Sobre cores e horas escrita por Julia


Capítulo 20
Capítulo 20




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Ellen:

Foi só quando entramos em casa com ela depois de quatro torturantes meses que finalmente consegui entender que ela estava realmente de volta. Mesmo que diferente. Sair do hospital foi um parto. Ela tremia de medo de sair pela porta, não queria usar nada na cabeça, quase me atacou quando tentei vestir uma touca nela. Eu e Carl tivemos que lhe dar as mãos e enroscar nossos braços bem junto a ela, um de cada lado para que ela cogitasse sair pela porta em direção ao estacionamento.

Carl só teve tempo de nos deixar em casa, tinha que voltar ao trabalho.

—Vou tentar uma folga. Mas não garanto nada.

—Acho que consigo contornar as coisas até a noite. Ela parece bem de certa forma.

—Qualquer coisa não hesite em me ligar.

Após passar pela porta Alex se mantem parada. Liam a segurou pela mão e a levou até o sofá, ele ficou olhando para ela com os olhinhos brilhando e falando sem parar. Envolveu os braços ao redor dela e a apertou, ela ficou visivelmente desconfortável.

—Liam por que você não traz aquele seu presente para ela abrir?- Tentei dar uma folga a ela.

—Até quando você precisa usar os óculos dentro de casa querida? – Minha mãe pergunta a ela.

—Não sei.

—Mas você já tentou ficar sem? -Meu pai questiona.

—Meus olhos já estão ardendo com os óculos, sem eles nem consigo ficar com eles abertos.

—Não quer comer nada? Eu fiz um bolo, vou buscar pra você.

—Mãe ela não disse que queria...

—Sabe Alex, eu tenho um ótimo oftalmologista em Orlando... – Meu pai continuava insistindo nos óculos.

—Alex sabe aquele jogo do Pokémon... – Liam disse ao entregar o presente, e sentar grudado nela.

Todos falavam ao mesmo tempo. Eu estava começando a me irritar quando percebi que Liam cutucava Alex que segurava o presente sem olhar para ele. Ela não havia dado atenção a ele quando estava no hospital, ele devia estar cheio de expectativas para quando ela voltasse para casa.

—Liam...

—Foi aí que eu percebi o que precisava fazer para passar de fase...

—Liam... – Joan também percebeu a reação de Alex a tudo.

—Por que eu tinha esquecido de pegar a chave no começo e sem ela...

—Liam cala a boca por 5 segundos! Você está me dando dor de cabeça! -Alex grita.

Todos param de falar. Ele se cala e fica parado piscando, como se estivesse em choque. Depois sai correndo subindo as escadas em disparada. Eu também fiquei assustada, ela não era do tipo que gritava. Levantei e fui atrás dele. Ele não era de chorar, normalmente era apenas choradeiras passageiras, mas eu percebi que ele estava diferente. Era um choro mais profundo. Ele mal parecia respirar.

—Meu amor, se acalme. Respire...

—Meu sonho estava certo. Ela não gosta mais de mim.

—Sua irmã esteve em um lugar muito, muito ruim todo esse tempo.

—E daí, por que ela não pediu para ir embora?

—Ela não podia. Alguém precisava ajudar ela a sair. Como quando você ficou preso no armário. Mas ela ficou muito tempo presa e agora está doente.

—Ela não parece doente. Só machucada.

—Ela está muito triste e irritada, você vai ter que ser paciente com ela. Muito paciente. Eu te garanto que ela ainda gosta de você.

—Eu não acho. Ela nem abriu o presente que eu dei para ela!

—Ela não quis abrir o presente de ninguém.

—Eu quero ele de volta então.

—Tudo bem você ficar chateado, mas você tem que entender que ela precisa de um tempo até voltar ao normal.

—Eu vou jogar. - Disse emburrado sentando no pufe de frente para a TV.

Quando saio para o corredor vejo Joan conversando na porta do quarto da Alex.

—Ninguém mexeu em nada. Só deram uma limpada mesmo.

—Muito melhor voltar a dormir no próprio quarto, não é? -Eu disse ao entrar.

