Ovelha Negra escrita por Rayanne Reis


Capítulo 29
Capítulo 28


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, tudo bem?
Após aquele capítulo cheio de emoções e de choro, esse vai ser mais tranquilo.



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Uma semana depois...

—Agnes, por que não está com o seu uniforme? - Edward olhou para a garota, que levou às mãos a testa e fingiu tossir.

—Não posso ir à escola, estou passando mal.

—Ah, sim. - ele sorriu para ele. - É melhor voltar para cama então. Maria vai preparar um chá para você, ou devemos levá-la ao médico? O que acha Bella? – virou para a esposa em busca de ajuda.

—Acho que essa mocinha aqui está inventando desculpas para não ir à escola. - Bella colocou a mão na testa dela para verificar a temperatura, e como desconfiado, estava normal. - O que foi querida?

—Eu não gosto da escola. Posso sair de lá? As outras crianças só implicam comigo. - Bella sabia como Edward tinha coração mole e não sabia dizer não para a garota, então, resolveu tomar a frente da situação.

—Se você está sofrendo bullying, vamos até a escola e conversaremos com os professores e com a direção.

—Não precisa. - ela deu de ombros. - Não vai resolver mesmo.

—Vou dar um jeito nisso, ninguém vai importunar a minha garotinha. - Edward deu um beijo nos cabelos dela.

—Posso faltar só hoje? - ela fez sua melhor carinha fofa e sorriu para os dois.

—Sim.

—Não. - Edward e Bella responderam juntos, Maria deu uma risadinha e Bella puxou o marido para um canto.

—O que tem ela faltar um dia?

—Edward, não é um dia, ela já faltou uma semana inteira.

—A avó dela morreu, ela ainda está abalada. Não seja insensível.

—Insensível, eu? - ela o encarou, irritada e ele ergueu as mãos num pedido de desculpas.

—Você não é insensível. Mas o que custa a deixar faltar só mais um dia?

—A deixamos faltar hoje e a amanhã ela vai querer faltar de novo e por aí vai. Eu sei que ela está sofrendo, e é por isso que acho que devemos procurar uma ajuda profissional. Ela já passou por muita coisa. - os dois olharam para ela, que parou de mastigar a torrada e os encarou de volta.

—Vamos aguardar mais um pouco. - Edward pediu e ela assentiu, não queria forçar a situação, mas acharia um jeito de abordar a questão com mais sutileza.

—De qualquer forma, a assistente social vai querer que ela veja um. E por falar nisso, o que você acha que ela vai pensar quando souber que não a estamos levando a escola?

—Droga, aquela mulher é uma chata, isso sim. Mas você está certa. - Bella revirou os olhos.

—Geralmente estou. - murmurou e ele sorriu.

—Geralmente, mas não sempre. - deu um beijo na testa dela. - Agnes, vá se arrumar vou te levar a escola. - a garota resmungou, mas levantou e o obedeceu. - Caramba, ser pai é muito difícil. - Edward sentou e aceitou de bom grado a xícara de café que Maria entregou.

Maria passava boa parte do dia no apartamento deles, enquanto o casal estava fora trabalhando, ela ficava cuidando de Agnes.

—Vocês estão indo muito bem. Tenho certeza que vão conseguir a guarda dela. – ela torcia muito pelo casal. Os conhecia desde pequenos e conseguia ver o amor que eles sentiam.

—O advogado disse que as chances são boas. Angela deixou um testamento pedindo para que ficássemos com a guarda dela e isso vai facilitar um pouco as coisas, mas precisamos passar por algumas avaliações. - Edward explicou. Ele estava preocupado, não queria que a pequena ficasse com estranhos.

—Vamos conseguir. - Bella segurou a mão dele.

Os dois ainda estavam tentando definir a situação deles como casal, mas aos poucos, as coisas iam encaixando e a chegada de Agnes serviu para dar um empurrão nesse arranjo.

 

[...]

 

—Bella? - Edward colocou de lado o notebook e encarou a esposa que estava parada no batente da porta, segurando um travesseiro.

—Posso entrar? - ela parecia envergonhada e ele fez sinal com a mão dizendo para ela ficar a vontade. - Fui expulsa do meu quarto e como o outro quarto não tem cama, queria saber se posso passar a noite com você. - ela corou e Edward gargalhou.

