Vengeful escrita por Castella


Capítulo 2
Quanto tempo, Cole!




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Tudo continuava a melhorar entre cochichos e bocas abertas, eu logo caminhei até uma carteira vazia ao lado de Mason Onel me endireitando. Os cochichos pararam e logo a aula continuou, e pelo que parecia ainda era bastante chata, como sempre foi. De repente um pedaço de papel rasgado apareceu sobre minha mesa enquanto eu a professora passava a matéria de algum livro velho para o quadro. Peguei o papelzinho e o abri, havia uma mensagem nele “Você esta me perseguindo?”. Pontos de interrogação surgiram na minha cabeça naquele momento, olhei para Mason e o mesmo sorria para mim. Disfarcei uma cara de ranço qualquer e sorri de volta, balancei a cabeça negando a sua pergunta. Mexi os lábios falando algo como “Presta atenção na aula”, e depois “Eu não quero te distrair”, ele riu num tom baixo e voltou a prestar atenção no quadro.

Logo atrás de mim um grupo de meninas que pareciam nada afim de estarem ali recebiam mensagens em seus celulares, dava para ouvir-los vibrar, será que eu seria o assunto? Fiquei me perguntando. A menina transferida de Paris, séria fantástico.

Passado um tempo o sinal tocou para o intervalo do almoço, os alunos se apressaram em sair, eu demorei um pouco mais, pôs não fazia questão de procurar uma mesa para sentar e nem da bagunça que estaria os corredores. Notei que Mason era chato quando me odiava, mas agora que queria começar algo era insuportável, ele havia ficado na sala de propósito só para me acompanhar.

— Parece que gosta mesmo de Química.

— Acho interessante. – Falei direcionando meus olhos para ele. – Você não?

— Não é minha matéria preferida, prefiro algo relacionado a esportes.

Típico atleta que curte Ed. Física e futebol. Ele insistiu que me acompanhasse para o almoço, imediatamente eu disse que não pôs passaria no banheiro e depois iria para lá. Claro que preferia um tiro na cabeça que passar algum tempo com Mason, mas esse uma hora séria um mal necessário.

— Então pelo menos almoça comigo?

Ele estava agora parado bem na minha frente esperando uma resposta, eu não queria aquilo mas só consegui concordar com um gesto de cabeça. Mason pode ser o que for, mas é meu passaporte para a popularidade nessa escola, e a conclusão de todos os meus planos. Logo o rapaz desapareceu pela porta e eu levantei em seguida, era a única agora na sala.

Andando pelo corredor novamente, estava lotado de alunos com vidas chatas mexendo em seus armários cinzas. Sei que muitas pessoas odeiam o primeiro dia de aula ainda mais os transferidos, mas eu adorava! Todos os olhares e falatório sobre mim. Realmente mudei muito, antigamente iria querer passar despercebida, mas agora não, achava aquilo tudo de mais.

Mexi no meu armário guardando o livro pesado de Química e quando o fechei havia um garoto ao meu lado.

— Eu conheço você? – Falou o menino em seguida de uma fungada.

Usava um óculos redondo, roupas amassadas e os cabelos bagunçados, uma pasta velha de lado sobre o corpo. Era Cole, meu antigo amigo que sempre esteve ao meu lado, fosse para ir a algum lugar ou jogar vídeo game em casa, até mesmo sofrer nas mãos dos rapazes do time de futebol. Cole era meu melhor amigo e eu cortei o contato com ele logo assim que viajei, era caloroso ver-lo e notei que minha respiração acelerou, mas infelizmente não poderia contar tudo o que aconteceu e nem deixar-lo descobrir sobre meus planos, pôs ele sempre foi atrapalhado e com certeza estragaria tudo! Retornei ao meu estado consciente e o olhei de cima a baixo como uma forma mentirosa de desaprovação.

— Creio que não, sou nova aqui.

— Eu poderia jurar que te conheço, você é muito familiar. – Cole endireitou seus óculos.

— Você esta engana...

Antes que eu pudesse terminar a frase três rapazes do time de futebol passaram e empurram Cole contra os armários, fazendo um barulho enorme, e jogando o menino direto no chão. Um dos rapazes me deu um sorriso, eu o olhei sem esboçar qualquer reação, Cole levantou rapidamente e sussurrou algo como “babacas”, me forcei a não sentir pena de Cole , apenas fiquei com a mesma expressão facial, em seguida sai caminhando como se nada tivesse acontecido.

Eu não podia me permitir sentir pena de Cole, ele não merecia esse sentimento de ninguém! Não poderia estragar tudo voltando a andar ao seu lado, já que nossa popularidade era péssima na escola. Cole sofria na escola e em casa, sua mãe faleceu no seu parto e seu pai o abandonou deixando apenas um bilhete escrito “Sinto muito”, vivia com uma tia não muito legal. Eu queria muito poder contar a verdade, que sou eu! Que me tornei a mulher que sempre fui, mas minha vontade de vingança é bem maior, e mesmo se contasse tudo a Cole, ele não ficaria ao meu lado, não em questão da operação, mas da vingança. Faria de tudo para que eu desistisse dessa ideia.

