Circus escrita por MaryDiAngelo, Semideusadorock


Capítulo 16
Ato XV - Eu conheço um lugar


Notas iniciais do capítulo

Hey cerejinhas e amorinhas.
Como estão? Espero que bem!
Vou deixar vocês com mais um capítulo dessa maravilhosidade.
Boa leitura!



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Thalia segurou no mastro que mantinha seu cavalo suspenso, abrindo um sorriso quando seus olhos focaram Nico, que tentava se manter em cima do torso liso e pequeno, o que também a arrancou uma risada.

Não sabia que horas eram e também não fazia questão de saber, apenas queria ficar por mais tempo girando no carrossel, onde eles haviam decidido ir depois de irem em todos os brinquedos que ficavam no chão.

— Isso que eu chamo de pagar mico. — Nico comentou, deslizando para um lado de uma vez e se segurando no mastro com eficiência, quase realizando um pole dance para se manter em cima de um cavalo. Ela riu alto, negando em reprovação. — Não ri não! Isso é terrível! Você é pequenina e cabe, eu não!

— Você é um brutamontes, então? — ela retrucou, exagerando. O físico dele era magro, mas ainda em forma.

Nico apenas olhou por cima do ombro em resposta, esperando que ela visse a negação em seu olhar e o desgosto nos lábios franzidos.

— Esse treco está indo rápido demais! — ele se queixou, acabando por desistir de deixar uma perna de cada lado do cavalo, apenas encostando ali e se agarrando no mastro. — HÁ!

Thalia chocou a mão contra a testa, negando e olhando para algumas pessoas ao redor que encaravam a cena sem entender o que estava acontecendo. Ela preferiu deslizar do cavalo de fininho, indo para o outro lado do carrossel para fingir que não o conhecia.

— Volta aqui! — o di Angelo percebeu que estava sofrendo um golpe. — Você não vai fingir que não me conhece! Thalia Grace!

— Tem um estranho atrás de mim! — a garota abriu a boca em uma falsa surpresa, vendo-o se aproximar do lado contrário, tentando a pegar de surpresa. — Já te vi, bobão. — Enfatizou com uma risada, segurando no mastro e puxando seu corpo para cima, ficando de lado em cima do cavalo cor-de-rosa.

— Golpe baixo me fazer andar nisso aqui com esses giros inacabáveis! — Nico parou a frente do cavalo dela, segurando no mesmo mastro que ela segurava e negando em reprovação, apertando os olhos. — Olá Thalia dois. Acho que estou um pouco tonto.

— Tonto você sempre foi. — A Grace retrucou, abrindo um sorriso quando o semblante dele se moldou em uma careta ultrajada. — E dramático, claro. Não podemos esquecer disso.

Nico revirou os olhos, levantando a cabeça com desdém.

— Isso é calúnia sobre mim! — resmungou, a fazendo rir.

Ele levou sua mão para o bolso, pescando o celular para observar que horas que eram, subindo as sobrancelhas surpreso quando viu que já eram meia noite e meia. “Não chegue tarde”, disse seu pai. É, acho que vou ficar de castigo de novo. Mas...se eu chegar de manhã, tecnicamente não vai de tarde e, sim, de manhã...

— Ei — o di Angelo a chamou, atraindo sua atenção de imediato. — O que acha de sairmos daqui?

Thalia levou seus olhos para a tenda do circo, sorrindo travessa logo depois.

— Eu conheço um lugar bem legal. — Disse antes de saltar do cavalo, o fazendo sorrir.

Assim, eles começaram a correr pelo parque, até que os dois estivessem dentro do carro de Hades novamente, indo em direção a pista de skate que havia se tornado um ponto que eles sempre se encontravam.

— Vem! — ela começou a rir, puxando-o pela mão enquanto seus pés teimavam em deslizar nas folhas da pequena floresta atrás da pista. — Estamos quase lá, quase lá e...TCHARAM!

Nico não sabia o que olhar. Se prestava atenção na paisagem moldada por árvores e um lago com a água cristalina refletindo a luz da lua cheia – o que o fez se perguntar se Leo estaria afetado por isso –, ou se observava o jeito que Thalia estava deslumbrante naquela roupa – que consistia em um vestido branco com um casaco listrado fechado até a altura de seus seios, depois se abria para os lados, moldando suas curvas, uma meia calça de listras verticais e botas de cano médio de couro, tudo em tons de preto e branco –.

