Révélation escrita por Bia


Capítulo 7
Capítulo VI - Obsessor


Notas iniciais do capítulo

Hello pessoas lindas! Como vão vocês? Mais um capitulozinho com cheirinho doce pra vocês! Boa leitura e leiam as notas finais também, por favore!



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Apesar de Adrien ter tido o dia cheio de atividades, o que incluiu ajudar Marinette em física na casa dela, ele chegou em casa à noite não se sentindo fisicamente cansado o bastante para dormir, mesmo que houvesse ido novamente à casa de Marinette, só que dessa vez como Chat Noir.

— Plagg, esconder garras – sua voz saiu sem animação.

Assim que se viu livre do garoto, o Kwami se dirigiu ao armário em que os queijos estavam guardados, mesmo não tendo gastado tanta energia, ele não desperdiçaria a chance de comer seu tão amado camembert.

— Se você pretende ficar fazendo essas visitas noturnas à sua “princesa”, vai ter que aumentar o estoque de queijo… – Plagg disse entre um e outro pedaço.

— Até parece. Eu já estava saindo praticamente todas as noites antes de me encontrar com a Marinette e você não exigia nada disso – Adrien deitou-se em sua cama.

— É, mas agora a situação mudou. É muito mais cansativo ter que ficar ali escutando a conversa melosa de vocês dois, você não podia bater na porta dela de madrugada como Adrien, não?

— Conversa melosa? – ele disse mais para si mesmo – Estávamos apenas tendo uma conversa normal!

— Ah, certo, a Ladybug vai adorar saber que você acha que falar sobre sua vida pessoal com ela é normal ao ponto de você conversar sobre isso com qualquer um, não é? – O sarcasmo era divertido na voz de Plagg.

— Nós conversamos sim coisas mais… Pessoais… Mas isso não torna a conversa melosa! Muito menos que você precise de mais queijo do que já tem!

— Tentar não custa nada – O Kwami se deu por vencido, não teria um estoque maior de queijo, mas aquele já estava bom o suficiente.

Plagg foi em direção ao banheiro, onde tinha um cesto de roupas sujas onde ele gostava de dormir às vezes.

— Boa noite, garoto – ele disse antes de atravessar a porta do banheiro sem que ela estivesse aberta.

— Boa noite, Plagg – Adrien disse e suspirou pesadamente.

A noite não demorou muito para passar, principalmente depois que o menino loiro conseguiu pegar no sono, sentiu como se houvesse fechado os olhos há poucos minutos, quando na verdade já havia horas, mesmo que poucas.

Adrien sentou-se na cama, o olhar de poucos amigos. O dia já estava claro fora de sua janela, ele condenou o sol por ser tão pontual. Mas tudo bem, seria um bom dia, ele iria para a escola! Ver os seus amigos! E se desse sorte, algum akuma iria aparecer e ele se encontraria com sua Lady! Tinha tudo para ser um dia perfeito, mas mesmo assim, o peso do cansaço não lhe saía das costas, talvez estivesse andando até um pouco corcunda. Confirmou isso ao olhar a própria imagem no espelho e tratou de endireitar a postura, esticou os braços para cima, alongando-se.

— Bom dia, Plagg – Adrien abriu o cesto que sabia que seu Kwami gostava de ficar, vendo-o abrir os olhos em reação a claridade que entrara.

O Kwami flutuou para fora e foi em direção ao armário onde sua comida ficava.

— Bom dia, Adrien – Sua voz ainda era preguiçosa.

Não importava que o menino tomasse banho e escovasse os dentes todas as manhãs, sequer adiantaria passar algum perfume e desodorante, ele sempre sentiria o cheiro forte do queijo e o pior, pelo seu Kwami estar sempre o acompanhando, sempre pareceria que o cheiro estava vindo dele. Por sorte, as pessoas com quem convivia não pareciam se importar, sequer notar, o que era um alívio.

