A viagem do tigre - Pov dos tigres escrita por Anaruaa


Capítulo 26
Uma princesa, um dragão e dois cavaleiros - Ren




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Kishan e eu estávamos exaustos. O dragão quase nos pegou.

Nós conseguimos fugir e chegamos ao lado leste da praia. Mas não encontramos nenhum sinal do palácio do dragão, ou de Kelsey. Pensei que aquele era o plano do dragão: nos levar à exaustão e depois nos capturar e nos subjugar.

Kishan foi dormir enquanto eu ficaria de guarda. Mas eu estava cansado. Tão cansado que não consegui ficar acordado. Eu estava dormindo quando senti a presença de Kelsey. Meu coração se acelerou e eu senti ele se aquecer. Abri os olhos e rosnei baixinho em resposta ao chamado dela.

Acordei Kishan e entrei na água. Ele ficou nervoso e não queria me seguir. Mas eu tinha certeza de que Kelsey estaria do outro lado. Eu precisava encontrá-la. Comecei a nadar em sua direção. Seu coração me guiava.

Kishan me seguiu. Nós nadamos por uma hora e quando chegamos a praia do outro lado, eu sabia que estava no lugar certo. Me deitei na areia e dormi.

Eu dormia profundamente quando ouvi um som de alguém limpando a garganta, despertando-me imediatamente. Levantei-me depressa e vi que Kishan também havia acordado e se levantado. Lùsèlóng estava em pé ao nosso lado. 

Eu rugi furioso, assim como Kishan. O caçador estalou os dedos e nós voltamos à forma humana. Caminhei irado em sua direção, que continuou observando as unhas calmamente.

— Resolvi que esta parte do jogo terá regras diferentes. Em vez de entregar suas armas aqui, vocês vão lutar por elas. Irão encontrá-las em vários locais do labirinto, mas, para levá-las consigo, precisarão vencer o guardião que protege cada uma delas. Talvez tenham que lutar contra alguns. A outros, deverão enganar. Se sobreviverem ao labirinto, precisarão escalar as muralhas do castelo, derrotar a mim e salvar sua princesa. E, dessa vez, sem trapaça. Agora, vamos garantir que vocês tenham a aparência adequada para o papel.

Ele estalou os dedos e minhas roupas mudaram. Eu estava vestindo uma camisa branca por baixo de um gibão de veludo verde debruado de dourado, calça justa preta e botas que subiam até a coxa, além de uma capa de lã comprida com pele na barra.

Olhei para o lado e vi que Kishan usava um gibão de couro marrom com uma túnica de mangas compridas, calça preta, botas de montaria de cano alto lustrosas e uma capa preta com capuz. Sua expressão era de desentendimento e imaginei que eu estivesse com a mesma expressão. Olhei para o dragão e ele nos observava satisfeito.

—Excelente. Agora, imagino que estejam com fome. Vão encontrar comida no labirinto à medida que avançarem e, dessa vez— ele bateu de leve na palma da mão com uma luva de couro, enquanto refletia— acho que seria melhor se vocês dois não fossem juntos.—Ele se inclinou para mais perto e exibiu uma expressão perversa.—Não vamos querer que o desafio seja fácil demais, não é mesmo?

Ele deu risada e estalou os dedos mais uma vez. Senti meu corpo se mover rapidamente, e então eu estava em outro lugar.

Eu estava parado, de frente para uma entrada. Acima, havia uma colina, coberta por uma névoa espessa. Era difícil ver o que estava atrás da névoa, mas eu estava certo de que era o palácio. Eu passei pela entrada e me deparei com uma espécie de labirinto. Eu estava com fome e com sede, mas precisava encontrar a saída. Fui seguindo sem parar. Então deparei-me com uma matilha de cães.

Os cães eram bravos e estavam guardando uma cesta e um pote. Farejei e senti o cheiro de pão. Consegui pegar a cesta de pães, e no pote havia água. Saí dali, despistando os animais e quando estava longe o suficiente, comi e bebi o prêmio que conquistara.

Mais à frente, deparei-me com um gnomo. Percebi que ele era o nervoso guardião de algo. Eu consegui rende-lo facilmente, pendurando-o de cabeça para baixo. O gnomo aborrecido chutava e berrava, mas eu me recusei a soltá-lo, até que ele me desse o prêmio. Então ele concordou em me entregar uma espada e sua bainha. Eu o agradeci e continuei o meu caminho. Mais tarde, eu precisei lutar com um ogro que detinha o chakram, embora ele não soubesse como usá-lo. Assim que consegui derrotá-lo, recuperei a arma.

