Celestial escrita por Uchiha Sakura


Capítulo 2
Florestas Escuras


Notas iniciais do capítulo

Oiee, como vocês estão?

Fiquei tão feliz com os comentários no capítulo passado, me deixaram muito feliz de verdadeee *O*

Obrigada especial à: @Myrin, @dream07 e @Red ♥

Boa leitura ♥



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Em um ato impensado correu, mesmo sabendo que jamais ganharia do vampiro no quesito velocidade. Em sua cabeça só pensava em encontrar uma janela que pudesse saltar e conjurar suas asas para que enfim pudesse chegar próximo ao local onde abriria o portal, após recuperar parte de sua magia perdida pelo voo.

Agarrou a capanga contra o corpo e impôs mais velocidade aos pés tentando manter a mente esperançosa, porém as lágrimas já caiam de seus olhos.

— Fico me perguntando, o que uma fada estaria fazendo em um castelo bruxo – Sakura esbarrou no peito do homem que surgiu em sua frente e foi ao chão. Levantou desequilibrando e correu para o lado oposto. Se conseguisse chegar até a porta de madeira que outrora ele estava escorado, saltaria no abismo abaixo da ponte e sairia viva do inferno que havia se metido.

— Na verdade me pergunto o que está fazendo no Submundo. Não posso negar que é corajosa – A voz rouca e imponente ressoava atrás de si, ele ainda não se movera. Esticou suas pernas como nunca havia feito na vida. Se fosse um elfo teria mais vantagens agora, fadas não gostavam de correr e não possuíam habilidade para tal.

Um tropeço na falha do piso de pedra levaria Sakura ao chão, se não tivesse esbarrado no peito do ser que ela mais temia neste momento. Estava a poucos centímetros da porta de madeira, se não fosse seu deslize teria conseguido. Amaldiçoou-se mentalmente por isso e sentiu os olhos arderem. O aperto em seu braço não era forte, mas suficiente para que ela não se movesse

— Me solta! – viu o inspirar e empurra-la em seguida.

— Vejo que as lendas estão erradas. Você fede! Não pode ser real que fadas inebriem vampiros pelo seu aroma – Sakura nada respondeu. Sua mente tentava bolar um novo plano, mas o medo a preenchia. Estava escuro e não conseguia enxergar o rosto do seu possível assassino, mas sua presença a apavorava. Sua aura era inquieta e só por ele ser o que era, sabia que seu desfecho seria ali, longe de toda a sua família.

Pensou nos amigos, pensou no animal que viera buscar, preso em um corpo de uma lagartixa, dentro de sua capanga. Sua vida passou por sua mente enquanto ele se aproximava novamente a passos lentos. Fechou os olhos com força temendo o que ele faria, nada seria o suficiente: não poderia correr, ele a alcançaria; nenhuma das magias que pudesse usar neste momento surtiriam efeito contra ele, viu como ele impediu as bruxas de simplesmente iniciarem seus feitiços. Ouviu uma risada baixa e sentiu seu corpo ser erguido.

Abriu os olhos lentamente e, tão rápido quanto, foi colocada sob os ombros do vampiro. O toque dele era frio e a fez arrepiar. O que ele faria com ela? Ela fechou os olhos novamente e sentiu uma brisa fria passar por todo seu corpo arrancando o capuz de sua cabeça. Quando deu por si não estava mais dentro do castelo estava em uma floresta escura e sombria, tão diferente do que era acostumada em seu mundo.

Queria perguntar o que tinha acontecido com o sol. Seu mundo era agraciado por ele vinte e quatro horas por dia. O fato de não sentir os raios solares tocarem sua pele a deixavam ainda mais temerosa. Não sanaria sua curiosidade, não abriria a boca para conversar com aquele ser, sequer olharia em seus olhos. Sakura ainda tinha esperanças que poderia fugir, ainda estava viva por algum motivo. O vampiro teria que dormir alguma hora, certo? Afinal o sono era precioso demais, mesmo para um caçador como ele. Era o que ela pensava.

