Solitude escrita por Lillac


Capítulo 12
Grover conta uma história.


Notas iniciais do capítulo

solitude
substantivo feminino
frm. m.q. SOLIDÃO.

Esse capítulo foi completamente inspirado por uma das minhas cenas favoritas em A Maldição do Titã. Espero que gostem ♥



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— Cara, você está horrível.

Todo o cômodo ficou em silêncio por um momento, olhando para Percy como se ele houvesse crescido uma segunda cabeça no ombro. Até Ares, que estava apoiado na mesa com os braços musculosos cruzados na frente do peito ergueu uma sobrancelha para o garoto por cima dos óculos escuros (aliás, quem usava óculos escuros dentro de um prédio?). Nico arregalou os olhos e deixou um som meio estrangulado escapar, como se estivesse pensando que Percy ia levar um sermão em tanto.

Ao invés disso, Grover riu com dificuldade, tentando apoiar-se melhor na cabeceira da cama, o que era difícil, considerando que era uma cama de um alojamento militar, não de um hotel cinco estrelas. Ele olhou para eles por um instante.

— Por que essas caras, pessoal? — Ele perguntou. — Nunca viram um garoto com um pé na cova antes?

Percy soltou um suspiro aliviado. Ao menos o senso de humor de Grover estava intacto. Thalia comentou:

— Para dizer a verdade, é meio que a única coisa que temos visto ultimamente — ela passou um braço pelos ombros de Percy, e, como era bem mais baixa que ele, precisou ficar nas pontas dos pés para fazê-lo — o Jackson aqui, por exemplo, parece mais com um zumbi do que os próprios.

— Muito engraçado — ele rolou os olhos quando Thalia lhe lançou uma piscadela (ou ao menos, ele supôs que fosse uma piscadela, visto que o outro olho dela ainda estava coberto). No fundo, estava feliz por Thalia estar, de forma aparente, recuperando o bom humor.

Ele andou até a cama de Grover e sentou-se na ponta, enquanto Clarisse e Ares avisaram que os dariam um pouco de tempo a sós. Os demais adolescentes espalharam-se pelo cômodo, encontrando assentos onde conseguiam. Grover olhou para cada um deles intensamente, e Percy só pôde imaginar, pelo semblante distante do amigo, que ele ainda estava tendo dificuldades processando o fato de que eles estavam mesmo vivos.

De que ele estava vivo.

Percy não conseguia imaginar como seria — ser mordido tantas vezes, perder a consciência, e mesmo assim acordar para descobrir que recebera curativos e que seus amigos ainda estavam vivos, mesmo quase uma semana depois.

Bem, quase todos.

— Eu suponho que vocês queiram ouvir uma história — ele comentou, em um tom de voz um pouco baixo.

Annabeth, que estava sentada ao lado de Nico na escrivaninha de Ares, foi a primeira a responder:

— Você não precisa, se não conseguir.

Grover acenou, mas continuou:

— Não. Eu preciso sim. Clarisse me disse o que você e Rachel andaram fazendo. Recolhendo informações, tentando encontrar uma solução... — ele suspirou —, por todos os deuses, isso é tão você — uma risada escapou de sua garganta, mas então ele vasculhou o quarto com o olhar mais uma vez, e a expressão dele mudou: — espera, cadê a Rachel?

Percy demorou um pouco para responder, incerto de como contar toda a história. Grover estava longe de ser uma pessoa agressiva, e ele era a última pessoa do mundo que Percy imaginava que pudesse ser afetado, mesmo naquele mundo de violência. Mas ainda assim, o motivo para o qual ele havia ficado para trás em primeiro lugar fora para dar tempo de Rachel se afastar.

Então ele tomou coragem, e o contou sobre Octavian, sobre a cirurgia, e sobre tudo o que acontecera depois, até mesmo a confissão do garoto e a morte de Luke. Grover absorveu toda a informação pacientemente, o que o impressionou um pouco. Uma semana atrás, Percy teria certeza de que Grover estaria chorando e tremendo a essa hora, porque ele nunca se dera bem com histórias cruéis como aquela. Mas daquela vez, o olhar do rapaz mais velho manteve-se firme no dele enquanto ele escutava, e Percy só pôde pensar no quanto aquela única semana o havia mudado completamente.

