Questão de Sorte escrita por Hakiny


Capítulo 60
Especial: As Crianças do Statera Parte 2


Notas iniciais do capítulo

YAAAY Me digam se tão curtindo esse especial que eu fiz com muito carinho e tava guardando pra esse momento ♥



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Havia alvoroço no pátio de treinamentos, alguns cartazes haviam sido colados no mural e muitos dos jovens caçadores se amontoavam frente a eles com empolgação.

Blanc não havia se movido de seu lugar habitual, onde gostava de tomar sol pela manhã, mas ele sabia que mais cedo ou mais tarde aquelas notícias chegariam até ele.

— Eu não acredito! — A voz animada de Ivan se aproximava de Blanc — Saiu a data do torneio dos líderes!

— Eficiente como sempre — Blanc debochou.

Sem se importar com os comentários venenosos do companheiro, Ivan prosseguiu com as notícias.

— Será um torneio com algumas fases, testando a mente e o corpo… CARAMBA! — Ivan saltou — É a sua chance!

— Se acha que eu estou interessado nesse torneio por causa da minha família pode tirar esse sorriso da cara — Blanc tinha um tom de desdém.

— Não se trata disso! — Ivan se sentou ao lado do amigo — É o momento de pôr em prática tudo o que você aprendeu… não existe ninguém melhor para assumir o papel de líder da primeira missão da nossa geração!

Ivan não era o único a ter essa opinião, Blanc estava entre as principais promessas daquela geração. Era natural que o caçador aprendiz que pegasse a liderança da primeira missão, se bem sucedido, seguisse liderando aquele grupo até o momento em que fosse formado um caçador profissional. A partir daí a patente só aumentava e o topo dessa escalada era onde o coração de Blanc estava. Entretanto, havia um obstáculo que ele era incapaz de deixar de lado.

— Kaito… — Blanc dizia com irritação na voz enquanto observava o colega da classe vizinha andar pelo corredor.

— Não acho que ele seja uma ameaça a sua vitória… — Ivan estava pensativo enquanto também observava o garoto — Você tirou uma nota melhor do que a dele no último teste escrito.

— Quatro décimos… — Blanc tinha uma expressão descontente — Não é distância o suficiente para eu me descuidar... e além do mais ele me deu muito trabalho no último combate de classes.

— Mas você venceu… — Ivan parecia não entender o motivo da preocupação do amigo.

— Ele treina todos os dias e sempre parece satisfeito com seus resultados! — Blanc se levantou — Ele é bom e eu não vou fechar meus olhos para isso!

Ivan não disse mais nada, mas sentia certo apreço pelo cuidado que Blanc tinha em suas metas. Ele nunca estava tranquilo, nunca se deixava levar pela soberba e isso fazia dele um vencedor nato.

Passando-se alguns dias, finalmente havia chegado o momento do torneio. As primeiras provas envolviam testes orais e escritos que abrangiam áreas que iam desde a anatomia humana até fórmulas de venenos para bruxas.

A segunda fase do teste, consistia em um torneio entre os alunos, o vencedor provaria ser o mais apto fisicamente e mentalmente, para assumir a liderança daquela primeira missão.

— Último lugar? — Blanc olhava a ficha de Ivan com uma expressão incrédula em seu rosto.

— Prefiro não falar sobre isso — Ivan se afastava do amigo, claramente intimidado.

— Se eu tivesse tirado uma nota assim, também não falaria sobre isso! — Blanc o seguia como uma mãe que estava dando bronca em seu filho — Um décimo a menos e você não chegaria até aqui!

Passado os  primeiros combates, haviam restado poucos participantes no torneio. Blanc não tinha suado em nenhuma de suas lutas, mas não menosprezou nenhum de seus adversários, talvez seja exatamente por isso que todas as batalhas não tenham durado mais que 5 minutos.

Ivan optou por arremessar seus adversários para fora da arena em suas duas batalhas, assim Blanc compreendeu porque ele havia ficado tão feliz com essa regra da prova.

Nas semifinais haviam oito alunos, dentre eles estava Amélia, para o desespero de Ivan e Kaito para o desconforto de Blanc.

— Número 24 enfrentará número 15! — O auto falante anunciou.

Amélia era o número 24 e o número 15 era Alexander um combatente muito talentoso.

— Boa sorte! — Ivan sorriu para a colega de classe, um pouco sem jeito.