— Você está me encarando... — a Grace murmurou começando a ficar envergonhada, mesmo que tivesse pedido por isso, já que havia aberto os braços em uma pose de “tá-dá”.

Ele arregalou os olhos, desviando-os de imediato dela.

— E esse lago, é fundo? — questionou, se aproximando da borda para observar.

— Não sei, nunca entrei. — Thalia deu de ombros, um sorriso travesso brilhando em seus lábios quando ela teve uma ideia maligna que iria por em prática com toda certeza. — Quer descobrir?!

E empurrou ele.

Observou o di Angelo cair em câmera lenta, começando a rir quando descobriu que o lago era fundo quando demorou um pouco para submergir, puxando o ar com violência e virando-se para ela com reprovação.

— Já pensou se tivesse tubarões aqui? Eu estaria em picadinhos!

— Aí, como é burro! — ela chocou a mão contra a testa, negando em reprovação e vendo-o rir.

— Eu estou zoando, besta! — retrucou.

Se aproximou da borda, levantando o corpo usando as mãos e apoiando o peso do mesmo em um dos braços quando usou o outro para rodear a cintura de Thalia, puxando-a para dentro do lago junto dele, podendo ouvir um grito escapar dos lábios pintados de preto antes de afundarem na água.

E, assim que voltaram para a superfície, ela começou a rir, deixando um tapa estalado no ombro dele que não havia soltado sua cintura.

— Agora eu vou virar um bolo! — negou em reprovação, olhando para seu casaco começando a inchar. — Obrigada mesmo, bobão!

— Bolos são atraentes, sabia? Não reclame, eu daria tudo para parecer um bolo! — Nico retrucou, vendo-a tombar a cabeça para o lado sem entender. Ele riu, soltando-a e se afastando o suficiente para encher a mão de água, jogando nela.

— Ah, você não fez isso! — Thalia boquiabriu-se, semicerrando os olhos em um claro desafio. — GUERRA DE ÁGUA!

Declarado a guerra, não teve outra: os dois começaram a jogar água um no outro por um longo tempo, até que a garota mergulhou, sumindo da vista dele e puxando seu pé para baixo, acabando com a revolução que haviam montado.

Um tempo depois, os dois estavam completamente encharcados, deitados no chão. Nico tinha as costas apoiadas em uma árvore que eles haviam escolhido para que ficassem próximos do rio, e Thalia estava entre seus braços, encolhida em um abraço por conta da brisa gelada da madrugada, procurando um meio de se aquecer.

— Foi uma péssima ideia. — Ela chegou a conclusão, seus lábios com restos mortais de seu batom por conta da água estavam começando a ganhar a coloração arroxeada, o que o fez aperta-la mais contra o corpo.

— É, mas você acha que eu ia me fuder sozinho? Achou errado, princesinha! — Nico levou o dedo indicador até o nariz dela, batendo suavemente ali e a fazendo revirar os olhos, mesmo que abrisse um pequeno sorriso.

Ele observou as fitas soltas que caíam do casaco dela, pegando uma de tonalidade escura e envolvendo em seu dedo indicador, atraindo a atenção da garota para seu movimento.

— Você já pensou em ser outra coisa? Sabe, sem ser trabalhar no trapézio...

— Quando eu era pequena, sim. — Thalia admitiu, franzindo os lábios e sentindo-os começando a adormecer. Ela riu internamente. — Na verdade, quando era menor, eu tinha o pensamento de que quando fizesse dezoito anos iria sair do circo e me tornar algo diferente...além de que eu tinha vergonha do circo, por isso não falei pra você da existência dele.

— Vergonha? Por quê? — Nico franziu o cenho, baixando o olhar para seu rosto encostado em seu peitoral.

— Eu não entendia as coisas, sempre ficava me questionando porque tinham que ser daquele jeito e não do jeito que eu queria.

— Mimada desde cedo. — O di Angelo implicou, vendo-a rir, apesar de dar-lhe um tapa fraco no abdômen. — E eu posso perguntar sobre seus pais? Ou a sua família em geral? Porque, né, eu não sabia que você tinha um irmão até semana passada...eles trabalham no circo também?

Thalia suspirou, se encolhendo um pouco mais quando o vento pareceu aumentar.

— Meu pai é a voz que abre a apresentação do circo. Minha mãe trabalha com ele lá trás, os dois que fundaram o circo a anos depois que perderam o emprego, no desespero de tentar manter uma vida decente, sabe? E acabou que deu certo e então eu e meu irmão nascemos lá, acolhemos qualquer um que precise, sem restrições. E é por isso que depois de um tempo que notei que o circo era minha casa e deixei de ter vergonha: ele faz bem para as pessoas.  

