Queen of Darkness — Interativa escrita por Khaleesi


Capítulo 2
Mais perdida que cego em tiroteio


Notas iniciais do capítulo

Ajayô! Como vocês estão?
Bem, eis um capítulo fresquinho para vocês. Hoje vocês vão conhecer o xodozinho de minha vida: Daemon.
Eu ainda não liberei a ficha, mas prometo que no próximo capítulo ela sai junto com o tumblr da fic.
É isso, vejo vocês nas notas finais :)



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Fazer grandes coisas é difícil; mas comandar grandes coisas é ainda mais difícil.
(Friedrich Nietzsche)

Monster — Imagine Dragons

*Londres, 25 de maio, 9:45PM

Aliyah acordou sentindo a brisa quente afagar sua face, uma melodia aprazível soava distante. Hesitou em abrir os olhos, mas o fez. Acostumando-se com a luz do sol, respirou fundo antes de tentar lembrar aonde ela estava. Sua cabeça latejava, olhou à sua volta e percebeu que se encontrava num jardim. O cheiro doce das rosas invadia seu pulmão, e sorriu. Com esforço, levantou-se lentamente e se deparou com um par de olhos cor de caramelo. Um menino alegre sorria, mostrando suas covinhas nas extremidades de suas bochechas.

— Dominic! — Saltou em seu colo, aninhando-se em seu abraço.

O menino loiro afagava devagar seus longos cabelos negros, enquanto murmurava meigamente:

— Olá, pequena — o irmão da garota afrouxou o abraço, mas sem soltá-la. — Sentiu saudades?

— Por onde você andou? – Perguntou Aliyah, aturdida. O pai e a mãe estão mortos, a casa pegou fogo e...

— Eu sei – interrompeu-a, Dominic. – Não posso lhe explicar agora, Liah. Você precisa acordar, vamos.

Acordar? Eu estou num sonho?, pensava ela. Tentou abrir a boca para questionar, porém o cenário mudou. Aliyah não estava mais num jardim aconchegante com seu irmão mais velho, e sim de volta à sua casa em chamas. Escutava a voz de sua mãe gritando, e via a cena de seu pai derreter como plástico em micro-ondas. Lágrimas escorriam pelo seu rosto, e ela não conseguia mover-se ou falar. O desespero tomava conta dela, até que tudo fica escuro e mudo, e Aliyah acorda numa rua deserta e mal iluminada.

Um gosto metálico se fixava em sua boca, e todo seu corpo doía. Será que havia desmaiado com a grande perda de sangue? Com dificuldade, tentou se levantar. Seu dorso havia parado de sangrar, porém ainda estava bastante dolorido. Após algum tempo tentando, se levantou e saiu mancando. Aliyah pensou que não podia voltar para casa e, num ato de desespero, lembrou do dinheiro que guardava sua bota. Torcendo para que ele não estivesse encharcado, retirou seu sapato e lá encontrou algumas notas. Ok, dá para procurar um motel e passar a noite, eu preciso descansar e cuidar dessas feridas, pensou.

~ * ~

Após não muito tempo, ela chega numa hospedagem de quinta categoria e pede um quarto. A moça mal-humorada da recepção a vê encharcada de sangue seco, mas, para o alívio de Aliyah, não faz perguntas. Subindo as escadas devagar, abre a porta e se joga na cama. Fecha os olhos por um instante, desejando que tudo aquilo fosse apenas mais um de seus pesadelos, e que em algum momento ela acordaria e comeria panquecas no café da manhã com seus pais.

Bufou, irritada, indo em direção ao banheiro. Retirou sua roupa com cuidado, e examinou seus hematomas. Boa parte de sua barriga e costas estavam roxas, e do lado esquerdo de suas costelas havia um corte, tal como em seus braços e pernas. Ligou a ducha quente e, para tentar esquecer seus problemas, ficou ali embaixo por um longo tempo, passando uma esponja por toda extensão de seu corpo. Após se sentir minimamente limpa, saiu do banheiro e percebeu que teria que usar a mesma roupa. A vestiu e logo deitou na cama, caindo num sono profundo.