Por outro lado, a alguns quarteirões de distância, Marinette também acordava em seu horário habitual, diferente do Kwami do Chat Noir, a Tikki tinha uma forte preferência por doces, o que não alterava muito o cheiro habitual da menina, já que ela morava acima da padaria de sua família.

Tudo o que Tikki precisava era que antes de sair para a escola, Marinette colocasse um biscoito ou um macaroon dentro da pequena bolsa onde o Kwami ficava para que ela se sentisse pronta para combater akumas durante o dia.

Quando Tikki finalmente terminou de comer o seu biscoito, Marinette já estava na escola caminhando em direção a sala de aula do seu primeiro horário.

— Bom dia, Mari! – Nino aproximou-se delas, ambos agora caminhando para o mesmo destino.

— Oi, Nino! – ela respondeu com a mesma empolgação.

— Você terminou de ler o livro que a senhorita Bustier passou? – A menina confirmou – Você podia fazer um resumo rapidinho pra mim? Eu meio que passei todo o meu tempo trabalhando naquela música que eu te falei outro dia e…

— Oi, pessoal! – Alya chegou bem na hora.

— Oi, Alya! – Marinette respondeu. Ela esperou que Nino também a cumprimentasse ou ao menos prosseguisse com o que estava falando, mas como ele não fez nenhum dos dois ela tomou a palavra – Eu ia adorar poder ajudar Nino, mas com as provas chegando eu não tive muito tempo pra ler o livro também… – A verdade era que com as provas chegando, não sobrava muito tempo livre para que ela fizesse alguma coisa além de salvar a cidade de Paris incontáveis vezes.

Marinette havia esquecido completamente do livro passado na semana anterior e certamente deveria estar esquecendo de mais outras atividades de casa, teria que correr com aquilo urgentemente e rever o caderno onde anotava o que precisava fazer em relação a escola, especialmente com tantas responsabilidades, ela não podia deixar de se organizar, senão enlouqueceria.

— Ah, o livro que a senhorita Bustier passou na semana passada? – Alya falou – Eu li, posso fazer um resumo pra vocês se quiserem…

— Olha, o Adrien chegou! – Nino disse – Eu vou ver se ele sabe de alguma coisa, mas obrigado, Alya! – ele finalizou sem nem mesmo olhar para a menina a quem agradecia.

Ele de fato fora falar com o Adrien, que por sorte havia lido o livro para pegar no sono nas últimas noites, e terminara na noite anterior, ele usou as olheiras, que agora estavam um pouco mais visíveis que no dia anterior, como consequência de ter lido tudo apenas algumas horas atrás, o que quem escutou tomou como verdade absoluta.

— Você também percebeu, não percebeu?

Marinette olhou para Alya, que apesar de ter falado com ela, mantinha o olhar nos dois meninos, ou melhor, em um menino. Ela então olhou de volta para a amiga para esperar confirmação, ao que Marinette disse:

— Percebi, sim… Mas o que ele tem?

— Vai saber – Alya deu de ombros.

— Você realmente deveria tentar falar com ele.

Alya não respondeu e as duas seguiram para o início da aula.

— Aqui virou um ponto de encontros românticos agora?

Mesmo sem terem passado pela porta ainda, a voz de Chloé Bourgeois era inconfundível.

— O que está acontecendo? – Marinette perguntou baixinho para Rose.

— A Chloé tá implicando com o Marc por ele ter vindo falar com o Nathaniel.

— Mas qual o problema disso? – Marinette olhou para Rose.

— Não tem problema nenhum, a Miss Simpatia só deve ter ficado com ciúmes que pelo menos o Marc tem um namorado. – Alya disse não tão baixo.

Nesse momento Chloé se virou para Alya.

— Você vai defender o casalzinho agora, Césaire?

— Nós não somos um casal, e mesmo que fôssemos, isso não é da sua conta! – Nathaniel se pronunciou, o que chamou mais atenção para ele e o menino extremamente tímido que estava ao seu lado, cada vez mais vermelho.

— Por que não deixam pra namorar fora da sala de aula? Aqui nem é o seu horário. – Chloé continuou.

