O Cão escrita por Sabri Roma


Capítulo 4
Quarta fase: Intuição


Notas iniciais do capítulo

CRÍTICAS SEMPRE BEM RECEBIDAS, OBRIGADA



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“Que foi?” perguntei, bebericando mais de meu café. “ Você parece afetado com algo. Está super de mau humor. O que houve ontem à noite?”

            “Não é nada” respondeu Bruno num tom que me indicou a não tocar mais no assunto.

            Consultei as horas e vi que, de novo, estava quase atrasada.

            “Preciso ir, meu bem. Obrigada pelo lanche.”

            Ele segurou minha mão, acariciando-a.

            “Já falei que existe um cenário onde você não precisa ir embora assim” sorriu “Case logo comigo, vamos morar no mesmo lugar. Não vai precisar mais deste seu trabalho entediante. Não vai precisar trabalhar nunca mais, teremos muito mais tempo juntos.” Ele apontou para meu caro relógio de pulso, um presente seu. Citou meu carro, meu apartamento, meu plano de saúde. Todas as coisas que ele me dera. Disse que poderia me dar muito mais se estivéssemos casados. Mas eu não estava preparada para falar daquilo, me encontrava frágil sem motivo aparente. Desconversei rapidamente o assunto, deixando-o ainda mais mau humorado.

“O que vamos fazer hoje?” falou Bruno finalmente depois de um tempo.

            Ele pediu a conta para o garçom. Era a cafeteria mais próxima de meu trabalho, e não necessariamente a melhor da cidade, mas ótima para um encontro às tardes dos dias de semana como aquela.

            “Desculpe, não posso. Doutor Antônio vai fazer uma festinha surpresa no consultório... Ele quer que fiquemos até mais tarde para ajudar com os preparativos.”

            “Você pode me ver depois.”

            “Eu vou estar cansada. Trabalho o dia todo...”

            A verdade é que eu já estava cansada. Levantar da cama tão cedo fora um suplício. E o dia anterior contribuíra.

            “É óbvio. Você ficou até tarde bebendo com Constância e sabe-se lá que amigas mais que ela arruma. Pra quem é a festa surpresa que seu chefe vai fazer?”

            Eu me calei. Bruno franziu as sobrancelhas irritado, e pegou a xícara em sua mão com tanta forma que eu pensei que esta fosse se partir.

            “Melina, para quem é a festa?”

            “Para o Ramiro” abaixei meu olhar.

            Ele se levantou num sobressalto, trêmulo de raiva, e começou a falar no tom mais baixo em que conseguia manter a voz.

            “Quantas vezes já conversamos sobre isso? Você não respeita mesmo nossa relação, não é?”

            “Você sabe que não é isso!”

            Ele não quis me ouvir. Saiu a passos firmes da cafeteria sem olhar para trás, deixando a conta comigo. Segurei as lágrimas que já começavam a arder e me retirei em seguida. Não respondi a uma pergunta sequer sobre meus olhos vermelhos durante todo o expediente, assolada pela culpa que me cabia.


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