O destino do tigre - POV diversos escrita por Anaruaa


Capítulo 39
Corda de Futami




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O dia do casamento chegou e eu estava feliz, mas muito nervoso. Havia se passado seis semanas desde que eu pedi Kelsey em casamento. Ela achou pouco tempo, mas eu não queria esperar mais. Entre outras coisas, eu queria comemorar a realização dos desejos feito no último festival das estrelas. Eu expliquei isso a Kelsey.

— É quando as estrelas se juntam este ano.

— Você está falando sobre o Festival das Estrelas?

— O Rei do Céu deve ter ouvido o meu desejo no ano passado.

— Qual? Você colocou centenas de desejos na árvore.

— Todos eles.

Nilima nos ajudou com os preparativos. Ela estava animada e feliz por nós dois. Kelsey recusou a cerimônia tradicional indiana por ser grande demais. Nilima sugeriu que fizéssemos a cerimônia no Japão, mesclando elementos das diferentes culturas. Assim, nos transferimos para aquele país, onde eu assumiria a presidência da empresa e conheceria alguns dos parceiros comerciais de Kadam. 

Kelsey ficou responsável pela lista de convidados, que não era extensa. Sua família adotiva veio dos Estados Unidos uma semana antes do casamento. E eles celebraram a nossa felicidade e lamentaram nossas perdas juntos. Dissemos a eles que o Sr. Kadam e Kishan tinham morrido em um acidente de avião sobre as Ilhas Andaman, poucos meses antes. Sarah chorou com Kelsey e expressou grande tristeza especialmente sobre Kishan, cuja vida estava apenas começando. 

Foi naquela mesma semana, que eu pedi a Kelsey que me entregasse o anel de Kishan. Ela ainda o usava, junto com o anel que eu lhe dei e ficou relutante em me entregá-lo. Disse que queria ficar com ele para se lembrar de Kishan. 

Kelsey fora noiva de meu irmão e eu sabia que uma parte do seu coração sempre estaria com Kishan. Mas eu desejava que o passado ficasse para trás, eu queria recomeçar. Kelsey sempre teria a pedra de Kishan, mas ela teria um novo significado. 

Kelsey me entregou o anel, relutante, e eu o levei a um joalheiro, que usaria a pedra em um presente de casamento que eu mandei fazer.

Sete de agosto finalmente chegou. No final da tarde daquele dia, eu a esperava no altar do Templo Okitama Futami Jinja. Eu usava o tradicional sherwani de seda creme e sapatos de joias mojari e esperava ansiosamente por minha noiva. Sunil meu padrinho, era a pessoa mais próxima de família que eu tinha naquele momento. Sem Kishan, Kadam ou mesmo Nilima, que estava com Kelsey, era ele quem tentava me manter calmo. Eu sentia a falta dos outros, especialmente de Kadam, mas eu sentia que, de alguma forma, ele estava assistindo àquele momento. Ele sabia que eu me casaria com a mulher dos meus sonhos.

Os tambores começaram a tocar e meu coração acompanhava seu ritmo. Os convidados ficaram de pé, enquanto Nilima e Sarah, entravam. Então no final do imenso corredor eu a vi: Kelsey, minha noiva. Ela vinha de braços dados com Mike e era a mulher mais linda do mundo. O vestido cor de marfim tinha corpete apertado, destacando suas curvas em contraste com a saia volumosa. Os cabelos longos e cacheados estavam enfeitados com pentes adornados com pérolas cor de creme e diamantes champanhe. Kelsey usava a tradicional pulseira escrava, feita de pequenas pérolas e brincos combinando e segurava um buquê de rosas creme, gardênias champanhe, ramos de jasmim branco e lírios tigre. Ela era como uma princesa do meu reino. Era a minha princesa. 

Eu sorri ao vê-la e ela sorriu de volta. Eu não conseguia olhar para nada, a não ser para a mulher que vinha em minha direção, e que em breve seria minha para sempre, de corpo e alma. E eu seria dela. 