— Que bom que achou o seu lugar. — Nico sorriu, descendo seus olhos para fitá-la.

Ela o fitou, retribuindo o sorriso e se acomodando um pouco mais nele, deixando a cena fofa aos olhos do di Angelo, que inclinou-se de leve para encurtar um pouco a distância entre seus lábios, ponderando o pensamento de beija-la sobre a luz da lua.

Ele está se aproximando...está se aproximando demais...ele vai me beijar...ai meu Deus. Thalia pensou consigo mesma, seu pensando estando calmo e parecendo enevoado pelo clima que estava rolando entre os dois.

No entanto, quando seus lábios estavam próximos o suficiente, ela pigarreou, se afastando, parecendo se tocar do que estava acontecendo e finalmente sendo a hora de entrar em estado de “vou enfiar minha cabeça na terra para me esconder”.

Hum? — Nico murmurou, desnorteado. Piscou sequencialmente, subindo as sobrancelhas e a fazendo enrubescer, mas não iria dizer nada, sabia que deveria estar do mesmo jeito. O QUE ACABOU DE ACONTECER, PRODUÇÃO?

— Acho que deveríamos ir para a casa, está meio tarde, não? — Thalia se desvencilhou do abraço dele, sorrindo constrangida e se levantando, passando as mãos na roupa encharcadas e se afastando um pouco para torcer seu vestido enquanto ele se levantava também.

— Claro! E está frio. — Ele pontuou. — Você quer ir lá pra minha casa?

— Eu acho melhor não...eu sai sem avisar e provavelmente o Leo vai me buscar me puxando pelas orelhas. — Thalia sorriu envergonhada, começando a caminhar para sair da floresta, sendo seguida por ele.

— Então deixa para uma próxima... — Nico murmurou, levando as mãos para o bolso e estremecendo com o frio. — Aliás, você e o Leo já tiveram alguma coisa? Vocês são bem próximos e ele se preocupa muito com você...

Ela riu baixo, cruzando os braços e chutando um punhado de folhas a sua frente, finalmente saindo na pista de skate e avistando o carro de Hades.

— Ele é meu ex. — Admitiu. — Calma, mas e os bancos? Nós vamos molhar tudo...

— É couro, é mais fácil para limpar. — Nico fez pouco caso, abrindo o carro para que pudesse entrar, indo para o lado do motorista.

A primeira coisa que fez foi ligar o ar quente, começando a andar para que o motor esquentasse logo.

— Admiro vocês terem conseguido manter uma relação tão boa. — Ele voltou ao assunto, sorrindo levemente.

— Eu conheço ele desde sempre, ele é meu melhor amigo. — Thalia sentia suas botas fazerem “slap” a cada vez que pisava.

Nico olhou pelo retrovisor, vendo um casaco seu jogado no banco de trás e pegando-o, estendo para a garota.

— Vai ajudar na hora de sair do carro. — Disse, vendo-a enrubescer, mas aceitando. Por enquanto, apenas deixando a frente do seu corpo, como um cobertor.

Ele dirigiu até que estivesse no parque de diversões, desligando o carro e indo para descer do carro para acompanha-la até o circo, mas Thalia o parou:

— Não! Não precisa, sério. Você vai sair no frio sendo que aqui está quentinho...fique, eu mando mensagem quando chegar ali.

— Mas... — Nico tentou insistir, mesmo sabendo que quem corria mais perigo ali era ele, não ela.

Seu corpo pulou no assento quando dois toques fortes vieram da janela do passageiro, agradecendo por estar escuro e Thalia não ter visto esse papelão que tinha passado.

— É meu pai, tenho que ir, tchau! — ela se despediu apressada, mas nem terminou de puxar a trava do carro para abrir a porta quando ouviu a voz de seu pai do lado de fora:

— Tá de castigo. — Pontuou, puxando a porta para abri-la o suficiente para Thalia sair do carro.

É, eu também vou ficar. Nico pensou consigo mesmo, dando um sorriso mínimo para a garota que queria rir da própria situação, mas preferiu apenas sair do carro e deixar para se despedir dele por mensagem.

Zeus fechou a porta do carro com um pouco mais de brutalidade do que deveria, subindo as sobrancelhas temendo que capotasse sem querer. Mas voltou a sua atenção para sua filha.