*Londres, 26 de maio, 10:21AM

Os raios solares entravam teimosamente pelas frestas entre as cortinas. Aliyah ainda dormia, porém seu belo sono foi interrompido por uma batida em sua porta.

— Serviço de quarto — gritou uma voz feminina.

Pondo uma almofada sob sua cabeça, falou, de forma abafada:

— Vá embora.

Insistente, a mulher tornou a bater na porta e repetir as três palavras: serviço de quarto. Impaciente, a menina bufou e se levantou, bocejando. Abriu a porta com o rosto amassado e não havia ninguém. De repente, uma forma pulou sobre ela. Caindo no chão com uma mulher em cima de si, Aliyah gritou. Sua ferida na costela havia sido atingida por um empurrão, e de repente as unhas da mulher cresciam. Embasbacada com a mudança na aparência dela, a menina morena desferiu um soco no rosto da camareira, ou sabe-se lá o que era.

Os olhos amarelos de gato da mulher logo perceberam o movimento e arranharam o seu braço. Ela urrou de dor, mas conseguiu sair debaixo do monstro que havia ali. Rolando, encontrou um abajur em cima da escrivaninha, e logo arremessou-o contra a mais velha, que desviou.

A ferida em sua costela doía como nunca, mas Aliyah sabia que se não se defendesse, provavelmente iria morrer por ali mesmo. Vamos, garota. Você consegue, uma voz masculina desconhecida ecoava em sua cabeça. Relutante, ela correu para o canto do quarto e pegou uma caneta. A mulher/camareira/monstro já ia atacá-la novamente, porém a morena foi mais rápida. Num giro, enfiou a caneta na lateral do pescoço da adversária, que urrou e logo caiu no chão.

Olhando para o corpo sem vida da camareira, Aliyah se apressou. Logo alguém iria vir em seu encontro devido aos gritos. Agarrando seu casaco na cama, pôs a mão sob sua costela e começou a andar. Olhando para os lados, viu um corvo pousar bem em sua frente. Acenou a mão para espantar o pássaro e continuou a andar, dessa vez para um lugar onde podia cuidar de seus machucados.

~ * ~

Após algum tempo andando, a menina chegou em um hospital. Logo ao entrar, uma mulher veio socorrê-la.

— Alguém traga uma cadeira de rodas! — Foi a última coisa que a morena escutou antes de tudo ficar escuro e ela desmaiar.

Acordou em uma cama, suas costelas estavam enfaixadas e já não doíam tanto. Seus cortes em outras partes do corpo também tinham curativos, e em seu braço esquerdo havia um tubo com uma agulha que a enchia de soro e alguns remédios. A menina suspirou, e logo olhou para a televisão. O noticiário estava passando, mas não era nada que a interessasse. A porta do quarto abriu devagar, e a mulher que havia a ajudado estava entrando, com um sorriso no rosto.

— Olá, como se sente?

— Psicológica ou fisicamente? — Brincou. A enfermeira sorriu, e a garota também o fez. — Estou bem, obrigada por me ajudar.

— Não fiz mais que o meu dever — sorriu novamente. — Mas me diga, o que aconteceu com você?

— Não sei por onde começar... — Sua voz falhou quando a mesma olhou para a televisão. O noticiário estava falando sobre uma morte num motel.

Sua foto foi mostrada na tela, e em seguinte uma repórter no local do crime dizia:

— Aliyah Szlachta, neta da grã-duquesa Kristina Szlachta da Polônia, está desaparecida desde essa madrugada de quarta feira (24), quando sua casa foi incendiada, seus dois pais mortos e seu irmão também desaparecido. A menina de apenas dezoito anos foi vista aqui — a mulher apontou para o quarto onde um corpo era retirado dentro de um saco preto — pela última vez. Testemunhas dizem que escutaram gritos e logo após Aliyah saiu, coberta de sangue, de seu quarto. Principal suspeita do incêndio em sua casa e da morte da camareira Juliette Kingston, 32, não se sabe o paradeiro de Aliyah. Essa garota é considerada perigosa, e autoridades avisam: se você sabe onde ela se encontra, ligue para a polícia imediatamente! Cheryl Pech para o canal 5.