 O vampiro parou de correr e parou próximo a um lago. Ele a colocou no chão sem delicadeza. A garota se desequilibrou e caiu arfando.

— Lave-se. Estarei por perto, se tentar fugir irei caça-la e não gostará disso – Ele retirou a capa preta e pesada que usava e jogou na direção da garota, que assustada, ainda estava no chão – Vista isso por enquanto, não posso suportar este cheiro por mais tempo - Ele desapareceu tão rápido de sua frente que seus olhos não conseguiram captar.

No mais profundo de sua mente ela tramava fugir. O que poderia fazer para que ele não fosse atrás dela? Precisava pensar e agir rápido.

Ocorreu em sua mente estar em solo desconhecido e escuro. Não fazia ideia de onde estava neste momento ou quão longe poderia estar do lugar onde conjurara o portal, seria tolice arriscar gastar a sua última gota de magia em busca de um local desconhecido. Poderia ser exposta a criaturas tão ou mais amargas que o vampiro.

Não conhecia suas intenções, mas até agora não a matara, talvez tivesse alguma chance de voltar para seu lar. Deixou escapar uma lágrima quente e pôs a mão dentro de sua capanga. Com o indicador acarinhou o pequeno animal, seu único amigo ali e que a fizera mover-se entre mundos para resgata-lo.

Fez como o vampiro ordenou, também não suportava o cheiro que emanava daquelas vestes. O efeito de sua poção não tardaria e acabaria, o que faria para se camuflar? Riu de sua tola preocupação quando tinha um vampiro ao seu encalce, ser que mais deveria temer em todo o universo.

Retirou a capa grossa e arfou com o vento gélido tocando os braços nus. Fez o que pode para desagarrar a capanga que abrigava seu animalzinho, agora frágil, e depositou-a com cuidado sobre o amontoado de roupas imundas, que se formava. Saciou a sede do animal, o colocou em lugar seguro e por fim, tocou a água com os pés. Jamais conhecera o gelo. Nem os ventos mais frios do mundo celestial poderiam ser comparados à temperatura daquela água. Arfou e com coragem, lançou-se de uma vez na imensidão fria.

O lago era profundo. Sentiu os lábios tremerem ao emergir. Como poderia dois mundos serem tão diferentes? Sentiu falta do sol beijando-lhe a fronte as 24h que se seguiam o dia. Sentiu falta das flores e das árvores robustas que neste mundo eram escassas. Tudo o que podia ser observado nesta imensidão negra chamada de floresta eram árvores de galhos retorcidos e de poucas folhas. Tudo era sombrio e triste.

Sentiu vontade de fazer algo por este lugar sem vida. Gostaria de usar seus dons e fazer crescer ali a vida que tanto prezava. Sabia que não podia.

O coração batia acelerado tamanho o frio. Se abraçou dentro d’água para tentar conter a ausência de calor. Tão rápido quanto se foi, o homem retornara. Em instinto cobriu os seios e virou-se, de costas para o vampiro, que ainda não tivera coragem de conhecer o rosto.

— Vista-se – Ele jogou um vestido às margens da lagoa e se foi, dando a ela privacidade para que se trocasse. Ela agradeceu mentalmente por isso. O vestido era longo e de mangas compridas, era simplório de um tom carmesim. Usou a capa que antes a cobria para lhe enxugar. Tremeu de frio como nunca e vestiu o vestido mais rápido que pode. Ainda insatisfeita, jogou sobre os ombros a capa que ele lhe fornecera antes de sair após fixar a capanga em seu vestido.

Ficou sozinha por um tempo abraçada aos joelhos até que o ser retornou. Contra todas as suas vontades de comunicar-se com ele, resolveu quebrar o silêncio que implantara. Precisava de respostas e isso soava mais alto dentro de si neste momento que seu pavor.

— O que quer de mim?  Me mate de uma vez... Não suporto esta agonia – Quebrou o silêncio.

— Matar? – ele riu – Não a matarei, será minha prisioneira.