Ele ficou olhando de relance para Annabeth algumas vezes, toda vez que Percy mencionava o nome de Luke. Parecia querer levantar e ir confortá-la, mas por vários motivos (um deles sendo o fato de que ainda estava fraco demais para andar), não podia. Quando chegou na parte em que Reyna havia sido esfaqueada, Nico e ele trocaram um olhar compreensivo.

— Eu sinto muito — ele disse por fim —, deveria ter estado aqui com vocês.

— Cara — Percy colocou uma mão no ombro dele. — O único motivo pelo qual Rachel e eu estamos vivos é você.

Grover balançou a cabeça.

— E, de um jeito ou de outro... eu ter ficado para trás foi uma coisa boa.

O coração de Percy de uma volta de trezentos e sessenta graus no peito dele, e ele precisou de um momento para entender o que Grover havia dito. Quando as palavras finalmente fizeram sentido, o outro garoto já estava continuando:

— No primeiro dia, quando estávamos correndo para o auditório e eu fiquei para trás, fui mordido na canela — contou. — Eu... eu nunca tinha sentido tanta dor antes. É descomunal, parece que você está morrendo antes mesmo de raciocinar o que está acontecendo. O cara estava no chão, empresado por um armário que tinha caído encima dele, e só conseguiu alcançar a minha perna. Eu consegui me livrar com um chute, mas fiquei mancado. Depois disso, foi fácil para eles me alcançarem, eu não conseguia mais correr.

Percy ouviu alguém audivelmente engolir em seco. Uma coisa era ver alguém sendo mordido — saber que alguém havia sido mordido. Outra, completamente diferente, era ouvir da boca da própria pessoa.

— Como a Clarisse já deve ter dito, fui mordido seis vezes. Três nas pernas, duas no torso e uma no ombro. A no ombro foi a mais recente, e doeu e sangrou tanto que eu tive certeza que não ia sobreviver. Foi logo antes de eu conseguir alcançar o ginásio e fechar as portas do vestiário. Eles continuaram batendo nas portas por um longo tempo, mas eu não tinha forças nem para atravessar o vestiário. Deitei a cabeça em um dos bancos e tentei respirar fundo, mas... — ele mordeu a própria boca, hesitante.

— Mas...?

— Mas não dava. Eu acho que já tinha perdido sangue demais. O meu corpo todo doía. Minha cabeça latejava. Eu só... fiquei ali, com eles batendo na porta.

Um calafrio percorreu a espinha de Percy. A história de Grover o lembrava tanto da dele próprio, tentando segurar a porta do auditório. Era impossivelmente enervante pensar no fato de estavam ambos ali, na mesma porcaria de escola, passando pela mesma situação... e, mesmo assim, Percy não pudera fazer nada para ajudá-lo.

— Eu não sei exatamente quando, mas eles simplesmente pararam em algum momento. Como se não... como se eu não estivesse mais lá.

— Não. — Annabeth pronunciou-se. — Eles devem ter parado de seguir o som dos primeiros, quando estes pararam de bater. Mas..., mas não consigo entender porque os primeiros pararam. Não faz sentido.

Annabeth franziu o cenho, e Percy sorriu. Quase conseguia ver a engrenagens movendo-se na cabeça dela. Perguntou-se como nunca havia notado antes a forma como ela era absolutamente linda quando estava pensando... —

Céus, Percy estava caidinho.

— Isso tem a ver com o que você e Rachel descobriram? — Grover perguntou, alheio à queda vergonhosa do melhor amigo na garota. Annabeth acenou com a cabeça. — Entendo. Bem, não sei se posso ajudar. Mas depois disso eles nunca mais voltaram.

E então, ninguém conseguiu responder de novo. Nico perguntou o que todos estavam pensando:

— Nunca... nunca mais?

Grover assentiu.

— Mas você ficou naquele vestiário por quase uma semana — Percy lembrou-o.

O garoto o olhou com olhos arregalados.

— Não tem graça, Percy.

— Não estou fazendo piada. Você ficou lá por cinco dias, cara.

Grover olhou para eles de novo, como se estivesse esperando que de repente algum deles fosse pular e gritar: brincadeirinha! Mas estavam todos tão sérios quanto Percy.

— Não pode ser — ele insistiu. — Eu nem estou com fome! Ou sede. Ou... ou... ou nada. Eu caí no sono no primeiro dia, e acordei aqui.