Antes que pudesse abrir a boca, a enfermeira já havia saído correndo, possivelmente para chamar a polícia. Aliyah se levantou num salto e retirou a agulha de seu braço, indo à procura de suas roupas. Achou-as dentro do armário, e se vestiu em poucos segundos. Antes que a polícia pudesse chegar, a garota saiu correndo do hospital tentando não ser vista.

Ótimo, agora sou transtornada psicologicamente, além de incendiária e assassina. Meus dias cada vez ficam melhores, pensava ela.

*Londres, 28 de maio, 3:12PM

Após dois dias do incidente, Aliyah estava mais procurada que nunca. Havia sido atacada por mais duas por pessoas com instintos e algumas formas animais. Ainda não havia apelidado os monstros, mas já conseguia se livrar deles. Hoje não estava diferente, enquanto lia calmamente um livro que achara na biblioteca municipal sobre runas no Hyde Park, uma menina de mais ou menos sua idade se aproximou. A parte do parque onde ela se encontrava não havia ninguém, então se assustou quando ouviu uma voz.

— Olá — a garota tinha cabelos castanhos e cacheados na altura dos ombros, e olhos de mesma cor. Sua estatura era baixa, e seu corpo esguio. Estava num vestido florido e botinhas marrons que lembravam Liah da época que ela viajava para o campo na Polônia com seus pais. — Não quis lhe assustar.

— Olá — sorriu. — Não me assustou, eu apenas estava distraída.

— Vejo que está lendo um livro sobre runas, não é? — A morena assentiu com a cabeça. — Desculpe estar me intrometendo, mas é que eu adoro as runas. A propósito, meu nome é Giullia.

Aliyah estendeu a mão e se apresentou, e logo a recém-chegada se sentou ao seu lado.

— É lindo, não é mesmo? Esse parque me traz boas energias.

— Concordo — Liah não prestava tanta atenção, preferia continuar analisando as informações sobre as runas.

— Se você fechar os olhos por uns instantes você consegue sentir a energia fluir dentro de você — Giullia falava, com interesse. Aliyah permanecia indiferente lendo seu livro, e a menina de cabelos cacheados se irritou um pouco. — Vamos, tente!

Liah tirou sua atenção do objeto que possuía nas mãos e passou a olhar Giullia, com uma sobrancelha levantada.

— Tudo bem — e fechou seus olhos, encostando a cabeça na árvore que estava atrás de si.

Foi o que a recém-chegada precisava. Quando viu que Aliyah se concentrava, pulou sobre ela com fúria e desferiu um soco em seu rosto. Liah caiu no mesmo instante para o lado, mas saiu debaixo de Giullia e conseguiu correr.

Oh céus, de novo não!, pensava, enquanto procurava uma forma de tentar afastar o monstro. Após não muito, Giullia a alcançou. Era rápida como uma raposa, se é que a mesma não era uma. Agarrou Aliyah e rasgou sua jaqueta, deixando sua runa, thorn, à vista. A menina no mesmo momento recuou, com o olho arregalado.

— Pelas barbas do Grande Mestre! Me perdoe, mil perdões, eu lhe suplico — Giullia se ajoelhou. — A profecia foi cumprida! Meu senhor voltou!

Sem compreender o que o monstro falava, Aliyah tomou-se de coragem e agarrou uma pedra que estava próxima, a batendo na cabeça de Giullia com toda força que conseguiu. Ofegante, voltou para pegar suas coisas e se deparou com um corvo. Espera, eu já vi esse corvo antes, pensou ela. A menina se aproximou da ave e o encarou.

— O que você quer comigo? — O corvo virou a cabeça para o lado, e a morena bufou. — Pássaro estúpido.