Quando ela chegou perto eu estendi a minha mão e ela a segurou, olhando emocionada em meus olhos, enquanto estávamos debaixo do portal do santuário do espírito. Um sacerdote xintoísta magro estava em uma simples caixa de madeira ao nosso lado. O sacerdote perguntou:

— Quem é o responsável por essa mulher e entregará sua mão em casamento?

Mike deu um passo adiante.

— Eu sou.

— Você aceita esse jovem homem e acredita que ele será um marido adequado para ela?

— Ele me deu seu juramento de que cuidará dela como nós.

O sacerdote e Mike se curvaram um para o outro e depois Mike se afastou. O sacerdote começou a dizer-nos sobre o seu santuário e as duas pedras que se projetavam para fora do oceano atrás dele. Uma das rochas era muito maior do que a outra, e elas eram ligadas por um tipo de corda.

— Essas rochas são chamados Meoto Iwa, as rochas casadas. Em inglês, são Amor e Aquele Que Ama. O rochedo maior é marido da menor. Ele a leva para ser sua esposa. Eles são unidos por uma shimenawa, uma corda anexa. Esta corda deve ser reforçada muitas vezes no ano. Como estão entrando em um casamento, também devem reforçar sua ligação um com o outro. Quando a maré está baixa, as rochas não são separadas. Mas quando as ondas se levantam, só a corda as une. Quando os problemas ficarem em cima de vocês, fiquem firmes como essas rochas e se agarrem um ao outro através da ligação que você fazem hoje.

Depois foi a hora para os nossos votos. Kelsey ficou um pouco mais nervosa. Ela começou:

— Shakespeare disse que o final da jornada une os amantes. Você uma vez me perguntou se a nossa história era uma comédia ou uma tragédia. Nós vimos a nossa quota de tragédias, e há lugares vazios aqui hoje, mas meu coração não está vazio. Meu coração transborda. É aquecido por sua bondade, sua paciência, e acima de tudo, o seu amor. Você tem sido um companheiro fiel, um amigo solidário, um pretendente persistente — Ergui a sobrancelha em concordância e ela sorriu lindamente — você foi o meu anjo guerreiro. Seu amor me salvou mais vezes do que posso enumerar. Espero que, com o tempo, eu possa ser capaz de retribuir o favor. Sei que a cada dia que eu passarei com você será um presente e eu me comprometo a valorizar. Prometo sempre ser o seu presente também. Eu pertenço a você e desse dia em diante eu pertenço a sua vida. Se o universo tivesse me permitido talhar um homem de meus melhores desejos, eu teria criado você. 

Eu apertei sua mão, emocionado por aquelas palavras. Então perguntei ao sacerdote se era a minha vez de falar.

— Sim, meu jovem, você pode falar agora. 

Eu me virei para Kelsey, suspirei e olhei em seu rosto. Então comecei:

— Meu mundo era escuro e sombrio quando você entrou na minha vida e, nesse momento, você me ofereceu o que eu achava que era o mais precioso dos presentes: a esperança. Não foi muito antes de eu perceber que eu precisava mais de você. Eu lhe pedi para me amar. Não há um momento que se passou nos últimos dois anos, quando eu não estivesse oprimido por meus sentimentos por você. — Eu estendi a mão para tocar seu rosto com o polegar— Você é tudo para mim, Kelsey Hayes. Cada momento com você brilha mais do que o último. 

Eu prometo

Eu prometo permanecer fiel ao seu lado.

Garanto dominar minhas falhas; aperfeiçoar meu caráter.

Eu me comprometo a te merecer.

Declaro que você é meu sonho, meu desejo fervoroso cumprido.

Ofereço minhas promessas passadas de riqueza e futuro.

Juro que manterei sua confiança.

Empenho o fogo da minha alma e a força do meu corpo.

Direi que estou sempre ligado ao seu coração.

Eu proclamo que sou seu.

— Meu coração não está enjaulado, iadala, pois você me libertou. Eu andei uma estrada muito longa e solitária para encontrá-la, e quero que você saiba que eu passaria por tudo de novo mais uma dúzia de vezes se soubesse o que me esperaria no final.