Antes que alguém pudesse dizer mais alguma coisa, o sinal tocou e Marc saiu correndo, logo após colocar uma folha acima da mesa de Nathaniel, era mais uma parte do roteiro do quadrinho que eles faziam há tanto tempo. O ruivo pegou a folha e a examinou, sentiu-se péssimo por ele ter ido ali fazer um favor e ter recebido aquele tipo de tratamento. Estava certo que eles tinham alguma coisa, nada que os dois já houvessem estabelecido com palavras, mas não queria constranger o menino de oficializar alguma coisa para todos se nem mesmo eles haviam conversado sobre isso ainda.

— Qual é o seu problema, sinceramente? – Marinette sentia o peito e a cabeça ferverem.

Antes que Chloé respondesse a altura, Marinette já estava correndo atrás de Marc, antes que o perdesse de vista. A menina saiu ao mesmo tempo que a professora entrava em sala, restando para que a turma explicasse o que havia acontecido.

Apesar de já ter dado o sinal, Marc nem de longe pensaria em ir para a sala de aula. Marinette o encontrou perto dos armários, sentado em um dos bancos.

— Marc? – ela disse suavemente.

Ele percebeu a presença dela e esfregou a manga do casaco nos olhos antes de olhá-la.

— Não liga pro que a Chloé disse, ela tem necessidade de reclamar e ser inconveniente com todo mundo, você sabe.

Ele suspirou antes de responder.

— Não é só isso. Eu sei que a Chloé é incomodada por natureza, o único jeito de lidar com ela é não estando no mesmo local que ela…

— Então não é isso que está te incomodando? – ela perguntou surpresa.

— Bem, isso incomoda sim, mas nada comparado a… – A voz dele tremeu antes que ele pudesse finalizar a frase.

Marc era muito tímido, lidar com a atenção de uma dúzia de pessoas sobre ele em uma discussão, mesmo que ele não tivesse um papel ativo, era uma emoção forte demais, ele sentia-se nervoso e triste.

— Se você quiser contar ou conversar sobre o que aconteceu, está tudo bem, eu tô aqui pra tentar te ajudar – Marinette colocou a mão nas costas dele, o que fez com que o rosto cabisbaixo do menino virasse para ela.

Ele respirou fundo antes de continuar para regular sua respiração e tentar se acalmar. O vermelho ainda estava presente no seu rosto.

— É que… Eu e o Nathaniel… Nós… – Ele não sabia a melhor maneira de contar aquilo, sequer sabia se deveria, já que achava que tinha que conversar com Nathaniel antes. Mas havia sido Marinette que os apresentou, em primeiro lugar, e ela era uma das suas amigas mais próximas, em quem confiava muito.

— Eu sei – Marinette acabou por dizer com um sorriso gentil, poupando o menino de precisar explicar a ela – Na verdade, eu acho que todos já sabem. É adorável o jeito que vocês olham um pro outro e as desculpas que dão para estarem sempre juntos.

Ele olhou para ela incrédulo, o rubor que parecia desaparecer aos poucos voltara com intensidade total.

— T-todo mundo sabe?

Percebendo o que as palavras dela causaram no menino, ela tentou consertar.

— Não diria que toodo mundo sabe, mas não é como se vocês fossem muito bons em esconder…

— Então… – Ele voltou a encarar o chão – Se é assim como você diz… Por que ele soou tão… Frio? – Os nós nas mãos dele apertaram.

— Tenho certeza de que ele só estava tentando te proteger. Ele não queria que chamassem mais atenção do que já estavam chamando…

— E você acha que com a sala inteira olhando e ouvindo cada palavra tinha como chamar mais atenção?

— Marc…

— Eu não sei, Marinette. Comigo ele é sempre incrível, mas quando estamos em público ele… Muda. É como se tivesse vergonha de mim – a voz dele saía pouco mais que um suspiro.