A esse ponto, Grover havia levado ambas as mãos até o próprio rosto, e soava tão assustado quanto parecia. Percy e Annabeth trocaram um olhar, compreendendo. E então o garoto aproximou-se um pouco mais e disse, em um tom apaziguador:

— Talvez você só não tenha notado. Deve ser difícil, quando se está sozinho por... por tanto tempo. Você não tem culpa.

Grover o olhou, com os lábios ainda tremendo e as írises enormes, mas assentiu levemente. Percy sentiu-o relaxando aos poucos.

Em contrapartida, enquanto a tremedeira de Grover se atenuava, a dele apenas se intensificava. Precisava sair dali antes que alguém notasse.

— Nós vamos deixar você descansando mais um pouco — disse — Nico pode te trazer um copo de café daqui há pouco, que tal?

Quando ele olhou para o outro garoto, Nico pareceu confuso. Mas a expressão dele deveria estar verdadeiramente desolada e aterrorizada, porque o mais novo assentiu de pronto e prometeu ficar cuidando de Grover.

Percy despediu-se com um aperto firme na mão do amigo e um sorriso trêmulo, saindo da cabine em passos rápidos.

 

 

E correu até a própria, fechando a porta com tanta emergência que o som ribombou pelos corredores. Caiu sobre a própria cama, enterrando o rosto nas próprias mãos. Tudo no que conseguia pensar era em como Grover havia passado cinco dias sozinho em um vestiário, sem água ou comida, e, de alguma forma, não parecia ter notado.

Era isso que eles estavam se tornando? Peças perdidas no tempo, volúveis e instáveis, que sequer conseguem perceber quando a vida se esvaziava por entre seus dedos?

Ele tentou imaginar, tentou pensar em qual seria a sensação de ficar preso, sozinho, por um tempo tão longo. No silêncio, escuro e alucinante. Quanto tempo demoraria para ficar louco?

Naquele exato momento, Percy descobriu que nada o assustava mais — nem mesmo os zumbis, ou a concepção da morte em carne viva — do que a solidão.

De repente, sua cabine tornou claustrofóbica, e ele correu até a porta, escancarando-a, precisando de ar, precisando de...

— Annabeth?

— Eu... eu só queria saber se você está bem — falou. — Você cuidou de mim ontem, e eu nem agradeci direito.

Ele ainda estava respirando fundo, mas sentia-se um pouco menos sufocado. Quando ele não respondeu, Annabeth ergueu as sobrancelhas e olhou para as mãos de Percy, tremendo na maçaneta. Não pediu permissão para entrar, apenas avançou em passos cuidadosos, e Percy abriu passagem. Ela pegou as mãos dele nas dela, como ele havia feito tantas vezes, e guiou-o até estarem sentados na cama.

— A história do Grover te assustou? — Ele não respondeu, mas não era necessário. Sua expressão falava por si própria. — Você não precisa ter vergonha disso, não precisa se esconder. Todos nós ficamos.

Percy a olhou meio incrédulo.

— Percy, nós estamos pulando de um inferno para outro há cinco dias — ela o lembrou — todo mundo sente como se as coisas só piorassem. Não diz para ninguém que eu te contei isso, mas assim que saímos da cabine, a Thalia estava tão mal que vomitou em uma lata de lixo.

Ela acariciou as mãos dele com cuidado. Percy notou que ela não usava mais a bandagem, e o corte já estava se fechando, mas podia dizer que ela teria uma cicatriz ali.

— Você não é mais fraco do que nós porque pensar no seu melhor amigo preso sozinho por cinco dias te deixa com medo — afirmou. — Para falar a verdade... isso só te torna mais forte. Significa que você ainda tem bondade o suficiente dentro de você para se preocupar com os outros.

Percy a olhou nos olhos, sentindo algo dentro de si expandir-se, como uma sensação boa que navegou do seu peito até os seus braços e até as pontas dos dedos, acalmando-o, diminuindo seu batimento cardíaco e estabilizando sua respiração.

Mais uma vez, foi tomado por aquela vontade incessante de beijá-la. Principalmente ali, sozinhos, sem nenhum Leo para atrapalhá-los (Percy adorava o cara, mas qual é, né?). Mas conteve-se.

