"Meu nome é Trenton Stronghold. Mas todos me chamam de Trent. Meus pais, Thomas e Tanya Stronghold, são os maiores super heróis do mundo. Eles são mais conhecidos como Comandante e Super Jato. Meu pai tem super força e minha mãe tem poder de voar. E eu... bom... eu ainda não descobri meus poderes. Meu pai vive dizendo, desde que eu era um garotinho, que eu preciso me tornar um grande herói que nem ele, mas pra falar a verdade, eu não me importo com isso. Eu ficaria muito bem sendo apenas um garoto normal que leva uma vida normal. Às vezes eu só gostaria de descobrir que nunca vou ter poderes. Ele teria que se conformar com isso, certo?

De qualquer forma, hoje é um dia importante. É meu primeiro dia de aula na Sky High, uma super escola de heróis. Lá a gente aprende a usar nossos poderes. Quero ver o que vão fazer quando descobrirem que eu não tenho nenhum."

Trent entrou no ônibus e logo viu sua vizinha e melhor amiga Gwen em um assento vago e logo se aproximou dela. A garota logo abriu um sorriso quando o viu.

— Tudo bem, Trent? Tá ansioso pro nosso primeiro dia?

— Poderia estar mais...

— O que foi?

— Gwen, eu não tenho poderes! — sussurrou perto da amiga.

— O quê?! — a gótica de cabelos em tons de azul escuro e verde retribuiu o sussurro. — Bom, mas... isso não é problema, né? Lá você vai descobrir seus poderes e vai aprender a usar eles!

— Esse é o problema, Gwen! Eu não quero ter poderes! — O garoto falou alto demais e alguns colegas do ônibus prestaram atenção nele.

— O quê?! — A cabeça de Courtney apareceu de repente no banco da frente, olhando para Trent. — Mas ter poderes é o máximo! — A garota desapareceu de novo e logo em seguida reapareceu, evidenciando seus poderes de invisibilidade. — Viu?!

— Ei, a gente não pode usar os poderes antes da aula! — Gwen alertou.

— Deixa o cara, Courtney. — Noah, que estava sentado ao lado da garota invisível falou num tom indiferente, sem tirar os olhos do livro que estava lendo. — Nem todo mundo quer ter uma vida tão atarefada como nós.

— Hum... e qual é o seu poder, senhor atarefado? — Gwen perguntou, um tanto quanto indignada com a condescendência do garoto até então desconhecido para ela.

— CHEGA!

De repente todos olharam para trás e viram uma grande monstrenga vermelha e musculosa cujas veias saltavam pelo pescoço e testa.

—O que tá acontecendo? — Bridgette perguntou em um tom dócil, tentando acalmar a fera.

— ISSO! — A grande Eva transformada apontou para uma garota de óculos que não parava de suspirar por Justin.

—Ele é tão gato... Com certeza vai ser o mais gato do colégio... — Beth repetia vez após vez.

— Deixa a garota, ela não tá fazendo mal pra ninguém... — Bridgette tentou parecer firme mas estava hesitante.

— ARGH! EU ODEIO PEGAR ÔNIBUS COM CALOUROS! — Eva rosnou e depois voltou a sua forma normal e se sentou de braços cruzados.

 — Eu hein... — Leshawna suspirou.

— ATENÇÃO ALUNOS! — Chef Hatchet gritou com sua voz supersônica, fazendo o ônibus inteiro tremer — Vamos para Sky High!

— Como a gente vai chegar lá se a escola fica nas nuvens? — Dj perguntou confuso.

De repente os cintos dos alunos se apertaram automaticamente e uma trava igual a de um carrinho de montanha-russa desceu sobre cada um deles.

— Por que eu fui perguntar?! — Dj segurou firme a trava enquanto o ônibus começou a decolar velozmente.

Durante os minutos seguintes, só se ouvia gritos de pânico dentro do veículo enquanto Chef o conduzia pelo céu em direção ao colégio. Em pouco tempo o ônibus pousou de forma nada delicada no grande pátio de Sky High. Os alunos começaram a sair um por um e alguns passaram mal e desmaiaram no chão. Depois de todos os calouros se reunirem, a diretora apareceu para dar as boas vindas.

— Olá, calouros! Eu sou a diretora Blaineley! Bem vindos a Sky High, a Super Escola de Heróis! Esperamos que vocês tenham um excelente ano letivo e possam aprender a usar seus incríveis poderes da melhor forma possível! Para começar esse maravilhoso ano, façam uma fila única e o Treinador Hatchet os guiará para o ginásio, onde realizarão sua primeira atividade! — a loira pronunciou todas as palavras com um enorme sorriso que chegava a parecer um pouco assustador — Divirtam-se! — Ela disse e então se virou e entrou no colégio pela mesma porta por onde saíra antes.

