Questão de Sorte escrita por Hakiny


Capítulo 13
O Resgate da Bruxa do Azar


Notas iniciais do capítulo

Esse é um capítulo que eu gosto muito, espero que também curtam ele xD



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No centro da cidade, Catherine estava amarrada a uma espécie de tronco que estava cercado por madeira e palhas que chegavam até a altura dos seus joelhos.

Um suposto juiz, escolhido pelo povo dava início ao julgamento. A praça estava cheia e do meio da multidão, a testemunha chave foi chamada.

— Eu vi essa mensageira de Lúcifer, usar a sua magia negra na feira da cidade! — Um homem contou já em cima de uma espécie de palanque.

— Culpada! — O juiz decretou.

O povo gritava para que acendessem a fogueira e assim foi feito.

Catherine estava anestesiada, seria aquilo a punição pelo erro que cometeu aos 3 anos? Ela não havia sido julgada naquela época, mas agora estava sendo. Era doloroso ser responsável por coisas que não havia feito, não de propósito. O Ryu estava certo mais uma vez, os Minus não eram vilões, o único vilão era o poder que corria nas veias da bruxa amaldiçoada.

O calor da fogueira já era incômodo, Catherine então ergueu o rosto para cima, na tentativa de fugir do vapor que a impedia de respirar. Foi nesse momento que ela percebeu o céu repleto de nuvens escuras, era estranho pois há poucos segundos o sol estava tão vivido.

Uma gota de chuva caiu no rosto dela, e logo foi seguida por infinitas outras.

Naquele momento Catherine entendeu, que mais doloroso do que ser responsável por coisas que não havia feito de propósito, é nunca ser punido pelas suas transgressões, mesmo que seu coração anseiasse o perdão.

— A bruxa não pode ser queimada porque está sob a proteção do demônio! — Um dos moradores gritou.

— Levem a para a forca! — Outro se manifestou.

No meio de toda a agitação, Ryu desbravava a multidão. Após muito esforço, ele conseguiu se aproximar da construção que dava acesso a Catherine.

No momento em que pôs os pés no palanque, foi abordado por um guarda.

O homem foi arremessado para chão sem nenhuma dificuldade. Evitando o uso de sua espada, Ryu foi empurrando e nocauteando todos os que se opuseram ao seu caminho.

— Cat? — Ryu desamarrou a garota — Vamos! Precisamos sair daqui!

Apesar de estar com os olhos abertos, Catherine parecia estar inconsciente, Ryu sentiu como se suas palavras não alcançassem a garota.

Percebendo que seus comandos eram inúteis, ele apenas a jogou para fora da construção. Lá, Tommy estava estrategicamente posicionado para receber a garota.

— Tommy… — Catherine se aconchegou no pêlo do companheiro.

Não demorou muito para que Ryu também montasse o cavalo e juntos os três saíssem dali o mais rápido possível.

— Peguem a bruxa! — Alguém na multidão gritou.

Um grupo de arqueiros se posicionou para alvejar os fugitivos, mas todas as flechas pareciam ter sido atiradas por cegos.

Nada poderia combater a fuga da bruxa do azar.

Depois de um tempo de perseguição, Ita e todos os seus habitantes foram deixados para trás.

Ryu não parou até que tomasse uma boa distância. Vendo que Tommy já estava exausto, ele resolveu parar. O guerreiro desceu e Catherine fez o mesmo. Assim que alcançou o chão, a garota procurou um lugar para se sentar, e quando encontrou um tronco caído ela se acomodou.

— Olha isso… — Ryu se aproximou — Aqueles malditos!

Catherine possuía arranhões por todo o rosto e nas mãos, seu vestido estava coberto de lama e sua expressão abatida.

— Está tudo bem? — O guerreiro analisava o corpo da garota — Você tem algum ferimento mais sério?

Com um semblante abatido, Catherine encarou Ryu e lentamente apontou para o seu peito esquerdo. Naquele momento os seus olhos já estavam transbordando todas as lágrimas que ela havia segurado até aquele momento.

— Aqui… — A bruxa sussurrou — Dói muito.

Instintivamente, Ryu agarrou a garota em um abraço apertado e permitiu que ela chorasse até que se sentisse melhor, mas tudo o que conseguiu foi que ela caísse no sono.

Enquanto confortava o corpo cansado de Catherine, Ryu prometeu para si mesmo que não limitaria sua proteção apenas a saúde da bruxa, dali em diante ele faria de tudo para não permitir que ela se ferisse “ali”.

Na cidade de Ita, Josh continuava a investigar o tal incêndio provocado por Catherine. Assim que anoiteceu, ele bateu a porta da testemunha que acusou a bruxa.

— Olá, posso ajudar?

Uma mulher jovem o atendeu.

— Olá! — Josh sorriu — Sou um velho amigo do seu esposo, ele disse que sairíamos hoje para tomar uma bebida mas acabou furando. Resolvi passar aqui para me certificar de que estava tudo bem, afinal, hoje foi um dia conturbado!

A mulher o olhou de cima a baixo, parecia desconfiada, mas acabou respondendo sem muita enrolação:

— Que estranho, ele não comentou nada comigo.

Uma satisfação tomou conta de Josh, aquela mulher era de fato esposa da testemunha, ele havia acertado.

— Ele está em casa?

— Sim! — A mulher sorriu — Estevan, um amigo seu veio te procurar!

Assim que reconheceu o rosto do homem que havia testemunhado contra a bruxa, Josh retirou um saquinho do seu bolso. Enquanto o homem se aproximava, o caçador desembrulhava o pequeno pacote.

