O Ar Que Ela Respira escrita por Alyssa


Capítulo 4
Terceiro ou Audição


Notas iniciais do capítulo

Bem, eu disse que estaria de volta e aqui estou eu! Ainda há alguém desse lado a seguir isto aqui? Se houver, espero que gostem ♥



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Os dias seguintes passaram-se num frenesim de ansiedade e rivalidade acirrada entre as várias bailarinas. Mais de uma vez, ouviram-se respostas tortas e acusações impróprias, causadas pela ânsia do que se aproximava. A pressão era quase avassaladora e embora os professores não fossem adeptos das discussões, não faziam nada para aliviar a tensão, tecendo comentários que faziam a jovem mais segura de si sucumbir à dúvida e insegurança.

Ainda que Lily fosse relativamente calma e tentasse o melhor que podia se abstrair daquele ambiente, uma das suas amigas mais íntimas, Otillie Zahara (Tillie para os mais chegados) era uma força a ser reconhecida e dona de uma boca demasiado suja e debochada. Então, antes que Lily sequer pudesse evitar, já estava a ser puxada para os seus conflitos, fazendo um malabarismo sem precedentes entre apoiá-la e impedir que uma das bailarinas terminasse com um olho negro que nem a maquiagem de palco seria capaz de disfarçar.

Naquela sexta-feira, apesar de ter acordado sentindo-se relativamente bem, a ansiedade dos que a rodeavam rapidamente impregnou-se sob a sua pele como veneno, lento e tóxico, espalhando um pouco mais de dúvida há medida que lhe fluía pelas veias. Recebera uma chamada da mãe que falara como uma verdadeira life coach, incitando-a a manter a calma, aquecer-se bem para evitar distensões musculares e culminou numa comparação do seu último ano em Hogwarts, no qual um olheiro viera assistir uma partida de Quidditch e ela acabara por assinar pelas Holyhead Harpies.

Quando Harry pegou no celular, Lily deu graças ao criador por o pai não comparar o que sentia naquele momento com o derradeiro momento em que enfrentara Voldmort. Ele fora bastante rápido e conciso, afirmando que ia correr tudo bem e que a amava.

Até James (James!), com quem raramente falava desde que se mudara para o outro lado do continente, mandara uma bonita mensagem para que “partisse uma perna (mas não literalmente claro)”, já que isso lhe arruinaria qualquer possibilidade de seguir uma carreira no ballet.

Marcel estava na cozinha, mais uma vez preparando-lhe qualquer coisa para comer, o que Lily o deixou fazer sem reclamar porque ele parecia prestes a entrar em combustão se não se mantivesse em movimento.

— Marcel?

Ele não respondeu, colocando a taça de iogurte à sua frente, fingindo limpar as mãos já limpas nos jeans azuis. Lily decidiu tentar mais uma vez, pegando na colher:

— Não vou conseguir comer se não parares.

— Oh.

Ele pareceu finalmente se aperceber do seu frenesim e, suspirou, beijando-lhe o topo da cabeça num gesto fraternal.

— Desculpa, princesa. Deixo-te lá sim?

— Não tens de ir para a faculdade?

Ele deu de ombros, parecendo pela primeira vez no dia descontraído.

— Não tenho aulas práticas hoje.

Lily abanou a cabeça, com um pequeno sorriso a bailar-lhe os lábios. Este Marcel…

— Tudo bem, — finalmente cedeu, apontando-lhe a colher à cara de uma maneira que esperava que a ajudasse a transmitir a segurança do seu ponto — mas vais ter de controlar o teu nervosismo.

 Marcel rapidamente concordou, parecendo capaz de começar a saltitar pelo apartamento. Na verdade, a sua felicidade acentuava-lhe de alguma forma os traços infantis do rosto, talvez porque o repuxar dos lábios faziam as suas bochechas mais redondas ou porque os olhos verdes brilhavam com a malícia de quem fizera uma travessura e não fora apanhado. Seja o que fosse, dava-lhe um ar bem mais novo do que os seus dezanove anos.

— Estou muito orgulhoso de ti princesa.

Lily olhou-o, surpreendida pela súbita demonstração de afeto. Devolveu-lhe o sorriso, sentindo o peito encher-se de algo quente.

