—É hora de levantar. – Edward avisou puxando as cobertas.

—Só mais cinco minutos, por favor. – a loira pediu gemendo ao sentir a claridade invadir o quarto e bater diretamente em seu rosto.

—Sinto muito, mas já ficou tempo demais. Preciso ir trabalhar. – explicou ajeitando a gravata. – Como estou?

—Lindo como sempre. – ele sentiu mãos finas rodearem os ombros dele. – Fiz o café. – ele olhou para a morena e pegou a garrafa térmica das mãos dela.

—Obrigado, docinho. Agora é hora de vazar. As duas. – fez um sinal indicando a porta.

—Tem certeza que não quer se divertir mais um pouco? – a loira perguntou engatinhando até ele.

—Por mais que tenha sido incrível ontem. – piscou para as duas mulheres. – Serei nomeado presidente da empresa hoje e não posso me atrasar. - As duas mulheres deram de ombros e juntaram as roupas que estavam espalhadas pelo quarto. – Até mais meninas. – ele abriu a porta do apartamento e praticamente as expulsou de lá. – Vamos lá Cullen, é hora de você arrasar. – falou olhando para o espelho. Aquele tinha se tornado um ritual dele. Ele falava aquilo todos os dias antes de sair para o trabalho e até o momento, sempre havia dado certo e esperava que não falhasse justo naquele dia.

[...]

—Bom dia, chefe. Está atrasado. – ele pegou a pasta que lhe foi estendida.

—Sem sermão, Jackson. E estava ocupado despachando as minhas hóspedes. – piscou para ele.

—No plural? – ele assobiou baixinho admirado com a façanha do chefe.

—Sim, mas foram apenas duas. A noite ontem foi fraca, queria estar descansado para hoje. – ele parou o relatório assim que abriu a porta da sala de reunião. – Bom dia a todos. – a sala já estava cheia e Edward sentou ao lado do irmão mais novo, Emmett.

—Agora que todos estão aqui. – Carlisle falou e lançou um olhar recriminador para o filho mais velho. – Podemos começar a reunião. – pigarreou antes de continuar. – Como todos já devem estar ciente, esse será meu último ano a frente da empresa. Ao contrário do que vem sendo dito, não estou morrendo. – Carlisle esperou o burburinho terminar para poder continuar. – Só estou me afastando para passar mais tempo com minha esposa e quem sabe dentro em breve, curtir meus netos. – ele falou aquilo olhando diretamente para Emmett. – Mas não importa o motivo, o que importa é que estou nomeando para assumir a empresa, meu filho... – Edward endireitou na cadeira e alisou o terno, aquele era o momento que ele vinha esperando desde os 16 anos, quando decidiu seguir os passos do pai. – Emmett.

—O que? – Edward olhou para o pai esperando que ele dissesse que era alguma brincadeira. Aquilo não poderia ser verdade, ele não podia nomear Emmett para o que era dele por direito.

—Obrigado, pai. É uma honra assumir a presidência e farei de tudo para não decepcioná-lo. – Emmett apertou a mão do pai e depois se virou para os demais acionistas, que o aplaudiram. – Espero dar continuidade ao trabalho do meu pai e conto com a colaboração de todos para guiar essa empresa rumo ao sucesso. – Emmett discursava, mas tudo o que Edward ouvia era um zumbido. Aquilo estava errado, aquele momento era dele. Ele tinha lutado muito para chegar ao topo. Ninguém gerava mais lucros ou fechava mais negócios do que ele. Ele que merecia aquilo e não Emmett, que era no máximo um funcionário mediano.

Enquanto Edward passou metade da vida se preparando para assumir os negócios da família, Emmett havia começado há pouco tempo a trabalhar na empresa e não sabia um terço do que acontecia ali. Edward estava inconformado e com muita raiva, mas não daria um piti ali na frente dos acionistas. Esperaria todos saírem e teria uma conversa a sós com o pai.

A reunião parecia ter durado horas e não apenas alguns minutos. Depois do breve discurso de Emmett, todos foram dispensados, mas os Cullen permaneceram no local.

—Vai me dizer que merda acabou de acontecer aqui? – Edward perguntou empurrando a cadeira ao levantar. – Está nomeado o Emmett que não sabe de nada? É sério isso pai?

—Edward, controle-se, por favor. – Carlisle pediu colocando a mão sobre o ombro do filho, mas ele afastou irritado.

—É, Edward, controle-se. E não é como se eu fosse um idiota. Posso não saber tanto quanto você, mas também fiz faculdade. – Emmett tentou se defender.

—Pode não ser um idiota, mas também não é a pessoa mais indicada para o trabalho.

—Papai vai me preparar. – retrucou cruzando os braços.

