Quando nasce o amor escrita por ElaineBDQ


Capítulo 10
Ajuda inesperada.




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Evelyn acelerou o passo enquanto caminhava em direção ao ponto de ônibus. Não tinha ideia do que fazer. A única solução que cogitava, era em pedir ajuda a Melissa. Mas quando pensava em Lucas, ficava apreensiva. Não tinha alternativas!

Algumas horas depois, Evelyn estava em frente ao condomínio onde Melissa morava. O segurança lhe conhecia, por isso não precisou de muito protocolo para entrar.

Ela olhou pelo grande portão, e pensou no que tinha ficado para traz. Pedia em súplica que Lucas não estivesse em casa.

A porta foi aberta pela empregada. Logo depois Melissa apareceu na sala. Ela ficou surpresa ao ver  a amiga.

— Evelyn, o que houve?

— Finalmente eu criei coragem para sair de casa!

Melissa caminhou em direção a amiga e a abraçou. Queria com aquele gesto, demonstrar que estava do seu lado.

— Eu preciso da tua ajuda Melissa.

— Lógico! Você acha que não ajudaria minha “irmã”? 

Evelyn sorriu agradecida, enquanto sentia lágrimas rolarem em seu rosto.

— Não chora amiga! Vai dar tudo certo! Você deu um passo importante na sua vida. Isso foi muito corajoso.

— Obrigada.

— A Vanda vai levar você para o quarto de hospedes e depois vemos o que você vai precisar.

— E o Lucas?

Melissa entendia a apreensão de Evelyn e respondeu com a verdade.

— Ele saiu numa viagem e volta amanhã pela noite.

Ela suspirou aliviada.

— Você jantou?

Ela fez uma negativa com a cabeça.

— Vou pedir para a empregada levar alguma comida no seu quarto.

 

Evelyn se jogou na cama depois que tomou um banho relaxante. Estava tão cansada e acabou dormindo com o roupão de banho.

Na manhã seguinte ela acordou com a claridade do sol entrando em seu quarto.

— Acorda dorminhoca! – Era a voz de Melissa que soava longe. Evelyn abriu os olhos e sorriu para a amiga. – Dormiu bem?

—Muito! Essa cama é maravilhosa.

— Vem, levanta! Vamos tomar café.

Evelyn deu um salto da cama e olhou no relógio do celular.

— Nossa! Dormi mais do que queria. Tinha marcado de sair hoje para algumas entrevistas.

— Você pode fazer isso depois do café. Vamos!

Depois do café da manhã ela saiu e foi em alguns locais. Assim como no dia anterior, não teve muita sorte. No grupo de amigos também não surgia nenhuma vaga de freelance. O negócio era não desanimar!

Ao chegar em casa, soube que Melissa tinha saído para a faculdade. Retornaria somente pela noite. Como estava sozinha, ela almoçou na cozinha junto com os outros empregados.

Pela tarde, ela entrou na biblioteca e encontrou alguns exemplares de livros. Certamente faziam parte da coleção de Melissa. Sua amiga era uma apaixonada por leitura. Ela pegou um livro e sentou para ler. As horas passaram e ela foi consumida pelo sono. Fechou os olhos e quando acordou ficou assustada, pois a sala estava escura.

— Meu pai, que horas são?

— Hora de levantar!

Evelyn ficou assustada e viu que era Lucas que estava na biblioteca. Não esperava encontrar com ele numa situação tão constrangedora.

— Desculpa, eu acabei dormindo.

— O que você faz por aqui? Pensei, que depois do que aconteceu, você não iria aparecer por aqui!

— E o que eu fiz para ter que me esconder como uma criminosa?

Lucas fitou a mulher parada a sua frente. Ela demonstrava segurança, mas o tremor de sua voz revelava seu nervosismo. Evelyn era muito bonita! E ela ficava ainda mais bela quando estava assim. Talvez ela não tivesse real noção disso!

— Você não precisa se esconder! Tudo o que precisa fazer e pedir desculpas pelo que fez.

Evelyn não acreditava no que ouvia. Ela não queria ficar ali, ou então acabaria cedendo a raiva e o resultado seria desastroso! Ela guardou o livro no local e foi em direção a porta, mas Lucas segurou seu braço impedindo-a de sair.

— Me solta!

— Antes me explica o que aconteceu.

Ela o fitou.

—Porque eu deveria fazer isso?

—Por favor Evelyn, você agrediu a Nádia e simplesmente por nada!

Evelyn começou a rir com cinismo. Aquela, era uma tentativa de esconder sua tristeza diante dos fatos. Mas para Lucas, aquela atitude pareceu uma provocação, então ele gritou:

— Evelyn!

