Atena escrita por Darlan


Capítulo 2
Preparativos




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No dia seguinte, em Jamiel...

Sasha e Mu estavam fazendo sparring.

— Um cavaleiro de prata? — esquivou de um jab.

— Sim Mu. Ele foi direto para minha casa. — bloqueou uma sequência de jabs e diretos, mas levou o cruzado de direita — Os anteriores que derrotei sempre me atacaram na rua ou em algum outro lugar mais deserto, mas desta vez foi diferente. Eles estão se aproximando.

— Que coisa... — levou um ágil chute na coxa — Esperava que você tivesse mais tempo para se aperfeiçoar ainda mais, mas parece que esse será um luxo que não teremos. Mais força Sasha. Os cavaleiros são muito mais fortes que quaisquer humanos. Seu conhecimento das artes marciais não é suficiente, precisa colocar a força que o cosmo pode oferecer. E a agilidade.

Prontamente, ela passou a desferir golpes cada vez mais rápidos. Mu de fato foi atingido por alguns, até que passou a levar mais a sério. Ela deu um chute alto, o qual ele bloqueou e a derrubou chutando sua outra perna.

— Não se apresse. Quem ataca mais, cansa mais rápido. Mas, não seja passiva, quem não ataca também não vai vencer. É preciso ter equilíbrio.

Ele avançou. Sasha atacou e ambos se atingiram com socos. Ela se agachou de um chute giratório, percebeu que ele completou o giro para desferir uma rasteira, então deu um pequeno pulo e chutou-o no peito.

— Muito bom Sasha. Por hoje está bom.

Cumprimentaram-se.

— Eu já estou bem forte, treinamos por muitos anos. Certamente podemos enfrentar o santuário agora. — disse, cerrando os punhos.

— Pode ser, mas ainda não é o momento. Em primeiro lugar, você não pode lutar com a roupa do corpo. Por mais que seja uma deusa, você ainda é feita de carne e ossos, um golpe de um cavaleiro de ouro e você pode virar pó. Antes de tudo, devo criar uma armadura para você usar.

— Mas, o material delas não existe mais. Pesquisei vários registros mitológicos sobre o continente de Mu, ele afundou com as armaduras e alquimistas dentro.

Mu coçou o queixo.

— No entanto, há um local com mais conhecimentos do que a Fundação Graad poderia descobrir: Bluegard.

— A terra dos Guerreiros Azuis?

— Sim. Esse foi outro motivo para nossa discrição. Ao longo de todos esses anos, além de treiná-la, também estudei escritos antigos de meus antepassados, guardados aqui em Jamiel e em vários lugares no mundo em que há conhecimento lendário. Até que soube de Bluegard e fui até lá. Foi na biblioteca de lá que encontrei registros dos antigos alquimistas que contavam sobre “cópias das armaduras.”.

— Cópias? — Sasha ficou pensativa — Para que ou como copiar uma armadura? Cada uma é protegida por uma constelação, que é a fonte da capacidade da armadura de amplificar o cosmo do usuário, uma cópia de uma armadura seria apenas uma proteção física.

— É uma história um pouco longa, depois explicarei. Por hora, há um lugar aonde existe a possibilidade de que ainda haja algumas reservas de oricalco: A Ilha da Rainha da Morte.

— Mas, essa ilha não parece ter nada além de vulcões e fogo.

— Ah, desculpe, esqueço que não lhe falei detalhadamente dela. Lá existem cavaleiros que usam as réplicas das armaduras. Eles nunca fizeram algo que merecesse atenção, estavam vigiados e por isso nem me ocorreu falar sobre eles. Mas, as armaduras que eles vestem atestam os registros. A ilha certamente é um fragmento do antigo continente de Mu.

— Então devemos partir agora mesmo.

— Sim. Vou buscar meus instrumentos celestes, o pó de estrelas e logo partiremos.

 

Ilha da Rainha da Morte

 

Ambos surgiram na parte sul da ilha, mais deserta. Sasha agora trajava uma roupa básica de combate, consistindo de algumas proteções de couro simples, saia e caneleiras. Como as roupas dos aspirantes a se tornarem cavaleiros no santuário.

— Que calor... — comentou enxugando suor da testa.

— Vamos indo. Quanto menos ficarmos aqui, melhor. E devemos ter cuidado, não queremos eventuais atrasos...

— A ilha não é vigiada?

— Era. O cavaleiro que vigiava esta ilha e mantinha o controle foi morto pelo cavaleiro de fênix. Pelo que eu soube, esse foi o último teste para o rapaz que recebeu a armadura.

— Ter de matar o próprio mestre. Que coisa...

— E sem Guilty, não vejo motivo para os cavaleiros negros não estarem à solta por aí, se preparando. Afinal, eles foram encarcerados aqui e devem estar loucos para sair.