Chef se dirigiu até os alunos usando uma roupa diferente da que estava no ônibus e ordenou com uma feição nada amigável que os jovens o seguissem.

— O senhor é motorista E professor? — Geoff perguntou intrigado.

Ao ouvir isso, Chef parou de andar, fazendo todos os calouros da fila trombarem uns nos outros.  Ele caminhou lentamente até o rapaz e aproximou o rosto dele.

— VOCÊ ESTÁ VENDO MAIS ALGUM ADULTO RESPONSÁVEL POR AQUI?! — Gritou com uma voz supersônica.

— N-não, senhor...

— RESPONDIDO. AGORA PARE DE FAZER PERGUNTAS IDIOTAS E ANDE!

— S-s-sim, senhor...

Quando os alunos chegaram no ginásio, o treinador subiu em um palco redondo que havia no centro da quadra.

— A primeira atividade de vocês vai ser mostrar seus poderes! Assim vamos dividir vocês entre heróis e ajudantes. — Depois de ouvir isso, Courtney levantou a mão — O que foi?!

— Ahm... Senhor, eu não acho justo sermos classificados entre heróis e ajudantes já que todos nós somos iguais perante as leis. Além disso, dividir os estudantes é uma forma de preconceito pois julga os estudantes não levando em consideração o que realmente importa, ou seja, o caráter, mas sim, habilidades sobre as quais não temos nenhum tipo de controle.

Gwen e Bridgette se entreolharam enquanto um silêncio constrangedor ecoava no ginásio e com um sorriso confiante levantaram a mão e disseram:

— Nós também!

O silêncio voltou até que o Treinador Hatchet desceu do palco e passou lentamente na frente de cada uma das três, fuzilando-as com o olhar. Então, ele parou e encheu os pulmões de ar.

— AJUDANTES! — Berrou com todas as suas forças fazendo todos os alunos serem levemente impulsionados para trás.

A reação instantânea de Courtney foi se encolher e ficar invisível.

— Ei, até que seu poder é interessante. Heroína!

Gwen e Bridgette novamente se entreolharam, dessa vez com um suspiro de frustração. Chef voltou para cima do palco e apontou para um dos alunos.

— Você, da camisa verde escura, vem aqui! —o rapaz esbelto subiu no palco e respirou fundo. — Se apresente.

— Meu nome é Justin e esse é meu poder — o garoto de olhos azuis deu um sorriso sedutor para as garotas e arrancou sua camisa.

O sol que vinha das grandes janelas começou a bater na pele de Justin, o que evidenciou seu poder. Sua pele morena começou a cintilar, ofuscando a visão dos seus colegas e do Treinador. As garotas se encantaram e começaram a suspirar apaixonadas, principalmente Beth.

— Mas o que é isso?! — Chef se indignou — Você é algum tipo de vampirinho moderno?! AJUDANTE! — Gritou fazendo o rapaz ser arremessado para onde o grupo de colegas estava.

— Você pode ser meu ajudante quando quiser! — Beth disse olhando para o belo rapaz jogado no chão.

— Sua vez, esquisita!

Beth subiu no palco e depois de dizer seu nome exclamou:

— Essa é pra você, Justin! —De repente a garota saltou e três cópias idênticas dela apareceram no palco. — Se uma Beth for pouco, você pode ficar com todas nós, gatinho...

— Ei! Ele é só meu! — A clone gritou.

— NÃO! É MEU! — A segunda clone retrucou.

— NEM VEM! — A outra disse e avançou nas outras, fazendo as quatro saírem nos tapas entre si.

— Eu ia dizer heroína ao ver seus poderes, mas depois dessa palhaçada... AJUDANTE! — O treinador berrou. — PRÓXIMO! Você.

— Meu nome é Leshawna e esse é meu poder. — A garota pulou e caiu com o traseiro no chão, o que fez ela quicar e dar um gigante pulo até bater a cara na parede e cair.

— Traseiro pula-pula? — o treinador a encarou seriamente por alguns segundos — ESSE É O PODER MAIS ESTÚPIDO QUE EU JÁ VI! AJUDANTE! Próximo.

— Eu sou a Izzy! — A garota maluquinha ergueu os dois braços e fez com que várias plantas arrebentassem a janela e invadissem a quadra.

— Heroína! Próximo!

— Meu nome é Geoff! — Geoff cerrou os punhos e começou a fazer força, até que ele começou a encolher e ficou da altura da canela do treinador.

Chef olhou para baixo e levantou o minúsculo aluno pelo colarinho da camisa. Depois de o encarar por alguns segundos, deu um peteleco que fez ele voar de volta para o palco.

— AJUDANTE! — esgoelou — PRÓXIMO!

— Mas o poder dele era legal! — Bridgette resmungou.

— E como ele vai salvar o mundo?! Entrando no nariz dos vilões?! PRÓXIMA!