—Como foi expulsa do seu quarto? - deu um tapinha no espaço vazio na cama a convidando para deitar ali.

—Agnes disse que eu não precisava mais dormir com ela, porque ela não estava mais com medo. O que ela não sabe é que ela é quem estava dormindo comigo. Como achei meio confuso explicar que nós dormíamos em quartos separados, achei melhor apenas deixar para lá.

—Quando ela veio aqui. Eu disse que era seu quarto de guardar as bagunças e os bichinhos. Pensei em reformar o outro quarto para ela ou podemos reformar o seu e você pode…

—Ficar com o outro? - perguntou o interrompendo.

—Eu ia dizer que você pode ficar aqui, comigo. Tem espaço o suficiente para nós dois. - foi a vez dele ficar envergonhado. - Mas só se você quiser, é claro.

—Eu quero. - ela suspirou e ajeitou as cobertas.

—Que bom. - sorriu satisfeito. - Porque aqui é o seu lugar. - ele passou os braços ao redor dela.

—Na sua cama? - Bella perguntou o provocando.

—Nos meus braços. - respondeu a beijando.

 

[...]

 

—Precisa que vá à escola com você?

—Não. Posso dar conta disso sozinho. Tem experiência em conversas com diretores. - ele piscou.

—Não sei se sua experiência conta muito nesse caso. Você sempre esteve do outro lado.

—E é por isso que vou me sair muito bem.  Não vou deixar que crianças importunem a nossa garota. Se eles não resolverem, procuramos outra escola para ela. - cerrou os punhos e Bella o olhou com admiração.

—Você todo paizão é uma graça, sabia? - correu os dedos pelo braço dele.

—Olha só quem fala. Você é uma super mãe. Tem se saído muito bem.

—Nós dois temos. Não esquecemos nenhuma vez de dar comida para ela. - os dois riram. -Estava pensando em levá-la para umas compras. Fazer aquela reforma no quarto. Acho que ela vai ficar bem animada.

—Ótima ideia. - ele pegou a carteira e estendeu um cartão para Bella. - Gaste a vontade.

—Edward, não precisa. Já recebi meu salário, não é muito, mas dá para comprar algumas coisas.

—Guarde o seu dinheiro para você, pelo menos por enquanto. O que for relacionado à Agnes e a casa usaremos o meu dinheiro. - ele ergueu o dedo antes que ela o interrompe-se. - Eu sei que quer ser independente e depois podemos até dividir as contas, mas por enquanto, vamos manter assim.

—Não quero ficar dependendo do seu dinheiro. - ela não queria que ele pensasse que só estava com ele por causa do dinheiro.

—Isso não é depender. O que é meu é seu, também. Conheço você muito bem e sei que não é interesseira. Agora deixe de ser orgulhosa e pegue esse cartão. - mesmo relutante, ela aceitou a oferta dele.

—Obrigada! - agradeceu e colocou o cartão no bolso.

—Estou pronta. - Agnes parou em frente a eles. Ela estava com cara de poucos amigos, mas devidamente arrumada.

—Que ótimo. Edward vai te levar para escola e eu vou te buscar. Vamos passar no meu serviço e depois fazer compras.

—Você trabalha com o quê? - perguntou interessada.

—Trabalho no aquário de Seattle. - Agnes sorriu empolgada.

—Aquário? Que legal! Tem muitos peixes lá?

—Tem sim. Muitos mesmo. São várias espécies, tem também focas, lontras, tubarão…

—Tubarão? - os olhos dela brilharam ainda mais. - Ouviu Edward? A Bella trabalha com tubarões.

—Diz que é brincadeira isso. - Edward olhou alarmado para a esposa.

—Ainda não trabalho diretamente com eles. Não tenho experiência ou conhecimento necessário, mas acho que em breve vou poder. - sorriu animada. Ela amava o trabalho e estava muito empolgada com tudo que aprendia e eles tinham um programa de resgate de animais.

—Bella, não quero ver você mexendo com tubarão não. Peixinho, tudo bem, mas não mexe com esse bicho perigoso não. Já viu os dentes desses monstros?