— A Tillie não vai ficar feliz se souber que estás a torcer por mim.

Ele rolou os olhos.

— Tenho a certeza de que ela consegue lidar com isso.

— Traidor — brincou ela, com a boca cheia de comida.

— Deixa para lá — disse, fazendo um gesto de descaso com a mão. — Acho que afinal estou a torcer para que seja a Tillie a ficar com o papel principal.

— Ei!

Mas Marcel deu-lhe a língua, divertindo-se com a troca de palavras. Eles adoravam-se muito, mas passavam a maior parte do tempo a picar-se como duas criancinhas. Ou dois irmãos, vendo bem as coisas.

Lily decidiu mudar de assunto.

— A festa de aniversário da Tillie é logo.

— Eu sei. Ela quer ir para aquela boate nova que está a bombar em todos os Instagrams — disse Marcel, tentando não parecer interessado. Talvez demasiado…

Interessante.

Lily levantou uma sobrancelha de forma maliciosa, permitindo-se finalmente relaxar agora que a conversa tomava outros rumos.

— Alguém está ansioso para conhecer alguns gatinhos na noite…

As bochechas bronzeadas de Marcel adquiriram um tom róseo, fazendo Lily dar uma risadinha.

— Não é nada disso… — balbuciou, subitamente muito ocupado a limpar as lentes dos óculos na barra da camisa. Infelizmente para ele, Lily achava que ele ficava simplesmente adorável quando estava envergonhado, o que só tornava ainda mais prazeroso a tarefa de se meter com ele.

— Aham… Alguém está há procura de um papi.

— Lils! — Reclamou, as faces se tingindo dum tom bem mais profundo de vermelho.

— Não fiques tão escandalizado. Todos precisámos de alguém que nos segure nas noites frias de inverno — zombou, envolvendo-se a si mesma num abraço.

— Então porque não arranjas tu um? — revidou, embora ela soubesse que não estivesse verdadeiramente aborrecido.

Lily deu de ombros.

— Sabes que estou demasiado ocupada com o ballet. Nunca iria resultar.

— Por favor — resmungou o amigo, com um estalido da língua.

Ela olhou-o supresa.

— O quê?

— Essa não cola comigo, Lils. Eu sou um estudante de medicina e estou tão ocupado quanto tu.

Bom, era justo.

— Eeee, como já vimos, não tens nenhum relacionamento sério, viste?

— Não tenho tanto por onde procurar como tu — lembrou-lhe, carrancudo.

Lily sentiu-se suspirar.

— Desde quando querer ser uma mulher solteira e independente é uma coisa má?

— Desde que a dita mulher tem uma data de traumas não resolvidos e tem medo de ser rejeitada novamente.

— Eu fiz terapia — afirmou Lily, com tanta convicção como se isso por si só fosse capaz de rebater todas as afirmações por ele.

De facto, Lily começara a ter terapia muito jovem com uma bruxa excêntrica, Dra. Feng, que tinha o cabelo sempre rapado o que fazia a Lily pensar sobre o quanto a sua cabeça era redonda ao invés dos seus verdadeiros problemas.

Não obstante os pensamentos de uma menina de oito anos, Lily sempre lhe seria grata pelas mudanças que trouxera à sua vida. Era a ela, não, era ao trabalho que as duas desenvolveram juntas no decorrer dos anos seguintes que lhe permitiram a serenidade para aceitar o que não podia mudar e seguir com a sua vida independentemente daquele mundo que não tinha lugar para ela.

E, como Marcel apontaria a seguir, sendo agora uma jovem mulher com vinte lindos aninhos que não tivera tempo de discutir assuntos mais adultos com a sua terapeuta, não invalidava o medo que ela tinha de ser rejeitada amorosamente.

Lily hesitou.

— Bem, é uma boate... Suponho que alguém me possa interessar.

Marcel suspirou, percebendo a relutância na sua voz.

— Não te preocupes com isso agora, ruiva, lidámos com os teus problemas de confiança mais tarde. Apanha as chaves do carro - tens uma audição onde estar.

