Reinos Esquecidos escrita por Dáriojns


Capítulo 2
Capítulo 2 - A saída da taverna.


Notas iniciais do capítulo

Fala aí possível e milagroso leitor. Continuando a historia de Fabiano, Rafael e Gilmar que se meteram em tremendas confusões. Venha agora e veja o que essa turminha do barulho está aprontando e como vão sair dessa furada!
Mais sessão da tarde que isso não consigo ser.



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— É briga!!!

Gritou alguém de voz grogue. Vozes se elevaram, gritos e garrafas voavam, a música agora, mais animada num ritmo mais alegre, acompanhando a confusão. O Taverneiro suspirou fundo enquanto limpava uma caneca, isso aparentemente acontecia frequentemente.

— Mas que dor de cabeça desgraçada, hic!… Porra não enxergo nada, yik! – Disse o Gilmar na forma de Alabaster, enquanto levantava o tronco com sua mão na cabeça.

— Gilmar? – Disse sussurrando para ele.

Eu estava bem agachado em sua frente, tentando me esconder das garrafas, canecas e pessoas que voavam.

— Gilmar… Sou eu. Fabiano. Você consegue andar?

Ele faz uma careta forçando a vista, que seria engraçada de ver, não fosse pelas suas presas e as características “orcaticas” que o deixavam intimidador. Ele disse com aquela tonalidade grave na voz de alguém bêbado.

— Fabiano? Porra Fabiano, que merda é essa cara? - Tenta levantar, mas caí de joelhos. - Ué, que foi? Só quero andar? – Diz grogue.

Era meio frustrante ver um personagem tão forte e assustador em uma situação tão ridícula, mas, isso meio que me deixou mais tranquilo, pois ele continuava sendo o Gilmar bêbado da minha juventude. Comentei sem perceber.

— Um orc que fica bêbado numa cerveja… Pior exemplo da raça.

— An? Quem você tá chamando de Orc, seu imbecil... – E continua murmurando enquanto eu ajudo a levantar e o levo dali.

Ele levanta se apoiando no meu ombro, seu tamanho nos destaca, mas no meio da confusão, poucas pessoas ligavam para a gente. Foi aí que fui até o Rafael. Ele ainda lutava com o Skim.

— Sai de perto de mim... – Dizia assustado e com lágrimas no rosto.

Skim parecia confuso também. O Rafael o tinha feito com muito carinho, criado toda uma história foda, de como o Skim e o Durgar se conheceram e o caramba. Após várias coisas a suas relações de confiança, entre familiar e mestre, eram quase inquebráveis… E agora esse mesmo mestre estava com medo e chorando por temer seu familiar se aproximar dele. Na hora eu confesso que entendia o lado do Rafael, eu também estava assustado com toda surpresa que aconteceu, mas por alguma razão eu fiquei muito irritado com o Durgar. E olhando aquilo irritado berrei.

— Durgar!

Durgar e Skim pararam de se digladiar por um momento e os dois me olham com espanto. Durgar olha para mim e arregala seus olhos como entendendo a situação, mas não querendo acreditar. Uma feição de choque, ele diz em seguida.

— Fa… Fa… Fabiano?

Eu ainda nervoso, indiquei com a cabeça para ele ir até a porta. Ele olhou em volta nervoso, respirou fundo e foi me seguindo, enquanto Skim o seguia voando baixo, ao seu lado. Ele me pergunta.

— Fabiano. Aqui é onde acho que é?

— Não me pergunte nada que eu não sei. – Eu falei um pouco irritado, eu realmente não gostei da forma que ele tratou o Skim, mas naquele momento eu também não sabia o porquê. – E outra coisa. Não me chame assim… Me chame apenas de Taúz.

Estávamos quase saindo da taverna quando aqueles dois apareceram na minha frente.

— Não tão rápido, rato! – Disse o bandido mais alto a minha frente.

Eu não sei o que aconteceu, foi bem rápido, mas tentarei dizer o que eu pude perceber com os meus olhos. Eles já estavam armados parados a nossa frente, impedindo a nossa passagem. O mais a frente tomou a iniciativa indo em minha direção. Eu estava com a minha reação atrasada, por segurar o Alabaster. Via nos olhos do inimigo a alegria sádica de poder estocar alguém naquela noite. Vingança não tinha nada a ver com seu desejo de sangue. exclamava.

— Você não poderá se livrar dessa, rato! Morra!

Pensei que iria ia morrer naquela hora. Esperei o ataque que não veio. A lâmina parou por 1mm do meu estômago. E uma voz grossa e embargada comenta.

— Pera ai. – Diz Alabaster segurando o pulso do homem e o quebrando fazendo largar a espada – Não vá estocando meus amigos assim maluco. Nada inteligente – Diz ele em um movimento rápido com a outra mão, golpeando o peito do homem, em um som abafado, e, por fim, pensei ter visto um outro vulto no pescoço do homem que o faz cair no chão. – Vish… Era só isso? – Diz ele outra vez meio grogue.

O outro homem, irritado, levanta sua espada e parte para cima do Alabaster. Dessa vez, foi até meio instintivo. Eu já sabia o que tinha que fazer, e como deveria atacar o homem. Tudo ficou mais lento e eu sabia que isso significava que era a minha vez de agir. Agachei-me usando o corpo de Alabaster como barreira visual, dei dois passos a frente dele e tirando minhas adagas da cintura, em único movimento, cortei a garganta do homem. Ele engasgou e sangrando caiu para fora da porta de costas no chão. Assim que ele caiu o tempo pareceu correr normalmente. Fiquei parado olhando para eles dois caídos no chão e os meus companheiros também. Foi então que escutamos um grito de uma mulher do outro lado da rua, que fez com que voltássemos para a situação de alerta. Puxando meus amigos pelo braço disse.