— Quem você pensa que é, para falar assim comigo?  – repreendeu Evelyn, irritada pelo modo como ele se dirigia à ela.

— Desculpa, mas eu fiquei irritado com teu cinismo.

Lucas não era o tipo de homem que brigava. Fazia o máximo para apaziguar a situação. Mas quando estava com Evelyn, sempre terminavam brigando.

— Porque você fez aquilo? Eu não entendo!

— Para mim, você me pareceu entendeu muito bem o que aconteceu! Pelo menos, foi o que eu senti, diante do teu olhar acusador!

— Mas você bateu na Nádia!

—Droga! Esse é o ponto, eu não bati nela! Foi ela que me bateu...

— A Nádia não teria coragem de fazer isso.

— E eu sim, segundo você?

Evelyn estava ficando aborrecida com aquela conversa sem sentido.

— Quer saber, isso não tem mais importância. Você já decidiu no que acreditar! Mas se você quer meu conselho, é melhor tomar cuidado com teu excesso de sinceridade no relacionamento de vocês.

Evelyn se referia ao fato de Lucas ter contado para a noiva sobre o beijo entre eles, enquanto que Nádia mentia sobre toda aquela uma situação. Situação essa, que ela mesmo tinha planejado.

— Não estou te entendendo...

— Por favor Lucas!

Ela tentou se desviar, mas ele não quis sair da sua frente.

— Por favor, me deixar passar!

Lucas permaneceu parado à espera de uma explicação. Ele não entendia, o que Evelyn queria dizer com aquilo. Mas ela não estava disposta a continuar ali. Ela tentou passar, mas teve o seu corpo preso pelo dele.

Lucas olhou para aquela mulher, que estava presa em seus braços. Evelyn era pequena , mas moldava perfeitamente à ele.  Ela era linda e sensual demais. E despertava nele sentimentos que o assustavam. Sentia vontade de tocar novamente aqueles lábios pequenos e macios. 

Evelyn estava nervosa pela proximidade com Lucas. Ela sabia que se levantasse o rosto seria fatal. Ficou sem ação, quando sentiu a mão dele sobre sua face.

Céus, estava perdida!

— Olha para mim...

A voz dele era como uma caricia suave. E ela se entregou ao deleite daquele breve segundo. Ao levantar o rosto, seus olhares se encontraram. Lucas lentamente se aproximou e tocou-a nos lábios. Evelyn não fez nenhuma tentativa de fugir daquele beijo.

Lucas a beijava de modo suave e lento. Mas logo o beijo foi se tornando mais exigente, e ambos se entregaram a seus desejos. Evelyn o tocou na nuca, trazendo seu rosto para mais perto do dela. As mãos de Lucas a acariciavam de maneira sensual, deixando-a inebriada de paixão.

Foi maravilhoso, sentiu o roçar dos lábios dele em sua nuca. Mas Evelyn não estava preparada para as emoções, que aquele gesto lhe despertou. Ela estava assustada com seus próprios sentimentos.

Não podiam continuar ou então poderiam se arrepender depois!

Evelyn usou seu resto de sobriedade e o empurrou com força, logo em seguida o atingiu com um tapa. Não entendia o porquê daquela reação, mas agiu por impulso.

Lucas tocou de leve a face e encarou Evelyn, que estava ofegante assim como ele.

— Desculpa...

— Espero que quando você contar sobre isso para a Nádia, fale a realidade de quem beijou quem!

Evelyn saiu da biblioteca e ele não fez menção de impedi-la novamente.

A mente de Lucas estava a mil. Não conseguia se culpar pelo fato de ter beijado Evelyn novamente! Ela estava tão bela, e cada vez que ficava próximo a ela, sentia algo totalmente diferente do que sentia quando estava com Nádia. Pela segunda vez traiu a noiva a qual ele havia jurado fidelidade.

Uma coisa ainda era estranha. Porque Evelyn havia dito aquilo sobre “contar quem beijou quem”? Sendo que ele nunca havia contado a ninguém sobre aquilo.

***

Lucas estava muito cansado. Aquela reunião tinha tirado suas forças. Ele subiu para o quarto afim de tomar um banho. Precisava de descanso e urgente! Ele estava em seu quarto quando viu pela janela o momento em que Evelyn saiu com uma mochila. Não entendia o que estava acontecendo, mas a verdade é que precisava de um tempo para ordenar a confusão que estava sua mente.