Ela balançou a cabeça em afirmativa e veio em minha direção a mão levantando. Achei que fosse para um abraço.

—Me deixem um pouco sozinha. – Ela foi fechando a porta nos expulsando do quarto.

—Ele chorou muito? – Joan me perguntou ao ficarmos sozinhas no corredor.

—Muito.

—No que eu posso ajudar? Não sei bem o que fazer... Ou falar...

—Mantenha seus avós ocupados. O maior tempo possível.

—Certo.

Horas mais tarde fui até o quarto da Alex verificar se estava tudo bem. Ela estava sentada no tapete com as mesmas roupas da hora que chegamos, olhando para a janela de cortinas fechadas de costas para a porta. O quarto cheirava a depressão.

—Está tudo bem?

—Sim. – Ela respondeu sem virar para mim.

—Não prefere ficar na cama? – Perguntei ao ficar na sua frente. Ela ainda usava os óculos apesar da penumbra. Aquilo me perturbava, ela sempre teve o olhar muito expressivo, não poder vê-lo me deixava sem saber o que ela sentia.

—Não.

—Não quer ver um filme... comer alguma coisa?

—A luz ainda me incomoda. E sim, acho que estou com fome.

—Você não precisa esperar eu perguntar. Só descer e pegar uma fruta ou algo assim.

—Gosto de ficar no meu quarto.

—Nós vamos levar Liam e Joan para passear, quer ir junto? Vamos Ellen? – Minha mãe falou ao se enfiar para dentro do quarto.

—Não! – ela balançou a cabeça firmemente.

—Ora Alex, vamos. Ficar enfiada nessa escuridão o dia todo vai te ajudar no que?

Alex suspirou profundamente.

—Tá bom, mãe, já deu sua opinião, levem os dois que eu fico com ela. – Eu disse.

Minha mãe saiu balançando a cabeça e reclamando em voz baixa. Depois de levar comida para ela fui para o estúdio. Sem meus pais julgando e criticando com o olhar meu trabalho fluiria melhor. Mal podia acreditar que havia conseguido voltar ao trabalho mesmo que ele estivesse diferente...

—Sua inspiração voltou mesmo... – Carl disse ao aparecer na porta. Encostou o corpo no batente da porta e cruzou os braços. - Achei que tivesse dito aquilo semana passada só por dizer.

—Um dia acordei com uma ideia muito forte. Só parei os dias que fiquei com Alex. Mas se ficasse mais uma semana sem trabalhar aqui eu ia acabar matando alguém. Provavelmente você.

—Justo.

Ele ficou parado olhando para o chão, como se ensaiasse para dizer algo.

—Fale de uma vez.

—Ellen eu quero seus pais fora daqui. Ou então que eles me devolvam o quarto de hospedes. Eu já tenho 52 anos, não tenho idade para ficar dividindo o quarto com um garotinho de 9.

—Vou falar com eles. Era para ser só por uma noite, desculpe eu esqueci...

—Como você está lidando com os dois?

—Eles têm ajudado com as crianças. levado Joan para a terapia. Liam para passear. São ótimos avós. O resto do tempo eu me finjo de surda por que eu não tenho forças para discutir com eles.

—Ellen...

—Que foi?

—Eu quero estar perto da Alex. De Joan. De Liam, não podemos adiar por alguns meses...

Fiquei olhando para ele em silêncio.

—Está bem Carl. Você venceu.

—Venci o que?

—Quer continuar com essa encenação de casamento feliz tudo bem. Esqueça o divórcio. Faça o que quiser, mas não me incomode mais com essas lamentações de marido arrependido. Eu simplesmente não aguento mais... Vamos esquecer o divórcio por um tempo, ver como Alex reage. Afinal só meus pais sabem... -Ele tentava disfarçar, mas era visível o sorriso que se formava no rosto dele.

—Joan sabe.

—Você contou?

—Seus pais contaram.

—Mas que Ca... – Respirei fundo.

—Ela não me falou nada que sabia.

—Mas ela não é cega, você me expulsou do quarto...

—Não quero mais discutir sobre nós entendeu? Não. Nada. Chega. A partir de hoje só vamos conversar sobre nossos filhos. Nada mais. Fui clara?