Seguiram avançando com cuidado, seguindo perto de montanhas e outras pequenas elevações, usando-as como barreira. Logicamente, isso não durou muito tempo.

— Há vários cosmos nos cercando Mu.

— Já percebi.

Uma boa quantidade de cavaleiros se revelou no alto das colinas e montanhas. Todos usavam armaduras idênticas às de bronze e prata, porém de cor negra. Elas eram bastante opacas, o material negro parecia desgastado. Não estavam de fato, mas o metal escurecido dava a impressão de metal enferrujado e sujo, aquelas armaduras eram apenas isso, uma armadura. Elas não pareciam ter a energia, a vida que as armaduras originais esbanjam, com seu aspecto divino e brilhante, algumas com cores bem fortes.

— Invasores!

Vários deles saltaram para o chão.

— Sabe... Esta é uma oportunidade para você Sasha. — Mu teletransportou-se para um morro próximo, derrubando dez cavaleiros com um empurrão de telecinese — Mostre o que aprendeu.

Ela não protestou. Até sorriu de canto e se posicionou.

Os primeiros foram lançados longe por uma rajada de cosmo, já que subestimaram Sasha. Após ver o pequeno grupo de cinco ser jogado contra a montanha de uma só vez, os outros se uniram e resolveram ser mais táticos. Atacavam em três, mas a moça era ágil, desviava de um enquanto golpeava outro, e assim prosseguiu. Até que todos a cercaram e avançaram.

— Já chega Sasha. Saiu-se muito bem. Vamos continuar.

Após ouvir isso, ela concentrou sua energia e socou o chão, derrubando boa parte dos cavaleiros negros mais próximos. Correu, saltou por algumas partes do morro onde Mu estava e ele se teletransportou com Sasha para um ponto distante.

— Então, aonde o oricalco pode estar?

— Na base do vulcão.

 

Armadura

 

Mu chegou à base do vulcão junto com Sasha.

— Mu, afinal de onde surgiram essas armaduras negras? — perguntou enquanto procurava entre as pedras menores.

— Como eu disse antes, elas são apenas cópias das armaduras ligadas às constelações, de acordo com o que descobri. — encontrou um pedaço de oricalco e o guardou — Em eras longínquas, Atena encomendou aos alquimistas que construíssem as 88 armaduras. Não há informações sobre datas, mas acredito que após terminarem as 88, eles construíram as armaduras negras. Por não terem ligação com uma constelação, elas não são tão poderosas como as armaduras normais e por isso, os cavaleiros não se interessaram em usá-las. Acabaram sobrando para os soldados menores que conseguiram certo nível de poder sobre o cosmo, mas não conseguiram se tornar cavaleiros.

— Até aí está tudo bem. — ela revirou algumas pedras grandes e encontrou mais um pouco — Mas, o que fizeram para serem presos aqui?

— Algumas gerações depois, os cavaleiros negros já não eram apenas soldados comuns, muitos deles passaram a ser cavaleiros que tiveram seus títulos retirados por usarem seus poderes para propósitos egoístas e passaram a usar as armaduras negras. Claro que começaram a causar problemas e manchar a imagem dos cavaleiros, então Atena os baniu para cá e nomeou um clã de guerreiros treinados para mantê-los presos aqui. Guilty era o último membro conhecido desse clã.

— Não restou mais ninguém? — perguntou um pouco triste pelo destino desse clã.

— Não sei.

— Bem... — ela parou um instante e olhou para o topo do vulcão — Havia alguma razão para os alquimistas terem trabalhado próximos ao vulcão?

— Eles canalizavam energia do vulcão aprimorada com cosmo para trabalhar o oricalco, já que era muito resistente.

— Canalizavam energia do vulcão?

— Sim, existem pessoas que, com o cosmo conseguem manipular até mesmo elementos difíceis de controlar, como lava.

— Agora que você mencionou... — Sasha pôs a mão no queixo — Eu me lembro de já ter encontrado informações sobre um antigo guerreiro em uma ilha chamada Kanon, que conseguia até impedir que o vulcão da ilha entrasse em erupção.

— Quem consegue dominar e elevar seu cosmo ao infinito pode realizar milagres. Nunca se esqueça disso. Os cavaleiros de ouro, que são os mais poderosos alcançaram o sétimo sentido e podem realizar tais feitos. Porém, como deusa, você tem potencial para ir muito além.

— Talvez...

Sasha ficou quieta por um tempo. A ideia de ser uma deusa ainda lhe era estranha. Apesar de todo o poder que já conseguia manipular, no fundo ela se sentia apenas uma moça. Uma moça capaz de esfarelar uma montanha, mas ainda assim uma moça. Tamanha responsabilidade, proteger a Terra a preocupava. Teria ela capacidade para fazer isso?

De súbito, os dois pararam.

— Também sentiu Mu?

— Esse cosmo... Cuidado Sasha.