 

 

Dizer que a Academia estava um pandemónio era um mal-entendido. Lily nunca vira tantas bailarinas a hiperventilar, tutus a servir de abanador por amigas de alguma jovem que se sentia a desfalecer pelo stress ou os corredores do lado de fora da sala onde decorriam as audições tão cheio de pequenos grupos a se alongar elegantemente contra as paredes ou, porque não, no próprio chão.

Sentiu um arrepio subir-lhe a espinha à medida que se embrenhava mais naquela loucura, mas só mais tarde percebeu que aquele era um arrepio bom. Não de medo, não de pânico — de excitação. Sentiu um sorriso pequenino a se espalhar pelo rosto. Era isto. O início do pináculo da sua vida começava agora.

Sentiu um braço envolver-lhe os ombros num abraço lateral mais forte do que o necessário e antes mesmo de levantar os olhos Lily já sabia quem era: jurava que era capaz de reconhecer aquela aura que procurava problemas a metros de distância.

— Finalmente! Porque demoraste tanto! — exigiu Tillie, num tom de exasperação e censura que lhe assentavam muito bem. — Estão quase a chamar o teu nome!

Lily abanou a cabeça devagarinho, quase envergonhada em admitir para ela que se viesse mais cedo teria se sentido nervosa.

Tillie revirou os olhos escuros, descrente.

— Até parece que não ganhas de qualquer uma de nós aqui.

— Não de ti — e apesar de ter dado uma pequena risada, Lily dissera-o com sinceridade. Otillie era dotada de uma leveza de pés e um talento nato, não precisando de colocar o mesmo nível de esforço e dedicação na dança para estar ao mesmo nível das suas colegas.

— É verdade — concordou a amiga, com um sorriso de canto — e estou completamente ciente das minhas capacidades.

Desta vez, Lily gargalhou, dando-lhe uma cotovelada na lateral do corpo para se libertar do seu abraço.

— Ei! Não sejas uma perdedora tão amarga Lils!

Lily cerrou os olhos numa expressão desafiadora.

— Vou te dar uma tareia.

— Essa é a minha garota.

Revirou os olhos, sentando-se no chão frio para que pudesse calçar as sapatilhas de ponta e aquecer. Apesar de já ter vindo vestida com os collants e maillot, as sapatilhas estragavam-se demasiado rápido e eram demasiado caras para as subjugar ao cimento agreste da calçada. Na verdade, já fazia vários anos que os seus familiares entenderam que os melhores presentes de aniversário ou de natal para Lily era, sem surpresa, sapatilhas de ponta. Enquanto os seus primos tinham um total desinteresse pelos seus presentes por se repetirem constantemente, Lily evitava se interessar pelas artimanhas mágicas que eles recebiam.

E era verdade que a companhia dispensava todas as semanas a companhia um par de sapatilhas para as suas estudantes, todavia nem por isso elas duravam todo esse tempo. Em alturas de maior atividade como as últimas semanas em que Lily vinha se preparando incansavelmente, um par podia durar uns meros três dias até se tornarem demasiado escorregadios e perigosos para continuar a utilizá-los.

As duas garotas permaneceram alguns minutos caladas, enquanto se alongavam. Quando Tillie voltou a falar, no entanto, a sua voz estava quebrada e insegura, o que não condizia com a sua personalidade explosiva.

— E o teu irmão?

Lily suspirou, não podendo evitar o pequeno aperto no peito. Sabia o que a amiga estava a perguntar, mesmo que não o dissesse diretamente.

— Ele não pode ir… — hesitou apenas um segundo, antes de emendar: — Sabes que ele está demasiado envolvido com o trabalho.

— Eu sei que o trabalho dele deve ser extenuante… Mas que porra! Não estou a pedi-lo para se casar comigo. — Abanou a cabeça, como se fosse realmente algo difícil de acreditar — Mas ele podia responder às minhas mensagens. Tu sabes, ter o mínimo de respeito.

Lily franziu a testa.

— Desculpa, Tillie.