Chegando ao refeitório estava com meu celular em mãos, apenas para ver as horas como de costume, minha mãe mandou uma mensagem mas nem fiz questão de abrir, deve ser algo bobo, ou algum dos probleminhas de recém perua dela, minha mãe mudou muito desde a herança, mas não entra em questão agora. Passei por alguns alunos até chegar na parte que vendiam as coisas para comer, falei com uma atendente baixinha e gorducha, com rede nos cabelos e uma verruga na testa que queria uma maçã, uma caixinha de suco de maçã e um sanduíche com patê de frango, ela pôs tudo em uma bandeja e me entregou, logo tirei o dinheiro de minha bolsa e paguei.

Lembrei que estava no refeitório diante de todos os alunos da escola, andei bem devagar pelas mesas, sabia onde deveria me sentar mas não sem um convite, até que Mason gritou “Ei Elizabeth, vem sentar com a gente”, Sem prensar duas vezes eu fui. Chegando na mesa havia Mason, os três meninos do time de futebol que quase mataram Cole e as 4 meninas que estavam atrás de mim na aula de Química. As meninas mexiam em seus celulares e riam das coisas que os meninos falavam sem nem prestar atenção, todos na mesa eram bastante sorridentes, pareciam ter vidas perfeitas... então começaram as perguntas sobre mim.

— Elizabeth? Lizie... posso te chamar assim ne!? – Uma menina no meio parou de mexer em seu celular e me encarou.

Ludmilla Crawford, uma das meninas mais conhecidas não só na escola, mas em toda a região. Seu pai era dono da maior loja de utensílios domésticos da cidade, ela era responsável pelas melhores festas que alguém pudera ir. Uma vez ela me convidou para uma dessas festas e fui tão humilhado quando cheguei... tiraram minhas roupas e me mandaram ir embora nu, mas antes a festa toda rui de mim. Voltei para casa me sentindo um lixo, primeiro por ter ido, depois pela humilhação, Ludmilla com certeza pertencia a minha lista de pessoas a decapitar.

Seus cabelos pretos em Chanel de bico brilhavam muito, sua pele era morena e perfeita dos vários produtos caros que comprava. Vestia uma saia rosa e uma jaqueta clara sobre uma blusa decotada branca, seu celular era da cor de sua saia, um rosa extremamente chamativo. Quando ela falou comigo na mesa, todos pararam para prestar atenção.

— Claro, fique a vontade! – Falei mordendo em seguida um pedaço do sanduíche de frango.

— De onde você veio?

— Paris!

— Wow, Paris é linda!! Já fui algumas vezes com meus pais. – Todos fizeram gestos de aprovação. – E por que veio logo para cá?

— Minha mãe tem negócios na cidade, investimentos... sabe!?

É normal quererem saber tudo sobre a menina nova, mas ela falava de um jeito diferente, como se tivesse falando com alguém que não gostasse. Mesmo assim todos estavam interessados na minha vida, e 90% dela eu teria que mentir.

— Isso explica o charme Francês.

O menino que empurrou Cole disparou isso sem mais nem menos na mesa, sobre as risadinhas de todos. Ludmilla falou algo como “Parece que arrumou um fã”.

Shaw era impulsivo como sua irmã Ludmilla, tinha cabelos pretos cortados para trás, olhos negros brilhantes e vestia a mesma jaqueta que Mason.

Mason não estava satisfeito com as palavras de Shaw, quando olhei parecia não ter aprovado, era basicamente tudo o que eu queria que acontecesse, só precisava observar. Continuamos a falar sobre Paris, o como era incrível e sobre as roupas que vendiam por lá, pelo menos as meninas, os rapazes já falavam sobre futebol. Me enturmei muito fácil e o papo rolou até o fim do intervalo.

— Nossa Lizie nossas vidas parecem as mesmas. Não é meninas!? – As meninas ao lado de Ludmilla afirmaram como cachorros obedientes. – Espero que possa almoçar mais vezes com a gente, beijinhos.

As meninas saíram da mesa e os menos foram logo em seguida, apenas Mason ficou, parado lá me olhando, eu poderia ataca-lo ali mesmo com uma mordida em seus pescoço e arrancar um pedaço, seria uma ótima cena de filmes sobre vampiros.

— Você quer alguma coisa? – Falei enquanto levantava da cadeira.

— Quero! Te ajudar... Sou seu guia, lembra? E você pelo visto parece bem perdida em seu primeiro dia.

Nossa... havia me esquecido completamente da próxima aula, fiz uma cara de sem graça por “não conhecer a escola”, Mason levantou e olhou minha grade, a próxima aula seria Inglês com Professor Johsonn, logo estávamos andando até a sala, quando fui abrir ele me interrompeu falando que eu devia a ela.

— Eu devo a você? – Ri entre a fala.

— Claro, fui seu guia o dia todo praticamente. Sai uma hora dessas comigo?

Eu fiquei espantada, tudo não poderia estar saindo melhor. Mesmo assim me fiz de surpresa e disse que pensaria em seu caso, ele me deu um sorriso bobo e disparou pelo corredor. Revirei os olhos só de imaginar o quão chato seria um “Date” com Mason, entrei na sala.