Aliyah pegou seu livro e uma bolsa que comprara com alguns remédios e uma roupa extra, e quando olhou para o corvo novamente, tudo ficou começou a rodar. Pensamentos que não eram os seus transitavam em sua mente, e ela ficou confusa. O corvo se comunicava com Liah de alguma forma, ela só não entendia como. O pássaro aos poucos se transformava num homem, o que deixava a garota cada vez mais confusa. Se aquilo tivesse acontecido alguns dias atrás, ela acharia que estava enlouquecendo. Mas, devido aos acontecimentos dos últimos dias, sua mente não pifou ao tentar processar a cena vista. Sua cabeça latejava, e seus olhos permaneceram arregalados por um certo tempo.

Quando a transição finalmente acabou, uma voz, possivelmente a do homem-corvo, ressoou em sua cabeça:

— Não tenha medo, Aliyah. Eu estou aqui para protegê-la e ajudá-la.

Ela deu uns passos para trás, desconfiada. Se algo que lutar contra aqueles monstros a havia ensinado, é que ela sempre precisava ficar na defensiva.

— Quem é você? – Perguntou. Seu olhar não era mais o de uma menina assustada, mas de alguém que poderia dar umas porradas se necessário.

— Meu nome é Daemon – o homem tinha cabelos negros e lisos, e olhos azuis quase brancos. Sua postura era calma, e ele tinha uma aura leve. Aliyah o olhou dos pés à cabeça.

— Bem, Daemon, o que diabos acabou de acontecer? — Ela pôs uma de suas mãos no rosto, e esfregou os olhos para ter certeza que não era um sonho.

O homem começou a andar na direção dela, o que fez com que a morena olhasse para a pedra na qual acertou Giullia. Ele parou no mesmo instante, e deu de ombros.

— Eu sou inofensivo, não é a mim que você tem que temer — pôs as mãos atrás de suas costas. Antes que Aliyah pudesse abrir a boca para manifestar-se, ele continuou. — Bem, respondendo à sua pergunta, eu me transmutei. É uma coisinha especial que nós, imtzäkis, conseguimos fazer. 

Liah levantou uma sobrancelha e baixou a retaguarda.

— Imzak? O que é isso?

— Imtzäki — corrigiu-a, recebendo um “que seja” murmurado vindo da menina. — Somos animais guardiões, escolhidos como protetores da humanidade — vendo que Aliyah não ia falar nada, continuou. — Você deve estar se perguntando o que vem acontecendo com você.

Aliyah riu.

— Eu adoraria entender o motivo de eu estar sendo atacada por esses animais, mas o que me garante que você não é como eles?

— Porque eu não sou um akhlin — ela enrijeceu quando escutou a palavra “akhlin”.

Lembrou uma vez de sua avó lhe contando uma história quando tinha sete anos. A sábia mulher dizia que as forças do mal que habitavam a terra tomavam forma humana, mas seus instintos brutos e animalescos ficavam. Eles eram responsáveis por boa parte do caos que se instaurava cada vez mais no planeta. Eles eram chamados de akhlins.

— Akhlin? Isso é um conto de fadas.

Daemon sorriu.

— Isso não o torna menos verdade.

— E você espera que eu acredite em você?

— Caso você não consiga me dar outra explicação para como eu consegui me transformar em corvo, sim — a menina permaneceu-se calada. — Você está sendo caçada por akhlins pois você foi revelada e escolhida como uma cavaleira da Sétima Ordem.

— Você parece que saiu de um dos livros antigos da minha avó — Aliyah revirou os olhos. O imtzäki era alto e forte, tinha a aparência de vinte e poucos anos. Algo nele a deixava intrigada.

— Kristina era uma mulher muito sábia. Infelizmente, os conhecimentos dela acabaram por causar sua morte.

Aliyah irritou-se, avançando em Daemon. O homem levantou as mãos em rendição.

— Como você sabe o nome da minha avó?

— Após tudo que está acontecendo na sua vida e tudo que eu lhe falei, o motivo de eu saber o nome da sua avó é realmente o que mais lhe intriga?

A menina semicerrou os olhos, para logo após suspirar.

— O que é a Ordem?