Passados alguns minutos ele desceu para procurar algo na cozinha. A comida do avião tinha sido um fiasco. Nesse momento viu que Melissa entrava em casa e seu rosto tinha um ar fechado, sinal de que algo não estava bem.

— Olá princesa!

— Sem essa Lucas!!

Sim, ela estava furiosa!

— Ei mocinha, que modos são esse de falar com teu irmão?

— O que você fez com a Evelyn?

— Eu fiz? Eu não fiz nada!

— Não acredito em você! O segurança disse que ela saiu chorando daqui...

Ela tinha chorado? Realmente não queria ter causado esse sentimento nela. Talvez ambos estivesse vivendo sentimentos confusos.

— Eu apenas questionei ela sobre o que aconteceu na pizzaria.

— Você mandou que ela fosse embora!

— Embora? Eu não fiz isso com ninguém! Eu fiquei surpreso pelo fato dela vim aqui depois de tudo o que aconteceu. Apenas isso!

— Você é burro Lucas!

Ele ficou assustado com aquele ataque. Nunca tinha visto Melissa daquele jeito e realmente suspeitou que algo muito trágico tivesse acontecido.

— O que isso Melissa?

— Você fez a Evelyn se sentir uma intrusa aqui!

— Por favor Melissa! Eu não acredito que a Evelyn seja o tipo de garota que se assuste com “cara feia”! Aliás, ela é bem grandinha para isso.

— A Evelyn saiu de casa!

— Foi por isso que ela veio para cá?

— Sim, eu sou a única amiga que ela pode contar.

— Ela deve ter alguém que possa lhe ajudar...

Ele desconhecia o fato que Evelyn era órfã dos pais, mas aquele comentário deixou Melissa ainda mais furiosa.

— Você não conhece a Evelyn! Por trás daquele jeito fortão se esconde uma menina frágil. Lucas, ela não tem ninguém que possa lhe ajudar.

— Impossível!

— Os pais dela morreram!!

Ele ficou impactado diante da revelação e num sussurro disse:

— Eu não sabia...

— Claro, você sempre é assim.

— Desculpa, mas eu não sabia o que tinha acontecido.

— Não importa isso agora! A única coisa que me preocupa, é o fato que ela está sozinha pela rua e não tem dinheiro e nem quem possa lhe ajudar.

Lucas se sentiu culpado e começou a ficar impaciente.

— Você tentou ligar para ela?

— Ela não atende o telefone.

Lucas ficou muito preocupado. Ainda mais ao saber, que ela não tinha a quem recorrer e estava sem dinheiro. Só ao pensar, que ela poderia estar sozinha àquela hora pela rua.

—Tentou falar com o Nicolas? Ele não é namorado dela?

— Não é o que você pensa.

Aquela garota era mais confusa do que havia pensado! A única solução seria procurá-la nas proximidades, afinal sem dinheiro ela não tinha muitas opções.

— Lucas, ela não tem dinheiro nem para pagar um hotel de quinta categoria!

— Não se preocupe, eu vou encontrar ela!

Melissa ficou surpresa com a determinação dele.

— Você?

— Sim! Segundo você, eu expulsei a Evelyn daqui, por isso, a responsabilidade de trazê-la de volta é minha. Você faz ideia de onde ela pode ter ido?

— Nenhuma. Mas vou com você. Pode ser, que no caminho surja alguma ideia.

— Então vamos!

Lucas sempre soube que Evelyn era sinal de problemas. Mas nunca tinha passado por sua mente, que talvez ela virasse um problema como aquele. Enquanto dirigia o veículo ficava apreensivo a cada esquina que virava. Ele ansiava por encontrá-la e ver que estava tudo bem com ela.

— Não consigo encontrar ela!

Melissa suspirou nervosa e de repente veio uma ideia.

— O mar! Ela ama o mar.

Seguindo a intuição de Melissa ele seguiu para onde sua irmã havia dito.

***

Evelyn procurou uma área afastada onde não podia ser vista pelas pessoas. Não queria ficar à mercê de alguém que quisesse lhe fazer mal. Ela pegou o telefone celular e viu que ele estava descarregado.

A noite estava fria, para se proteger fechou o zíper da jaqueta e colocou o capuz. Ela estava preocupada em como faria de agora em diante. Era muito orgulhosa para voltar para casa. Pediria ajuda a Nicolas! Ainda que aquilo fugisse do que ela queria fazer.

Ela fechou os olhos, mas não tinha sono apenas muita dor de cabeça e cansaço. Nesse momento, ouviu passos de pessoas se aproximando. Assustada, abriu os olhos e viu três rapazes parado próximo a ela.