— Eu não diria que ele tem vergonha de você, Marc. Por que ele teria? Você é ótimo e muito talentoso. Vocês só precisam conversar e resolver tudo isso. – Marc permaneceu em silêncio – Nathaniel vai vir te procurar, eu sei disso. E quando ele vir, não hesite em dizer tudo o que você sente. Vocês vão resolver isso. – Ela sorriu.

Marc virou o rosto levemente para Marinette, apenas o suficiente para olhá-la. Estava sentindo-se grato. A agonia em seu peito havia suavizado um pouco.

— Obrigado, Marinette – ele disse por fim – Você é uma ótima amiga. – Marc sorriu, o que fez com que o sorriso de Marinette aumentasse.

— Se você está se sentindo melhor, eu acho que precisamos ir para a aula agora. – Ela se levantou e foi em direção à porta – Mas só um lembrete: não se deixe nunca abalar por Chloé, não vale a pena.

— Eu sei – a voz dele era suave – Aprendi isso uns anos atrás – Ele lembrou-se de quando fora akumatizado por ter se deixado levar pelas emoções negativas que a menina lhe causara, foi poucos meses depois dele ter conhecido Nathaniel.

Os dois se despediram e seguiram cada um para sua sala de aula, havia passado poucos minutos desde o toque, com certeza os professores liberariam a entrada deles se dissessem que estava com uma emergência ou no banheiro.

Marinette bateu na porta antes de abri-la.

— Com licença, senhorita Bustier. Eu estava…

— Tudo bem, Marinette, seus amigos já me explicaram o infortúnio, pode entrar – Ela sorria.

— Obrigada, professora.

— Como que ele tá? – Alya perguntou baixinho assim que a menina sentou-se.

— Bem, eu acho. – Foi tudo o que a menina falou e tudo o que Alya precisava saber. Mas não tudo o que Nathaniel, que teve uma certa dificuldade para ouvir, precisava saber.

Os pensamentos na cabeça do menino foram crescendo e acrescentando coisas que ele próprio criava. Quando finalmente teve oportunidade de ir falar com Marc, já se sentia cheio de raiva e pouco disponível para ouvir e tentar compreender o que quer que o menino tivesse para lhe dizer.

Nathaniel tinha plena convicção de que fora o mais insensível que podia quando disse que eles não tinham nada, e se Marc havia corrido magoado apenas pelo que Chloé disse sem dar a mínima para o que ele próprio havia falado, então eles não tinham o que ele pensava. Principalmente com o simples fato de conversar com uma pessoa aleatória já tê-lo deixado muito bem. Marc simplesmente não precisava dele e essa informação o magoou. Muito. Mas antes que pudesse se sentir triste, se sentiu traído e enganado. A raiva chegou antes e tomou o posto.

Ele não deixaria que ficasse tão barato, iria atrás de Marc, mas apenas para tentar fazê-lo se sentir como ele estava se sentindo naquele momento, como ele o fizera se sentir.

Quando o sinal para o intervalo tocou, as razões de Nathaniel para estar irritado aumentaram. Ele não só pensava no que Marinette disse a Alya, como também lembrou-se de cada pequena vez em que Marc o havia irritado e ele deixara passar. Seus sentimentos eram fortes, o impediam de pensar com clareza e o pior: ele não demonstrava. Ele não estava os liberando de forma alguma, o que agravava a situação e não permitia que ninguém pudesse perceber para intervir.

Quando ele encontrou o menino que procurava, ele estava alegremente conversando com outra pessoa, aquilo só serviu para deixá-lo mais convicto das teorias que havia criado em sua cabeça.

Antes que pudesse chegar até Marc, o menino sentiu uma força maior tomar conta de si e uma voz já conhecida surgiu de dentro da sua cabeça. Hawk Moth.

Marinette saiu da sala e quando adentrou o mesmo recinto que Nathaniel estava só teve tempo para perceber o que estava acontecendo, que aquele não era o mesmo menino de mais cedo, e correu para um local seguro para se transformar. Precisaria atraí-lo para fora da escola, não só para assegurar a proteção das crianças da escola, como também em uma esperança de algum noticiário ver e relatar o que está acontecendo, para que Chat Noir venha o mais rápido possível.