—Mas isso é uma segunda chance... O que?

—Isso é um pedido de por favor pare de falar do divórcio. Eu não dou conta de tanto problema de uma vez. Só peço para não tocarmos no assunto por um tempo. É muito difícil? Finja que eu nunca falei.

—Já tínhamos adiado.

—Adiamos de novo.

—Mas...

—Pelo amor de Deus o que você quer afinal?

—Posso voltar ao nosso quarto?

Pensei em lhe dar uma resposta. Em cravar minhas unhas lascadas no pescoço dele. Em acertar sua cabeça grande com alguma cerâmica, mas em vez disso eu simplesmente disse:

—Faça o que quiser. Mas não me perturbe mais. Eu estou exausta.

—Se não me quer mais como marido, me aceite como amigo. Mas não me afaste de você...

—Só faça seu papel de pai, porque eu não vou conseguir sozinha. É só por isso que eu estou fazendo essa trégua...

—Como foi com Alex?

—Está na mesma posição há horas. Ela está me assustando com esse comportamento. O quarto mergulhado na escuridão.

—Conseguiu marcar um psicólogo?

—Não, ela nem sai do quarto, que dirá da casa. Você viu como foi hoje. Vou lhe dar um tempo. Ela se negou a falar com a psicóloga do hospital, não acho que ela vai querer sair de casa tão cedo para falar do cativeiro. Não faço ideia de como vou leva-la ao médico semana que vem.

—O que ela achou dos presentes de aniversário?

—Não quis abrir nenhum.

—Mesmo?

—E gritou com Liam.

—Vou dar uma olhada nela.

Subimos juntos. Ela estava deitada no chão dormindo. Carl a colocou na cama. Tiramos os óculos e os sapatos. Ela acordou na mesma hora confusa. Vi seus olhos por uma fração de segundos antes de voltar a aperta-los apesar da única luz do quarto vir do corredor.

—Pode voltar a dormir.

—Que horas são?

—Quase sete e meia da noite.

Ela levantou e começou a andar de olhos fechados pelo quarto roendo as unhas, ou o que restava para roer. Eu e ele nos olhamos sem saber o que fazer.

—Por favor pare! – Pedi.

—Se está incomodada saia, é meu quarto!

—Não tem nada que esteja com vontade de fazer?

Ela coçava a cabeça andando nervosa.

—Não...

—Não quis abrir nenhum dos seus presentes... E se eu trouxer eles aqui para abrirmos juntos?

—Ou então podemos ir até a sala...

—Não, pode ser aqui mesmo.

Enquanto Carl descia para busca-los perguntei se poderia acender alguma luz. Ela respondeu que não.

—Estou ficando velha, eu não consigo enxergar no escuro. E se eu ligar o abajur com esse casaco preto em cima?

—Pode ser. E voltou a cobrir os olhos.

Eu e ele sentamos na cama com todos aqueles embrulhos enquanto ela continuava em pé andando de um lado ao outro me deixando nervosa.

—Podem abrir para mim?

Ela não pareceu entusiasmada com nenhum. Nem mesmo o celular novo e provavelmente muito caro que Carl comprou para ela tentando compensar as coisas. Ou os fones de ouvido sem fio.

—Cadê o meu antigo? – Perguntou ao sentar na cadeira, coçava os braços e por vezes o rosto.

—Não encontraram. Não quer ligar e experimentar o novo?

—Não. – Ela batia os pés rapidamente.

—O que você tem, por que está tão angustiada?

—Eu não sei. Se você tem alguma ideia de como me acalmar por favor faça!

—O que te acalmava antes?

—Correr. Mas por causa dessa maldita corrida eu estou assim agora.

—Vamos andar. -Carl sugeriu.

Começamos a andar pela casa, de cima a baixo. Nós dois em silêncio enquanto ela contava de maneira muito rápida. Eu estava começando a ficar sem folego enquanto ela ainda continuava contando e andando freneticamente.

—Vamos sentar e deixar ela extravasar toda essa energia. -Ele disse.