— Senhor, eu preciso da Sadie pra mostrar meu poder... — Katie falou tímida ao subir no palco.

— Que pena. Então você vai ser AJUD... —de repente, Katie se transformou na melhor amiga e isso impressionou Chef — Uau! Heroína! Próxima!

Sadie subiu no palco em seguida e se apresentou. Logo em seguida ela fez força e se transformou em Katie.

— Que palhaçada é essa? Você não tem criatividade?! Não podemos ter mais de um super herói com o mesmo poder! AJUDANTE!

Sadie desceu e abraçou Katie, ambas ainda com os corpos trocados, chorando.

— Tá tudo bem, amiga! Quando a gente se formar você pode ser minha ajudante!

Ao ouvir isso, Sadie imediatamente soltou a amiga e voltou ao seu corpo normal.

— O quê?! Você tá dizendo que eu vou ser sua ajudante?! Você acha que é melhor do que eu?!

— Claro que não amiga, é só que...

— Argh! Me deixa em paz! E PODE SE TRANSFORMAR DE VOLTA QUE EU NÃO QUERO MAIS QUE VOCÊ USE MEU CORPO!

O grupo de alunos ficou encarando as duas com estranheza e depois soltaram algumas risadinhas. Em seguida, uma sirene estridente soou por todo o colégio e Chef anunciou:

— Continuamos depois do intervalo. Os que já foram aprovados como heróis não precisam voltar. Acho bom vocês estarem preparados!

O grupo de estudantes começou a ir em direção ao refeitório. Depois de Gwen e Bridgette se entreolharem e assentirem, como que sabendo exatamente o que a outra estava pensando, a gótica falou:

— Courtney! Ahm... é esse seu nome, né?

— Sim?

— Quer lanchar com a gente?

— Desculpe, eu sou uma heroína, vocês são ajudantes. Não pega muito bem. Tchauzinho! — Se virou e foi embora — Vamos, Noah!

Bridgette ficou evidentemente irritada, mas Gwen colocou a mão no ombro da amiga e a acalmou. No final das contas, Gwen, Bridgette, Trent, Geoff, Leshawna e Dj se sentaram juntos no refeitório.

—Trent, o que você vai fazer já que não tem poderes? — Gwen perguntou preocupada e logo em seguida se abaixou, atravessando a mesa com seus poderes, para pegar seu suco que caíra no chão.

Depois de ouvir essas palavras, os outros quatro ficaram chocados e Geoff cuspiu o suco que estava bebendo. Rapidamente, Bridgette ergueu os dedos e, usando seus poderes, fez o líquido expelido por Geoff voltar para a boca dele.

— Você não tem poderes?! — Leshawna indagou.

— Às vezes o garoto é um dos que florescem mais tarde... — Dj tentou ajudar — Foi assim com a mamãe!

— Eu não me importo se não tiver, tá legal?! É só uma coisa a menos pra me preocupar... Já pararam pra pensar que nem todo mundo precisa de poderes pra ser feliz?

— É verdade... eles querem separar todo mundo! Humanos e super-humanos, heróis e ajudantes... A gente deveria construir pontes, não muros! — Bridgette bradou, orgulhosa de sua filosofia.

— Trent, você conhece seu pai. Imagina como ele ficaria ao descobrir que você não tem poderes?! — Gwen lembrou, preocupada.

— Fazer o quê? — O garoto deu de ombros e olhou rapidamente para trás enquanto bebia seu suco — Eu tô ficando doido ou aquele cara tá me encarando?

— Essa não... garoto, você tá frito! — Leshawna disse depois de ver o tal cara mencionado por Trent.

— O que foi?!

— Aquele ali é o Duncan Pull! O filho do maior supervilão do planeta! — Bridgette explicou nervosa.

— E daí?

— E daí que o seu pai prendeu o pai dele! — Dj revelou.

— Por quatro vidas, sem direito a condicional! — Geoff completou.

— Ótimo, mal cheguei na escola e já tenho um arqui-inimigo! — Trent suspirou e deitou a cabeça na mesa.

Depois de comerem seus lanches, os seis se levantaram e foram em direção ao ginásio. No meio do caminho, entretanto, Trent acidentalmente trombou com o punk de cabelo verde, que cerrou os punhos criando fogo.

— Olha aqui, eu acho bom você não se meter comigo, ou eu vou queimar isso que você chama de cara!

— Tá tudo bem, cara. Eu não vou fazer nada! Eu acredito na paz!

— Foi por causa dessa tal paz que o seu pai fez o que fez com o meu! — Duncan aproximou o rosto de Trent, erguendo a mão para acertá-lo com um soco de fogo.

De repente, uma garota correu entre os dois e afastou o punk de Trent.

— Duncan, deixa o garoto em paz!