Sakura não sabia o que seria pior. Morrer ali, longe de todos os queridos para si, ou virar prisioneira de um ser sanguinário. Em sua mente divagavam pensamentos repletos de atrocidades e torturas que ela poderia sofrer nas mãos daquele homem, o enjoo crescia. Manteve-se forte na missão de controlar as lágrimas que estavam fadadas a cair, ansiosas por aquecer o rosto frio beijado pelo sereno noturno.

Pararam próximos à uma caverna escura. Ele a colocou no chão fazendo um corte em seu punho com os dentes e em seguida direcionou o braço a ela.

— Beba – a garota não respondeu ficou horrorizada e assustada com o que o vampiro sugeria e deu um passo para trás em instinto – É melhor fazer o que mando, antes que eu me irrite – Estava em terreno incerto e desconhecido, não sabia do que o homem a sua frente poderia ser capaz, por fim acabou por aceitar. Hesitante tocou com as pontas dos dedos o pulso do vampiro para ergue-lo até seus lábios. O homem estremeceu com o toque mínimo, mas ela não percebeu. Levou a boca até o local e encostou seus lábios quentes ali.  Engasgou com o gosto férrico e sugou até quando ele permitiu.

— Isto confundirá seu cheiro – Pela primeira vez procurou os olhos dele. Os lábios entreabertos dela denunciavam o choque que sentira ao deparar-se com olhos tão profundos. Engoliu o sangue que ficara preso na garganta e continuou o encarando. Se não sentisse medo, diria estar hipnotizada por tamanha beleza. O rosto dele assemelhava com as esculturas dos jardins do palácio dos anjos, faces moldadas por eles próprios. O maxilar esculpido e a palidez de sua pele contrastavam com a negritude dos cabelos e olhos, mas o que mais chamou atenção da fada foram os orbes, negros como o céu deste mundo escuro. Jamais vira tamanha beleza escondida em um olhar.

Embora fosse belo, era amedrontador. A face, carregada por uma expressão séria, a fez retesar. Quando ele percebeu que ela o encarava, a expressão antes curiosa dela cedeu lugar para raivosa, levando-a a desviar o olhar prontamente.

— Não disse que eu cheiro mal? Porque precisa confundir meu cheiro?

— Seu cheiro mudou – Ele a segurou novamente e a jogou sob os ombros para que retomasse a caminhada.

— Onde estamos indo, o que fará comigo?

— Para o território dos vampiros. – Sua voz carregada não a fez cessar suas perguntas. Uma vez que as lançara insistiria na resposta que desejava receber.

— O que fará comigo?

— Precisa ficar quieta! Não podemos chamar atenção até passarmos pelo portal, estou em território inimigo – Sakura se encolheu com a voz grave e ríspida. A paciência do vampiro parecia se esvair as poucas vezes que ela resolvera abrir a boca.

Os passos rápidos dele cessaram em brusquidão. Sakura sentiu uma aura estranha aproximando. Se estava com medo antes, agora estava apavorada. Jamais sentiu tanta maldade pairando no ar, mesmo quando esteve no castelo das bruxas ou quando se deparou com o vampiro. Sua mente ficou zonza apenas por respirar o mesmo ar que a criatura que se aproximava.

— Merda! – O vampiro grunhiu e começou a correr mais rápido que antes, causando vertigem à fada por tamanha velocidade. Ela se agarrou no tecido da camisa negra dele e orou. Pediu a todos os deuses que a protegesse da presença pesada que os caçava.

A cada passo do vampiro, impossíveis de serem captados pelos olhos de Sakura, ela percebia que auras sombrias estavam cada vez mais próximas. O que quer que estivesse ali fizeram o homem dar tudo de si para fugir. Sentiu a consciência esvair aos poucos o estômago embolado e a vertigem piorar. Quando deu por si seu corpo pendeu sem forças, amolecido nos ombros fortes do vampiro. Sentiu o aperto do braço esquerdo dele sobre si apertar e tudo ficou escuro.


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Notas finais do capítulo

Ficou menorzinho o capítulo, mas o próximo será maior.
Se gostarem comentem, vou ficar muito feliz em saber a opinião de vocês ♥

beijinhos



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