Nos limitados a esperar e vê-la aparecer e sumir da sala. Ficou assim por cerca de uma hora.

—Chega querida. – Carl a interrompeu puxando-a contra o peito. Suas pernas amoleceram e achei que tivesse desmaiado, mas ela caiu em prantos.

—Por que? Por que isso aconteceu comigo? Eu não fui boa? Eu não fiz tudo certo? Por que? -Ela socava o peito de Carl com força enquanto falava. Sem ter a resposta do porquê, tentei abraça-la como forma de consolo. Ela me empurrou furiosa.

—EU NÃO QUERO SEU ABRAÇO. ISSO NÃO RESPONDE NADA! EU FIZ UMA PERGUNTA, TO ESPERANDO POR UMA RESPOSTA!

—Eles são monstros Alex. Não foi uma punição por algo que você fez. Foi algo que aconteceu.

Ela se soltou de Carl e respirava muito rápido, ofegante, tentando se controlar. Foi até o espelho da entrada.

—Eu estou horrorosa! – Ela se olhava no espelho examinando os detalhes do rosto. Depois começou a chutar o espelho. Tinha medo que ela o quebrasse.

—Alex, para! -Segurei seus braços.

—Me solta mãe! Me solta! – ela gritava. Então soltei.

—Carl...

Ele me olhou assustado, me puxou para longe dela e ficamos observando perplexos. Ela estava vermelha de raiva, nunca havia visto tamanha intensidade de sentimentos no seu rosto. Pegou o vaso de flores e jogou contra o chão com toda a força que pode. Depois começou a chutar o que encontrou pelo caminho.

—Faça algo pelo amor de Deus! – Disse para ele.

Ele foi para cima dela. Os dois foram ao chão. Carl a imobilizou sem grandes dificuldades. Ele era um homem grande, porém era visível que sofreu com isso. Ele a colocou de bruços.

—Não me machuque! Por favor não me machuque mais!

—Eu não vou te machucar... Só pare com isso...

—Alex, se acalme. Respire por favor. -Eu tentava falar, mas eu chorava mais do que falava.

Ela não parecia me ouvir. Por um tempo que pareceu uma eternidade ficou se debatendo, eu tentava acalma-la fazendo carinho na sua cabeça. Quando finalmente se aquietou, Carl a soltou. Ele parecia enjoado e me ajudou a levantar. Tinha os olhos vermelhos.

—E agora? – Disse com a voz engasgada.

Dei de ombros. Eu estava arrasada tanto por dentro como por fora.

—Vamos tentar dormir um pouco agora. – Ele a recolheu do chão e beijou sua testa.

Subimos em marcha lenta. Ele passou direto do quarto dela.

—Aonde você vai?

—Tenho medo de deixa-la sozinha depois do que eu vi. Nossa cama é grande o suficiente para três.

Concordei com a cabeça. Ele a acomodou na cama. Pouco tempo depois ouvimos meus pais e as crianças chegarem. Carl explicou a eles o que aconteceu. Eu não conseguia falar uma palavra sequer, apenas ficar sentada olhando para ela.

—Que fazemos?

—Pegue um pijama ela não pode dormir assim.

Ele me entregou a roupa e saiu do quarto.

—Alex, posso te trocar ou você quer fazer isso?

Esperei uma resposta que não veio. Me senti desconfortável, eu não a ajudava a se vestir desde os seis. E haveriam tantas marcas por de baixo dessas roupas... Força Ellen, força, ela precisa da sua ajuda. Chamar Joan ou minha mãe traria constrangimento a ela. Só preciso ser rápida. E comecei tomando o cuidado de tocar o mínimo possível em seu corpo, principalmente onde havia os hematomas. Devo ter deixado escapar uma lágrima ou duas durante o processo, principalmente quando vi as marcas nas coxas... O desconforto deu lugar a raiva. Como alguém pode ser tão cruel a esse ponto? As marcas iriam sair. As infecções iriam sarar. Mas eu sabia que algo dentro dela se quebrou, talvez pra sempre, ninguém saí de uma situação dessas da mesma forma que entrou. Eu via estampado no rosto dela a dor e a tristeza. Percebi que seus olhos me observavam. Eu tinha minhas suspeitas que a vontade de ficar no escuro não tinha mais relação com a ardência da luz. O quarto estava perfeitamente iluminado.