Quando anoiteceu, eu resolvi descansar antes de prosseguir e acabei dormindo. Acordei rodeado por um grupo de homens grandes, segurando lanças e redes. Eles me atacaram enquanto eu ainda estava deitado. Eu revidei atacando com a espada e com as mãos. Apesar de grandes, eles não eram lutadores habilidosos, então eu consegui derrotá-los facilmente, derrubando um a um. Eles caíam, bruxuleavam e então desapareciam. Quando todos foram derrotados, um belo cavalo branco com uma cela prateada surgiu e eu o montei. Então fui abordado por três harpias, que tentaram me seduzir.

Eu cortei a cabeça das três usando o chakram e recebi o lenço divino como prêmio. Continuei o meu caminho e me deparei com um muro. Dei meia volta e encontrei outro muro me cercando. Aranhas enormes começaram a descer pelo muro, deixando o cavalo nervoso. Eu o acalmei e pedi ao lenço que fizesse uma grande rede. Depois, enchi a rede com as aranhas e lancei a bola de aranhas no muro, que se quebrou. Passei por ele. 

Mais à frente, deparei-me com um riacho. Havia muito tempo desde que eu bebera água, então fiquei feliz e me abaixei para saciar minha sede. Mas o rio desapareceu.

Eu me levantei e vi o meu cavalo bebendo normalmente, então tentei de novo. A água voltou a sumir. Me transformei em tigre e finalmente consegui beber. Voltei à forma humana, e curiosamente, ainda estava usando as roupas que o dragão me dera. Usando o lenço, criei um cantil e o enchi de água para levar comigo.

O labirinto era extenso e mais uma noite chegou. Voltei a dormir, levantando-me bem cedo na manhã seguinte. Logo no início da caminhada, encontrei uma salamandra gigante que cuspia veneno. Consegui cortar-lhe a cabeça. Então ela se encolheu transformando-se em Fanindra. Eu a recolhi, e ela, mais tarde, me ajudou a derrotar um homem de bronze que parecia indestrutível.

Quando consegui sair do labirinto, corri em direção ao palácio, mas me perdi em meio à névoa. Mais uma vez, Fanindra me ajudou, mostrando-me o caminho.

Cheguei à extremidade do castelo, saltei do cavalo e pedi ao lenço que criasse uma corda bem forte, que enrolei no chakram. Depois, dei alguns passos para trás, girei e lancei o disco com toda a força em direção ao topo do castelo. Quando o chakram caiu, eu puxei a corda e, julgando que estava bem firme, amarrei a ponta a uma árvore e comecei a escalar a muralha. Assim que pousei do outro lado da muralha, deslizei Fanindra do meu braço e pedi:

—Encontre Kelsey, Fanindra.

 A cobra ganhou vida e foi serpenteando para dentro da escuridão do castelo. Eu a segui. 

Assim que entrei no castelo, minhas roupas mudaram, e eu passei a usar uma espécie de armadura branca. Eu tirei uma espada da bainha pendurada ao lado do meu corpo e ergui o escudo, que tinha um tigre branco como símbolo, em um fundo azul. Aquilo devia ser alguma piada de mau gosto daquele dragão.

Eu continuei seguindo Fanindra, incentivando-a a ir adiante. Ela chegou diante de uma escadaria, depois de passar por várias portas. Eu chamei:

—Kelsey? Você está aí em cima?

—Ren? Ren!—Ouvi o som de batidas.—Estou aqui! Estou aqui em cima!

—Estou indo!

Comecei a correr em direção àquela porta, ansioso e aliviado por tê-la encontrado. Então ouvi a voz do dragão em minha cabeça:

Tsc, tsc, tsc. Então, o que dissemos a respeito de trapacear? Esqueceu que deve matar o dragão antes de salvar a princesa? Só por isso, vai ficar um pouco de castigo.

Eu berrei o nome de Kelsey antes de ser transportado para outro lugar. Eu agora estava acorrentado em uma pilastra, perto do dragão, que havia assumido sua forma original. Kishan correu até o telhado e parou, chocado ao me ver. Ele caminhou em minha direção, mas foi impedido por um jato de fogo.

Aqui em cima, cavaleiro negro. Seu irmão vai se juntar a nós no momento oportuno.


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