Quando ela voltou aonde vira seu amigo se transformar não o encontrou mais, na verdade, não encontrara mais ninguém. Ela então prendeu seu ioiô em alguma parte do telhado e o puxou, o que a impulsionou para cima.

A medida que passava pelas ruas, as notara estranhamente vazias. Ou a população de Paris havia desenvolvido uma medida de segurança radical ou o Nathaniel estava fazendo todas as pessoas desaparecerem.

Parou por um momento para tentar descobrir que sentido seguir. Haviam gritos de pessoas ao longe, e era para lá que ela iria. O barulho foi cessando aos poucos, mas Ladybug já estava próxima o suficiente para não perder mais o garoto akumatizado de vista.

Quando se aproximou, Chat Noir já estava lutando contra o menino, que estava em uma versão mais sombria de si mesmo. Nathaniel concentrava todas as suas forças no super-herói, dando a chance de alguns civis conseguirem fugir e se esconderem. Em meio a multidão, uma mão tocou o ombro da menina.

— Ladybug! O Nathaniel… Ele está fazendo isso por minha causa! Todos que mergulham na névoa ficam desesperados até desaparecerem…

Ladybug olhou de volta para o menino, ele realmente emanava uma névoa acinzentada, que parecia se espalhar muito ordenadamente para não ser proposital. Enquanto ele lutava contra Chat Noir tentava mantê-lo parado por tempo suficiente para que ele ficasse submerso na névoa, o que não estava acontecendo, sempre que a névoa começava a tocar-lhe os pés, ele dava um jeito de se desviar e atacar o inimigo por um outro ponto, sempre com uma expressão de repulsa cada vez que a neblina o tocava.

— Não se preocupe, o seu amigo vai ficar bem. Isso não é sua culpa, está bem? Agora vá para um local seguro! – ela disse antes de adentrar a batalha.

— Precisa de uma ajuda, gatinho? – Ladybug falou instantes antes de acertar a perna no ombro do menino akumatizado, que apesar do forte impacto, logo se recuperou e encarou seu novo desafio: dois contra um.

— Eu estava me virando muito bem sozinho, mas é sempre um prazer ter a sua companhia, My Lady!

Eles estavam lado a lado, Nathaniel a sua frente.

— Alguma ideia de onde está o akuma? – ela perguntou.

Nathaniel avançou contra os dois, a névoa que emanava dele sempre dois passos adiante.

— Tenho algumas teorias – Chat respondeu enquanto os dois saltavam para lados opostos, deixando que a investida do menino fosse para o nada. Havia casa vez menos pessoas, e as que ainda ficavam ou não eram rápidas o suficientes, logo desapareciam após a névoa tomar-lhes o corpo – A névoa está saindo do peito dele, mas ele não tem nenhum acessório muito significativo. Talvez tenha alguma coisa por dentro da camisa.

— Bem pensado, Chat – ela afirmou antes de outra investida. O menino estava ficando mais feroz.

A questão era: como eles fariam para se aproximar o suficiente dele para que tirassem o que quer que estivesse provocando a névoa, mas sem serem atingidos por ela?

Chat Noir tentou acertar o bastão na cabeça de Nathaniel, quem sabe se ele estivesse desacordado ficaria mais fácil de lidar. O menino segurou o bastão com uma mão e com a outra o lançou para longe, Chat que se recusou a largar sua arma foi arremessado.

Nesse meio tempo, Ladybug aproveitou a distração para atingi-lo por trás, no entanto, o menino notando a ausência da parceira do herói que acabara de arremessar, lançou sua névoa para trás, onde Ladybug estava.

A névoa começou a tocar-lhe os pés e não demorou a começar a subir por sua perna.