— Se você sair sem o Leo de novo, eu não vou te deixar sair, nem mesmo com ele! — bronqueou.

— Mas... — Thalia tentou argumentar, sentindo seu rosto enrubescer ao notar que provavelmente Nico estaria escutando. Obrigada, pai.

— Nada de mas! Você é muito nova, Thalia. Vai para o circo. Agora.

Nico decidiu que essa era a hora para acelerar, saindo dali com o carro antes que o homem resolvesse bater um papo com ele.

Thalia caminhou na frente até a tenda, os braços cruzados para espantar o frio e um bico em seus lábios, que apenas aumentou quando entrou no circo e quase gemeu em desaprovação ao ver Beryl e Leo lado a lado com os braços cruzados e carrancas que diziam “onde é que você estava?” e “está de castigo por duas décadas, mocinha!”.

— Mãe! — ela murmurou com uma voz manhosa.

— Não! Você sabe que é perigoso. Hoje mesmo perdemos um vampiro porque é perigoso! — Beryl segurou o rosto da garota em suas mãos, olhando em seus olhos. — Filha, você é muito nova para entender...e espero que não precise entender. — Fez uma pausa, suspirando. — Uma semana sem ver ele, se eu ver que está com o humano, você vai ser punida de modo mais severo. Eu conversei com o Leo e a partir de hoje ele não vai sair de perto de você, se não quiser que ele apareça, o leve na forma de lobo. Agora vai tomar um banho para descansar, amanhã você acorda cedo para limpar os estábulos, considere uma parte do castigo.

Thalia queria argumentar, é claro que queria, mas não poderia fazê-lo olhando nos olhos dela. Por isso, apenas se desvencilhou, indo em direção as cortinas.

Assim que Nico abriu a porta da frente de sua casa com todo o cuidado possível e viu a silhueta de seu pai sentada no sofá, tratou de fechar a porta correndo e tentar fugir, mas antes que pudesse ouviu um “NEM PENSE” vindo do lado de dentro, provavelmente acordando metade de Portland, então apenas suspirou, entrando com os pés descalços, levando os coturnos na mão.

— O que eu disse sobre...por que você tá molhado? — Hades pareceu bugar por um meio estante, franzindo o cenho e apontando para ele com uma forma interrogativa.

— Ah... A Thalia me empurrou em um lago... — Nico franziu os lábios, abrindo um sorriso nervoso que dizia “eu não vou ficar de castigo não, né?”.

— Me dá um bom motivo para não te colocar de castigo no castigo!

— Eu...descobri coisas...! — o di Angelo riu em um ato nervoso.

— Pode abrir essa boca, vamos lá. — Hades incentivou, cruzando as mãos embaixo do queixo e esperando para averiguar a situação.

Nico contou quase tudo que ela havia dito para ele, menos as partes que julgou serem intimas para que seu pai soubesse, então procurou não mencionar, vendo-o assentir, digerindo.

— Tá de castigo no castigo. — Ele apontou. — E se reclamar, fica de castigo no castigo no castigo! E assim vamos até você aprender ou morrer, porque, né?

— Eu imaginei que estaria — Nico negou em reprovação, mas subiu para seu quarto, suspirando e entrando direto no banheiro para tomar um banho quente, esperando que não pegasse um resfriado.

Assim que deitou em sua cama, pegou o celular e viu uma notificação de uma mensagem deixada a dez minutos, sorrindo ao ver que era de Thalia.

“Eu adorei passar essa noite com você, mas infelizmente não vamos poder nos ver durante uma semana...então eu poderia ter ido para sua casa de qualquer jeito, que péssimo, não?! até daqui a uma semana...” — Thalia.

“Eu já estava de castigo, então fiquei no castigo no castigo” — Nico.

Ele viu o status dela mudar para online quase de imediato, bem como “digitando...”.

“Teoricamente, se você estava no castigo e entrou de castigo no castigo, então você anulou o castigo?” — Thalia.

“Ah...não sei dizer, você me bugou!” — Nico.

Thalia sorriu olhando para a tela do celular, ouvindo Leo bufar atrás de si por conta da claridade em seu “rosto sensível”.

“Agora eu vou dormir, boa noite, Nico” — Thalia.

“Boa noite, Thalia” — Nico.

 


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Notas finais do capítulo

~> Deixem suas opiniões nos comentários, vamos adorar saber o que estão achando da história.
~> Deem umas olhadas nas nossas fanfics solo, acredito que vão gostar!
Beijos e até!



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