragem de chama-lo novamente... Acho que vou desistir do pedido. Não vale a pena insistir nisso já que o T’Challa está do jeito que está...”

Nesse ponto, ele percebeu que havia uma pequena irregularidade no papel. Estava enrugado sobre a palavra “jeito”, e essa textura formava um círculo quase perfeito. Uma lágrima.

[_____] escrevera aquilo enquanto chorava.

T’Challa mais uma vez se entregou abertamente a sua tristeza, chorando alto enquanto abraçava o caderno aberto sobre seu peito. Curvou-se para frente, firmando a cabeça contra o colchão e se odiou. Odiou-se pelo fato de ter sido tão insensível e cego. Ela fora a única que enxergara a verdadeira gravidade de seu estado de tensão e se dispôs a ajuda-lo. Mas ele simplesmente a ignorara e a enxotara.

— Me perdoe, [_____]...  Me perdoe, por favor. Eu não devia... Eu devia ter de escutado... Como!? – T’Challa agora gritava. – Como eu fui capaz de fazer isso!?

Mas ele sabia que já era tarde. Estava pagando pelo que fizera, pois [____] não estava ali para escutar seu pedido de perdão. E ela não estava ali... Porque, até o fim, sem precisar de sua permissão, ela o ajudara e o protegera... Enquanto ele encarregara de rejeitá-la. Que tipo de rei ele era? Que tipo de pessoa ele era?...  Sentia que já não merecia o amor de [____]. Não depois do que fizera. Mas precisava ficar ao lado dela, precisava fazer de tudo para que ela voltasse...

Mas... Se ela voltasse... Será que um dia poderia ser digno do seu amor novamente? Porque no fundo, T’Challa sabia. Ele jamais seria capaz de amar outra mulher. E não ter a mulher que amava ao seu lado seria a maior dor que carregaria.

O príncipe olhou através das janelas com o rosto ensopado de água salgada e viu que, ironicamente, as auroras brilhavam no céu noturno de uma Wakanda adormecida. Era quase como se elas tivessem aparecido só para julgá-lo. T’Challa permaneceu imóvel por longos minutos, entorpecido pela culpa que o corroía por dentro, até que um barulho alto o despertou. Ele ouviu como se alguém corresse desesperadamente pelos corredores, trombando em tudo o que havia pelo caminho. Então, a porta se abriu subitamente, e uma Shuri bastante afobada entrou cambaleando em seu quarto.

— T’Challa! – ela praticamente gritou, mesmo estando sem fôlego. – A [_____]...!!

Shuri encarou-o com a ansiedade estampada em seu rosto, sem ser capaz de continuar a frase. Mas pelo tom e pela pitada de felicidade esmagada entre os lábios comprimidos num meio sorriso de Shuri, ele soube. O Pantera Negra saltou como um gato para o chão e disparou para o corredor, sem se importar de estar usando apenas suas calças. Os poderes da erva o impulsionaram ainda mais rapidamente pelos corredores, levando-o em menos de um minuto até o laboratório. Havia dois internos ao redor do leito de [____], e eles conversavam em tons afobados, medindo sinais vitais e perguntando como ela se sentia.

[____]... tinha voltado.

Ainda sem acreditar, T’Challa arrastou os pés de forma hesitante na direção do leito. Os internos notaram sua presença, interromperam por um momento seus movimentos e fizeram uma leve reverência.

— Alteza – disseram num tom respeitoso, para depois retomar os procedimentos.

T’Challa não os cumprimentou de volta. Estava absorto demais no vulto deitado no LMF para notar qualquer outra coisa. O que estava do lado esquerdo mudou de lugar para dar passagem ao príncipe, que agora se prostrara ao lado do tronco de [_____]. Seus olhos ainda estavam parcialmente fechados enquanto ela se acostumava com a claridade, e tinham um aspecto um pouco desfocado. Ela girou as íris até que se deteve no vulto enorme que havia parado ao seu lado. [_____] piscou várias vezes, franzindo a testa. Então, gradualmente, um sorriso se espalhou por seus lábios até chegarem aos seus olhos.