— A princesa precisa de companhia?

Quando ela viu os três rapazes, soube que estava em perigo. Na tentativa de proteger-se ela levantou e disse:

— Eu não tenho dinheiro ... Só o celular.

Ela estendeu o aparelho na direção deles, mas eles claramente não tinham intenção de querer o aparelho.

— Nós não queremos isso ... Queremos outra coisa!

O instinto de proteção a impulsionou para correr, mas um dos rapazes se colocou em sua frente e os outros dois fecharam os lados. Ela ficou presa sem ter para onde correr.

— Por favor não façam nada comigo!

— Nós vamos nos divertir princesa!

O modo como ele falava era embasado, como se ele estivesse drogado. Ela estava em pânico e tentou correr, mas no mesmo instante teve seu corpo agarrado pelo que estava a sua frente. Ele lançou Evelyn sobre o chão e uma luta começou a acontecer.

O homem tentava lhe beijar, e ela usando toda sua força o empurrava, mas os demais rapazes a seguraram e isso a impedia de se defender.

—Não!! Me solta!!

Evelyn tentou gritar e  atingiu um dos rapazes  arranhando o rosto dele.

— Vagabunda miserável!

Ela sentiu uma quentura no rosto e o gosto de sangue na boca. Era o golpe que ele havia deferido em seu rosto. Mas nada daquilo a impedia de tentar se proteger. Não conseguia pensar em mais nada, apenas que queria sair dali o mais rápido possível!

Como estava imobilizada no chão ela empurrava-o com seus pés e usava toda a força que tinha. O rapaz rasgou a roupa de Evelyn e sua pernas ficaram expostas. Isso pareceu causar neles certa euforia. Por um segundo de distração eles a soltaram e Evelyn conseguiu correr, mas estava desorientada e logo viu-se novamente presa sem ter para onde correr.

— Você não pode fugir!

Evelyn reconheceu que não tinha saída. Ela chorava por causa da adrenalina e sentia o pânico lhe consumir. Não podia se render ou seria o fim.

—Socorro!! Socorro! – Sua única saída foi gritar e o fez com desespero. Esperava realmente que alguém viesse em seu auxilio. Mas logo a boca dela foi tapada pela mão de um dos rapazes e sua voz saia abafada.

— Ninguém vai te ouvir!

Eles riam debochados e a jogaram no chão.

—Não! Me larga!

—Larga ela!!

Ela sentiu um alivio ao ouvir a voz de alguém vindo em seu auxilio. O rapaz ficou temeroso e soltou Evelyn. Ela levantou do chão e olhou para a pessoa que tinha lhe ajudado. Por um breve segundo sentiu seu corpo paralisar. Era Lucas que tinha vindo ao seu encontro.

Evelyn correu ao encontro de Lucas, que veio em sua direção. No seu olhar era evidente a preocupação.

—Você está bem?

Ela poderia dizer que não, mas sentia alivio por tudo aquilo ter acabado.

Os rapazes não satisfeitos pela interferência vieram em direção à Lucas. Evelyn sabia que eles certamente fariam algo. Naquele momento, ele gritou para que ela corresse.  Usando o resto de forças ela correu.

Nesse exato momento, Melissa começou a gritar:

— Policia!!

Eles pareceram temer e saíram em disparada no caminho contrário. E Evelyn agradeceu por tudo aquilo ter acabado.

Lucas veio em sua direção e a abraçou forte. Ele sentiu alivio por todo aquele pesadelo ter acabado.

— Obrigada Lucas. – A voz dela era pesada por causa do choro – Se você não tivesse chegado ... eles ...

—Não pensa mais nisso!

Lucas apertou o corpo frágil contra o seu. Evelyn tremia muito. Ele percebeu que a roupa dela estava rasgada e então tirou sua jaqueta e colocou sobre ela. Naquele momento sentiu vontade de protegê-la até que toda aquela lembrança ruim passasse.

— Calma! Tudo acabou. Agora nós vamos para casa. –Ele limpou a face delicada e percebeu o tom arroxeado. Sentiu raiva daqueles marginais.

Melissa veio lentamente em direção a eles e ao chegar perto da amiga a abraçou.

— Você está bem amiga?

— Graças a vocês. Obrigada Melissa.

— E a polícia?

Era Lucas que havia perguntando. Somente agora, ele começava a perceber as coisas ao seu entorno.

— Eu menti. Na hora fiquei tão desesperada, que falei a primeira coisa que veio a minha mente.

Lucas sorriu e sentiu pena porque não era verdade.

— Vamos!


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