O Preço da Glória escrita por Carol Coelho


Capítulo 13
Capítulo 12 - Sexto Dia


Notas iniciais do capítulo

Demorou um pouco, mas saiu!! Boa leitura o/



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Naquela manhã, tudo parecia esmaecido para Leonardo.

Ele se levantou e tomou café como sempre fazia. Jamais deixaria transparecer para sua tripulação que havia algo de errado. Por dentro, a ansiedade o corroía todas as vezes que ele pensava estar cada vez mais perto de Ákilah.

No convés, apenas Veronica poderia dizer que havia algo errado com o capitão, mas só porque ela sabia de fato que algo o incomodava. Ela tentou fazê-lo se sentir melhor e mais confortável, porém foi em vão. Leonardo permaneceu tenso a manhã inteira. A qualquer momento eles chegariam à Ákilah e sua mente era um turbilhão de ideias inconsistentes. Manter-se fiel à sua promessa para o prefeito ou, de uma certa forma, honrar o legado de seu pai?

— Terra à vista! — gritou Aluiso do caralho.

Gritos de comemoração se espalharam pelos membros da tripulação que se abraçavam, pulavam e sacudiam seus chapéus.

— Silêncio! — ordenou Leonardo, travando o timão.

No mesmo instante a tripulação calou-se e prestou plena atenção no que o capitão tinha para dizer. Leonardo respirou fundo algumas vezes antes de iniciar sua fala.

— Bem, eu... menti para vocês de certa forma.

O silêncio era esmagador. O capitão correu os olhos pela tripulação medindo as reações dos marujos.

— Nós não vamos capturar animal algum em Ákilah.

Uma onda de indignação percorreu a tripulação do Salamandra do Mar enquanto algumas reclamações já começavam a ser ouvidas.

— Silêncio! — pediu Veronica e todos se calaram novamente.

— Como vocês bem sabem, eu amava meu pai mais que qualquer coisa nesse mundo. O meu pai. O homem que ajudou todos vocês, que acolheu vocês, o cerne dessa tripulação que eu considero uma família.

Uma vez mais, ele mediu as reações enquanto se recuperava do jorro de sentimentos que havia acabado de sair de sua boca.

— Vocês o conheciam muito bem. Sabem que ele tinha uma crença e que essa crença era tudo para ele. — os olhos muito azuis do capitão pousaram na gravação quase invisível no topo do grande mastro.

— É, todos sabem que o velho Leão tinha seus delírios, novo Leão — um homem gritou do meio da multidão brincando com Leonardo. — O que isso tem a ver?

— Peço que vocês, por favor entendam. Não quero acabar com a vida de ninguém. Eu gostaria bem mais do que vocês podem imaginar completar essa missão e trazer para esse barco a glória que ele e nós merecemos. Pelo meu pai. — ele parou e observou o horizonte, Ákilah se aproximando cada vez mais. — Não poderemos completar essa missão. Nós estamos indo caçar o que meu pai morreu tentando defender.

Uma explosão de risadas irrompeu pela multidão, deixando Leonardo perdido, confuso e frustrado. Ele olhou para Veronica buscando algum apoio pois não sabia como reagir.

— Todo mundo respeitava seu pai, capitão, mas ninguém compactuava com seus delírios lunáticos de ex pescador — uma voz se fez ouvir na multidão.

— Nós precisamos de estabilidade, capitão. Vamos logo, temos que terminar o que nós começamos.

— Eu disse — Leonardo gritou acima da balbúrdia fazendo todos se calarem. — que nós não vamos fazer nada. Vocês têm de respeitar. Eu sou o capitão.

Os marujos olhavam para ele incrédulos e temerosos. Leonardo raramente se impunha assim sobre sua tripulação. Ele respirou fundo algumas vezes antes de voltar a falar.

— Não vou obrigar vocês a serem parte disso, mas se vocês não estão comigo, você não vão nem se envolver. Jogue a âncora — comandou Leonardo.

Prontamente, Gregório e Teófilo se precipitaram a desenrolar a pesada âncora. Cristiano já havia descido à casa de máquinas para desligar o motor do navio. A âncora foi lançada ao mar e, poucos segundo depois, o Salamandra do Mar estava paralisado a alguns quilômetros da ilha de Ákilah.

— Estamos com você, capitão — disse Gregório, se posicionando ao lado da mãe junto de Teófilo.

— Eu nem preciso dizer nada, não é? — falou Veronica.

Juliano se precipitou do meio da multidão e se posicionou ao lado de Leonado, que lhe sorriu em agradecimento. A tripulação se dividia em voltar para suas camas, trocar palavras sussurradas enrte si e lançar olhares de desgosto ao capitão.

— Igualzinho ao pai — resmungou um mal humorado marujo antes de voltar para o quarto. — Só para deixar registrado, eu me demito.

Leonardo engoliu em seco, temeroso de que o resto da tripulação seguisse pelo mesmo caminho. Cristiano subiu da sala das máquinas carregando um pesado molho de chaves.

— Por onde começamos? — indagou.

— Precisamos ir em barcos pequenos.

Antes que o capitão pudesse completar sua frase, as águas se agitaram e um peixe enorme saltou por cima do navio, caindo do outro lado. Leonardo correu para a borda e mirou incrédulo o ponto que o animal havia sumido.

— Aqui foi...? — a frase de Veronica morreu quando ela olhou para baixo e viu meia dúzia de ombros e cabeças a mirando da água.

— Elas são... — Gregório deixou a frase morrer na metade.

— Sim — completou Leonardo, estupefato. — São sereias, Greório.

Ao olhar para o lado, mais uns quatro ou cinco marujos miravam as sereias na água. Elas, contentes com a atenção, faziam estripulias com a cauda e diversos saltos e mergulho para o deleite dos observadores.

— Ei! — Leonardo chamou. Uma delas o olhou. — Preciso falar com a sua líder.

Ela sorriu, acentiu e fez um gesto para que Leoanrdo pulasse para a água. Ele pediu para que ela esperasse com um gesto.

Cristiano prontamente foi buscar o bote de emergência.

— Elas são matutas — avisou Leonardo. — Cuidado. Elas também podem criar ilusões, então não descuidem dos próprios pensamentos. Matenham-se juntos e não se separem por nada, entendido?

Teófilo, Gregório, Veronica e Juliano assentiram.

O barco foi lançado na água. O grupo da expedição desceu e, ao chegarem no nível do mar, foram recepcionados pelas sereias. Elas eram ainda mais bonitas de perto. Seus cabelos variavam ente tons azuis, vermelhos, loiros e castanhos. Os olhos eram iguais: todos de um azul muito escuro, algo que eles jamais haviam visto.

— Podemos ir então? — indagou Leonardo.

A sereia que havia acenado para eles fez que não com a cabeça.

"Outras fêmeas não são permitidas", a voz ecoou dentro da cabeça de Leonardo e ele arregalou os olhos. Olhou para os companheiros que pareciam tão chocados quanto ele. O capitão olhou para Veronica que fez uma expressão de súplica quase desesperada. Leonardo confiava nos instintos de Veronica. Eles nunca haviam falhado.

— Veronica vai junto — insistiu.

A sereia deu de ombros.

"Eu avisei". E assim eles seguiram as sereias.  


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Nos vemos no próximo capítulo ♥



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