— T’Challa... – ela chamou com a voz rouca pela falta de uso. – Você está bem.

Trêmulo e ainda incapaz de absorver o que estava acontecendo, o príncipe se ajoelhou lentamente e estendeu uma mão para tocar o rosto de [_____]. Sua pele perdera o aspecto rígido e sem vida de máscara de cera, e ao seu toque, ele sentiu os músculos de sua face se repuxando.

— [_____]... – pronunciou T’Challa quase solenemente, como se evocasse uma entidade sagrada.

Com um movimento débil e bastante trêmulo, [_____] ergueu o braço e levou a mão até o rosto de seu amado, espelhando seu gesto. T’Challa imediatamente firmou sua mão contra seu rosto, sentindo a pele alguns décimos de grau mais fria que a dele. Sem que ele percebesse, as lágrimas tornaram a escorrer por seus olhos como um rio melancólico.

— [_____]... Você está aqui...

E então T’Challa desabou. Os internos tomaram um susto e se afastaram, deixando os dois sozinhos. O príncipe enterrou a cabeça na curva do pescoço de [_____] e chorou. Por ser pega desprevenida e por ainda estar fraca, ela se limitou a acariciar o cabelo de seu amado.

— Me perdoe, [______], me perdoe... Eu não devia ter recusado o seu convite aquele dia. O que eu fiz foi imperdoável... E logo depois você caiu em batalha... Pra me proteger... Eu não mereço, não mereço mais estar com você.

— Shhhhh – cortou [_____] pressionando sua nuca, quase como os gatos faziam com seus filhotes quando queriam acalmá-los. – Por favor, T’Challa, pare com isso... Eu estou bem aqui. Com você. E não vou sair. Nunca.

Ele se agarrou com mais força aos ombros dela, ainda em prantos.

— Me perdoe, [_____]. Eu prometo, eu juro, que viverei o resto da minha vida tentando compensar o que eu fiz.

— Tsc, para com isso. – ela deu um soquinho em sua nuca. – A única coisa que precisa fazer para compensar é dizer “sim”.

T’Challa soluçou e ergueu o rosto, olhando pasmo para [_____]. Um sorriso travesso brincou nos lábios dela.

— Você... – começou T’Challa sem conseguir encontrar as palavras certas.

— Sim. – disse ela no tom mais firme que conseguia usar naquele estado. – Estou te pedindo em casamento.

Um silêncio cálido baixou entre os dois, que se perderam nos olhos um do outro por longos segundos. Depois, subitamente, T’Challa se ergueu o suficiente para que pudesse depositar um beijo nos lábios de [_____]. Ela arregalou os olhos, pega completamente de surpresa, mas depois fechou-os e saboreou cada centímetro dos lábios do homem que amava. Enquanto isso, T’Challa cuidava para gravar aquela sensação a ferro e fogo em sua alma e de inundar-se pela presença de [_____], colocando um ‘sim’ em cada movimento que fazia com os lábios.

— Por Bast, irmão. Não dá pra você esperar trinta minutos até terminarmos o check-up dela? – fez-se ouvir a voz de Shuri na entrada do laboratório.

T’Challa interrompeu o beijo e trocou olhares com [____]. Os dois riram. O príncipe se colocou de pé, beijou a mão de sua noiva e se afastou, dando espaço para que Shuri e os internos trabalhassem. Enquanto aguardava, vigiando de forma protetora a silhueta de [_____], T’Challa lançou um rápido olhar na direção das janelas. Lá fora, as auroras lançavam seus últimos raios azul-arroxeados sobre a paisagem e através do vidro. O Pantera Negra sorriu.

Agora ele sabia. Sabia que elas não tinham aparecido para julgá-lo.

Elas tinham aparecido para lhe dar a boa nova.


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Notas finais do capítulo

E aí o que acharam da oneshot de abertura? Gostaram? Fiquem à vontade para comentar, apontar melhoras pq isso ajuda e estimula muitooo *u*
Espero que tenham gostado desse angst com o nosso gatão favorito E NÃO SE ESQUEÇAM DE MANDAR OS PEDIDOS DE VOCÊS ;3!!
Beijos da Nana-chan!!



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