Tudo ainda era muito recente. Luke havia morrido há menos de vinte horas. Não queria que Annabeth pensasse que estava tomando proveito do estado dela — e, para completar, ele estivera na beira de um ataque de nervos a menos de vinte minutos. A última coisa que queria que ela pensasse era que ela, estava de algum modo tomando proveito dele. Ou que o beijo estava sendo motivado apenas pela situação emocional dele.

Não. Percy gostava dela. Não era apenas uma reação ao ambiente hostil, ou uma tentativa de tapar o buraco de seu peito com o afeto de qualquer um.

Ele gostava de Annabeth Chase. E ele lhe diria, da forma certa e no momento certo, de um jeito que nem ela, nem ele, nem ninguém seria capaz de mascarar como apenas um “efeito”.

Portanto, naquele momento, ele contentou-se em sorrir-lhe e segurar as mãos dela com um pouco mais de firmeza. Ela pareceu entender, e, para a surpresa de Percy, esticou-se o suficiente para plantar um beijo suave e delicado na testa dele. Ela desvencilhou uma das mãos e a levou até o cabelo dele, acariciando levemente, e Percy fechou os olhos instantaneamente, derretendo com o toque.

— Ainda bem que o seu cabelo não está mais fedendo a lixo — ela comentou, com um sorriso que lhe alcançava os olhos.

Percy fingiu uma careta de indignação, e empurrou-a com o joelho. Annabeth riu e o empurrou de volta, e, quando ele tentou revidar, ela o envolveu em um abraço apertado. Ele saboreou o momento, aproveitando a felicidade que era tê-la ali, não apenas como a garota dos seus sonhos, mas como sua amiga, confidente, e parceira naquela confusão.

— Vem — ele disse, erguendo-se e puxando-a pela mão —, vamos ver o que o fim do mundo reservou para a gente dessa vez.

 

 

O almoço relativamente agradável que Percy estava tendo foi interrompido com um empurrão que o mandou em encontro direto com outra mesa e resultou em uma bela dor nas costas.

Antes disso, porém, Ares tentou bancar o democrático.

Percy observou enquanto ele entrou no auditório seguido de mais cinco caras enormes e Clarisse (que honestamente, dava mais medo do que os cinco caras enormes). Ele ainda estava usando os mesmos óculos escuro estúpido, e quando Percy abaixou a colher dele cheia de papa de batata de volta ao prato e preparou-se para fazer uma piada, viu que Nico o observava com atenção, e sua piada morreu na garganta. Nico não era apenas um dos pirralhos mais inteligentes que ele já conhecera, mas também era incrivelmente sensitivo.

Se ele estava vendo algo errado ali, era porque provavelmente havia.

— Como todos vocês sabem, Octavian Febo confessou ter empurrado Rachel Dare das escadas e esfaqueado Reyna Ramírez-Arellano — ele anunciou, e Percy sentiu todos os olhos em si. Ótimo, pensou, ironicamente. — Agora, eu não sou nenhum especialista criminal, mas tenho certeza que isso se caracteriza como pelo menos uns cinco crimes diferentes. Eu, particularmente, resolveria isso com uma boa e velha surra bem dada, mas, como vocês podem ver, eu sou um militar de quase quarenta anos com patentes de guerra, e não me sinto muito inclinado a bater em um moleque que mal começou o ensino médio. Portanto, eu estou aqui para saber se algum de vocês querem fazer o serviço, ou se possuem alguma outra sugestão para lidarmos com isso.

Percy levantou a mão imediatamente.

Ao mesmo tempo em que Thalia se levantou de onde estava.

— Ótimo — Ares sorriu. — Vocês podem dividir o trabalho, só tomem cuidado para não matar o pivete. Venham comigo.

Ele começou a se mover, e Percy exclamou, meio assustado:

— O quê? Não! Eu quis dizer que tenho outra solução.

Ares cruzou os braços.

— É mesmo? Eu sou todo ouvidos. Podem falar.

Thalia foi mais rápida:

— Eu não tenho. Não sei do que o Jackson está falando, mas eu quero fazer o trabalho.

Percy a olhou meio horrorizado.

— Você quer espancar o Octavian? — Perguntou, incrédulo. — Thalia, você está escutando a si própria?

— Não sei, Jackie — ela rosnou — você está? Porque o que mais você quer que a gente faça? O dê parabéns e uma cabine com vista para o mar?

— Thals... — Annabeth tentou intervir.

— Você não pode simplesmente espancar as pessoas. Isso não é justiça.