Ela não sabia bem pelo que se estava a desculpar, mas parecia apenas correto. Talvez porque, lá no fundo, se sentisse culpada por tê-los apresentado em primeiro lugar, o que dera asas ao eterno vai e vem que era a relação deles. Contudo, o que poderia ter feito? Albus era o seu irmão, o seu irmão mais próximo, e Tillie era a sua amiga mais íntima. Fora inevitável que os seus caminhos se cruzassem a dada altura e, para ser totalmente honesta, ela não esperara que Albus se fosse interessar por uma muggle. As barreiras culturais eram demasiado altas e nunca havia abertura para a honestidade plena de uma relação saudável, já que Otillie não podia saber sobre o mundo deles (não de Lily, claro, apesar de ela estar numa situação diferente da amiga por não poder esquecer de onde viera).

 — Bem, não tens a culpa de o teu irmão ser um idiota.

Disso a Potter não podia discordar, mas foi poupada de difamar o próprio irmão e manter-se com o seu propósito desde sempre, manter-se neutra, quando a secretária da companhia a chamou.

Lily sentiu-se a perder o ar. Levantou-se mesmo assim, recebendo um aperto na sua mão por parte da amiga e um “boa sorte” que ela não tinha a certeza de ter ouvido pela força com que o sangue lhe batia nos ouvidos.

A primeira coisa que reparou ao entrar na sala foram as três pessoas sentadas atrás de uma mesa, com caras sérias que pareciam já estar a avaliá-la desde o momento em que entrara. Eram os nomes mais altos da companhia, esse tanto ela sabia, nomeadamente o seu diretor, o principal coreógrafo e a professora de ballet deles, sendo que ela mesma já fora uma das mais reconhecidas bailarinas a nível internacional.

Lily forçou-se a respirar fundo. Este era o seu momento.

— Lily Luna Potter? — tentou confirmar o diretor.

Lily acenou com a cabeça. Ele fez um gesto arqueado com a mão, dando-lhe a entender que podia começar quando estivesse pronta. Ela olhou para o pianista no fundo do estúdio e voltou a acenar.

Quando sentiu os primeiros acordes, esqueceu-se que alguma vez estivera nervosa. A excitação subiu-lhe pelo corpo como faíscas prestes a pegar fogo. Pôs-se em posição, os braços arqueados delicadamente à frente do corpo. E dançou. Dançou como se o seu coração fosse a única coisa que a guiasse e com a fluidez de só quem possuía uma graça natural era capaz. Deixou a raiva e a frustração da semana anterior esvair-se a cada pirueta dada, mas permitindo que tornasse cada movimento seu mais intenso, quase hipnotizante. Era isto que a fazia se sentir viva, pensou.

Não havia nada no mundo que se assemelhasse a este sentimento — era como voar, apenas melhor. Porque isto era real e tão mais libertador do que qualquer coisa que ela já experimentara.

O tempo passou mais rápido do que ela prevera, demasiado envolvida nos seus movimentos, mas quando o piano parou estava completamente ofegante. Tentou procurar nos rostos dos jurados qualquer indício deles terem visto a mesma magia que ela sentira, mas a única coisa que encontrou foram rostos indiferentes que fizeram o coração lhe saltar uma batida. Que diabo?

— Obrigado.

Lily voltou a acenar para os três, num reconhecimento silencioso, sentindo-se perder toda a eletricidade. Enquanto caminhava para fora, não conseguia evitar pensar no que fizera de mal. Será que estava tão embebida no sentimento que sacrificara a técnica? Não se coordenara o suficiente com a música? Mordeu o lábio, encontrando o olhar ansioso de Otillie.

Será que ela, pela primeira vez em anos, simplesmente não fora boa o suficiente? Foda-se.


— É sério Lily — reclamou Tillie, pelo que parecia ser a milésima vez na noite, — tens de parar com essa cara de miséria.

A ruiva devolveu-lhe o olhar aborrecida.

— Bem, desculpa se estou preocupada porque estraguei o meu futuro.

A amiga revirou os olhos.

— Não sejas dramática.

— Fácil para ti dizer, ele pelo menos deu sinal de vida quando foi a tua vez.

— Não sabia que um aceno era algo tão importante.

— É melhor do que não receber nada — protestou, cruzando os braços à frente do peito. Com a sua disposição atual, era um milagre os amigos terem conseguido arrastá-la até à boate. Eles tiveram de fazer o trabalho todo por ela, no entanto, escolhendo a roupa e a obrigando a sentar-se num banquinho para que pudessem ondular-lhe o cabelo, já que ela estava demasiado ocupada a amuar debaixo dos lençóis.