Algo como uma estrela caiu na frente deles. No entanto, era um cavaleiro dourado.

— Ora, Mu de Áries... Há quanto tempo.

— Shaka. — Mu se posicionou defensivamente na frente de Sasha — O que veio fazer aqui?

— Punir os cavaleiros negros. Eles andaram abusando da paciência do Santuário.

Ele olhou para Sasha, que nesse momento expandiu seu cosmo, como em desafio. Na verdade, olhar seria maneira de falar, já que ele estava sempre de olhos fechados. Ele posicionou a mão direita em um sinal de mantra. Os olhos de Sasha brilhavam com seu cosmo poderoso.

— Ninguém além da deusa da guerra e sabedoria pode ter um cosmo tão poderoso. Eu a reconheço, senhora. — ajoelhou-se perante ela.

— Então Shaka...

— Sim Mu. Não serei adversário de vocês. Há muito desconfio do comportamento do Grande Mestre.

— Agradeço amigo. Por acaso, há mais cavaleiros que compartilham dessa desconfiança?

— Aldebaran, talvez. Os cavaleiros de prata e bronze não convivem em proximidade com o Mestre, então é improvável que eles desconfiem. — Shaka dirigiu-se à Sasha — Sinto que seu cosmo ainda pode alcançar grandes alturas. Certifique-se de se preparar se quiser confrontar o Santuário. Será recebida com combate, e abrirá seu caminho à força.

— Eu irei. — disse determinada — Obrigada, cavaleiro.

Ele fez uma mesura e foi embora da mesma forma que havia chegado.

— Ainda bem que ele está conosco. Ele não é alguém que você desejaria ter como adversário.

— Percebi... Para ser sincera, apesar de ter demonstrado meu cosmo, eu estava com um pouco de medo. — riu.

— É mesmo? — ele riu também — E por que escondeu isso?

— Como posso enfrentar o mal que dominou o Santuário demonstrando medo? Acho que ninguém seguiria uma deusa medrosa.

— Está começando a falar como deusa Sasha. — deu um tapinha em seu ombro — Bem, temos que começar. Lembra que eu disse que o oricalco era manipulado com a energia do vulcão?

Silêncio.

— Entendi. Eu terei que fazer isso então. Tudo bem, já treinamos como manipular com fogo antes, não deve ser muito diferente.

— Apenas deve ter cuidado. Agora vamos ver...

Mu saiu observando a base do vulcão e Sasha o seguiu. Ele deu a volta ao redor de metade do vulcão, quando parou e posicionou suas mãos à frente do rosto, formando um triângulo entre elas, por onde ele passou a olhar para o chão, vendo através dele.

— Achei o lugar Sasha.

Eles se teletransportaram para o subterrâneo próximo ao vulcão. Saíram em uma sala escura. Sasha fez seu cosmo brilhar na mão para iluminar. Viu que a sala estava repleta de ferramentas e armas. Viu algumas velas e as acendeu.

— Aqui Sasha.

Mu estava próximo à forja.

— Agora, tente guiar a lava para cá. Só tome cuidado, não se afobe.

Sasha respirou fundo e ergueu as mãos na direção do vulcão. No caso, diagonal para cima à sua direita. Logo, a lava veio escorrendo pelos tubos.

— Agora, mantenha a temperatura e controle o fluxo, não permita que a lava se agite demais.

Ela mantinha a mão direita ainda erguida controlando o fluxo de lava, enquanto a esquerda apontada para a forja manteria a temperatura estável, caso precisasse deixar mais lava entrar.

— Já está bom. Mantenha assim Sasha.

Ele pegou os pedaços de oricalco que pegou na base do vulcão, e mais um pouco que havia encontrado na sala e colocou na forja.

O metal demorou um pouco para derreter. Sasha já estava suando, mais pelo esforço que fazia ao controlar a lava. Mu foi derramando o metal sobre os moldes, do qual felizmente havia o bastante para fazer uma armadura quase completa. Quase, porque não sobrou para um elmo. Mu começou a bombear ar, pisando em um fole próximo. A cada martelada, saíam faíscas bem mais brilhantes do que o normal.

Sasha começou a ficar ofegante. Por alguns instantes, a lava borbulhou e um pequeno espirro quase queimou o olho de Mu, se ele não tivesse desviado.

— Só mais um pouco Sasha. Vou finalizar a armadura, a temperatura deve permanecer estável agora.

Sasha grunhiu e estabilizou tudo de novo.

Mu derramou sobre as peças o brilhante pó das estrelas.

— Terminado.

Sasha liberou o controle da lava. Afastou-se e sentou em uma cadeira, pois havia se esforçado bastante.

— Você foi ótima Sasha — usando a telecinese, Mu colocou as peças dentro do tanque de resfriamento — Vamos. Precisa descansar.

Então, ele transportou ambos e as peças de volta.


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