Amélia piscou para Ivan enquanto prendia os seus longos cabelos cacheados em um coque.

— Só sorte mesmo para ajudá-la em uma hora como essas. — Blanc comentou.

— Por que diz isso? — Ivan se irritou com o comentário — A Amélia é forte e muito determinada!

— Mas é uma Corredora. Os Combatentes, como o próprio nome já diz, são os mais aptos ao combate! — A voz de Blanc estava um pouco distante — Ela não tem a menor chance!

Ivan pensou por alguns segundos e inconformado com aquilo respondeu.

— Eu acredito nela!

— Você também acreditava no fantasma da ala leste — Blanc disse com desdém.

— Mas aquilo era diferente! — Ivan corou.

Na arena, Amélia e Alexander se preparavam para a luta.

— Amélia eu não quero te machucar, então você bem que poderia desistir agora né? — O rapaz disse com escárnio.

Em silêncio, ela apenas respirou fundo e assumiu posição de batalha.

A plateia estava lotada de alunos, professores e até alguns pais. A torcida por Amélia era intensa, pois naquele momento ela representava um enorme grupo de pessoas, os não-combatentes.

Assim que o gongo soou, Alexander avançou na direção da garota com muita determinação, mas o seu golpe foi facilmente evitado.

A diferença de força entre os dois era muito grande, mas a velocidade também, por esse motivo, aquele golpe foi evitado com facilidade. Aproveitando o momento de abertura ela o golpeou no pescoço e o viu cambalear alguns passos para trás.

O rapaz retomou sua postura, mas antes que tivesse oportunidade de ter qualquer reação foi alvejado com uma série de golpes curtos por todo o abdome e rosto.

A plateia se empolgou com a desenvoltura da garota, mesmo não sendo uma estrela como quase todos os combatentes, ela era a heroína naquele dia.

Diante da confusão de Alexander, a garota se viu frente a mais uma oportunidade de atingi-lo. Ela precisava ser rápida e precisa, então desferiu um chute aéreo contra o adversário, mas teve a perna agarrada pelo Combatente e foi lançada contra o chão. No momento que as suas costas se chocaram contra o solo, a garota sentiu uma dor excruciante. Alexander não parou por aí, ergueu Amélia mais uma vez e a jogou novamente no chão. Ele estava diante de uma presa escorregadia, por isso não podia perder a oportunidade de abate-la.

Um silêncio tomou conta do local, Ivan estava desesperado, Blanc por outro lado tinha uma expressão tranquila em seu rosto, para ele, aquele resultado era o único esperado.

Depois de repetir aquele movimento de tortura durante um tempo, Alexander rodou Amélia no ar algumas vezes para pegar impulso e depois a arremessou para fora da arena.

Por mais brutal que tivesse sido aquele arremesso, Amélia se agarrou ao chão com toda a sua força, a ponto de sentir as suas unhas soltarem de seus dedos. Havia um rastro de sangue que seguia até a ponta da plataforma, mas lá na beirada a mão de Amélia segurava firme, impedindo assim que seus pés tocassem o chão e ela fosse eliminada.

A voz da platéia se propagou de forma intensa, a torcida por Amélia era fervorosa e deixava Alexander um pouco intimidado.

A garota se arrastou para cima da arena mais uma vez e mesmo muito machucada se pôs de pé com um olhar tão forte que parecia queimar.

— Você deveria entender o momento de desistir... — Alexander havia se recomposto — Isso aqui não é lugar para um Corredor! Os Combatentes competem entre si para decidir quem lidera. Não importa o quanto você queira, algumas coisas são só o que são!

— Que idiota! — Ivan se estressava da platéia.

— Ele não disse nenhuma mentira. — Blanc deu de ombros

Da arquibancada, vaias e ofensas eram dirigidas a Alexander.

— Essa luta não é só minha… — Amélia tinha um sorriso sereno em seu rosto — Somos caçadores como qualquer um de vocês combatentes e podemos ser melhores!

As palavras de Amélia e a rejeição da plateia, juntas causavam em Alexander uma fúria indescritível. Tomado pela raiva, ele avançou para cima da garota como um touro descontrolado, Amélia não fez menos, também correu em direção ao inimigo com toda a determinação que aquele discurso a havia dado. Entretanto no momento do impacto, Amélia se ajoelhou e deslizou em direção ao inimigo, Alexander socou o ar e a adversária acertou no meio de suas pernas.