— Talvez não para você. Para mim, me parece perfeitamente justo. E tenho certeza que a grande maioria aqui concorda comigo.

Percy correu o olhar pelo refeitório, e notou, embasbacado, que era verdade. A maioria ali parecia perfeitamente de acordo com simplesmente prender um garoto em uma cela e espanca-lo até a inconsciência.

Isto é, supondo que Thalia pretendesse parar ali.

Percy a conhecia desde crianças, e sabia que Thalia era uma garota agressiva e vingativa, mas com sete anos, Thalia se vingava com pegadinhas e algumas piadas de mal gosto. Ela não se preparava para socar os dentes de um garoto para fora da boca.

Will havia substituído o curativo dela por um menor, apenas cobrindo-lhe a parte do olho acima da pálpebra, e Percy sentiu algo revirando dentro de si ao ver o olhar assustador no rosto dela. Os olhos azuis de Thalia sempre haviam sido aterrorizantes quando ela estava com raiva, mas agora...

— Thalia...

Ela avançou. Percy perguntou-se se havia sido daquele modo que Clarisse havia se sentido quando ele a emboscara no primeiro dia que haviam chegado à base. Quando estava a menos de um passo dele, grunhiu:

— Fora. Do. Caminho.

Percy endureceu o próprio olhar.

— Não.

A próxima coisa que sentiu foi um empurrão tão forte que ele caiu para trás como um boneco de pano. Os adolescentes sentados na mesa de trás espalharam-se, e o meio das costas dele bateu em cheio no banco de metal, expulsando todo o ar de seus pulmões. Frank e mais alguém que ele não conhecia correram para ajuda-lo, enquanto Ares observava a cena com um sorriso impressionado.

— Me provoca de novo e eu faço com você exatamente o que vou fazer com aquele pedaço merda — ela avisou.

Thalia começou a andar na direção de Ares, e Percy só conseguiu concluir que aquilo não podia ser por causa de Rachel ou de Reyna. Céus, todos sabiam que em duas semanas Reyna estaria bem o suficiente para chutar a bunda de Octavian se assim desejasse.

Aquilo era sobre Luke.

 — Senhor! — Annabeth gritou no meio da confusão — Por favor, espere. Eu tenho uma sugestão.

Ares pareceu incomodado, mas Percy suspirou de alívio. Thalia não avançaria em Annabeth, não importava o quanto irritada estivesse. Ele tentou ajeitar o tronco, mas ainda estava muito dolorido.

— As duas vem comigo — ele suspirou, ainda parecendo decepcionado por ter o show de violência interrompido — quando conseguir se levantar de novo, Jackson, dá um jeito nessa bagunça.

 

 

— Não é bem uma surpresa — Grover comentou, enquanto Will cuidava do roxo inchado na parte da costa de Percy que havia acertado o banco — você e a Thalia sempre foram como água e óleo.

Percy concluiu que ele estava certo. Quando crianças, os dois estavam sempre batendo cabeça. E ele pensava que, mesmo que sua costa estivesse lhe matando, não podia culpar Thalia por estar irritada. Mas definitivamente não se arrependia de ter defendido Octavian. O garoto era um pedaço de merda, como ela havia dito.

Mas ainda era um ser humano. E, ultimamente, pareciam haver cada vez menos deles por aí.

— Pelo que vocês me contaram — Grover continuou — é bem óbvio que o Ethan também foi mordido antes de entrar, como o Luke. Eu só não consigo entender porque ele teria saído.

Nico batucou com a caneta no próprio joelho. Os olhos dele pareciam meio perdidos. Ele estava apoiado no ombro do namorado, mas parecia totalmente alheio ao que se passava na sala.

— Nico?

— Eu só... eu estou na mesma. Não consigo entender porque Ethan teria saído do auditório, mesmo depois de ser mordido.

Will soltou um suspiro cansado, como se conseguisse imaginar o que vinha em seguida.

— Você não vai parar até descobrir, vai?

Nico balançou a cabeça. Ele endireitou a postura, estalou um beijo na bochecha de Will e ergueu-se em um pulo, guardando a caneta no bolso do jeans.

— Onde você vai?

— Fazer umas perguntas por aí — disse. — E descobrir de uma vez por todas quem é o desgraçado que está tentando nos matar.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, comentários são sempre apreciados e até a próxima!



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