—Aí que está. Ele não precisaria me preparar. – Edward abriu os braços e começou a andar de um lado a outro pela sala.

—Acha que sabe de tudo? – Carlisle perguntou ficando no meio dos filhos. – Quer saber de uma coisa, Edward? Você não sabe de tudo e essa é uma das razões pela qual não te escolhi para ficar a frente dos negócios.

—Ah, tem uma lista? – perguntou debochado. – Vamos lá. – pediu voltando a sentar. – Diga as razões pelas quais não posso assumir o que é meu por direito. – exigiu irritado.

—Você é narcisista, prepotente, orgulhoso, não sabe trabalhar em equipe e acha que está acima de tudo e de todos. Você não sabe de tudo, Edward, e não pode trabalhar sozinho. Emmett pode ter menos experiência do que você, mas ele sabe ouvir e a conduta dele é exemplar.

—Está o escolhendo apenas pela conduta dele? – Edward não podia acreditar naquilo.

—De tudo o que falei é só nisso que prestou atenção? – Carlisle passou as mãos no cabelo e sentou de frente para o filho. – Edward, quando você vai crescer e tomar um rumo na vida? Não pode ficar de balada em balada e muito menos cada dia se envolver com uma mulher.

—Ontem foram duas, na verdade. – Jasper que até então estava calado no canto da sala, tentou defender o chefe.

—É disso que estou falando. – Carlisle apontou e Edward fez um sinal para que Jasper saísse da sala.

—Desculpa, chefe. – pediu antes de sair.

—Duas? Edward, o que você tem na cabeça?

—Não sou nenhum santo pai. E o que isso tem a ver com a presidência da empresa?

—Não posso deixar a empresa nas mãos de alguém que vai sujar a imagem dela a cada minuto. Os investidores correriam se colocasse você como presidente. E ainda está sendo investigado por suborno.

—Qual é? Não se pode nem dar um agrado para um fiscal que é suborno? Quando eu trouxe aqueles milhões para a empresa ninguém reclamou. Aí é só um bando de advogados baterem aqui que todo mundo fica me crucificando.– ele estava perplexo.

—Você nunca percebe quando está errado? – Carlisle gritou com o filho. – Olha Edward. Acho que você é extremamente capaz de comandar essa empresa. Você se esforça muito e batalhou bastante para chegar ondeestá hoje. E é em consideração a isso, que vou te dar uma chance.

—Está me descartando? – Emmett perguntou surpreso. Carlisle havia conversado com ele há uns dias e tinha dado como certa a nomeação dele a presidência da empresa, embora, oficialmente, para que isso acontecesse, ele precisaria ser eleito através de uma votação. A nomeação de Carlisle era praticamente uma garantia, a votação seria mera formalidade.

—Não. Você ainda é minha primeira opção, mas só vou oficializar tudo isso no final do ano. Enquanto isso vou o preparar e dar a oportunidade para que Edward mostre que pode mudar.

—O que significa mudar? – ele não conseguia ver algo nele que precisava ser mudado.

—Não sei. Mostre que você pode manter o bom nome da empresa. Não se meta em mais confusões e tome um rumo na vida.

—Quer que eu seja como você e o Emmett? – perguntou rindo em tom de deboche.

—Sim. – Carlisle respondeu sério.

—Não vou ser como vocês e se não quer que eu assuma a presidência, mesmo mostrando que sou o mais competente para isso, tudo bem. – ele saiu da sala e passou pelo irmão trombando no ombro dele, quase o derrubando.

—O que foi chefe? – Jasper estava ao lado dele e tinha que praticamente correr para acompanhar os passos dele.

—Minha família quer me controlar. É isso o que aconteceu. Meu pai disse que só vai me deixar ficar a frente da empresa se me tornar alguém como ele ou o babaca do meu irmão. Isso é tão injusto, Jackson. – Edward apertou o botão da garagem no elevador. – Vai entrar ou não? – questionou segurando as portas.

—Para onde vamos?

—Se bem me lembro, temos aquela reunião com os chineses e depois disso. – Edward deu um sorriso misterioso. – Vou te ensinar a se divertir, Jackson. – colocou a mão no ombro do assistente.

—É Jasper, senhor.

—Tanto faz. – resmungou caminhando até o carro.

—Achei que precisava mudar de vida, senhor. – Jasper gaguejou enquanto entrava no carro do chefe.

—Jura que acha mesmo que vou dar esse gostinho ao meu pai? – Edward gargalhou pisando fundo no acelerador. – Vou mostra ao meu pai que não há ninguém melhor do que eu para assumir essa empresa e se prepare Jackson, porque vai ser meu braço direito.

—É Jasper. – murmurou antes de ser jogado contra o banco do carro, assim que Edward pisou ainda mais fundo no acelerador do carro.