Estava tudo escuro, mas ela via uma forma com bastante luz. Na verdade, parecia que a luz era emanada completamente dessa forma, era uma pessoa. Seu rosto contorceu-se em uma mistura de surpresa, raiva e tristeza, um ciúmes feroz começou a tomar conta de seu corpo e ela só o sentia aumentar, seu corpo e peito ficaram cada vez mais pesados, a fazendo desejar se entregar ao chão, deixar que lhe consumisse logo de uma vez.

A sua frente estava todas as possibilidades de situações que a deixariam daquele jeito. Adrien aparecia na maioria delas, a imagem dele com outras pessoas, outras garotas, ele a desprezava, a olhava com nojo ao mesmo tempo que estava com os olhos fechados em um beijo profundo com meninas conhecidas e até mesmo umas que nunca vira na vida. Ela sentiu-se sem apoio, sem amigos, viu todas as possibilidades de ser traída pelos seus próprios amigos, eles a descartando, algumas visões mostravam-lhe até sua família. Viu Chat, ele a trocava, estava lutando ao lado de outra pessoa, estava fazendo trocadilhos de gato e cantadas para outra pessoa. A medida que os instantes iam passando, as situações ficavam cada vez mais tenebrosas e ela sentia-se consumir por inteiro cada vez mais rápido.

Ela só queria que aquilo acabasse de uma vez.

Tudo acabou quando uma forte pressão lhe acometeu a cintura, ela foi empurrada e puxada para cima e depois para o chão. Quando se deu por si as visões haviam acabado. Ela sentia-se triste, embora menos do que aquela névoa lhe proporcionara, bem menos.

— My Lady! – Chat segurava sua cintura para que, caso suas pernas fraquejassem, ela não fosse ao chão, e a outra mão se mantinha no rosto dela, fazendo com que sua cabeça não pendesse e ela olhasse para ele – Me diga que você está bem. Por favor, me diga que você está bem – ele repetia.

— Está tudo bem, Chat – ela disse lentamente.

Demorou poucos instantes para que ela se recuperasse, não podia deixar-se abalar tanto no meio de uma luta. Logo Nathaniel investia de novo contra os dois e tudo o que Chat fazia era se movimentar desviando de todos os ataques, enquanto levava Ladybug consigo para que ela se recuperasse sem interrupções.

Ladybug logo voltou a ativa, ainda mais forte do que antes. Entendeu o que tinha que fazer e sempre que a névoa lhe tocava a ponta dos pés, ela já desviava ou saltava. Aquilo a estava exaustando, apesar de ficar frações de segundo parada, a névoa já conseguia infiltrar milhões de novas possibilidades dentro de sua cabeça. Ela finalmente usou sua arma secreta.

— Talismã! – gritou, seu ioiô a dera um aspirador de pó.

— Vai demorar um tempo até aspirar toda essa névoa, mas eu acho que se distrair ele o suficiente, podemos dar um jeito.

Logo ela começou a aspirar a névoa, só que não adiantava, não importava quanto fizesse isso, a névoa estava sempre sendo fabricada. Essa não era a solução. O seu Talismã teria falhado?

— Por que está demorando tanto, Bugaboo? – Chat a olhou e nesse momento ele foi derrubado por Nathaniel, a névoa o consumia mais rápido.

Nathaniel sorriu. Ladybug olhou para o aspirador de pó, o que faria com aquilo? Por que não conseguia pensar em nada?

— Nathaniel! – ela gritou de desespero, ele segurava Chat contra o chão e se ela se aproximasse seria igualmente pega, então seria o fim.

— Eu não sou Nathaniel. Me chame de Obsessor – a voz dele era grave e rouca. Ele sequer a olhara enquanto dizia aquilo.

O aspirador precisava servir para alguma coisa, ela o encarou em busca de uma resposta mágica e de repente se deu conta. Aspiradores não aspiram infinitamente, uma hora eles precisavam tirar tudo o que tinha acumulado dentro de si.