Claro que eu sairia com Mason, estava em meus planos, mas faria um charme primeiro mostrando o quanto sou misteriosa, afinal eles gostavam da conquista.

A aula passou muito rápido e logo todos os alunos inclusive eu estavamos pelos corredores para irmos para casa. Só conseguia pensar em como era bom o fim daquele dia, pôs não aguentava mais aquela escola e nem aquelas pessoas, era só o meu primeiro dia. Chegando na porta de entrada Mason passou por mim me dando um Tchau e beijando minha mão. Queria correr para casa, pôs precisava passar álcool na parte onde ele beijou. Ludmilla e suas seguidoras passaram também rebolando seus projetos de bunda, mexendo em seus cabelos e celulares, me jogaram beijos, “Nos vemos amanhã”, dei um pequeno sorriso só para retribuir.

Foi então que aconteceu algo que eu não esperava, Shaw passou por mim e falou “Bom ter-lá aqui na escola novata”, em seguida piscou e encontrou seus amigos. Perfeito! Os dois pareciam estar interessados em mim, isso seria épico, eu adorava aquilo tudo, era uma sensação gostosa como se tudo estivesse se encaminhando bem, pensei tão alto que um “adorei” saiu abafado de minha boca, bom ninguém ter ouvido.

Descendo as escadas ao longe eu avistei Cole pegando sai bicicleta, com sua mochila surrada e velha indo para casa sozinho como sempre. Ele era meu amigo e ver-lo naquela situação não era nada fácil, mas as emoções não poderiam significar nada se eu queria vencer essa batalha, e eu iria vencer.

Caminhando pelas calçadas ia para minha nova casa, que era razoavelmente perto da escola e do Centro da pequena cidade. Estava pelo centro quando me veio a mente a figura de Cole, provavelmente sua vida estaria medíocre agora sem nenhum amigo, eu era o único, ele sabia sobre a herança e que eu ficaria um tempo fora do país, só não sabia a parte da minha operação, porque eu omiti, não achei que ele deveria saber assim de imediato e agora acho que deva saber menos ainda. É crueldade da minha parte deixar-lo sem nenhuma notícia, afinal mudei de casa, de numero de celular, de aparência e de vida.

Os pensamento me fizeram ficar um tempo parada na calçada, me dei conta de que estava em frente a uma loja de acessórios, decidir entrar forçando a porta para longe de mim, com isso um pequeno sino no alto balançou emitindo um som bastante doce.

— Bem vinda! – Falou uma moça de trás do balcão.

— Oi, só estou dando uma olhadinha.

A atendente falou para eu ficar a vontade na loja, e assim o fiz. Ela parecia preencher uns papeis no balcão que era incrivelmente limpo, não me importei com sua ação continuando a observar a loja até encontrar uma sessão de bolsas e mochilas. Não teve como não lembrar novamente de Cole e aquela sua bolsa horrivelmente velha.

— Qual a mochila mais cara da loja? – Falei em um tom em que a atendente pudesse ouvir.

— É aquela preta na parte de cima.

A atendente estava apontado para uma mochila bem mais no alto que as outras, eu a olhei e vi que era uma mochila de tamanho médio de couro preto simples, e tinha uma asa na parte da frente dela. Perguntei se a loja fazia entregas e ela respondeu que sim com um gesto com a cabeça. Decidi comprar-la e enviar para Cole como um presente de “desculpas” pela minha ausência nos últimos tempos e falta de comunicação.

A moça pegou a mochila colocando em uma caixa de presentes vermelha, a tampou fazendo um laço de fita branca lindo na parte de cima da caixa.

— A senhorita gostaria de escrever um bilhete ou colocar nome na caixa?

— Não, só escreva “Desculpa, Cole” no cartão, por favor! E entregue na Rua Peiton n°32.

Assim ela fez, logo perguntou a forma de pagamento, informei que seria cartão de débito, e ela por sua vez disse que o preço da mochila era 350, não seria problema para mim, puxei meu cartão de dentro da bolsa e fiz o pagamento.

Sai da loja me sentindo um pouco melhor por fazer aquilo para Cole, sei que não ameniza a minha culpa, mas já seria alguma coisa. Continuem caminhando até encontrar meu condomínio, onde estava minha nova casa dos sonhos. Entrei pelos portões com a ajuda do segurança, “Boa tarde senhorita Mcquinn” disse o bom velhinho segurança, respondia seu boa tarde sorrindo para ele, passei mais três casa e cheguei a minha.

Só o jardim da minha nova casa poderia abrigar um parque de diversão completo, era enorme e bastante bonito e bem cuidado, com flores e árvores gigantescas. Abri o portão com minha chave e continuem andando até a grande casa. Era uma casa extremamente grande de cor branca, com janelas de vitrais coloridos e uma porta de madeira maciça Russa. Entrei em casa fechando sua porta e quando me virei dei de cara com minha mãe parada bem na minha frente, olhei em seus olhos até ela decidir falar algo.

— Demorou a chegar Jonathan! - Falou mamãe.

 


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