— Vamos! Temos que sumir daqui!

Eu não sabia como, e nem porque, mas, eu conhecia as ruas daquela cidade e todos os atalhos, becos e esconderijos. Em um momento paramos em beco e finalmente podemos conversar. Durgar ficou andando para um lado e para outro abalado dizendo.

— Ai meu Deus, Ai meu Deus, Ai meu Deus. – Sua voz era esganiçada e rouca lembrava de alto um apito. – Vocês fizeram realmente isso. Fizeram mesmo, fizeram mesmo.

Eu ainda estava meio ofegante então ainda pegava ar vendo o Durgar preocupado. O Alabaster caminhou ainda pouco cambaleante, mas de passos firmes, até um amontoado de fenos e com a mão na cabeça, visivelmente de ressaca, perguntou.

— O que lhe que aporrinha Rafa… Quer dizer Durgar…

— O que me apor…? – Disse Durgar ainda nervoso – Você só pode estar maluco, idiota. Você perdeu suas faculdades mentais além de seu senso de moral?!

Alabaster esfregava a mão na testa enquanto levantava a outra mão para o anão pedindo para que ele não falasse tão alto.

— Vocês dois acabam de matar duas pessoas! Sabe o que é isso? Não tem mais volta! Eu não acredito e além de tudo…

— Eles começaram – Diz o orc levantando o olhar.

— E pra isso tinha que matar eles!?

— Rafael… – Falei tentando cortar o assunto, ele virou pra mim com a raiva no olhar e disse.

— Merda! Eu sei! Eles iam nos matar! Não sou idiota!

Ele estava mesmo escandaloso não podia garantir que ninguém nos escutaria, mas, pelo menos, a rua estava vazia. Eu estava assustado, mas não por estar nessa situação ou por ter feito o que fiz, eu estava assustado pelo fato de permanecer extremamente calmo e frio, pensando vagarosamente em cada ação mesmo depois de tudo o que ocorreu. O fato de todas minhas decisões terem sido tão fáceis e rápidas. Eu não sentir nem um remoço e isso me causava arrepios, que tipo de monstro eu era? O Durgar mais calmo falou.

— Então é isso?

— É isso o que? – Perguntei sem me virar.

— Como “é isso o que?” Estamos em Faerun! Na mesa do seu Tio maluco! E nos personagens que a gente fez, droga!

— Isso eu já percebi. Tenta me contar algo que eu não saiba. – Falei até meio frio, mas não tinha saco para chiliques do anão.

— Opa olha lá como fala comigo, otário!

— Ou vai fazer o que? – Dessa vez virei para ele e realmente estava irritado.

— Oh! Agora quer me matar também? Qual foi Fabiano? Pegou gosto de matar as pessoas?

— Não estou com saco, anão. – Minha mão foi automaticamente para minhas adagas – Não tenho problema em resolver o caso com você aqui e agora.

— Como você ousa seu imbecil genérico! – Ele abriu a mão e de repente um grande Livro laranja apareceu em sua frente – Não terei nem um peso na consciência em acabar com você.

Nós nos olhamos apertando nossas mãos em nossas armas até que tanto eu como Durgar levamos um cascudo do Alabaster. Ele estava de pé e ainda com os dois punhos fechados, falou calmamente.

— Parece que não só temos as habilidades e forças dos nossos personagens, mas suas personalidades e fraquezas, também. – Ele põe sua mão direita sobre meu ombro e a esquerda sobre o ombro do Durgar. – Não se deixem levar pelos seus personagens, vocês ainda são grandes amigos e não querem se matar.

Escutando o que ele falou senti um certo constrangimento e tirei a minhas mãos das minhas adagas. Nossas personalidades e sentidos eram iguais aos dos nossos personagens. Isso explicava de estar tão calmo quanto a tudo que aconteceu. O anão respirou fundo e olhou para o Alabaster e comentou segurando sua mão.

— Pois é. Personalidades, fraquezas, atributos, talentos, backgrouds e tudo na perspectiva de quem vivenciou as paradas. O que deixa tudo ainda mais irritante, então... – Ele olha para o céu e estende os braços – Obrigado “Eu do passado” que fez um anão viciado em terra. Que até nesse momento não pensa em outra coisa a não ser na obsidiana perfeita.

Eu olhei para o Alabaster e comecei a rir, assim como ele. O anão se virou e começou a rir também, e parando novamente de rir o Durgar perguntou suspirando com uma voz de choro.

— O que vamos fazer agora?

Ele dá alguns soluços e o clima ficou pesado de novo. Skim que estava mais a distante numa janela alta pendurado, desce e pousa perto do Durgar, este o vendo abre os braços e o abraça começando a chorar enquanto acaricia seu animal que tenta consolá-lo. Alabaster deita novamente no feno olhando para o céu. Eu, sem me virar, digo.

— Vamos encontrar meu Tio. Ele caiu junto com a gente, então deve estar nesse mundo, e também...

Depois me virando para eles com um sorriso, falei.

— Além do que. Ele nos meteu nessa e tenho certeza que ele pode nos tirar.

Os dois se levantam enxugam o rosto pois ambos pareceram chorar. Nos reunimos lado a lado e Continuei.

— Vamos achar meu Tio!

— YEAH! – Falaram os dois.

— Sair dessa situação.

— YEAH! – Novamente ambos.

Durgar comenta um tanto depressivo.

— Mesmo que não sabemos quem ele possa ser… Já que ele pode ser qualquer NPC desse mundo... Ou se ele ainda esta nessa região… Ou se ainda está vivo…

— DURGAR!!! – Eu e o Alabaster gritamos.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenha gostado e até a próxima.