—Relaxa, querido. É por isso que preciso passar por toda uma preparação antes de trabalhar com eles. É muito seguro lá.

—É claro. Tubarão é super seguro. Nos filmes eles são sempre os bonzinhos. Não devoram ninguém. - resmungou irônico. - Já estou até vendo. Qualquer dia desses vou receber uma ligação do seu trabalho, dizendo que você foi devorada por um tubarão. Aí, de repente, estarei viúvo e com uma filha para criar, sozinho. É isso que você quer?

—Se não fosse tão fofo esse seu drama, eu te daria uns tapas por ser tão dramático. Vamos esquecer essa conversa toda sobre tubarão. Ok? - ele concordou. Mas a ideia o assustava bastante. Ele não achava que era medroso, mas cauteloso. Principalmente agora que não estava mais só.

—Eu ainda vou poder ver o tubarão? - Agnes olhou de um para o outro.

—Sim. - Bella garantiu e ela sorriu. Desde que contaram sobre a morte de Angela, a pequena não sorria, e aquilo partia o coração dos dois. Eles queriam a felicidade dela e fariam de tudo para aquilo acontecesse. – Vamos voltar à conversa para as compras, ou tem algo de perigoso em fazer compras? – perguntou em tom de deboche e Edward revirou os olhos.

—Posso listar vários itens, mas não quero estragar o dia de ninguém. – retrucou bebericando o café.

—Bem, já que você deu o aval. Pensei em deixar o apartamento mais colorido. Ele é tão masculino e sem personalidade.

—Eu gosto dele assim. – Edward protestou. – Pode fazer o que quiser no quarto da Agnes e pode ficar com o outro quarto para mexer com suas coisas de manifestação, mas o resto fica do jeito que está. Principalmente o nosso quarto.

—Concordo com a Bella. Sempre achei que faltava um pouco de cor aqui. – Maria saiu em defesa dela. – Poderia comprar cortinas novas, umas almofadas coloridas, pintar algumas paredes.

—Meu quarto pode ser roxo? – Agnes pediu animada com a conversa. – A sala de TV poderia ser verde.

—Ei! – Edward tentou se fazer ouvir, mas as mulheres o ignoraram. – O que eu disse sobre deixar as coisas do jeito que estão? Nada de roupa de cama de florzinha, Isabella. – apontou para esposa. – Por que ninguém me escuta? – continuou reclamando.

—Porque você é minoria agora, querido. – Bella explicou e pegou um caderno para anotar tudo o que precisaria.

—Isso mesmo, são três mulheres contra você e nós somos unidas. – Agnes colocou a mão no ombro dele. – Tive uma ideia. – ela agitou as mãos, animada. – Você e a Bella poderiam ter um menininho.

—Que ideia excelente. – Edward riu da imaginação fértil da garota. – O que acha Bella? – piscou para ela. Ele estava apenas brincando com a ideia, enquanto que Bella empalideceu. – Tudo bem?

—Claro. Estou atrasada. – juntou as coisas de qualquer jeito e saiu praticamente correndo de lá.

—O que deu nela? – Edward deu de ombros.

—Vai saber. Agora termina logo o seu café, ou também chegaremos atrasados.

—Sim, senhor. – bateu continência sorrindo e ele sorriu de volta, feliz por ela estar voltando a ser ela mesma, uma criança despreocupada com a vida.  

 

[...]

 

—Ainda acho que é uma péssima ideia isso. – Agnes reclamou e Edward abriu a porta do carro para ela. – Vai me fazer passar vergonha.

—Uma das principais funções dos pais, é fazer os filhos passarem vergonha, então se acostume. E outra, não estou te fazendo passar vergonha, estou cuidando de você. Se têm pessoas te incomodando, precisamos resolver isso.

—A vovó já conversou uma vez e não deu certo. – ela caminhava ao lado de Edward.

—Posso ser muito persuasivo quando quero. E se não der certo, soltamos o Fish para cima desse povo, aí quero ver. – ele a cutucou e ela riu.

—Você é doido. Não podemos fazer isso. É errado.

—Não vi nenhuma placa dizendo que não pode soltar uma iguana para devorar crianças maldosas.

