Perfume escrita por Luiz Gustavo


Capítulo 28
Capítulo 28: O Sequestro




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/759555/chapter/28



Barbara Novak caminha devagar em torno da Rua Mucugê, o principal atrativo turístico do distrito de Porto Seguro, cercada de restaurantes, bares, galerias de artes e diversas lojas, conhecida também como “a rua mais charmosa do Brasil”, devido ao estilo singular de arquitetura. Barbara sobe uma pequena escada de madeira entrando em uma butique de roupas infantis, passando por algumas mulheres estrangeiras segurando os filhos no colo, daqui alguns meses estará assim com o seu menino. Sentiu uma leve mexida na barriga, era o garotinho chutando levemente. Uma mulher se aproximou lentamente, com o nome da loja bordado na camisa, cumprimentando a escritora. 

— Barbara Novak, tudo bem contigo? 
— Sim, como sabe o meu nome? 
— Sou uma fã e estou muito contente com a sua conquista. 
— Muito obrigado, querida. 
— Prazer, meu nome é Laura Martins, sou gerente da loja. 
— Ela é muito linda, gostei de todos os detalhes. 
— É um orgulho um elogio vindo da senhora, não vejo a hora de ir na festa de lançamento do seu livro. 

Barbara pega um macacão azul no cabideiro na parede, com um ursinho estampado no tecido de lã. Ela aguarda ansiosamente a data do nascimento do primogênito, será marcado para todo o sempre, tudo parecia superficial antes, mas agora conseguiu enxergar a verdade, o mais profundo amor, um sentimento que só uma mãe é capaz de vivenciar.  As mãozinhas, respirar o hálito dele, vê-lo aprendendo a falar, a andar e a crescer. 

— É muito fofinho este, consigo imaginar meu filho nele. 
— Mãe é assim, tem um sapatinho que combina perfeitamente com ele, quer ver? 

As duas caminham para um pequeno balcão de atendimento, Laura pega uma caixinha pequeninha encantando os olhos da cronista, um tênis casual bege com alguns detalhes em azul. 

— É simplesmente perfeito, Laura. 
— Você gostou? 
— Eu amei. 
— Você já fez o enxoval? 
— Ainda não. 
— Se fizer aqui com a gente, terá um excelente desconto. 
— Sou uma mãe de primeira viagem. 
— E o maridão? 
— Este é mais bobo do que eu. 
— É tão lindo ver essa alegria, me dá vontade de ter outro. 
— Você tem quantos filhos? 
— Dois meninos. Pretende ter mais? 
— Sim, uma menina, é um sonho, me sentiria menos sozinha. 
— É, viver numa casa cercada de garotos, tem pontos positivos e negativos. 

Barbara gostou de conversar com a gerente da loja, a primeira pessoa do distrito fora do seu âmbito social, qual dialogou durante as últimas semanas. Da bolsa de couro envernizado vermelho da Louis Vuitton, retira o cartão de crédito da American Express, Laura que finaliza o atendimento, colocando os itens em uma sacola de papel. 

A mulher se retira do estabelecimento, com um sorriso verdadeiro no rosto, não aqueles de acenar para os fotógrafos ou de ser capa de revista e sim, o da maternidade, a realização de uma almejada aspiração. Ela entra no táxi, agora tudo está seguindo nos eixos, apesar de algumas coisas estando erradas, não precisa continuar no resort, sente-se desprotegida longe de Levi e intrigada com os acontecimentos, mas não tem curiosidade em saber nada a respeito, para total defesa dela e do bebe. 

Os aposentos estão completamente limpos devido ao excelente serviço. Ela coloca novamente as roupas na mala, junto com a sacola de papel com as vestimentas do bebe. Um homem usando terno e gravata adentra no cômodo, levando tudo para um táxi lá embaixo da hospedaria. Barbara o segue, com uns óculos escuros na face, chegando ao lado externo do resort próximo do meio-fio, ela entra no automóvel, ao fazer isto, a porta de trás se abre e um homem salta para o carro, no mesmo minuto outro indivíduo corpulento a empurra e deslizam ao seu lado, as portas se fecham e o táxi sai rapidamente.

Barbara nem teve tempo de olhar para os rostos daqueles homens, eles a imprensam, deixando-a com as mãos apertadas contra o corpo e o revolver ainda no bolso. Uma faca alisa sua garganta, os olhos acinzentados lacrimejam e o aparelho celular é retirado da bolsa. O táxi continua o percurso próximo do resort e para em frente a um jatinho particular, avaliado em quase duzentos milhões de reais. Do veículo saem os três sequestradores e a vítima, todos entram na aeronave. Tranca a escritora em um quarto qualquer, ela não tem como gritar com as mordaças na boca ou correr amarrada em uma cadeira. 

Isso não pode ser verdade, Barbara tenta imaginar que é um pesadelo, daqueles que se parecem bem concreto, mas não, essa é a única realidade e deve se confortar com as lagrimas que agora caem, certamente estão fazendo isso para derrubar Levi, um duelo entre gigantes, aonde ela é apenas uma vítima. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Perfume" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.