—Ellen, vai ficar tudo bem. – Ele pôs a mão em meu ombro e olhou para ela brevemente, fechou a porta, girou a chave e guardou-a no bolso, depois foi em direção a janela.

—Você não acha que deveríamos levar ela para o hospital? – ele perguntou olhando para fora.

—Você acha?

—Não faço ideia. – Ele olhou para a cama com uma profunda expressão de tristeza. Alex piscou lentamente.

Tentei arruma-la na cama, parecia completamente sedada de tão mole que estava. As mãos estavam muito frias. Deitei ao seu lado.

—Não vai deitar Carl?

Ele balançou a cabeça de costas para mim. Depois de um tempo ele começou a andar de um lado para o outro com expressões irritadas e deixando escapar algumas palavras aleatórias. Passamos a noite em claro. Alternando entre ficar sentados e em pé observando o sono perturbado dela. Sem trocar palavras. O despertador dele tocou. Ele correu para desligar.

—Vou fazer um café para você. – Eu disse.

Ele assentiu, abriu a porta e Alex abriu os olhos, ele parecia pronto para pular nela de novo, mas relaxou quando ela os fechou. Mesmo apreensivos, ele foi para o banho e eu para a cozinha. Tomamos o café em silêncio. Percebi que a entrada estava limpa. Fiquei agradecida, seja lá quem tenha limpado. Não demorou muito para Liam aparecer na cozinha de pijama e pantufas de patas de monstro.

—Olá. – Deu um beijo em cada um de nós e sentou na mesa como se nada tivesse acontecido.

—Como passou a noite?

—Bem. – Ele me olhava estranho.

—Que foi?

Ele apontou para o centro de sua cabeça amarela.

—Tá branco.

—Meus cabelos estão brancos?

—Sim.

Depois de todos esses meses sem retocar a raiz, até que ele demorou muito notar a diferença.

—Estou velha Liam. É assim que velhos se parecem.

—Mamãe...

—Fale.

—Eu não quero mais fazer uma festa para Alex.

A festa. Nem lembrava disso.

—Você ainda está magoado com ela?

Ele abaixou a cabeça e concordou.

—Tudo bem. Ninguém está em clima para festa.

—Bom dia. – Meu pai falou ao entrar na cozinha.

—Bom dia. -Respondi contrariada, o dia não tinha nada de bom.

Carl saiu logo em seguida mesmo que fosse muito cedo, a última coisa que ele queria era ficar de conversa fiada com meus pais após uma noite em claro. Se eu pudesse faria o mesmo.

—Foi a Alex que fez aquilo ontem? -Ele perguntou entre goles de café.

—Foi.

—E o que vocês vão fazer com ela?

—Não sei.

—Tenho um amigo médico que trabalha numa clínica ótima...

—Nem pensar. Não vou viajar 1.500 km para internar minha filha.

—Vamos estar com você. – Minha mãe falou. – Você ficaria conosco todo o tempo que ela estiver por lá.

—Isso não é problema de vocês. É meu e do pai dela.

—Pense com cuidado...

—Se for pra internar ela vai ser aqui! Parem de se intrometer.

—Queremos ajudar.

Felizmente eu estava cansada demais para manda-los a merda. Os deixei sozinhos com Liam, subi, tomei um longo banho quente e deitei ao lado dela na cama, não levou muito tempo até que eu pegasse no sono. Acordei de supetão ao ver Carl entrando no quarto.

—Já é de noite?

—Não. Eu pedi o dia de folga, ganhei o resto da semana. E ela?

—Na mesma.

—E você?

—Eu quero matar meus pais... Mas estou cansada demais para isso. – Disse fechando os olhos.

—Podemos esconder os corpos na neve, e enterrar no jardim quando esquentar... – Ele falou sentando ao meu lado na cama.

—Ótimo. – Falei em tom quase inaudível. Instintivamente fiz carinho em seu rosto. Ele segurou minha mão e a beijou.  


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