Perfume escrita por Luiz Gustavo


Capítulo 29
Capítulo 29: Temporal




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Levi tinha acabado de fechar a porta do quarto de Tony Federline, é impossível parar de se preocupar com o melhor amigo, apesar da rápida melhora. Ele desceu a escadaria, mas o sono estava começando o dominar por inteiro, sentou-se no estofado da sala, aonde a matriarca assistia TV, sem demonstrar menor interesse. 

— Não faz mais novelas como antigamente, só essas besteiras.

Amália afirma pegando o controle de cima da mesa de centro e abaixando o volume. 

— Tem alguma coisa para me falar, Levi? 
— Não. 
— O que aconteceu com o Tony? 
— Um acidente, apenas. 
— Você tem que aprender a mostrar mais suas feridas, querido. Fico preocupada a cada dia que sai a procura deste assassino, imagino o momento de nunca mais voltar para casa. 
— Não precisa, amanhã mesmo a Barbara vai vim te fazer companhia. 

A senhora pareceu um pouco triste ao acariciar o rosto de Levi, as lembranças a respeito da filha transparecem junto com o fardo da morte, eles se abraçaram naqueles segundos que poderiam durar uma eternidade. 

— Por favor, não me abandone. 
— Nunca seria capaz de fazer isso. 

Levi continuou na sala ao lado da matriarca, pegando em um sono profundo, perdendo o domínio do âmbito, a chuva começa a cair impetuosamente no lado externo, mesmo assim a temperatura continua quente, ele subiu lentamente as escadas da morada, as velas estavam acesas em todos os cômodos em belos castiçais de ouro, ele escutava alguns gritos lisos de um timbre jovial e por um instante quando parou na frente de um espelho no corredor, contemplou a imagem da irmã no seu reflexo, era Pamela, o barulho tempestade era forte demais, fazendo a energia cair de repente, tudo acabou por ser dominado pela escuridão. Levi entrou nos seus aposentos e enxergou uma mulher de cabelos loiros virada de costas, mexendo em uma caixinha de música, que emitia o som de um piano. Ele se aproximou temeroso, os olhos dela estavam inchados de uma maneira estranha. 

Ele sentou-se ao lado de Barbara. 

— Tudo bem, querida? 
— Você esqueceu da nossa história. 
— Não. 
— Jogou nosso amor no universo. 
— Porque seus olhos estão assim? 
— É assim que eles estão agora. 
— Por que? 
— As lagrimas não param de cair, essa tempestade é a minha vida. 
— Do que você está falando? 
— Por favor, me salva, Levi. 

Ela sumiu junto com um forte vento que abriu as janelas, o vendaval continuou de maneira bruta, Levi escutava um pequeno ruído, que se transformou em um resistente, fazendo-o despertar do estado de letargia, seu coração estava acelerado com o pesadelo, que durou tempo o suficiente para não o fazer dormir novamente naquela madrugada. As chamadas não foram atendidas, certamente a escritora estava dormindo, como todas as pessoas que moravam naquela residência, quando Amália acordou na manhã seguinte, Levi estava tomando a sua segunda xicara de café. 

— Levantou com as galinhas? 
— Não consegui dormir direito essa noite, tive um sonho estranho. 
— Com a Pamela? 
— Uma besteira, não foi nada demais. 
— Dormiu no sofá mesmo? 
— Sim. 
— Pensei que fosse um cochilo, por isso não te chamei. 
— Sem problemas, acho que isso é ansiedade. 

A campainha toca algumas vezes, Levi imagina que fosse Barbara, que chegaria prontamente, mas trata-se de Jonathan Sampaio, os dois saíram de perto da morada e caminharam em direção da praia. 

— Tudo bem? – Levi pergunta primeiro. 
— Sim. O que me chateia são os olhares das pessoas. 
— Você não merece isso. 
— Quero provar logo a minha inocência, sabe? 
— Deve ser horrível, não queria estar no seu lugar. 
— Parece que eles não me conhecem. 
— Mas um dia a verdade vai aparecer, Jonathan. 
— Será? Não acredito muito. 
— Perdendo a esperança nessa altura do campeonato? 
— Alguma coisa me diz, que vou morrer com a imagem de assassino. 
— Não fale isto, estamos chegando perto. 
— Sério? 
— Sim. 
— É o Xavier, não é? 
— Não quero te deixar preocupado, cara, mas tudo indica que sim. 
— Sempre soube. 
— Jonathan, a Barbara está hospedada naquele resort. 
— Ele não seria capaz de fazer nada contra ela, Levi. 
— É o que penso.

O aparelho celular de Levi vibra algumas vezes no bolso do short, ele atendeu com um sorriso no estampado na face. 

— Barbara, está aonde, querida? 
— Na Mucugê, vou fazer algumas comprinhas para o nosso baby hoje. 
— Venha logo para cá, a mamãe sente sua falta. 
— Só a sua mãe? 
— Eu também, amor. 
— Por que me ligou de madrugada? 
— Para saber se estava bem. 
— Pregada no meu último sono, satisfeito? 
— Um pouco. 
— Tchau, acabei de entrar em uma loja. 
— Eu te amo. 

Barbara desliga o telefone, o homem por um instante se sente o mais fraco do mundo, não sabe os motivos, mas as coisas estavam perdendo o sentido, o barco estava começando a encher de água, por momentos sentiu-se hidrofóbico, o medo tornou-se um demônio pela primeira vez, perder as pessoas que ama, viver sem elas em um luto infinito, depois tentou apagar esse pensamento da cabeça, no final de tudo isso, dará muitas risadas, mas antes terá que sofrer um pouco. Ele continua a conversar com rapaz antes dele ir embora de carro, Jonathan estava enfrentando diversas provas, agora precisa ser resistente, caso contrário irá se afundar em uma areia movediça. Levi retorna para a morada, andando para a cozinha, onde Tony toma alguns remédios. 

— Levi, está com uma cara estranha. 

Tony percebe o rosto do amigo, que se encontra um pouco inchado. 

— Não consegui pegar no sonho, tive um pesadelo. 
— Sonhou com o quê?
— Nada demais? 
— O nada que te deixou com essa cara de zumbi? 
— Certo. 

Ele respirou profundamente, soltando o ar logo após. 

— Foi com a Barbara, parecia real, mas ao mesmo tempo não, ela chorava de uma maneira estranha e tocando uma caixinha de música, estava chovendo bastante e a tempestade representava a sua alma. 
— Falam que sonhos estão ligados com a verdade. 
— Xavier não seria capaz, não é? 
— Aquele homem matou a sua irmã e fez aquilo conosco, me diga você se ele é capaz ou não? 


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