Apesar de não concordar muito com o método dele, ela estava contente por ter alguém para brigar por ela. A avó até tentava, mas ela não tinha forças suficientes para ficar indo a escola. As crianças debochavam dela, pois sabiam que ela não tinha pais e que morava num asilo. Ela tentava ignorar as provocações, mas algumas passavam dos limites e a deixava bastante irritada. Agnes gostava do colégio, os professore eram bons e ela aprendia muito. Tinha um amigo e eles estavam sempre juntos, e ele era o único da turma que não implicava com ela.

—Posso garantir que tomaremos as medidas necessárias para garantir que a Agnes tenta um ambiente agradável para estudar. Sabemos que as crianças podem ser difíceis, mas cuidarei pessoalmente desse assunto, Sr. Cullen.

—Assim espero Sra. Jones. – Edward assumiu a postura de homem de negócios implacável. A diretora os recebeu com muita gentileza e ouviu atentamente a cada palavra que eles disseram. Agnes relatou com detalhes as ofensas que vinha recebendo e foi um choque para Edward descobrir que ela já havia apanhando de algumas meninas. – Minha esposa e eu, não hesitaremos em tirar a nossa filha desse colégio se essa situação se repetir. Quero que esteja ciente disso e de que tomaremos as devidas providencias, caso a escola não resolva de uma vez por todas esse problema.

—É claro Sr. Cullen. Falarei com os professores e chamarei os pais dos alunos citados. Não teremos mais problemas.

—Assim espero. – Edward levantou e estendeu a mão para Agnes. – Podemos ir até a sala dela? Quero ver como é o ambiente.

—Sim. – a diretora levantou num pulo e os levou até a sala. A aula já havia começado e eles tiveram que interromper. – Srta. Greene?

 Edward encarou cada um dos alunos, estava avaliando quem ele mandaria Fish atacar primeiro. Seria possível adestrar a iguana? Perguntaria a Bella mais tarde. Ele já tinha até escolhido a vitima, o garoto sorridente que acenava animado para Agnes, ele percebeu a garota corar ao lado dele.

—Seu amigo? – perguntou sem tirar os olhos da diretora e da professora que conversavam em um canto, enquanto os alunos aguardavam com curiosidade.

—Sim. Ele é legal. – ela olhou para os próprios pés.

—Seja bem vinda de volta Agnes. – a professora a abraçou e a pequena correspondeu fazendo Edward relaxar um pouco.

—Srta. Greene, esse é Edward Cullen, ele está com a guarda provisória da Agnes. – a diretora explicou.

—Em breve terei a guarda definitiva dela. – estendeu a mão para cumprimentá-la.

—É um prazer conhecê-lo. – ela sorriu animada demais para o gosto dele e Edward pigarreou desconfortável com a situação. Em outros tempos, ele teria gostado da atenção recebida, mas agora, ele se sentia bastante incomodado.

—Acredito que a Sra. Jones já te colocou a par da situação.

—Sim, senhor. Ficaremos atentos a isso. Agnes pode ir para o seu lugar. – a pequena deu um abraço em Edward.

—Tenha um excelente dia e não se esqueça que a Bella é quem vai vir te buscar. Qualquer coisa, conte para ela que ela dará um jeito.

—Pode deixar e te vejo a noite. – acenou antes de correr para o lugar dela.

—Bella seria a...? – a professora perguntou.

—Minha esposa. – Edward explicou rapidamente. – Podem entrar em contato com ela, caso não consigam falar comigo. Não quero mais atrapalhar o trabalho de vocês.

—Não atrapalha em nada. – a diretora o conduziu para o corredor. – E garanto mais uma vez que não teremos mais problemas.

—Excelente, então. Tenha um bom dia, Sra. Jones. 

Edward caminhou tranquilamente. Ser pai não era uma tarefa fácil, mas ele já havia percebido que era uma tarefa muito gratificante. Ver o sorriso no rosto da filha fazia com que tudo valesse à pena.


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Notas finais do capítulo

Edward todo paizão protetor... Ninguém mexe com as garotas dele não. Espero que tenham gostado.

Comentem, palpitem, indiquem e recomendem a vontade.

Bjs e até mais.