P.O.V. Juíza Herondale.

Logo os sensores detectaram algo fora do perímetro. E aquilo não poderia ter nos pego mais de surpresa.

—Anjos.

—Você é teimosa como uma mula Lucy.

—Sou. Pior que sou.

Disse o anjo para a pessoa que carregava. Era uma humana.

—Vamos lá Shadowhunters! Cá estamos.

—O que? Vieram lutar contra nós?

—Basicamente.

A humana estava grávida.

—Mas, nós somos os defensores do submundo. Protegemos o mundo dos humanos do mundo dos demônios.

—A sua fé cega, quase afogou o mundo em sangue. Você presume saber o que o Criador quer, você alega lutar em seu nome, mas está fazendo mais mal do que bem. Você não é tão diferente de Valentim Morgenstern quanto pensa. É mais parecida com ele do que pensa.

—Eu não tenho nada em comum com Valentim Morgenstern!

—Sei que acredita nisso. Mas, está errada. Porque se tivesse razão, não teria o submundo inteiro e anjos dispostos a se rebelar contra você. Ou teria?

—Então, podemos matar esses nazistas filhos da puta agora, ou... vamos ficar enrolando?

—Nazistas?

—Você sabe o que é o nazismo?

—Sei. E não sou nazista.

—Ah, mas você é. Porque você é uma Shadowhunter e eu sou uma submundana? Qual é a diferença entre você e eu?

—Submundanos são escravos dos seus desejos. Shadowhunters são os guardiões do mundo.

—Então, admite que está se colocando e a sua raça acima da minha? Admite que se considera melhor que eu?

P.O.V. Elijah.

O modo como ela se movia, mexia o dedo falando com a mulher como se já soubesse a resposta para cada pergunta.

—Vai responder não?

—O dever sagrado dos Shadowhunters é proteger...

—Blá, blá, blá. Eu quero a verdade!

Ela agarrou a juíza pelo pescoço.

—Você se considera melhor que eu?

—Isso não vai...

—Sim.

—Admite que coloca a sua raça acima da minha?

—Sim.

—O que é que a senhora sente com relação aos outros sobrenaturais? Os submundanos? 

—Eu não ligo. Protejo eles porque é o meu trabalho, só isso.

Renesmee largou a mulher.

—O que?!

—E a Juíza é uma vadia sem coração. Confere. Provar para todos os sobrenaturais que os Shadowhunters se consideram uma elite... confere. 

Então, ela atacou a Juíza. Enfiou os dentes no pescoço da mulher.

—Fique longa da minha filha!

A mulher caiu, de joelhos.

—Olhe pra você... tão preocupada com a sua filha. A criatura que não deveria existir. Você é o maior monstro que ela vai conhecer!

A Juíza enfiou uma lâmina nela.

—Você errou.

De repente, ouvi o barulho. Minha mulher tinha quebrado o pescoço da Shadowhunter. Então... lá vem a culpa.

—Eu... eu matei alguém. Eu matei alguém.

—Amor...

—Eu matei alguém Elijah! Eu sou uma assassina.

P.O.V. Cônsul Penhallow.

Ela estava chorando compulsivamente no campo de batalha.

—Você a matou para defender a Bo.

—Você não é uma guerreira. É uma criatura patética que está chorando no meio de uma batalha.

—Certo. Você e a sua gente se mataram aos milhares, mataram mulheres, crianças e tudo por causa de uma taça. E não sentiram nada e eu matei essa mulher pra defender a minha filha e estou chorando porque me sinto culpada, mas tem razão. Eu sou uma bruxa vadia vingativa, uma criatura patética e você é uma heroína. Defensora do submundo que está sempre com o... botãozinho da humanidade desligado. Meus parabéns.

—O Cálice Mortal é um dos...

—É um objeto inanimado. Aquilo tirou mais vidas do que salvou.

—Amor, vamos pra casa. Você precisa de um tempo.

—Eu preciso enterrar ela. Eu a matei. Preciso enterrá-la.

—Ela está com o anjo agora.

Um dos anjos falou:

—Tem razão. Ela está, mas com certeza pro céu ela não foi.

—O que?

—Você não acha mesmo que alguém como ela foi para o céu? Os humanos são muito trouxas e os shadowhunters mais ainda.

—Se ela está com o anjo, então está no céu.

—Oh, não necessariamente. Depois de tudo o que ela fez, está com o meu irmão, o filho favorito. A estrelinha da manhã. O Portador da Luz.

—Nada do que fala faz sentido.

—Me diz, Shadowhunter. Como se fala Portador da Luz... em latim?

Foi Jace quem deu a resposta.

—Lúcifer.

—Parece que o seu sangue de anjo faz efeito mesmo. Correto. Lúcifer.

—Minha vó tá no inferno?

—Nem Deus e nem o Diabo decidem quem sobe e quem desce.

—Então quem decide?

—O livre arbítrio. Ou seja, vocês.

—Está dizendo que a minha vó foi para o Inferno porque quis?

—Ela reprimiu tanta culpa, a mulher fedia a culpa. Todos vocês fedem. A sua vó passou a vida cometendo atrocidades inomináveis, executando pessoas, em nome do... anjo. Mas, no fundo ela sabia que fazia porque gostava e porque podia. O Diabo amassa o pão. Você morre ou você come? A criatura abominável não morreu e nem comeu, ela fez amizade com a fome. Renesmee Cullen matou para defender a filha. Sua vó... mm.

O anjo fez cara de nojo e indignação.

—Prefiro nem comentar.