O Preço da Glória escrita por Carol Coelho
Notas iniciais do capítulo
Demorou um pouco, mas saiu!! Boa leitura o/
Naquela manhã, tudo parecia esmaecido para Leonardo.
Ele se levantou e tomou café como sempre fazia. Jamais deixaria transparecer para sua tripulação que havia algo de errado. Por dentro, a ansiedade o corroía todas as vezes que ele pensava estar cada vez mais perto de Ákilah.
No convés, apenas Veronica poderia dizer que havia algo errado com o capitão, mas só porque ela sabia de fato que algo o incomodava. Ela tentou fazê-lo se sentir melhor e mais confortável, porém foi em vão. Leonardo permaneceu tenso a manhã inteira. A qualquer momento eles chegariam à Ákilah e sua mente era um turbilhão de ideias inconsistentes. Manter-se fiel à sua promessa para o prefeito ou, de uma certa forma, honrar o legado de seu pai?
— Terra à vista! — gritou Aluiso do caralho.
Gritos de comemoração se espalharam pelos membros da tripulação que se abraçavam, pulavam e sacudiam seus chapéus.
— Silêncio! — ordenou Leonardo, travando o timão.
No mesmo instante a tripulação calou-se e prestou plena atenção no que o capitão tinha para dizer. Leonardo respirou fundo algumas vezes antes de iniciar sua fala.
— Bem, eu... menti para vocês de certa forma.
O silêncio era esmagador. O capitão correu os olhos pela tripulação medindo as reações dos marujos.
— Nós não vamos capturar animal algum em Ákilah.
Uma onda de indignação percorreu a tripulação do Salamandra do Mar enquanto algumas reclamações já começavam a ser ouvidas.
— Silêncio! — pediu Veronica e todos se calaram novamente.
— Como vocês bem sabem, eu amava meu pai mais que qualquer coisa nesse mundo. O meu pai. O homem que ajudou todos vocês, que acolheu vocês, o cerne dessa tripulação que eu considero uma família.
Uma vez mais, ele mediu as reações enquanto se recuperava do jorro de sentimentos que havia acabado de sair de sua boca.
— Vocês o conheciam muito bem. Sabem que ele tinha uma crença e que essa crença era tudo para ele. — os olhos muito azuis do capitão pousaram na gravação quase invisível no topo do grande mastro.
— É, todos sabem que o velho Leão tinha seus delírios, novo Leão — um homem gritou do meio da multidão brincando com Leonardo. — O que isso tem a ver?
— Peço que vocês, por favor entendam. Não quero acabar com a vida de ninguém. Eu gostaria bem mais do que vocês podem imaginar completar essa missão e trazer para esse barco a glória que ele e nós merecemos. Pelo meu pai. — ele parou e observou o horizonte, Ákilah se aproximando cada vez mais. — Não poderemos completar essa missão. Nós estamos indo caçar o que meu pai morreu tentando defender.
Uma explosão de risadas irrompeu pela multidão, deixando Leonardo perdido, confuso e frustrado. Ele olhou para Veronica buscando algum apoio pois não sabia como reagir.
— Todo mundo respeitava seu pai, capitão, mas ninguém compactuava com seus delírios lunáticos de ex pescador — uma voz se fez ouvir na multidão.
— Nós precisamos de estabilidade, capitão. Vamos logo, temos que terminar o que nós começamos.
— Eu disse — Leonardo gritou acima da balbúrdia fazendo todos se calarem. — que nós não vamos fazer nada. Vocês têm de respeitar. Eu sou o capitão.
Os marujos olhavam para ele incrédulos e temerosos. Leonardo raramente se impunha assim sobre sua tripulação. Ele respirou fundo algumas vezes antes de voltar a falar.
— Não vou obrigar vocês a serem parte disso, mas se vocês não estão comigo, você não vão nem se envolver. Jogue a âncora — comandou Leonardo.
Prontamente, Gregório e Teófilo se precipitaram a desenrolar a pesada âncora. Cristiano já havia descido à casa de máquinas para desligar o motor do navio. A âncora foi lançada ao mar e, poucos segundo depois, o Salamandra do Mar estava paralisado a alguns quilômetros da ilha de Ákilah.
— Estamos com você, capitão — disse Gregório, se posicionando ao lado da mãe junto de Teófilo.
— Eu nem preciso dizer nada, não é? — falou Veronica.
Juliano se precipitou do meio da multidão e se posicionou ao lado de Leonado, que lhe sorriu em agradecimento. A tripulação se dividia em voltar para suas camas, trocar palavras sussurradas enrte si e lançar olhares de desgosto ao capitão.
— Igualzinho ao pai — resmungou um mal humorado marujo antes de voltar para o quarto. — Só para deixar registrado, eu me demito.
Leonardo engoliu em seco, temeroso de que o resto da tripulação seguisse pelo mesmo caminho. Cristiano subiu da sala das máquinas carregando um pesado molho de chaves.
— Por onde começamos? — indagou.
— Precisamos ir em barcos pequenos.
Antes que o capitão pudesse completar sua frase, as águas se agitaram e um peixe enorme saltou por cima do navio, caindo do outro lado. Leonardo correu para a borda e mirou incrédulo o ponto que o animal havia sumido.
— Aqui foi...? — a frase de Veronica morreu quando ela olhou para baixo e viu meia dúzia de ombros e cabeças a mirando da água.
— Elas são... — Gregório deixou a frase morrer na metade.
— Sim — completou Leonardo, estupefato. — São sereias, Greório.
Ao olhar para o lado, mais uns quatro ou cinco marujos miravam as sereias na água. Elas, contentes com a atenção, faziam estripulias com a cauda e diversos saltos e mergulho para o deleite dos observadores.
— Ei! — Leonardo chamou. Uma delas o olhou. — Preciso falar com a sua líder.
Ela sorriu, acentiu e fez um gesto para que Leoanrdo pulasse para a água. Ele pediu para que ela esperasse com um gesto.
Cristiano prontamente foi buscar o bote de emergência.
— Elas são matutas — avisou Leonardo. — Cuidado. Elas também podem criar ilusões, então não descuidem dos próprios pensamentos. Matenham-se juntos e não se separem por nada, entendido?
Teófilo, Gregório, Veronica e Juliano assentiram.
O barco foi lançado na água. O grupo da expedição desceu e, ao chegarem no nível do mar, foram recepcionados pelas sereias. Elas eram ainda mais bonitas de perto. Seus cabelos variavam ente tons azuis, vermelhos, loiros e castanhos. Os olhos eram iguais: todos de um azul muito escuro, algo que eles jamais haviam visto.
— Podemos ir então? — indagou Leonardo.
A sereia que havia acenado para eles fez que não com a cabeça.
"Outras fêmeas não são permitidas", a voz ecoou dentro da cabeça de Leonardo e ele arregalou os olhos. Olhou para os companheiros que pareciam tão chocados quanto ele. O capitão olhou para Veronica que fez uma expressão de súplica quase desesperada. Leonardo confiava nos instintos de Veronica. Eles nunca haviam falhado.
— Veronica vai junto — insistiu.
A sereia deu de ombros.
"Eu avisei". E assim eles seguiram as sereias.
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Espero que tenham gostado! Nos vemos no próximo capítulo ♥