Seus olhos se encheram de lágrimas e eu sequei uma que descia pelo seu rosto. Então, peguei a caixa de joias do meu bolso e a abri, oferecendo-lhe o mangalsutra, que eu havia mandado fazer para ela, usando o anel de Kishan. Dois fios de contas minúsculas trançavam em torno de si em dourado e azul. Pequenos diamantes e flores de safira corriam por toda a extensão da corrente e no centro pendia o diamante de flor de lótus com o centro de rubi. 

Kelsey apertou os dedos trêmulos contra os lábios. Eu a virei para prender o colar em seu pescoço. Enquanto eu fechava o fecho, eu lhe expliquei:

— Este colar é chamado de mangalsutra. A tradição de um noivo dar esse token para sua noiva no dia do casamento transpassa séculos. Nos tempos antigos, era uma simples pulseira que indicava aos invasores que esta mulher pertencia a outro e estava, portanto, sob a proteção de um homem. Mais tarde, o colar se tornou um sinal de que um homem e uma mulher estavam comprometidos um com o outro, como um anel de noivado. É um sinal de um vínculo inseparável entre um homem e sua esposa. 

Ela se virou para mim emocionada e eu toquei o colar, para lhe explicar seu significado:

— Olhos de tigre dourados e azuis para lembrar o que foi encontrado — arrastei meu dedo até o rubi de lótus no centro. — Uma lótus de diamante e rubi vermelho para lembrar o que foi perdido — deslizei dois dedos do comprimento da corrente sobre as dezenas de pequenas flores azuis. — E as flores de safira que simbolizam o futuro. — peguei suas mãos e me aproximei— Hoje, eu dou esse símbolo precioso para a pessoa mais preciosa para mim como um sinal de minha devoção e amor. Você é a minha merejaan, minha vida, Kelsey Hayes. 

Eu enxuguei as lágrimas que escorriam por seu rosto e acenei para o sacerdote, que disse:

— Como esses dois jovens entregaram suas vidas a amar um ao outro, com todos vocês como testemunhas, agora vamos oficializar a sua união.

Ele entoou em uma voz cantante acompanhado pelos tambores e gaitas até que a música parou abruptamente. Com um sorriso, ele olhou para nós e disse:

— Este portão torii representa um cruzamento do plano terrestre para o espiritual. Quando você pegar a mão de sua noiva e seguir para o outro lado, vocês começam a sua nova vida juntos. Antes eram dois e agora serão um, para sempre ligados por um vínculo inquebrável.

Sorrindo, perguntei a Kelsey se ela estava pronta. Ela respondeu sorrindo:

— O que você faria se eu dissesse que não? 

Eu levei meus lábios para perto de sua orelha e sussurrei:

— Eu tenho um remédio preparado se você provar ser uma noiva relutante. 

Então eu a peguei em meus braços.

— Posso te beijar agora? — perguntei.

— É melhor, tigre.

Então passamos pelo portão e em seguida fomos cercados pelos convidados, que nos parabenizavam. Seguimos para a recepção. 

Eu preferia ficar sozinho com Kelsey imediatamente, mas Nilima insistiu que deveríamos passar um momento com as pessoas que vieram nos prestigiar e confraternizar conosco, então, nós concordamos. 

Depois de reclamar que meu beijo estava arruinando sua maquiagem, Kelsey ergueu a barra do vestido e correu para a limusine, desafiando-me a pegá-la. Eu não era mais um tigre, mas ainda era rápido o bastante para alcançá-la e erguê-la em meus braços. Eu a levei até a limusine e encostei meu rosto no dela.

— Eu peguei o seu cheiro, senhora Rajaram, e você nunca vai escapar de minhas garras de novo.

— Eu sinceramente espero que não.

Então lhe dei um longo beijo.

— Comecei com um tigre e acabei com um marido — Kelsey comentou enquanto eu a abraçava.

Eu lhe dei um beijo carinhoso na ponta do nariz.

— E eu comecei com nada e acabei com tudo. Eu te amo, Kelsey Hayes Rajaram.


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