E, sinceramente, eles tinham de se dar uma batidinha nas costas pelo bom trabalho. Lily parecia saída da capa da Vogue, ou dalguma dessas revistas de moda que todos conhecem, com as calças de cabedal pretas que lhe subiam até à cintura fina e uma camisa que embora também escura era transluzente, permitindo ver o brallete de renda preta por baixo. Quando Lily começava a achar que aquilo talvez fosse demasiado, eles convenceram-na que devia absolutamente utilizar um batom vermelho vivo para 1) condizer com o cabelo e 2) destoar daqueles tons tão escuros e 3) porque faria se sentir ridiculamente bem consigo mesma.

Sentada no bar, Lily duvidava muito desse último ponto, especialmente porque já fazia 20 minutos desde que entraram naquele ambiente barulhento e ela ainda se sentia a pessoa mais amarga de todo o planeta.

— Vá lá, Lils. Os garotos estão a ficar meio entediados… — Marcel trocou um olhar inquieto com os dois garotos que eram amigos de Tillie. Lily reconhecia apenas um, também bailarino, mas por mais que se esforçasse não conseguia se lembrar do nome. — Além de que te divertires é a melhor coisa para esqueceres isso.

Lançou-lhe um olhar carrancudo. Como se pudesse esquecer que alguma coisa não dera certa no momento mais importante da sua vida. Muito otimista, esse Marcel.

— E é o meu aniversário, Lils. — Juntou-se a amiga — Por mim? Please?

— Tudo bem! Mas espero que me enchem de álcool o resto da noite e depois me coloquem na cama com todo o jeitinho porque eu vou beber até esquecer o meu nome.

Otillie abriu um sorriso brilhante. Apesar de ser muito obviamente uma beleza natural, ela tinha feito um esforço extra esta noite, maquilhando-se de maneira a destacar as porções mais atraentes do seu rosto, como as maças de rosto altas e os lábios cheios. Até o seu nariz redondo, do qual ela tanto gostava de reclamar, dava um ar de perfeita harmonia à sua figura com o pequeno toque de iluminador na sua ponta. Por uma vez, deixara o cabelo afro solto, o que lhe emoldurava o rosto cor de ébano de uma maneira que o coque rígido jamais lhe faria jus.

— Uma rodada de shots por minha conta!

Lily sorriu. Mais valia a pena se divertir agora, certo? Certo. Apanhou o olhar de um dos garotos sobre si e decidiu sorrir de volta, esperando que o álcool tirasse as suas inibições e ela pudesse se divertir com alguém esta noite.

Quatro shots mais tarde de alguma coisa que parecia vodka (ou seria tequila? Pensando bem, todos tinham cores diferentes), ela sentia-se decididamente melhor e agarrou-se a Marcel, que riu com o seu peso.

— Aguenta ruiva, que ainda agora começou.

Ela riu, passando o olhar pela multidão de corpos suados que se moviam uns contra os outros sob as luzes psicadélicas e movimentou-os pelo espaço, analisando pela primeira vez o ambiente. De repente, ficou estática. Com certeza que não estava a ver o que estava a ver. Era só o álcool a lhe pregar partidas, não era?

Esfregou os olhos, mas inexplicavelmente a imagem permanecia igual.

— Marcel?

— Hum?

— Porque têm alguém igual ao meu irmão vindo na nossa direção?

O amigo virou-se bruscamente sob as suas palavras, olhando alarmado para o sítio que ela apontava.

— Oh, merda.

Otillie, que estava nos braços do bailarino, desvencilhou-se subitamente do seu abraço, com os olhos arregalados, alarmada com as palavras deles.

Mas não havia engano. Albus seguia em direção a eles, com o cabelo preto brilhante puxado para trás e um sorriso brincalhão nos lábios. Lily estava absolutamente confusa, principalmente quando notou que ele não estava só. Mesmo ao seu lado, seguia um loiro alto e pálido, um pouco sério demais para aquele ambiente, mas demasiado atraente para alguma vez poder passar despercebido.

Marcel deu de ombros.

— Bem, pelo menos ele te trouxe um papi.


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Notas finais do capítulo

Não se esqueçam de comentar. Beijinhos ♥



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