A menina jogou o aspirador no chão ao lado de onde o Obsessor estava, o objeto partiu-se e a poeira que estava acumulada dentro se espalhou, cobrindo tanto Nathaniel quanto Chat Noir por inteiro. Assim como quem estava do lado de for a da poeira marrom não enxergava nada que acontecia dentro, os meninos não conseguiam ver nada a uma polegada de distância, o Obsessor sequer conseguia manter seus olhos completamente abertos.

Ladybug saltou por cima da névoa espalhada no chão, sua mão deu de encontro com o pescoço do menino akumatizado, ela puxou o que parecia ser um colar e o arrancou. A névoa realmente estava sendo emanada do pingente daquele colar. Ladybug partiu-o ao meio e a borboleta negra voou de dentro dele, logo sendo capturada pela menina.

— Tchau, tchau, borboletinha!

Nathaniel já não estava mais akumatizado e Chat Noir não estava mais preso sob o efeito rápido da névoa.

Ambos se levantaram ao mesmo tempo em que o objeto do Talismã consertava os estragos feitos na cidade e traziam as pessoas de volta.

— Zerou – Chat Noir e Ladybug disseram juntos.

— Ladybug? Chat Noir? O que eu estou fazendo aqui?

— Nathaniel! – uma voz chamou por trás do menino ruivo antes que os heróis pudessem responder – Será que a gente podia conversar? – Houve uma pequena pausa – Sem reações precipitadas dessa vez?

Nathaniel sorriu e afirmou com a cabeça.

— Nathaniel? – Ladybug chamou, fazendo o menino voltar-se para ela – Eu acho que isso é seu – ela disse entregando o colar de volta ao menino.

— O colar que eu te dei – Marc falou surpreso – Achei que nunca usasse.

— Como eu poderia não usar algo que você me deu? – Marc ficou levemente ruborizado.

— Já que a missão aqui está completa, é hora do gatinho aqui ir embora – Chat piscou.

— Na verdade – Ladybug se virou para ele – Será que poderíamos conversar? – Os três meninos viraram-se para ela – Eu quero dizer, só nós dois… – Ela olhou para Chat.

— Como eu poderia dizer não à minha Lady?

— Nós dois temos muito o que conversar, também – Nathaniel virou-se novamente para Marc enquanto colocava o colar no pescoço – Obrigado por me salvarem – Ele se dirigiu aos dois uma última vez e saiu com Marc.

— Eu não tenho muito tempo, Chat, será que poderíamos nos encontrar hoje a noite?

Os olhos dele brilharam e seu sorriso vacilou por um mísero segundo, ele estava surpreso.

— Você sugerindo que nos encontremos sem ser para algo profissional? Isso é novidade! – O sorriso felino surgiu em seus lábios – No mesmo lugar de antes?

— No mesmo lugar de antes – Ladybug confirmou antes de sair pelos telhados de Paris.

Ela finalmente poderia dizer a ele tudo o que estava pensando, poderiam conversar de verdade de uma vez por todas, a partir daquilo eles decidiram como levar as coisas adiante, aquela noite seria no mínimo intensa, e ela não sabia se estava preparada para aquilo.

Chat Noir estava otimista, ela mudara de ideia, só queria descobrir o que a fez repensar sua decisão. Mas não deveria se alimentar de esperanças falsas, não queria se decepcionar, passar por outra quebra de expectativa, não queria mais sofrer.

Aquela seria uma longa noite, que definiria o destino de ambos.


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Notas finais do capítulo

Eaê, galeris? Como vão?

Primeiramente o de sempre, opiniões e impressões de vocês é sempre bem vinda, leitores fantasmas, eu já fiz uma simpatia e usei meu sangue pra vocês aparecerem, não me deixem na mão, por favor, ok? (Eu não mordo e respondo tudo)

Segundamente eu só queria dizer que faz um tempo que planejei toda a história na minha cabeça e vão ter momentos muito... Tensos (ao menos eu achei né :V)

Queria deixar registrado antecipadamente que a primeira bomba está chegando em alguns capítulos e vai ter uma festa...

Alguém consegue adivinhar de quem é? Quem acertar ganha um doce!



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