— Eu não conheço esse homem... — Estevan disse, confuso.

A mulher virou-se novamente para o visitante, mas antes que ela pudesse ter qualquer outra reação, Josh soprou a poeira que havia no saquinho em seu rosto. No mesmo momento ela caiu desacordada nos braços do caçador. Quando o homem viu aquela cena, correu desesperado para os fundos da casa. Assim que pôs a mulher em segurança no chão, Josh desenrolou um chicote que carregava em sua cintura e o lançou em direção ao homem. Estevan teve a perna presa pelo chicote e foi arrastado até o caçador.

— Sem pózinho para você! — Josh sorria enquanto puxava a vitima até ele. No momento em que Estevan estava ao seu alcance, o caçador socou o rosto dele, o deixando inconsciente.

Não demorou muito para que o homem recuperasse os sentidos, mas a essa hora ele já estava amarrado em uma cadeira da sua própria casa.

— O que você quer? — O homem estava em pânico — Pode levar o que quiser, mas por favor não me machuque!

Sentado no chão, de frente para o prisioneiro, Josh brincava com um pequeno objeto entre os seus dedos. Depois de alguns segundos preso aquilo, o caçador jogou o objeto para cima, agarrou e depois o mostrou para Estevan:

— Você deve saber o que é uma bússola não é? — Josh exibia a tal bússola para o homem. — Mas essa aqui é diferente de qualquer outra que você provavelmente já tenha visto.

Estevan encarou Josh visivelmente confuso.

Sem nenhuma interrupção, o caçador continuou a sua explicação.

— Essa bússola me mostra a “direção certa”, entende? — Josh sorriu — Agora eu vou te fazer uma pergunta, se você estiver falando a verdade, ela apontará para você.

— Você é maluco? — Estevan encarou Josh com certo desdém.

O caçador suspirou e abriu a bússola em sua palma, no momento em que fez esse movimento, o objeto brilhou em um tom dourado hipnotizante.

— Bruxo! — O prisioneiro se encolheu.

— Não. Mas tenho tantos truques quanto um. — Josh sorriu mais uma vez — Vamos lá! Você viu a garota que estava sendo julgada praticando a tal “magia do demônio”?

— S-sim! — Estevan tremeu — Ela estava invocando o demônio quando…

— Beeeep — Josh fez um som de campainha com a boca — Resposta errada.

— É verdade! — Estevan se desesperava. mas o ponteiro da bússola continuava a girar sem interrupções.

— Levando em consideração que você não tem nenhuma ligação com a bruxa, o que te levaria a dar esse falso testemunho? Dinheiro? Quem te pagou para incriminá-la?

— Ninguém! Eu mesmo vi o…

Antes que Estevan tivesse a oportunidade de terminar a sua frase, Josh aproximou a bússola tão próximo do seu rosto e com tanta rapidez, que por um instante, o homem pensou que ele o agrediria novamente.

— Está vendo esse ponteiro, Estevan? — Josh encarava o homem com uma expressão psicótica em seu rosto — Ele está apontando para você, Estevan?

Com os olhos arregalados e tremendo de medo, o prisioneiro apenas negou com a cabeça.

— Se eu pusesse fogo nessa casa e fosse embora, provavelmente jamais me encontrariam ou sequer desconfiariam de mim. E você sabe o porquê disso Estevan?

O homem mais uma vez balançou a cabeça negativamente.

— Porque eu não sou ninguém, Estevan! — Josh arrastou uma cadeira para perto e se sentou — Ninguém sabe o meu nome ou de onde eu venho. Todos acreditariam que a bruxa veio se vingar do delator e a sua morte seria esquecida como os outros milhares de assassinatos cometidos por bruxas.

Josh parou por alguns segundos e usando uma voz suave completou:

— Você se tornaria apenas mais um nas estatísticas.

— Uma mulher! — A respiração de Estevan estava ofegante — Eu não sei o seu nome… Ela era ruiva e tinha olhos que pareciam vermelhos no sol. Ela era muito bonita e parecia ser rica, com certeza não era daqui

Pela primeira vez naquela noite, a bússola havia parado na direção do prisioneiro. Com um sorriso satisfeito no rosto, Josh disse de forma educada e paciente:

— Continue…

— Ela estava em uma carruagem chique quando um criado dela me parou enquanto eu trabalhava no campo. Me pagaram 20 moedas de ouro para eu inventar sobre a bruxa, eu nem sabia que a feira tinha sido queimada. — Os olhos de Estevan transbordavam em lágrimas — Não era nada pessoal. Me deram dinheiro e eu disse o que queriam… Quem garante que não foi ela mesmo que queimou tudo?

Josh encarou o homem por alguns segundos enquanto guardava a sua bússola no bolso. Se tinha algo que o fazia sentir nojo, era ver pessoas vendendo a sua dignidade por dinheiro. De fato 20 moedas de ouro não era pouca coisa, mas levando em consideração que Catherine poderia ter sido queimada viva, Josh concluiu que Estevan não tinha o mínimo de humanidade em seu coração.

Porém parando para pensar na quantidade de situações semelhantes a essa que ele já havia presenciado, seria até um erro chamar a empatia de “humanidade”.

— Hey! — Estevan gritou — Você não pode me deixar preso aqui.

A essa altura, Josh já havia chegado até a porta que levava a saída da casa do homem.

— Sua esposa recuperará a consciência em pouco tempo. Se você pedir com carinho, talvez ela te solte.


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Notas finais do capítulo

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