— Bem, a ela foi criada há mais de dois mil anos atrás, e continuará existindo até o fim dos tempos. O motivo disso tudo é que o mundo precisa de equilíbrio, e nós somos os responsáveis por ele.

— Nós?

— Sim, os Cavaleiros e seus imtzäkis.

— Você tem noção de que eu continuo sem entender o que você está falando, certo?

Daemon revirou os olhos e prosseguiu.

— Uma coisa de cada vez. Os Cavaleiros são pessoas escolhidas para manter a ordem e o equilíbrio do mundo. São pessoas extremamente poderosas. — Ela riu ao ouvir aquilo. Sua habilidade máxima era fazer uma panqueca sem queimá-la. — Cada cavaleiro tem um guardião, que somos nós — disse, apontando para si mesmo —, os imtzäkis. Eu sei que isso parece não fazer muito sentido agora, mas logo fará.

Quanto mais Daemon falava, mais confusa Aliyah ficava.

— E isso tem a ver comigo por que, exatamente?

— Você foi escolhida, não tenho como lhe dar outra explicação melhor que essa — ele olhou para o céu. Uma tempestade se formava. — Sua avó era uma maga poderosa, e ela sabia que seu destino seria traçado dessa maneira.

— Minha avó era uma Cavaleira também?

— Não. São coisas diferentes, acompanhe o raciocínio, por favor — Aliyah levantou uma sobrancelha, mas não o impediu de continuar falando. — Kristina queria compartilhar a verdade com você, queria lhe preparar para essa vida que você terá, mas seus pais não queriam que você soubesse. Por isso que você está mais perdida que cego em tiroteio.

Certo, ele sabia fazer piadas também.

— Isso tem alguma coisa a ver com a morte deles?

— Seus pais sabiam como seria difícil se você fosse descoberta pelos akhlins antes do seu aniversário de dezoito anos. Acho que eles acabaram por pegar seus pais de surpresa.

— E meu irmão?

— Essa resposta eu não sei lhe dar. É um enigma para mim tanto quanto é para você. Ele simplesmente sumiu.

Aliyah parou por uns segundos e sentou na grama. Sua cabeça estava lotada de novas informações e ela não sabia o que fazer, como agir. Ela não conseguia entender a dimensão do problema, não conseguia relacionar o que estava acontecendo com a sua vida. Cavaleiros da Sétima Ordem? Porque logo ela tinha sido escolhida?

Como se percebesse sua aflição, Daemon sentou-se ao seu lado e olhou no fundo de seus olhos. Ele era um homem realmente muito bonito. O corvo sorriu.

— Obrigada.

— Pelo quê?

— Por me achar bonito.

Aliyah arregalou os olhos e corou.

— Como você leu meu pensamento? Não faça isso novamente!

Daemon riu.

— Nós temos um elo empático, Aliyah. Isso permite que eu navegue por entre seus pensares e vice e versa. Eu fui escolhido para ser seu companheiro e imtzäki, que é a mesma coisa que guardião, como já falei. Esse tipo de elo se chama katzën — Liah continuou corada e sem saber o que falar, portanto Daemon prosseguiu. — Você não está sozinha, existem outros como você.

— Ótimo, uma academia de X-Men — ela conseguiu encontrar humor na situação, o que fez Daemon rir.

— Mais ou menos isso.

Aliyah olhou para a grama, instigada.

— O que nós devemos fazer? Os cavaleiros, digo. Como combatemos o mal sendo apenas... nós?

— Cada cavaleiro herda um poder místico de seus ancestrais. Aprendem a usá-los, e logo estão prontos para defender o mundo — Daemon falou as últimas palavras de forma engraçada, um tanto irônica, o que fez Aliyah rir.

— Então significa que eu tenho algum “poder mágico”? — A menina fez aspas com o dedo, de forma enfática.

— Sim, cada cavaleiro possui um. Eu lhe mostrarei posteriormente um pergaminho que mostra o poder de cada cavaleiro. Você poderá saber o que domina.

— E onde está esse pergaminho?

— Na sede da Ordem. Você precisaria ir comigo — disse, se levantando.