O Combatente cambaleou completamente desnorteado, mas teve seus passos interrompidos por uma rasteira da Corredora. Amélia então se enroscou no braço do inimigo, na tentativa de imobilizá-lo, mas o rapaz a ergueu no ar como se fosse nada e a bateu contra o solo diversas vezes. Devido as pancadas intensas, Amélia estava muito ferida e acabou cedendo, se arrastando para longe do adversário, na tentativa de conseguir um pouco de tempo para se recuperar. Nesse momento, já de pé, Alexsander a agarrou por trás e em seguida a prendeu pelo pescoço com braço.

Devido a pressão em sua garganta, a caçadora sentiu suas energia indo embora, junto com a sua consciência.

— AMÉLIA! AMÉLIA! AMÉLIA! — A multidão torcia com paixão.

Uma lágrima escorreu do rosto machucado da garota, ela não podia perder! Não era só ela lutando ali! Eram todos os Corredores, os Rastreadores e todos os Duelistas! Eram todos aqueles que mereciam o título de caçador de verdade!

Tomada por pura adrenalina, Amélia cravou os dentes no braço do inimigo e arrancou um pedaço da carne dali. Alexander gritou de desespero enquanto afrouxava o braço do pescoço da adversária devido a dor. Aproveitando aquele momento de liberdade, ainda de costas para o garoto, Amélia usou o seu cotovelo para acertar o nariz do Combatente. Um, dois, três golpes rápidos e precisos, e no fim Alexander estava com o rosto completamente ensanguentado.

Sem perder tempo, Amélia correu em direção ao garoto e o acertou no pescoço, no peito e nos ouvidos. Naquele momento, ambos estavam na beira da plataforma, por esse motivo, Amélia apenas tocou suavemente em seus ombros e o empurrou em direção ao fim daquela luta.

No momento em que Alexander tocou o chão, um conjunto de gritos preencheu todo o local.

Amélia caminhou para o meio da arena e ergueu os braços, como se estivesse absorvendo toda aquela energia.

Aquela vitória não era dela, era de um Corredor, um não-combatente! Ela poderia não vencer aquele torneio, mas hoje ela havia provado que assim como ela conseguiu chegar até ali, qualquer caçador poderia ir muito mais longe!

— Eu sabia! — Ivan saltava de um  lado para o outro — Eu te disse!

Blanc permaneceu em silêncio, a imagem da garota ensanguentada e sorridente era algo perturbador. Os olhos dele, antes calmos e serenos, agora estavam arregalados, fixos em Amélia.

— Talvez seja o momento de você entender que com determinação e força de vontade, qualquer um pode vencer essas “verdades absolutas” que você tanto diz! — Ivan sorriu para o companheiro.

— Patético! — Blanc deu de ombros e saiu.

Ivan não deu muita importância a reação do amigo, naquele momento seu foco estava em Amélia. Ele queria elogiar a sua desenvoltura e dizer que sempre acreditou que ela venceria.

— Amélia! — Ivan acenou para a garota ao longe.

Amélia o ouviu e sorriu para ele. No momento que Ivan tentou se aproximar da Corredora, foi atropelado por uma multidão que a cercou rapidamente.

Um pouco zonzo, ele concluiu que aquela talvez não fosse a melhor ocasião. Mas Ivan estava feliz por ter recebido aquele sorriso, tinha sido só para ele e por isso o guardaria com carinho.

— Próxima batalha! — O auto falante anunciou — Número 11 enfrentará o Número 28!

Ao ouvir o comunicado, Blanc parou seus passos e voltou sua atenção para Ivan, o número 11. Uma expressão assustada tomou o rosto do jovem duque e ele foi incapaz de contê-la.

— Acho que essa batalha ficou para mim então! — Ivan caminhou até ele com um sorriso no rosto.

— Hey Ivan! — Kaito se aproximou da dupla, com um sorriso no rosto — Vamos ver se você está tão forte quanto da última vez que treinamos juntos!

— Vou te arremessar para fora da arena em menos de dois minutos! — Ivan brincou.

— Isso se você conseguir me levantar antes de eu te nocautear — Kaito sorriu pretensiosamente — Isso deve demorar uns 30 segundos!

Os dois riram, mas Blanc se manteve sério. Ele queria aquela batalha com Kaito, queria provar a si mesmo que era mais forte que ele. Um tempo reflexivo, foi suficiente para entender que teria a oportunidade de fazer isso nas finais.


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Notas finais do capítulo

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