— Eu não vou com você para lugar algum, mal te conheço. Como posso saber se você é confiável?

— Você não pode — gotas começaram a cair do céu, a tempestade havia chegado —, acho que vai ter que arriscar. Vale dizer que vai tomar uma bela chuva, caso fique.

Aliyah pensou por um instante. Ela podia se defender sozinha, e não estava afim de se encharcar mais uma vez na semana.

— Dane-se — levantou-se, tirando a poeira do short com as mãos. Daemon sorriu com o canto da boca.

— Bem, siga-me.

— O que vamos fazer com ela? — Disse Aliyah, referindo-se à akhlin morta à sua frente.

— Levar com a gente, oras. Você já está sendo acusada de muitas coisas, precisa ser mais cuidadosa de agora em diante. Temos de sumir com esse corpo.

~ * ~

Aliyah estava há quase quarenta minutos sem nada dizer. Daemon dirigia o carro, e no banco de trás, jazia o corpo sem vida de Giullia. Um pigarreio vindo do imtzäki quebrou o silêncio que ali se instaurara.

— Bem, há certas coisas que você precisa saber — o homem mexeu-se em sua cadeira, inquieto.

— Diga-me.

— Você é a chave dessa Ordem, precisa ajudar a achar os outros jovens.

— Deixe-me adivinhar, eu sou a chave pois eu sou tipo o professor Xavier dos Cavaleiros?

Daemon sorriu, olhando para a menina por um instante. Ela realmente estava naquela de X-Men.

— Você é poderosa, disso não há dúvidas. Mas o motivo pelo qual você é a chave, é que foi a primeira a ser encontrada.

— E por que nós precisamos nos reunir? Os Cavaleiros, digo.

Daemon deu um longo suspiro antes de responder.

— O mundo está novamente sendo atacado por um mago chamando Abraham, o criador dos akhlins. A última vez que ele foi visto na Terra foi há duzentos e oitenta anos atrás. Quatro gerações antes da sua. Os cavaleiros tiveram de se sacrificar para selar um portal onde esse mago não poderia mais sair. Todavia, após todos esses anos, Abraham conseguiu fugir, e precisamos da ajuda dos cavaleiros para que ele não extermine com a raça humana. Para isso vocês têm de achar o Velho Mestre, o oráculo que ajudará vocês a combater esse homem.

— E como eu vou fazer para achar esses outros?

— Com a minha ajuda, é claro! Todos os cavaleiros têm o elo katzën com algum animal, portanto será mais fácil de conseguir identificá-los.

— E quanto tempo isso vai demorar? — A menina parou de enrolar a ponta de seus cabelos com o dedo e passou a encarar o imtzäki.

O homem aparentou pensar por uns instantes, e logo bufou.

— Bem, eis uma resposta da qual não sou capaz de lhe dar. Entretanto, penso que não muito. Após eu ter lhe achado, os outros aparecerão com mais facilidade.

Aliyah ficou em silêncio por alguns minutos. As coisas estavam começando a fazer mais sentido e, para falar a verdade, ela estava um tanto animada para saber mais sobre essa tal Ordem. Mas, primeiro, queria entender algumas coisas sobre sua família.

— Quando você diz que minha avó causou a própria morte, o que isso significa? Akhlins a mataram também?

— Bem... Não. Ela foi envenenada por algum outro mago, provavelmente alguém que não queria que o seu futuro fosse revelado.

— E meus pais, eram magos também?

— Não, humanos comuns.

— Então de onde diabos eu saí uma Cavaleira, nessa história toda?

— Isso veio de algum ancestral seu. Não pense demais nisso, ao menos não por enquanto — ele a olhou por alguns segundos e depois voltou a encarar a estrada à sua frente. — Você precisa dormir um pouco, imagino que esteja cansada.

Ele não precisou falar duas vezes, Aliyah caiu num sono profundo pela primeira vez em alguns dias.


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Notas finais do capítulo

Eu devo postar o próximo em 1,2 dias.
Espero que tenham gostado!
See ya! ♥



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